Taking a Call on Cannabis Drug Helplines Response

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Taking a Call on Cannabis
Drug Helplines Response
António Maia
FESAT Conference
Lisbon, 1-2 October 2007
António Maia - October 2007
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Response
“A juventude de hoje ama a luxúria, comporta-se
mal e despreza a autoridade, mal respeita os
idosos e ama de uma maneira superficial em
vez de trabalhar”
António Maia - October 2007
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“A juventude de hoje ama a luxúria, comporta-se
mal e despreza a autoridade, mal respeita os
idosos e ama de uma maneira superficial em
vez de trabalhar”
Sócrates 450 a.C.
António Maia - October 2007
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Para crescer é preciso mobilizar aspectos agressivos já
que crescer é ocupar o lugar de alguém;
Winnicott: “homicídio simbólico” dos pais isto é
transformar as imagens internalizadas dos pais que vinham
da infância;
Se na infância a presença dos pais é sentida como geradora
de sentimentos de segurança e protecção agora esta
presença produz sentimentos ambivalentes de tensão,
excitação e mal-estar.
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Tempo de Paradoxos Ambivalência e Contradições
para os Adolescentes e as suas Famílias:
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Para crescer é preciso romper, agredir: como pode a
família suportar a violência implícita a este movimento
mantendo consistente o sentimento de amor?
Pais que na infância dão segurança; pais que geram
ambivalência sentimentos contraditórios de amor-ódio
na adolescência;
O Adolescente precisa de se separar daqueles com
quem simultaneamente tem de identificar-se;
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Tempo de Paradoxos Ambivalência e Contradições
para os Adolescentes e as Famílias (cont.):
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Um meio de entrar em contacto com os pais é provocar
o conflito; descobrir os seus limites neste confronto;
O Adolescente, ao mesmo tempo que procura ser ouvido
tem um enorme receio de se expor;
Precisa de provocar para descobrir em si o que há de
diferente, caminhar para a individualidade/identidade;
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Tempo de Paradoxos Ambivalência e Contradições
para os Adolescentes e as Famílias (cont.):
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Os pais devem ser capazes de aceitar ser o objecto das pulsões
agressivas dos filhos : não devem deixar-se destruir ou atingir
em profundidade, deprimindo-se ou ficando disfuncionais;
A Família, os pais devem sobreviver às pulsões agressivas;
Devem procurar manter-se interessados pelas actividades dos
seus filhos, a indiferença pode ser vivida como abandono;
Manter o diálogo procurando o sentido implícito das palavras;
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É necessário não extinguir a violência, visto que ela é
necessária à existência, tal como é necessário
controlá-la, o que é necessário à co-existência; a
instância que concilia estas necessidades é o ritual.
(…) O ritual humano faz apelo à palavra que permite a
representação das representações do outro”
Boris Cyrulnic
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O Grupo
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Os adolescentes necessitam de se sentir idênticos aos
outros (diferentes dos adultos, mas semelhantes entre
si) para aliviarem a sua angústia, para construírem um
sentimento de segurança e confiança em si mesmos,
para se situarem num contexto em transformação.
O desejo de originalidade marca um distanciamento em
relação ao passado e aos pais, instala-se a busca de uma
identidade própria, através de novas e diferentes
identificações.
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Culturas Juvenis
“São sobretudo pose, estilo, fashion, cultivam formas
de se apresentar em público, propõe mundanidades
específicas. Parecendo frívolas e exibicionistas, são
importantes formas de organização do tempo dos
adolescentes e do processo de busca de identidade
característico desta fase.” ( Fernandes, 1993)
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Culturas Juvenis
São RESISTÊNCIA através dos rituais à ORDEM ADULTA:
Lazer
vs
Alteração voluntária da consciência vs
Visuais exuberantes
vs
Aceleração
vs
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Trabalho
Razão
Contenção na Aparência
Prudência
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Para os jovens marcar o corpo é uma forma de
apropriação e autonomia perante os pais, é uma forma
de distinguir o corpo actual do corpo que receberam, o
corpo infantil. (David Le Breton)
Marcar o corpo é uma forma de fabricar uma
identidade a partir de sentimentos de insuficiência a
ser corrigida.
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Os jovens usam o espaço público para se colocarem em
cena, não simplesmente porque existem, mas para que
de facto possam existir, isto é para se fazerem crer
que pertencem a um sedimento identitário.
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Factores de risco
São situações de risco todas as que perturbam a qualidade
de vida de uma família, entre as quais:
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Condições de vida precária e problemas sócio –culturais;
Situações desviantes: violência repetida, doenças
psiquiátricas ou crónicas, dependência de tóxicos;
Famílias numerosas;
Incomunicabilidade no seio da família.
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Valores dos Jovens Portugueses (anos 80)
Valorizam a afirmação e a realização pessoal;
Valorização de microestruturas e microsolidariedades;
Importância da família como espaço de protecção e vivência da
intimidade;
Participação social informal;
Valores de natureza hedonística e convivial;
Afastamento de estruturas e valores político-ideológicos
tradicionais e das práticas religiosas.
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Valores dos Jovens Portugueses (anos 90)
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Polarização: 70% ambicionam atingir um nível superior de
escolaridade;30% não têm sequer expectativas de atingir a escolaridade
obrigatória;
58% já abandonaram o ensino e destes 51% não possui o 2ºCEB;
64% já reprovaram uma vez e metade destes já reprovaram várias
vezes;
Absentismo e individualismo como valores dominantes; fraco grau de
associativismo;
A família é valorizada;
Jovens saem de casa para casar, terem dois filhos e serem fieis ao
marido e à mulher e no caso desta sacrificar a carreira à educação dos
filhos;
Antes do casamento são as raparigas que prolongam a sua permanência
nos estudos;
Imagem positiva da escola.
