parnasianismo - Escola São Jorge

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PARNASIANISMO
PROF.ª PATRÍCIA TAVARES
• Movimento originado na França;
• Escola essencialmente poética, contemporânea do
Real-Naturalismo;
• Começa na década de 1850 na França e na década
de 1880 no Brasil e vai até a semana de 1922;
• O Parnasianismo brasileiro, a despeito da grande
influência que recebeu do Parnasianismo francês, não
é uma exata reprodução dele, pois não obedece à
mesma preocupação de objetividade, de cientificismo e
de descrições realistas;
• Foge do sentimentalismo romântico, mas não exclui o
subjetivismo;
• Os poetas parnasianos veem o homem preso à
matéria, sem possibilidade de libertar-se do
determinismo, e tendem, então, para o pessimismo ou
para o sensualismo.
CARACTERÍSTICAS
PRECIOSISMO: focaliza-se o detalhe; cada objeto deve
singularizar-se, daí as palavras raras e rimas ricas;
OBJETIVIDADE E IMPESSOALIDADE: O poeta
apresenta o fato, a personagem, as coisas como são e
acontecem na realidade, sem deformá-los pela sua
maneira pessoal de ver, sentir e pensar. Esta posição
combate o exagerado subjetivismo romântico;
ARTE PELA ARTE: A poesia vale por si mesma, não tem
nenhum tipo de compromisso, e se justifica por sua
beleza. Faz referências ao prosaico e o texto mostra
interesse em coisas pertinentes a todos;
ESTÉTICA/CULTO À FORMA - Como os poemas não
assumem nenhum tipo de compromisso, a estética é muito
valorizada. O poeta parnasiano busca a perfeição formal a
todo custo e, por vezes, se mostra incapaz para tal.
CARACTERÍSTICAS NO POEMA PARNASIANISMO
• RIMAS RICAS: São evitadas palavras da mesma classe
gramatical. Há uma ênfase das rimas do tipo ABAB para
estrofes de quatro versos.;
• VALORIZAÇÃO DOS SONETOS: É dada preferência para
os sonetos, composição dividida em duas estrofes de quatro
versos, e duas estrofes de três versos. Revelando, no
entanto, a "chave" do texto no último verso;
• METRIFICAÇÃO RIGOROSA: O número de sílabas
poéticas deve ser o mesmo em cada verso,
preferencialmente com dez (decassílabos) ou doze sílabas
(versos alexandrinos), os mais utilizados no período. Ou
apresentar uma simetria constante, exemplo: primeiro verso
de dez sílabas, segundo de seis sílabas, terceiro de dez
sílabas, quarto com seis sílabas etc.;
• DESCRITIVISMO: Grande parte da poesia parnasiana é
baseada em objetos inertes, sempre optando pelos que
exigem uma descrição bem detalhada como "A Estátua",
"Vaso Chinês" e "Vaso Grego“, de Alberto de Oliveira;
• TEMÁTICA GRECO-ROMANA - A estética é muito
valorizada no Parnasianismo, mas, mesmo assim, o texto
precisa de um conteúdo. A temática abordada pelos
parnasianos recupera temas da Antiguidade Clássica,
características de sua história e sua mitologia. É bem comum
os textos descreverem deuses, heróis, fatos lendários,
personagens marcados na história e até mesmo objetos;
• CAVALGAMENTO OU ENCADEAMENTO SINTÁTICO
(enjambement) - Ocorre quando o verso termina quanto à
métrica (pois chegou na décima sílaba), mas não terminou
quanto à idéia, quanto ao conteúdo, que se encerra no verso
de baixo. O verso depende do contexto para ser entendido.
Tática para priorizar a métrica e o conjunto de rimas.
AUTORES PARNASIANOS
ANTÔNIO MARIANO DE OLIVEIRA - ALBERTO DE OLIVEIRA
VASO GREGO
Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia
Então e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada*.
Depois. Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa a voz de Anacreonte** fosse.
*REPLETO, CHEIO
**POETA LÍRICO DA GRÉCIA ANTIGA
VASO CHINÊS
Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura —
Quem o sabe? — de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
RAIMUNDO CORREIA
AS POMBAS
Vai-se a primeira pomba despertada ...
Vai-se outra mais ... mais outra ... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada ...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
A CAVALGADA
A lua banha a solitária estrada...
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
São fidalgos que voltam da caçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada...
E o bosque estala, move-se, estremece...
Da cavalgada o estrépito* que aumenta
Perde-se após no centro da montanha...
E o silêncio outra vez soturno** desce...
E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha...
*RUÍDO FORTE, ESTRONDO
**SOMBRIO, TRISTE
OLAVO BILAC
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?“
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.
PROFISSÃO DE FÉ (fragmento)
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.
Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.
Corre; desenha, enfeita a imagem,
A idéia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:
Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!
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