UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE FISIOTERAPIA SARA DA SILVA DE MATOS PROPOSTA DE TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM AMBIENTE AQUÁTICO PARA PACIENTES COM FIBROSE CÍSTICA: UM ESTUDO DE CASO CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009 SARA DA SILVA DE MATOS PROPOSTA DE TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM AMBIENTE AQUÁTICO PARA PACIENTES COM FIBROSE CÍSTICA: UM ESTUDO DE CASO Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção de grau de Bacharel em Fisioterapia pela Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientador Técnico: MSc. Cláudio Sérgio da Costa Co-orientador: MSc. Rômulo Nolasco de Brito CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009 2 3 Dedico com muito carinho essa conquista aos meus pais, Nilson e Elbia, por todo amor e dedicação prestados a mim em todos os momentos da minha vida, inclusive nessa jornada. Por terem me ensinado a importância dos estudos. 4 AGRADECIMENTOS A Deus pela presença em minha vida, dando força para alcançar os meus objetivos e por permitir essa conquista. A minha família, por serem essenciais na minha vida. Aos meus pais, em especial, que me doam amor incondicional, o que me dá segurança e força para enfrentar qualquer dificuldade. As minhas irmãs, que são minhas melhores amigas e estão sempre do meu lado em qualquer situação. Ao meu irmãozinho, que eu amo. Aos meus avós, pela preocupação e carinho atribuídos a mim em todas as fases da minha vida. Ao meu namorado, Rossano, pelo incentivo quando escolhi a fisioterapia, pela compreensão da distância, pelo amor e amizade que foram muito importantes para que eu conseguisse enfrentar essa etapa. Te amo muito. Às minhas colegas do curso, ou melhor, amigas, que compartilharam comigo muitas histórias e fizeram com que a minha estada em Criciúma fosse mais divertida. Vou sentir muitas saudades de cada uma. Ao meu paciente, que participou e fez com que fosse possível a realização desse estudo. Ao meu orientador, Cláudio Sérgio da Costa, pela amizade e por me auxiliar na realização desse trabalho. Ao meu co-orientador, Rômulo Nolasco de Britto, que foi meu orientador por dois semestres, me deu muitas idéias e ajudou na construção desse trabalho. Aos demais mestres, que me conduziram ao conhecimento e contribuíram para a minha formação. Obrigada a todos! 5 “Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros”. Che Guevara 6 RESUMO A Fibrose Cística é uma doença genética de envolvimento multissistêmico que ocorre por uma alteração nas glândulas exócrinas do organismo. Apesar de multissistêmica, é a doença pulmonar a principal responsável pela morbi-mortalidade desses pacientes. A progressão da doença conduz a lesões irreversíveis do trato respiratório, alterando a mecânica e a função pulmonar, gerando incapacidades funcionais, sendo preciso interferir nesse processo para proporcionar maior sobrevida a esses pacientes. Esta pesquisa teve como objetivo verificar os efeitos do tratamento fisioterapêutico em ambiente aquático em um paciente com Fibrose Cística. Foi realizado um estudo de caso com um paciente adulto, 31 anos, estatura 1,69m, peso 64,5Kg, do sexo masculino, raça branca, com diagnóstico da doença. O estudo compreendeu 14 sessões de fisioterapia em ambiente aquático, com duração de 60 minutos, duas vezes por semana, onde foram incluídos exercícios para tronco, membros superiores e inferiores e técnicas respiratórias. Antes e após o treinamento foram realizadas avaliações para posterior comparação. Após a aplicação do protocolo obteve-se aumento satisfatório da força muscular respiratória, da capacidade de tosse, da expansibilidade tóraco-abdominal e da tolerância ao exercício, mantendo a estabilização em relação à prova de função pulmonar. Com a pesquisa percebeu-se que a fisioterapia aquática é benéfica e pode ser um importante tratamento na melhora da sobrevida dos pacientes com FC, no entanto, devem ser realizados mais estudos com uma amostra maior e em longo prazo, para então serem comprovados os efeitos desse método no sistema respiratório desses pacientes. Palavras-chave: Fibrose Cística, Reabilitação Pulmonar, Fisioterapia aquática. 7 ABSTRACT Cystic Fibrosis is a genetic disease of multisystemic that occurs by a change in the exocrine glands of the body. This pulmonary disease is the main responsible for morbidity and mortality of these patients, although multisystemic. Disease progression leads to irreversible damage of the respiratory tract, altering the mechanics and lung function, causing functional disability, and must interfere with this process to provide better survival for these patients. This study aimed to verify the effects of physical therapy in the aquatic environment in a patient with Cystic Fibrosis. We conducted a case study of an adult patient, 31 years, height 1.69 m, weight 64.5 kg, male, white, with diagnosis of the disease. The study included 14 sessions of aquatic therapy, lasting for 60 minutes twice a week, which included exercises for the trunk, arms and legs and breathing techniques. Before and after training assessments were made for further comparison. After applying the protocol was obtained satisfactory growth in respiratory muscle strength, the ability to cough, chest and abdominal expansion and exercise tolerance while maintaining stability in relation to pulmonary function. Through research it was noted that the aquatic therapy is beneficial and can be an important treatment on the survival of patients with Cystic Fibrosis, however, should be further studies with larger samples and longer term to be challenged, then the effects this method in the respiratory system of these patients. Keywords: Cystic Fibrosis, Pulmonary Rehabilitation, Aquatic Therapy. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Representação do padrão autossômico recessivo da Fibrose Cística.....22 Figura 2 - Efeitos da pressão hidrostática sobre o sistema respiratório.....................49 Figura 3 - Espirometria computadorizada..................................................................52 Figura 4 - Equipamentos para a aferição dos sinais vitais.........................................53 Figura 5 - Manuovacuômetro, clipe nasal, Peak Flow, fita métrica............................54 Figura 6 - Materiais utilizados para o teste de caminhada.........................................54 Figura 7 - Piscina terapêutica.....................................................................................55 Figura 8 - Máquina fotográfica digital.........................................................................55 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Caracterização do Paciente .................................................................... 