REVISÃO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR Fisioterapia Aplicada às Disfunções Cardiovasculares/6º Período Profa. Ivana Arigoni Pinheiro Sistema fechado unidirecional circulação para de e de sangue transporte de nutrientes e O2 aos tecidos e retirada dos metabólitos e CO2 Funções Transporte de gases; nutrientes; hormônios e resíduos metabólicos Intercâmbio de materiais Termorregulação Circulação e distribuição de células do mecanismo de defesa Coagulação sanguínea Componentes Sangue Coração Vasos sanguíneos Vasos linfáticos Sangue: - corresponde a 7% do peso corporal - flui do coração para os tecidos pelas artérias e retorna ao coração pelas veias - composto pelo plasma e: Coração: - órgão oco de paredes musculosas e formato cônico - situado no mediastino em posição oblíqua apoiado sobre o diafragma e atrás do esterno - paredes cardíacas formadas por 3 camadas (endocárdio; miocárdio e epicárdio) - envolvido por dupla membrana (pericárdio) - internamente apresenta 2 septos (vertical e horizontal) de tecido muscular e membranoso que dividem o orgão em 4 câmaras átrio D e E; ventrículo D e E - comunicação entre os átrios e os ventrículos realizada por válvulas: Válvula Tricúspide – comunica átrio e ventrículo D Válvula Mitral – comunica átrio e ventrículo E Válvulas Semilunares (pulmonar e aórtica) - comunica ventrículo direito e a artéria pulmonar; ventrículo esquerdo e a artéria aorta - a inervação do músculo cardíaco é extrínseca (SNA) e intrínseca (nodo sinoatrial; vias internodais; nodo atrioventricular; feixe de His e ramos D e E e fibras de Purkinje) CICLO CARDÍACO - conjunto de eventos cardíacos que ocorre entre o início de um batimento até o início do próximo - 0,8 segundo - cada ciclo cardíaco é iniciado pela geração espontânea de um potencial de ação no nodo SA - cada ciclo cardíaco abrange uma sístole e uma diástole - as sucessivas dilatações e contrações das câmaras cardíacas determinam a passagem do sangue de cada átrio para o ventrículo do seu lado e deste para a artéria correspondente - o ciclo cardíaco pode ser dividido em 5 fases: 1 - Coração em repouso (diástole atrial e ventricular) 2 - Enchimento ventricular (sístole atrial) 3 - Contração ventricular 4 - Coração como bomba (ejeção ventricular) 5 - Relaxamento ventricular 1 - Coração em repouso (diástole atrial e ventricular) Por um breve período tanto os átrios quanto os ventrículos estão relaxados. Os átrios estão recebendo sangue das veias (VCSI e VP) e os ventrículos acabam de finalizar uma contração. Conforme os ventrículos relaxam, as valvas AV (tricúspide e mitral) se abrem fluindo sangue dos átrios para os ventrículos. Os ventrículos relaxados se dilatam para acomodarem o sangue que entra 2 - Enchimento ventricular (sístole atrial) Cerca de 75-80% do sangue proveniente dos átrios flui para os ventrículos sem que haja contração dos átrios. Os 25-20% restantes são impulsionados aos ventrículos por contração atrial. O aumento da pressão gerada pelos átrios faz refluir uma pequena quantidade de sangue para as veias 3 - Contração ventricular A sístole ventricular se inicia no ápice do coração empurrando o sangue em direção à base e forçando o fechamento das valvas AV de baixo para cima, e gera a 1ª bulha cardíaca. Com o conjunto de valvas (AV e semilunares) fechado, o sangue fica aprisionado e a contração é contínua pressionando o sangue sem ele ter por onde sair – contração isovolumétrica – Obs. Enquanto os ventrículos iniciam sua sístole, os átrios entram em diástole. Quando a pressão atrial ↓ em relação a das veias, o sangue volta a refluir para os átrios 4 - Coração como bomba (ejeção ventricular) Em um dado momento da sístole ventricular, a pressão gerada pela contração da musculatura é maior que a das artérias, então as valvas semilunares são forçadas a se abrirem e o sangue é ejetado para as artérias 5 – Relaxamento ventricular Ao final da ejeção de sangue pelos ventrículos, esses começam a relaxar e a pressão no seu interior ↓ e ao ↓ a valores inferiores ao das artérias, o fluxo de sangue reflui e fecha as valvas semilunares gerando a 2ª bulha cardíaca. Os ventrículos ficam novamente isolados, pois as valvas AV também estão fechadas. O ventrículo acaba de relaxar e ↓ a pressão no seu interior abaixo da pressão atrial e então as valvas AV se abrem fluindo sangue aos ventrículos e dando início a um novo ciclo cardíaco Conceitos importantes dentro do ciclo cardíaco - Volume Diastólico Final (VDF) - volume máximo de sangue nos ventrículos ao final do relaxamento ventricular 135ml - Volume Sistólico Final (VSF) – menor volume de sangue que o ventrículo contém durante o ciclo cardíaco, uma vez que o coração não se esvazia completamente durante a sístole – 65ml - Volume de Ejeção (VS) - volume de sangue bombeado por um ventrículo durante a sístole – 70 ml - Frequência Cardíaca – número de batimentos por unidade de tempo (minuto) – bpm – 72bpm bradicardia - ↓ 60 bpm taquicardia - ↑100 bpm - Débito Cardíaco (DC) - volume de sangue ejetado pelo ventrículo em uma unidade de tempo (minuto) DC = FC x VS - Lei de Frank-Starling – força gerada pelo miocárdio é diretamente proporcional ao comprimento do sarcômero quanto > o estiramento ejeção > a contração > o volume de - Retorno Venoso – quantidade de sangue que retorna ao coração pela grande circulação em uma unidade de tempo Fatores que afetam o retorno venoso: - musculatura esquelética - inspiração * O sangue não reflui