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Do Haxixe
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A multidimensionalidade que as substâncias ocupam no
corpo social das diferentes culturas onde estão
inscritas. “
A civilização indiana conhece a cannabis à tempo
suficiente para ter testado as suas diversas
utilizações: desde uma utilização com fins recreativos
e populares, cujas regras foram preciosamente
salvaguardadas pela tradição, até uma utilização mais
elitista e sigilosa reservada aos sacerdotes, aos
brâmanes, cujas especificidades se encontram
contidas em textos religiosos “
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O conceito grego pharmákon significa simultânea e
inseparavelmente remédio e veneno (Escohotado)
Platão coloca os pharmaka entre as coisas que podem
ser ao mesmo tempo boas (agathá) e penosas (aniará)
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Distinguir uso de abuso;
O processo de consumo é descontínuo: a grande
maioria dos consumos não evolui em escalada para a
toxicomania;
Inscreve-se como valor simbólico para um
determinado contexto: não é um fim mas antes um
meio para.
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Acesso iniciático/ordálico ao mundo dos adultos:
viagens ao bairro de tráfico, viagens a Marrocos…;
Construir condutas de risco para fabricar emoções.
Acesso aos valores juvenis de pertença, roupa,
saídas…pelo dinheiro obtido no pequeno tráfico;
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No consumo de drogas pelos jovens importa distinguir:
o tipo de consumo, a frequência, a função e o seu
impacto na vida afectiva e social do individuo;
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As razões: curiosidade, o prazer, o valor de pertença
pela prática social a um determinado grupo
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Cannabis / THC (resina;folhas;flores) : substância
neuromoduladora que produz uma alteração em duas fases:
euforia (fase estimulante) e sedação (fase depressiva).
Na fase estimulante há um efeito semelhante ao estado
onírico, pode haver distorção visual e do tempo; pode haver
compromisso da concentração. Redução da memóriae
supressão do apetite pela acção do THC sobre os
receptores da acetilcolina e da serotonina.
Na fase depressiva é comum o sono e um estado de
letargia
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Cannabis : Efeitos psicológicos:
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relaxação;
desinibição;
hilariedade;
lentificação;
sonolência;
dificuldade na execução de tarefas complexas
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Cannabis : efeitos fisiológicos:
 aumento do apetite;
 secura da boca;
 olhos vermelhos e brilhantes;
 taquicardia;
 sudação;
 sonolência;
 descoordenação motora.
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Cannabis : efeitos psicológicos (cont.):
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dificuldade na execução de tarefas complexas:
 expressar-se com clareza
 memória imediata
 capacidade de concentração
 processos de aprendizagem
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Uma substância existe a partir da relação que com ela
se estabelece e com o valor simbólico/subjectivo que
o individuo constrói nessa relação;
Jogo de expectativas e acção neuroquímica específica
de cada substância
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“ O efeito de uma droga é algo que não existe (...). Os
efeitos da droga são uma função da interacção entre a
substância e o indivíduo, definido fisiológica,
psicológica e socialmente”
(Nowlis)
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O problema na toxicodependência centra-se não no
consumo mas na ausência, na ressaca, na falta– quanto
mais se enche/injecta mais vazio se vai ficando.
As trajectórias de vida dos consumidores parecem
percorrer sempre um caminho que vai do Prazer, à
Memória desse prazer, culminando de forma violenta
no confronto com a Ausência, a Falta o Craving.
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Lacan refere-se à “dor de existir” como uma condição
inerente ao trajecto de todo o ser humano, enquanto
sujeito de desejo, postulando aqui um desejo sempre
vivo porque insatisfeito.
A insatisfação leva à busca da superação da perfeição
através do consumo de substâncias, da alteração do
corpo através dos piercings, das tatuagens, das dietas
ou do recurso à cirurgia plástica…
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Não existe um modelo de personalidade único que se constitua
como uma personalidade toxicómana.
A dependência instalar-se-ia em diferentes tipos de
personalidade, contudo evidenciado traços comuns tais como a
depressividade, fragilidades identificatórias e incapacidade de
gestão dos impulsos agressivos que não podendo ser elaborados
desencadeiam uma necessidade de agressão dirigida aos outros e
contra si próprio (Jean Bergeret).
Zafiropoulos (1988) afirma que “o toxicómano não existe” já que
não cabe em nenhuma categoria psicologicamente isolável,
encontrando-se este tipo de prática em diferentes tipos de
personalidade.
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As primeiras teorias psicanalíticas colocavam a ênfase
no prazer e nos aspectos regressivos e adaptativos,
induzidos pelas substâncias e seus efeitos.
Actualmente: o consumo de drogas como meio
procurado pelo indivíduo numa tentativa de gerir o seu
sofrimento psicológico e deficiências nos seus
mecanismos internos de auto-regulação:
vulnerabilidade e deficit de auto-estima relações
objectais deficitárias, alterações afectivas.
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Riscos:
Ansiedade que pode levar a quadros de pânico
 Síndrome amotivacional
 Psicose tóxica
 Alterações vasculares
- Combinação com outras substâncias psicoactivas
nomeadamente álcool.
- Acesso a outras substâncias
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