58 Tabela 2 - Pimáx e Pemáx antes e após tratamento com fisioterapia aquática ........ 63 Tabela 3 - Expansibilidade tóraco-abdominal antes e após o tratamento com fisioterapia aquática....................................................................................................65 Tabela 4 - Espirometria, pré e pós broncodilatador, antes e após tratamento com fisioterapia aquática....................................................................................................66 Tabela 5 - Peak flow antes e após tratamento com fisioterapia aquática..................67 Tabela 6 - Teste de caminhada de 6 minutos antes e após tratamento com fisioterapia aquática....................................................................................................68 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACAM – Associação Brasileira de Assistência ao Mucoviscidótico AFE – Aumento de Fluxo Expiratório bpm – Batimentos por Minuto ºC – Graus Centígrados CFTR – Cystic Fibrosis Transmembrane Regulator Protein Cl- – Cloro cm – Centímetros cmH₂O - Centímetros de Água cpm – Ciclos por Minuto CVF – Capacidade Vital Forçada DA – Drenagem Autogênica DNA – Ácido Desoxirribonucléico DP – Drenagem Postural DP – Distância Percorrida DPN – Diferencial de Potencial Nasal DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica DVO – Distúrbio Ventilatório Obstrutivo ELTGOL – Expiração Lenta com a Glote Aberta em Decúbito Lateral EPAP – Pressão Positiva Expiratória Final FC – Fibrose Cística FC – Freqüência Cardíaca FEF 25-75% – Fluxo Expiratório Forçado entre 25 e 75% FR – Frrqüência Respiratória IP – Insuficiência Pancreática Kg – Kilo Grama L – Litros L/min – litros por minuto LSD – Lobo Superior Direito MEq/l – Miliequivalente por Litros Mg – Miligrama mmHg – Milímetros de Mercúrio 11 Na+ – Sódio OMS – Organização Mundial de Saúde OOAF – Oscilação Oral de Alta Freqüência PA – Pressão arterial Pemáx – Pressão Expiratória Máxima PF – Peak Flow PFE – Pico de Fluxo Expiratório Pimáx – Pressão Inspiratória Máxima PIP – Ponto de Igual Pressão SMI – Sustentação Máxima Inspiratória SBPT – Sociedade Brasileira de Tisiologia e Pneumologia StO2 – Saturação de Oxigênio TC – Tomografia Computadorizada TC6 – Teste de Caminhada de Seis Minutos TCAR – Técnicas do Ciclo Ativo da Respiração TEF – Técnica de Expiração Forçada TEMP – Terapia Manual Passiva TIR – Tripsina Imunurreativa VA – Vias Aéreas VC – Volume Corrente VEF1 – Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo VR – Volume Residual VRF – Volume Residual Funcional 12 LISTA DE APÊNDICES Apêndice A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Apêndice B - Autorização para a Utilização da Piscina Terapêutica Apêndice C - Avaliação Fisioterapêutica Respiratória Apêndice D - Avaliação de Fisioterapia Aquática Apêndice E - Protocolo de Tratamento Fisioterapêutico em Ambiente Aquático 13 LISTA DE ANEXOS Anexo A - Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa Anexo B – Validações do instrumento de pesquisa Anexo C – Ficha de registro do teste de caminhada 14 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 21 2.1 Fibrose Cística................................................................................................... 21 2.1.2 Genética .......................................................................................................... 22 2.1.3 Fisiopatologia ................................................................................................. 23 2.1.4 Manifestações Clínicas .................................................................................. 25 2.1.4.1 Manifestações Respiratórias ...................................................................... 25 2.1.4.2 Manifestações em Outros Sistemas .......................................................... 28 2.1.5 Diagnóstico ..................................................................................................... 29 2.1.6 Tratamento ...................................................................................................... 33 2.1.6.1 Reposição Enzimática e Suporte Nutricional ........................................... 34 2.1.6.2 Tratamento da Doença Pulmonar .............................................................. 35 2.1.7 Fisioterapia Respiratória na Fibrose Cística................................................ 37 2.2 Fisioterapia Aquática ........................................................................................ 45 2.2.1 Os Princípios e Propriedades Físicas e Terapêuticas da Água ................. 45 2.2.2 Efeitos Fisiológicos e Terapêuticos da Imersão e do Exercício em Água 47 3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 51 3.1 Caracterização do Estudo ................................................................................ 51 3.2 Caracterização da Amostra e Local de Estudo............................................... 51 3.3 Instrumentos para Coleta de Dados ................................................................ 52 3.4 Procedimentos para Coleta de Dados ............................................................. 55 3.5 Procedimentos para Análise ............................................................................ 57 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS....................................................... 58 4.1 Caracterização do Paciente .............................................................................. 58 4.2 Análise e Discussão dos Dados ...................................................................... 61 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 70 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 72 APÊNDICES ............................................................................................................. 78 ANEXOS ................................................................................................................. 