devido a presença de válvulas semilunares ao longo do trajeto venoso Vasos Sanguíneos Rede de tubos que transportam sangue do coração em direção aos tecidos e de volta ao coração e são divididos em sistema: Arterial – conjunto de vasos que partindo do coração, vão se ramificando em calibre < até chegarem os capilares Venoso - conjunto de vasos que partindo dos tecidos vão se formando em ramos de > calibre até chegarem o coração * Capilares sanguíneos: vasos de pequeno calibre que ligam as extremidades das arteríolas às extremidades das vênulas. A parede dos capilares possui uma única camada de células correspondente ao endotélio das artérias e veias Estrutura dos Vasos Túnica externa – composta de tecido conjuntivo. Apresenta filetes nervosos e vasculares destinados à inervação e irrigação das artérias Túnica média – camada intermediária composta por fibras musculares lisas e peq. quantidade de tecido conjuntivo elástico Túnica íntima – composta por células endoteliais, forra internamente e sem interrupções as artérias e capilares Sistema Arterial Sistema Venoso Pressão Arterial - é a força que o sangue, bombeado pelo coração, exerce contra as paredes das artérias por onde circula - mais alta na saída de sangue do coração e diminui ao longo do sistema - indispensável para circulação até aos capilares e alcançar todos os tecidos periféricos - DC e resistência periférica são fatores que influenciam a PA PA = DC x R arteriolar - Pressão arterial sistólica – pico da pressão alcançada durante a ejeção de sangue pelo coração - Pressão arterial diastólica – menor pressão arterial alcançada durante a diástole, enquanto o ventrículo está relaxando e o átrio recebendo sangue - Pressão de pulso arterial – diferença da pressão sistólica e diastólica - Pressão arterial média – média da pressão dentro de um ciclo cardíaco. Estimada como pressão diastólica + 1/3 da pressão de pulso - mecanismos de regulação da pressão estão no bulbo - são complexos e modificam de acordo com o débito cardíaco e a resistência vascular periférica, assegurando assim valores mais seguros para que o fluxo sanguíneo chegue a todos os territórios do organismo: - PA quando aumenta do débito cardíaco ou quando se produz uma vasoconstrição periférica (contração das pequenas artérias) - PA quando o débito cardíaco diminui ou quando se produz uma vasodilatação periférica (dilatação das pequenas artérias) - os tipos de mecanismos são de ação rápida e ação lenta: ação rápida - se ativam em segundos e em minutos tentam normalizar a situação: barorreceptores - terminações nervosas especialmente sensíveis às variações de pressão no interior da aorta e das artérias carótidas quimiorreceptores estimulados quando ocorre redução da concentração de O2 ou volume de sangue circulante, provocando indiretamente o aumento da força contrátil e FC ação lenta - com efeitos mais prolongados: • os principais rodeiam o rim - órgão que filtra o sangue e, por isso, muito sensível a diminuição do fluxo sanguíneo A queda da PA gera diminuição da perfusão, então as células especializadas do rim segregam para o sangue a renina (hormônio) que ativa a angiotensina II, um potente vasoconstritor periférico, que provoca a contração das pequenas arteríolas e o aumento da pressão arterial Classificação diagnóstica da HAS em adultos Classificação PAS PAD ÓTIMA <120 <80 NORMAL <130 <85 LIMÍTROFE 130-139 85-89 HIPERTENSÃO LEVE 140-159 90-99 HIPERTENSÃO MODERADA 160-179 100-109 HIPERTENSÃO GRAVE >= 180 >= 110 SISTÓLICA ISOLADA >= 140 (estágio 1) (estágio 2) (estágio 3) <90 Classificação por faixa etária IDADE PA em mmHG 4 85/60 6 95/60 10 100/65 12 108/75 16 118/75 ADULTO 120/80 IDOSO 140-160/90-100 Sistema Linfático Sistema paralelo ao circulatório, constituído por uma vasta rede de vasos semelhantes às veias - vasos linfáticos - que se distribuem por todo o corpo com a função de drenar o excesso de líquido intersticial (líquido onde as células ficam mergulhadas e de onde elas retiram seus nutrientes e eliminam substâncias residuais de seu metabolismo) afim de devolvê-lo ao sangue e assim manter o equilíbrio dos fluidos no corpo O sistema linfático faz interação com 3 sistemas: - cardiovascular – transporte do fluído e proteínas interticiais dos tecidos para a circulação venosa - digestório – captar as gorduras absorvidas no intestino delgado para o sistema circulatório - imunológico – auxiliar na captura e destruição dos patógenos externos Componentes Linfa - líquido que circula pelos vasos linfáticos de composição semelhante a do sangue, mas não possui hemácias, apesar de conter glóbulos brancos dos quais 99% são linfócitos Vasos e capilares – condutos por onde são absorvidos e transportados o fluído excedente (não há trocas) Órgãos linfáticos - amígdalas, adenóides, baço, linfonodos (nódulos linfáticos) e timo (tecido conjuntivo reticular linfóide: rico em linfócitos) o capilar linfático não realiza trocas, somente coleta o líquido com o que tiver nele as trocas são realizadas pelo sangue. É ele que faz o transporte de nutrientes e remoção de toxinas, ou seja, é pelo sangue que são realizadas as trocas necessárias ao equilíbrio do organismo BIBLIOGRAFIA DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar: Para o estudante de medicina. 3ª ed. São Paulo: Atheneu, 2005. GUYTON, A. C.; Hall, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. IRWIN, S.; TECKLIN, J. S. Fisioterapia Cardiopulmonar. 3ª ed. São Paulo: Manole, 2003.