101 15 1 INTRODUÇÃO A fibrose cística (FC) é a doença genética de padrão hereditário autossômico recessivo, letal, mais comum em indivíduos caucasóides (DETURK e CAHALIN, 2007). Trata-se de uma doença crônica, progressiva e grave, cuja evolução não permitia até pouco tempo atrás que o indivíduo chegasse à adolescência (DALCIN et al., 2007). Ela ocorre em conseqüência de mutações no gene responsável por codificar uma proteína que regula o transporte de íons através da membrana celular – denominada CFTR (Cystic Fibrosis Transmembrane Condutance Regulator) (LEMOS et al., 2004). A ausência ou deficiência da atividade da proteína resulta em diminuição da excreção de cloro das células para a luz das glândulas exócrinas, ocorrendo um déficit de líquido luminal que provoca a desidratação das secreções, ocorrendo produção de muco viscoso, o qual acarreta a obstrução dos ductos dessas glândulas, com eventual destruição dos órgãos (POSTIAUX, 2004). Há mais de 1.000 mutações descritas no gene da FC, entretanto, a mais comum é a ∆F508 (ALVES et al., 2007). Em razão da diversidade de mutações existentes a expressão clínica da doença é muito variada e envolve diversos sistemas orgânicos. Em geral, caracteriza-se por doença pulmonar obstrutiva crônica, disfunção pancreática exócrina, doença hepática, problemas na motilidade intestinal, infertilidade masculina e concentrações elevadas de eletrólitos no suor acima de 60 mEq/l (DALCIN e SILVA, 2008). O diagnóstico da fibrose cística ocorre normalmente no nascimento ou na infância, porém pode ser identificada em idade mais avançada quando os sintomas começam a interferir em sua qualidade de vida (DETURK e CAHALIN, 2007). Para a realização do diagnóstico é necessária a presença de pelo menos um achado fenotípico, história familiar de mucoviscidose ou triagem neonatal positiva, acompanhada de evidência laboratorial de disfunção da CFTR, teste de suor positivo ou diferença de potencial nasal positivo, ou ainda pela identificação de duas mutações conhecidas como causa de FC nos genes CFTR (DALCIN e SILVA, 2008). Apesar das conseqüências da doença em outros órgãos, a doença pulmonar é a causa principal de óbitos na FC. As manifestações clínicas pulmonares ocorrem, normalmente, em nível dos brônquios e bronquíolos. As glândulas 16 mucosas, presentes nessas regiões, produzem secreções muito viscosas e pouco elásticas que ficam retidas nas vias aéreas, favorecendo a inflamação e a infecção neste local (POSTIAUX, 2004). Os patógenos mais comuns nesse processo são o Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e membros do complexo Burkholderia cepacia. A inflamação crônica, secundária ao processo infeccioso, acarreta lesões irreversíveis nas paredes brônquicas, determinando a degradação da função pulmonar (MAGALHÃES et al., 2004; FREIRE et al., 2008). O processo inicia normalmente na infância com obstrução progressiva ao fluxo aéreo, levando a infecção e inflamação crônica, bronquiectasias, hiperinsuflação pulmonar, hipertensão pulmonar e, até mesmo, falência respiratória. Os pacientes com FC podem ser relativamente assintomáticos antes das alterações irreversíveis, da colonização por bactérias, inflamação crônica e da progressiva destruição pulmonar (GALVÃO, 2006). Os principais sinais e sintomas são infecção respiratória de repetição, processo inflamatório crônico, tosse constante, produção excessiva de escarro mucoso, espesso e purulento, presença de sibilância e roncos na ausculta pulmonar, cianose, baqueteamento digital e tórax hiperinsuflado (OLIVEIRA, 2007). O desenvolvimento e o agravamento da hiperinsuflação pulmonar alteram o formato do tórax, deixando o diafragma em desvantagem mecânica, determinando a perda na pressão inspiratória, ou seja, da força muscular. Essa fraqueza muscular respiratória pode ser agravada pela desnutrição e quadro de infecção pulmonar, e pode levar o fibrocístico à fadiga muscular e, ainda, contribui para a dispnéia e intolerância ao exercício (GALVÃO, 2006). Os portadores de FC devem ser seguidos por uma equipe multidisciplinar, constituída principalmente por médico, fisioterapeuta e nutricionista. O tratamento consiste em ingestão de enzimas pancreáticas antes das refeições e nutrição adequada. Além da utilização de mucolíticos, antiinflamatórios, broncodilatadores e, sobretudo, antibioticoterapia para a doença pulmonar. A fisioterapia respiratória é de extrema importância, pois a insuficiência respiratória é a principal causa de morte nesses pacientes. O objetivo com o tratamento é a melhora da qualidade de vida e o aumento da expectativa de vida desses indivíduos, pois a cura para essa enfermidade ainda não foi descoberta (DETURK e CAHALIN, 2007; MARQUES et al.,2008). 17 Quanto às intervenções fisioterapêuticas, elas facilitam a remoção de secreções purulentas e melhoram a função pulmonar. A fisioterapia atua com diversas técnicas de higiene brônquica para manter a permeabilidade das vias aéreas e prevenir a inflamação das paredes dos brônquios, diminuindo a limitação ao fluxo aéreo, melhorando a distribuição da ventilação e prevenindo as lesões das vias aéreas (ALMEIDA et al., 2008). Existem muitas modalidades com o objetivo de favorecer a limpeza pulmonar, entre elas estão às convencionais – Drenagem Postural (DP), Vibração, Compressão, Vibrocompressão e Tosse – e as modernas, Drenagem Autógena (DA), Técnica do Ciclo Ativo da Respiração (TCAR), Expiração Lenta com a Glote Aberta em Decúbito Lateral (ELTGOL), Pressão Expiratória Positiva na Vias Aéreas (EPAP), Flutter ou Shaker e exercício físico. Antes de qualquer técnica deve ser feita aerossolterapia para a hidratação das secreções (POSTIAUX, 2004; AZEREDO, 2002). Além disso, os músculos respiratórios devem ser treinados objetivando o aumento da força e resistência dos mesmos, melhorando mecânica e a função pulmonar, prevenindo a fadiga respiratória, reduzindo a dispnéia e melhorando a capacidade funcional do indivíduo (AZEREDO, 2002; RODRIGUES, 2003). Em relação ao treinamento desses músculos, a fisioterapia aquática é um dos recursos utilizados para esse fim em pacientes pneumopatas. A melhora da força muscular inspiratória em ambiente aquático ocorre devido à influência das propriedades físicas da água, principalmente da pressão hidrostática. Quando o indivíduo fica imerso com água na altura do processo xifóide ocorre um aumento no trabalho respiratório de 60% a 65%, o qual é resultado da resistência à expansão da caixa torácica e do aumento de sangue central – esses fatores são produzidos pela pressão hidrostática (IDE et al., 2005). Além de ser uma carga para o músculo diafragma, também auxilia a fase expiratória (FAGUNDES e SILVA, 2006). Os efeitos fisiológicos da água podem ser associados aos desencadeados pela prática do exercício físico e pela aplicação de outras técnicas, tornando as respostas mais complexas (HERNANDES, 2004). Os pacientes com fibrose cística necessitam de tratamento complexo e rotineiro que requerem a adesão desses para o resto da vida. Além disso, as doenças respiratórias crônicas estão associadas com aumento da incidência e prevalência de ansiedade e depressão, bem como de outras desordens 18 comportamentais (FOGAÇA, 2008). Sabendo disso, a fisioterapia na água beneficia esses pacientes proporcionando a interação com um ambiente agradável, além de outros efeitos psicológicos, contribuindo com a continuidade da terapia (HERNANDES, 2004). A partir da contextualização aqui apresentada formulou-se a seguinte questão problema: Quais os efeitos da fisioterapia aquática no tratamento das doenças pulmonares na fibrose cística? Nesse sentido foram elaboradas as seguintes questões a investigar: Quais as características dos sujeitos portadores de fibrose cística quanto à doença pulmonar? Os pacientes com fibrose cística apresentam manifestações sistêmicas, as quais ocorrem por disfunção das glândulas de secreções exócrinas. A manifestação mais importante ocorre no sistema respiratório, por meio de doença pulmonar obstrutiva crônica, que é a principal causa de morte nesses pacientes. (MARQUES et al., 2008). A doença tem seu curso clínico pulmonar agravado pela inflamação crônica e infecções bacterianas nas vias aéreas, que favorecem o aprisionamento de ar e alteram a complacência do sistema respiratório, ocorrendo aumento do trabalho respiratório e redução da força dos músculos inspiratórios (ZANCHET et al. 2006). A doença pulmonar, com o tempo, leva a diminuição da tolerância ao exercício, ocorrendo um círculo vicioso de inatividade e aumento da dispnéia (CHAVES et al., 2007). Quais os efeitos terapêuticos do exercício em água no sistema respiratório durante a imersão do paciente? Os resultados decorrentes do exercício em água no sistema respiratório estão em parte relacionados ao sistema circulatório, pelo fato de haver um aumento significativo no volume de sangue nos vasos pulmonares, no entanto, os efeitos são relacionados também a pressão hidrostática da água sobre a caixa torácica. O resultado de todos esses efeitos juntos é o aumento do trabalho respiratório, auxiliando na melhora da força da musculatura respiratória (SACCHELLI e et al., 2007). Além de levar ao aumento da troca gasosa pela melhora da mecânica ventilatória, elevando a saturação de oxigênio (CAROMANO et al., 2003). Quais os resultados da fisioterapia aquática na reabilitação pulmonar em sujeitos com fibrose cística? A fisioterapia aquática promove muitos benefícios, sendo que alguns são 19 decorrentes da temperatura da água e outros de suas propriedades físicas. Por esse motivo, os indivíduos que realizam exercícios terapêuticos nesse ambiente têm muitas vantagens como: ganho de força e resistência muscular em caso de fraqueza, inclusive da musculatura respiratória; melhora da mecânica ventilatória; e melhora da conscientização corporal (RUOTI et al., 2007). Além disso, a cinesioterapia realizada em ambiente aquático proporciona melhora da capacidade aeróbica, reeducação respiratória, auxílio no retorno venoso, melhora na irrigação tecidual e estabilidade da pressão arterial (SACCHELLI e cols., 2007). A hidrocinesioterapia na adaptação cardiorrespiratória em pacientes com FC mostrou aumento da tolerância ao exercício, frente a esforços submáximos em um estudo realizado por Santana e Penasso (2005). Acredita-se que com todos esses benefícios os pacientes fibrocísticos apresentariam melhora de sua expectativa de vida. Em relação aos objetivos da pesquisa, tem-se como objetivo geral analisar os efeitos do tratamento fisioterapêutico em ambiente aquático em um sujeito com fibrose cística. Já como objetivos específicos, caracterizar o sujeito portador de fibrose cística em estudo quanto à doença pulmonar; apontar os efeitos fisiológicos e terapêuticos da fisioterapia aquática sobre o sistema respiratório em um sujeito com Fibrose Cística; e verificar o quadro evolutivo por meio de avaliação pré e póstratamento fisioterapêutico na água em um sujeito com fibrose cística. A morbi-mortalidade dos pacientes com FC deve-se a infecções pulmonares e suas complicações em 90% dos casos (ALVES et al., 2007). Portanto, a fisioterapia é essencial no tratamento do paciente com Fibrose Cística. A descoberta de outras modalidades de tratamento que diminuam a intensidade dos sintomas e contribuam na terapêutica da doença pulmonar pode trazer grandes benefícios à saúde do paciente, principalmente quanto ao aumento e qualidade de sobrevida. A fisioterapia em ambiente aquático poderia ser um método de escolha para esse fim. No entanto, foi visto uma carência de estudos sobre o tratamento fisioterapêutico nesse ambiente, o qual pode proporcionar o treinamento da musculatura respiratória, melhora da capacidade funcional do indivíduo, além de auxiliar na remoção de secreções. Sendo assim, é uma modalidade de tratamento 20 que deve ser investigada e comprovada cientificamente em seus benefícios para melhora da sobrevida e qualidade de vida desses pacientes. Estudos apontam que na Europa e EUA a incidência da doença varia entre 1:2.000 e 1:8.000 nascidos vivos. Já no Brasil, a incidência da FC ainda é desconhecida. Existem estimativas de que 10% do total anual de afetados são diagnosticados, dando a impressão errônea de que no Brasil a incidência é baixa (ANTUNES, 2008; OLIVEIRA, 2007; DALLALANA, 1997). Uma das maiores barreiras existentes para o diagnóstico da FC no Brasil é o fato de a doença ser pouco conhecida, até mesmo pelos profissionais da área da saúde (LUDWIG NETO, 2008). Com base nisso, observa-se a necessidade de novos estudos e divulgação sobre a doença entre os profissionais da área da saúde, para que o diagnóstico precoce seja feito e o tratamento adequado realizado o mais cedo possível, adiando a progressão da doença. A melhora da qualidade de vida e, conseqüentemente, maior sobrevida dos pacientes com FC está ligada principalmente aos avanços terapêuticos. É de extrema importância a aderência dos pacientes ao tratamento para que essas intervenções sejam eficazes, proporcionando menor acometimento por patologias de origem infecciosa, melhora da função cardiopulmonar e, por conseguinte, redução do número de internações (FOGAÇA, 2008). Acredita-se que os indivíduos com Fibrose Cística serão beneficiados com o estudo por ser uma nova alternativa de tratamento fisioterapêutico, o qual pode propiciar uma acentuada melhora na função pulmonar. No ambiente aquático os benefícios do exercício e das técnicas da fisioterapia respiratória estarão associados aos benefícios fisiológicos da água sobre o corpo imerso, além de ser um ambiente agradável que contribui para a maior aderência dos pacientes ao tratamento. 21 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Fibrose Cística A Fibrose Cística (FC) foi descrita por Andersen em 1938 como ‘fibrose cística do pâncreas’ e tinha até menos de 70 anos atrás um prognóstico quase que uniformemente fatal no primeiro ano de vida (DALCIN e SILVA, 2008). A FC é doença hereditária mais comum entre os caucasóides se comparada às doenças genéticas que levam a óbito ainda na infância. (ALVES et al., 2007; DALLALANA, 1997). Sua incidência na raça branca é de aproximadamente 1:2.000 nascidos vivos, enquanto que na raça negra é mais rara, ocorrendo em 1:17.000 nascimentos e em asiáticos ainda mais rara, 1:90.000 nascimentos. A doença incide em ambos os sexos igualmente (ANTUNES, 2008; ROSOV, 1999). Na região sul a incidência da FC é mais próxima da população caucasiana européia, enquanto em outras regiões diminui para aproximadamente 1:10.000 nascidos vivos, isso ocorre pela falta de estudos epidemiológicos ou de triagem neonatal nessas regiões (OLIVEIRA, 2007; ROZOV, 1999). Outro dado interessante é que o número de sujeitos com a doença vem aumentando. Nos Estados Unidos há 30 anos 8.000 casos eram registrados, até 1991 já havia registros de 18.674 fibrocísticos e em 2004 os números já aumentaram para 22.714. Estima-se que 91% dos fibrocísticos nascidos vivos estejam diagnosticados (ANTUNES, 2008). Conforme estudo realizado com dados de 59 pacientes de Minas Gerais, a idade média ao diagnóstico era de 3,6 anos. Avanços vêm ocorrendo desde aproximadamente duas décadas atrás, principalmente no diagnóstico em idade precoce e a realização de tratamento adequado, o que possibilitou o aumento e qualidade de sobrevida (RASKIN e FAUCZ, 2001). Até pouco tempo atrás poucos sujeitos com FC chegavam à vida adulta, hoje a sobrevida desses aumentou, entretanto, ainda é baixa. Registros norteamericanos apontam que atualmente a idade média de sobrevida é 36,5 anos, e que 43% das pessoas com fibrose cística têm mais de 18 anos (DALCIN e SILVA, 2008). 22 Estudos estimam que pacientes nascidos depois de 2000 tenham a possibilidade de sobrevivência em mais de 50 anos (BUZZETTI et al., 2009). 2.1.2 Genética A Fibrose Cística é uma doença genética, hereditária e de padrão autossômico recessivo (TARANTINO, 1999). Deste modo, para que a criança nasça com a patologia é preciso que ambos os pais tenham o gene para a Fibrose Cística (FC), existindo a probabilidade de nascer um filho com a doença (25%), ou saudável (25%) ou portador assintomático do gene da FC (50%), para cada gestação (RIBEIRO et al., 2002). Figura 1: Representação do padrão autossômico recessivo da Fibrose Cística. Fonte: gentica12aesob.blogspot.com/ O gene conhecido como CFTR (Cystic Fibrosis Transmembrane Regulator) é responsável pela Fibrose Cística quando está mutado (RASKIN e FAUCZ, 2001). Esse gene está localizado no braço longo do cromossomo 7, lócus 31q, exon 10, tendo sido identificado com base na análise seqüencial de DNA no ano de 1989. Existem mais de 1.000 mutações descritas no gene da FC, as quais levam à alteração na codificação de uma proteína de 1.480 aminoácidos, denominada CFTR, que é responsável por regular e participar do transporte de íons através das membranas celulares. O resultado é a ausência ou mau funcionamento 23 dessa proteína, levando a um transporte anormal de íons e eletrólitos (GALVÃO, 2006). A proteína CFTR pode ter sua função prejudicada, com maior intensidade ou menor, por diversas formas: por não ser sintetizada; por ocorrer um defeito no processamento da proteína; por uma desordem na regulação da proteína; por redução na atividade de condutância de íons através do canal de cloro; por redução do número de proteínas transcritas; ou por um defeito na estabilidade da proteína na superfície celular (ROVEDDER, 2006). Devido a esse grande número de mutações no gene da FC, existe uma enorme variabilidade clínica da doença (ROSOV, 1999). Dentre as mutações, a mais comum é a ∆F508, que ocorre pela deleção de três pares de base, acarretando a perda de um aminoácido fenilalanina na posição 508 da proteína. Esta mutação, ∆F508, é identificada em 60-70% dos pacientes, e é correlacionada com o pior prognóstico, insuficiência pancreática exócrina e a maior gravidade da doença pulmonar (DALCIN e SILVA, 2008). Pacientes que são homozigotos para a mutação ∆F508 (∆F508 + ∆F508) desenvolvem a forma mais severa da doença, já os heterozigotos (∆F508 + outra mutação) apresentam sintomatologia moderada (TARANTINO, 1997). 2.1.3 Fisiopatologia Quando há dois alelos com mutações no gene da FC ocorre ausência de atividade ou deficiência da função da CFTR, provocando redução na excreção do cloro (Cl) e, conseqüentemente, aumento da eletronegatividade intracelular. Com isso, ocorre maior fluxo de sódio (Na) para o interior das células epiteliais para preservar o equilíbrio eletroquímico, seguido de água, por ação osmótica (RIBEIRO et al., 2002). Devido a essas alterações no transporte de íons, ocorre a desidratação das secreções mucosas, tornando-as mais viscosas, o que favorece a obstrução progressiva de ductos e canalículos que é acompanhada por processo inflamatório crônico, posterior fibrose e perdas funcionais progressivas dos órgãos de secreção 24 exócrina (pulmões, pâncreas, fígado, intestinos e testículos) (ALVES et al., 2007; SUZAN, 2006). As conseqüências fisiológicas relacionadas ao defeito no transporte de eletrólitos vão ser variadas, dependendo da função exercida pelo epitélio afetado. Na maioria dos afetados pela FC ocorre a tríade de doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência pancreática e eletrólitos elevados no suor (DALLALANA, 1997). Em relação à doença pulmonar, ela ocorre devido ao fluxo de sódio e de água para o interior da célula epitelial respiratória ser duas vezes maior que o normal, ocorrendo desidratação do meio justacelular dentro da luz dos brônquios. O resultado é a produção de secreções brônquicas excessivamente viscosas, seguida de diminuição do clearance mucociliar (devido à desidratação do muco) e tosse ineficaz, ocorrendo retenção das secreções, que obstruem as vias aéreas e favorecem a colonização por bactérias (POSTIAUX, 2004). Há grande suscetibilidade especialmente por alguns microorganismos: Staphilococus aureus, Haemophilus influenzae, Pseudomonas aeruginosa e Burkholderia cepacia (MAGALHÃES et al., 2004). O espessamento do muco é agravado pelo processo infeccioso (POSTIAUX, 2004). A infecção conduz à inflamação crônica da vias aéreas. O processo inflamatório endobrônquico leva a lesões irreversíveis, formação de bronquiectasias e declínio da função pulmonar, podendo chegar à insuficiência respiratória e morte (ANDRADE et al., 2001). Uma das hipóteses para a redução da resistência aos patógenos bacterianos é a inibição da ação das defensinas – peptídeos bacterianos – do trato respiratório, devido às alterações da concentração de sal na mucosa brônquica (ROVEDDER, 2006). Quanto ao envolvimento das glândulas sudoríparas, elas secretam suor normalmente, contudo, como ocorre impermeabilidade ao cloro pela membrana das células epiteliais também não acontece reabsorção de sódio, levando à eliminação de suor com alta concentração de sal, característica mais proeminente da doença. Já nos indivíduos normais, durante a transpiração insensível e incessante o sódio junto com o íon cloro são lentamente reabsorvidos nos ductos das glândulas sudoríparas, sendo eliminado suor com pouco sal (ROSOV, 1999). No nível do pâncreas há diminuição da secreção de cloro e água junto com redução da secreção de bicabornato (HCO3), que é cloro-dependente, 25 implicando em secreção pancreática reduzida em volume, com pouca fluidez e HCO3 insuficiente. Devido a esse processo, as enzimas digestivas ficam retidas no interior dos ductos pancreáticos, sendo ativadas precocemente, resultando em destruição tecidual e fibrose. Na insuficiência pancreática as enzimas não são liberadas para realizar a digestão, ocorrendo má absorção dos nutrientes que contribui para a deficiência em manter a demanda energética necessária (GALVÃO, 2006). 2.1.4 Manifestações Clínicas As manifestações clínicas são multissistêmicas por comprometer todas as glândulas exócrinas do organismo, no entanto, a doença pulmonar é a maior responsável pela morbidade e mortalidade na fibrose cística (TARANTINO, 1997). 2.1.4.1 Manifestações Respiratórias As manifestações clínicas em vias aéreas superiores acontecem em 100% dos casos (WEBER e FERRARI, 2008). A maioria dos pacientes são acometidos por sinusopatia crônica com períodos de reagudizações _ sinusite (OLIVEIRA, 2007). Eles também podem ser comprometidos por rinite, otite média crônica ou recorrente, anosmia, defeitos de audição e rouquidão transitória (ROSOV, 1999). A polipose nasal é uma manifestação freqüente, ocorrendo em 20% dos casos. Ela pode ser o primeiro sinal da doença, causando obstrução importante, com necessidade cirúrgica em alguns casos (OLIVEIRA, 2007; WEBER e FERRARI, 2008). Em relação às vias aéreas inferiores, o quadro clínico é diferenciado de indivíduo a indivíduo, variando o início dos sintomas, a progressão e a gravidade da doença. Isso ocorre pela existência de várias mutações na forma homozigota ou heterozigota (ROSOV, 1999). 26 O comprometimento pulmonar ocorre em praticamente todos os casos, podendo aparecer no indivíduo com semanas de vida, meses ou anos, caracterizando-se por obstrução crônica, em geral grave e progressiva (DALLALANA, 1997). Durante a vida fetal os pacientes apresentam uma composição pulmonar normal e podem permanecer assintomáticos mesmo após o nascimento até que ocorram as lesões irreversíveis, infecção, inflamação crônica e degradação da função pulmonar. A obstrução ao fluxo aéreo tem início na infância e vai progredindo, levando normalmente a um quadro de bronquite aguda e crônica, bronquiectasias, hiperinsuflação pulmonar e, tardiamente, hipertensão pulmonar e falência respiratória (GALVÃO, 2006). A produção de secreção viscosa, junto com a deficiência da clearence mucociliar e a ineficácia da tosse são fatores que tornam o paciente incapaz de limpar o trato respiratório, deixando as secreções retidas em vias aéreas. Esse meio favorece a colonização por microorganismos de difícil erradicação, ocorrendo broncopneumonia de repetição e microabscessos. O círculo vicioso de infecção e inflamação crônicas agrava ainda mais o componente obstrutivo, desenvolvendo rolhas mucopurulentas nos brônquios e bronquíolos (OLIVEIRA, 2007). A inflamação crônica, secundária ao processo infeccioso, aumenta o número de neutrófilos nas vias aéreas, os quais, durante a fagocitose ou logo após seu processo de degeneração liberam uma enzima denominada elastase, que é responsável pela destruição da elastina, principal matriz da histoarquitetura pulmonar, levando a danos das paredes das vias aéreas. Além disso, os neutrófilos liberam DNA extracelular, sendo que a produção de quantidades excessivas de DNA nas vias aéreas exacerba a viscosidade do muco (RIBEIRO et al., 2002; PICANÇO et al., 2007). Normalmente é após o segundo ano de vida que começam a se formar as bronquiectasias, devido à ineficácia do paciente em eliminar o processo inflamatório endobrônquico (RIBEIRO et al., 2002). As bronquiectasias são responsáveis pelo colapso das vias aéreas, pelo aprisionamento de ar e por áreas focais de pneumonia hemorrágica. Mais tardiamente, a hipoxemia leva à hipertensão pulmonar e hipertrofia de câmaras direitas. A fase terminal da doença é caracterizada por insuficiência respiratória crônica e cor pulmonale. (ROVEDDER et al., 2008). Essas 27 alterações pulmonares acontecem com maior freqüência nos lobos superior e médio do pulmão direito (DALLALANA, 1997). O sintoma mais comum nos pacientes fibrocísticos é a tosse produtiva com abundante secreção pulmonar espessa de difícil expectoração, que pode ocorrer desde as primeiras semanas de vida. A tosse pode ser acompanhada de vômitos, podendo ser confundido com tosse coqueluxóide (RIBEIRO et al., 2002). As crianças normalmente manifestam o comprometimento pulmonar por quadro de bronquiolite, infecções recorrentes do trato respiratório ou pneumonias (ROVEDDER, 2006). Com o decorrer da doença a morfologia do tórax modifica-se, adquirindo formato de barril devido ao alçaponamento de ar. Com isso, o diafragma fica em desvantagem mecânica, determinando a perda na pressão inspiratória, ou seja, da força muscular. Essa fraqueza muscular respiratória pode ser agravada pela desnutrição e quadro de infecção pulmonar. O déficit da função muscular respiratória pode levar o fibrocístico à fadiga respiratória e contribui para a dispnéia e intolerância ao exercício (GALVÃO, 2006). Sinais comuns como unhas de relógio e baqueteamento digital surgem como conseqüência da infecção pulmonar não controlada e hipoxemia crônica (DALLALANA, 1997). Nas fases mais avançadas os pacientes adquirem enfisema pulmonar generalizado, broncorréia purulenta, tosse constante, aumento da freqüência respiratória, dificuldade expiratória e cianose periungueal. Nessa fase queixam-se de falta de ar durante atividade física ou fisioterapia, progredindo para falta de ar em repouso (RIBEIRO et al., 2002). A doença pulmonar manifesta-se por freqüentes períodos de exacerbações com bronquites e pneumonias, tendo como sinais e sintomas o aumento da tosse, aumento da produção de escarro mucoso (espesso e purulento), febre, anorexia e perda de peso, diminuição da tolerância ao exercício, diminuição da saturação de oxigênio (StO2), novos achados à ausculta pulmonar e ao raio X de tórax e redução de mais de 10% no VEF1 (volume expiratório forçado no primeiro segundo). Na ausculta pulmonar percebe-se a presença de sibilos e roncos pelo processo obstrutivo da doença (OLIVEIRA, 2007). Quanto às complicações, elas acontecem em resposta à doença pulmonar grave e são: bronquiectasias, atelectasias, hemoptises, pneumotórax, enfisema progressivo, osteoartrite hipertrófica pulmonar, aspergilose 28 broncopulmonar alérgica, refluxo gastroesofágico e insuficiência respiratória crônica e cor pulmonale (ROSOV, 1999). 2.1.4.2 Manifestações em Outros Sistemas De acordo com o quadro pancreático, duas formas clínicas de FC são individualizadas: uma que causa insuficiência pancreática, encontrada em 85% dos pacientes; outra que evolui para suficiência pancreática, presente em 15% dos casos. A grande maioria dos pacientes homozigotos para a mutação ∆F508 evolui para insuficiência pancreática, embora o nível de atividade enzimática varie de indivíduo a indivíduo. Entretanto, quando são heterozigotos, ou seja, quando apresentam outra mutação associada a ∆F508, o efeito desta pode ser compensado quando acompanhada de uma mutação mais leve. Contudo, dificilmente o paciente chegará à vida adulta sem comprometimento pancreático (RASKIN e FAUKS, 2001). Nos casos em que há insuficiência pancreática, o grau de comprometimento é variável e progressivo. Esses pacientes comumente apresentam má digestão e má absorção, tornando-se clinicamente visível quando 90% da função exócrina do pâncreas se encontram comprometida (ROZOV, 2002). Normalmente apresentam fezes diarréicas, outras vezes volumosas, com aspecto acinzentado, odor forte e, eventualmente oleosas. Quando a esteatorréia é acentuada pode determinar prolapso retal, comum antes do tratamento. O abdômen desses pacientes é protuberante pela flatulência comum nesses casos (TARANTINO, 1997). Em relação à nutrição, os indivíduos podem ter má-nutrição proteicocalórica e de vitaminas em conseqüência da má-absorção, resultando em hipodesenvolvimento pondero-estatural e avitaminoses. Isso ocorre mesmo que esses pacientes apresentem bastante apetite (quando não estão em vigência de processo infeccioso) e ingiram alimentos em quantidades adequadas (GASPAR et al., 2002). As glândulas mucosas intestinais podem ser acometidas nessa doença e, em associação com a insuficiência pancreática, podem prejudicar a propulsão do conteúdo intestinal, resultando ocasionalmente em obstrução. Esta pode instalar-se na vida intra-uterina ou após o nascimento, chamando-se íleo meconial, ou ainda 29 mais tardiamente como forma de suboclusão, equivalente ao íleo meconial (RIBEIRO et al., 2002). Outra manifestação importante é a anormalidade eletrolítica do suor, que ocorre em 98% dos pacientes com essa doença. A glândula sudorípara secreta suor muito salgado, que pode se depositar na testa em forma de cristais de sal. Muitas vezes esse excesso de sal é percebido por meio do beijo, sendo chamado “beijo salgado”, sendo uma manifestação muito sugestiva de FC. Em temperatura elevadas, febre ou produção de calor pelo exercício, esses pacientes podem ter acentuada perda de sódio e cloro pelo suor e vir a desenvolver quadro de desidratação hipotônica grave. A prostação ao calor pode ser uma das primeiras manifestações da doença (STIVAL-ALAN, 1995). Em relação ao sistema genital, os homens com FC têm sua função sexual normal, porém, são estéreis em 98% dos casos devido à obstrução intrauterina dos vasos deferentes. Já as mulheres podem engravidar, mas a fertilidade é diminuída pelo muco cervical espesso e pela doença pulmonar (ROSOV, 1999). Já entre as manifestações hepatobiliares, a mais precoce ocorre nos primeiros três meses de vida sob a forma de icterícia neonatal colestática prolongada. Quando isso acontece, é obrigatória a investigação diagnóstica da mucoviscidose, principalmente se apresentar história familiar da doença. A esteatose hepática ocorre em 30-60% dos casos e está relacionada à desnutrição, porém, não apresenta manifestações clínicas. Outros acometimentos, ocasionados pela obstrução dos ductos intra-hepáticos por secreções espessas, são a cirrose biliar, patognomônica da FC, encontrada em 10-25% dos casos autopsiados, e, a cirrose biliar multilobular, identificada em 2-10% dos adolescentes e adultos. Ainda, pode ocorre ascite, sendo um mau prognóstico da doença (STIVAL- ALAN, 1995). 2.1.5 Diagnóstico Para o diagnóstico da FC é necessária a presença de pelo menos um achado fenotípico, história familiar de mucoviscidose ou triagem neonatal positiva, acompanhada de evidência laboratorial de disfunção da CFTR (regulador da condutância transmembrana da fibrose cística), teste de suor positivo ou diferença 30 de potencial nasal positivo, ou ainda pela identificação de duas mutações conhecidas como causa de FC nos genes CFTR. Os achados fenotípicos são: doença pulmonar obstrutiva crônica; anormalidades gastrointestinais e nutricionais; síndromes perdedoras de sal; e anormalidades urogenitais masculinas resultando em azoospermia obstrutiva (DALCIN e SILVA, 2008). Um bom teste de triagem neonatal, ou teste do pezinho (nome popular), pode identificar 90 a 95% dos casos de FC. Entretanto, mesmo com resultado negativo não se deve menosprezar os sinais clínicos da doença, devendo ser feita uma avaliação diagnóstica incluindo teste do suor e/ou análise do DNA (LUDWIG NETO, 2008). Os testes de triagem neonatal são usados para estudos populacionais para determinar a incidência da FC e, também, para o diagnóstico precoce com finalidade de melhorar o prognóstico (ROSOV, 1999). O diagnóstico precoce por meio do teste de atividade da tripsina imunorreativa (TRI) demonstra grandes benefícios. A TIR é um marcador de insuficiência pancreática, porém pode estar alterado em outras doenças que afetem esse órgão no período neonatal. O teste é baseado no elevado nível sanguíneo da TIR, que ocorre devido uma obstrução dos canalículos pancreáticos, resultando no refluxo de enzimas pancreáticas para a circulação. O nível de TIR está elevado até cerca de 6 semanas, onde a taxa é de 5 a 10 vezes mais alta em recém-nascidos com FC em relação à dos recém-natos sem a doença, retornando aos níveis normais após 6 semanas (CABELLO et al., 2003). O teste do suor, mesmo com um avanço no conhecimento genético na Fibrose Cística, continua sendo o teste específico mais confiável para o diagnóstico da doença. O teste do suor mais confiável é a análise iônica quantitativa de suor pela pilocarpina, padronizado por Gibson e Cooke. Os valores diagnósticos de Fibrose Cística estão acima de 60 mEq/l de cloro e sódio. Indivíduos que apresentarem no teste níveis de íons no suor entre 45-60 mEq/l devem refazer o teste, pois são considerados duvidosos. Os níveis normais estabelecidos são de até 45 mEq/l. Na ausência de outros critérios clínicos o diagnóstico da FC não deve basear-se apenas em um único teste de suor positivo. O peso mínimo de suor para a realização do teste é de 100 mg, sendo a época adequada para a coleta do suor após um mês de vida, quando a sudorese é suficiente (ROVEDDER, 2006). 31 Quanto aos testes genéticos, a identificação de mutações em cada um dos genes da CFTR conhecidas como causa da FC, junto com história clínica ou familiar compatível, estabelece o diagnóstico da doença. Estes testes são de uso restrito pelo seu alto custo e por nem sempre serem útil para a realização do diagnóstico da doença. É importante saber que o resultado do teste negativo não exclui a suspeita da doença pelo fato de existir centenas de subtipos de alterações genotípicas (RIBEIRO et al., 2002). Existem mais de 1.000 mutações conhecidas como causa da fibrose cística e os painés comerciais disponíveis para realizar essa análise só pesquisam uma minoria dessas mutações (DALCIN e SILVA, 2008). O diagnóstico pré-natal é realizado em famílias que apresentem alto risco para a FC. O ideal para ser feito o diagnóstico molecular é conhecer as mutações que os pais apresentam, obter células nucleadas fetais na 10º semana (por biópsia de vilosidades coriônica) ou na 17º semana (pela aminiocentese). Esse método permite prever se o feto será doente ou não, no entanto, tem o inconveniente de apresentar falsos resultados em grande percentual. Nos casos em que os pais não conhecem a mutação, utiliza-se a análise por meio do polimorfismo intragênico. Para isso, é preciso que o casal já tenha um filho com FC e que sejam encontrados polimorfismos informativos (RIBEIRO et al., 2002). A disfunção da CFTR pode ser diagnosticada pela presença de anormalidades do transporte iônico no epitélio respiratório, associadas com um padrão alterado na Diferença de Potencial Nasal (DPN). O sujeito apresentando DPN aumentada, em associação com quadro clínico ou história familiar positiva, fundamenta o diagnóstico de FC (DALCIN e SILVA, 2008). O exame compara o cloro intra e extracelular (LUDWIG NETO, 2008). Existem alguns exames complementares utilizados na avaliação diagnóstica inicial, que contribuem de modo secundário para o diagnóstico. Eles são úteis para avaliar a evolução e gravidade da doença e, também, para planejar abordagens terapêuticas específicas. Entre esses exames estão: a avaliação da função pancreática, exames de imagem do tórax e avaliação funcional pulmonar (DALCIN, SILVA, 2008). O teste de função pancreática não é específico para a Fibrose Cística, porém poderá ajudar no esclarecimento do diagnóstico, se utilizado em conjunto com outros exames. A confirmação da insuficiência pancreática (IP) por meio do teste pode indicar fibrose cística, já que 90% dos pacientes fibrocísticos apresentam 32 IP. O teste também será importante para identificar a intensidade dessa complicação, para que a terapia de reposição enzimática seja administrada de maneira adequada (RIBEIRO et al., 2002). O diagnóstico da insuficiência pancreática é feito por meio da dosagem da elastase fecal ou então, indiretamente, pela dosagem de gordura nas fezes (LUDWING NETO, 2008). As imagens vistas no exame radiológico são dependentes da idade, da progressão e da gravidade da doença. No início as radiografias do tórax podem não apresentar alterações, no entanto, com a evolução da doença começam a aparecer imagens compatíveis com doença pulmonar obstrutiva crônica (ROZOV, 1999). Os achados precoces são: impactação mucóide, espessamento peribrônquico, bronquiectasias, atelectasias (em 10-15% dos casos), hiperinsuflação (em mais de 50% dos casos) (FREIRE et al., 2008). Normalmente essas alterações ocorrem com predominância nos ápices e à direita. Com a progressão da doença começam a aparecer imagens de bolhas, lesões císticas, fibróticas e abscessos, pneumotórax e pneumomediastino. Ainda podem ser identificadas imagens como “dedo de luva” ou nodulares que são características da FC e estão relacionadas com a impactação mucóide (PEREIRA, 1997). As provas de função pulmonar são realizadas por meio da espirometria, a qual consiste em um exame que analisa quali-quantitativamente a função ventilatória e permite ao profissional da saúde, fisioterapeuta ou médico, conhecer o grau e o tipo de distúrbio ventilatório que o indivíduo apresenta. A obstrução é verificada por meio do retardo do fluxo expiratório e pelo aumento acentuado deste (AZEREDO, 2002). A evolução da doença é avaliada pelo estudo da função pulmonar por meio da capacidade vital forçada (CVF), do volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e do fluxo expiratório forçado entre 25 e 75% da CVF (FREIRE et al., 2008). O distúrbio ventilatório que os indivíduos com FC apresentam é fundamentalmente obstrutivo, contudo, pode aparecer restrição associada em virtude da fibrose pulmonar na fase final da doença. O dado que mais se altera precocemente nas provas de função pulmonar é o FEF25% - 75%, sendo que esse valor reduz em média 8% ao ano, devido ao alçaponamento de ar em áreas pouco ventiladas dos pulmões. Os demais valores como, CVF, VEF₁ e VEF₁/CVF vão reduzindo com a progressão da doença (ANDRADE et al., 2001). 33 Os pacientes podem ser classificados de acordo com as diretrizes brasileiras para testes de função pulmonar em três divisões de acordo com a quantificação do distúrbio: distúrbio ventilatório obstrutivo (DVO) leve ou ausente, VEF1% > 60% do previsto; DVO moderado, VEF1% entre 40-60% do previsto; e DVO grave, VEF1% < 40% do previsto (ZIEGLER et al., 2007; SBPT, 2002). 2.1.6 Tratamento Com a descoberta do gene da fibrose cística (FC) foi possível compreender os mecanismos do transporte iônico e estudar a proteína (CFTR) em sua forma normal e mutada. Assim, com o conhecimento das bases moleculares e da fisiopatologia da doença, abriram-se perspectivas de um tratamento eficaz, sendo um passo importante para uma futura cura dessa doença. Enquanto não existe tratamento específico para a FC, o tratamento se baseia na terapêutica dos sintomas e na correção das disfunções orgânicas (DALLALANA, 1997; RASKIN e FAUKZ, 2001;). Por se tratar de uma doença complexa e multissistêmica, o tratamento deve ser realizado em centros especializados para cuidados em FC e com abordagem multidisciplinar, onde cada profissional em sua área ofereça o suporte necessário (OLIVEIRA, 2007; VILLELA et al., 2007). Considerando-se a patogenia dessa doença, o tratamento deve ser iniciado precocemente, desde o diagnóstico, com um programa de tratamento vigoroso e contínuo, com o objetivo de prevenir infecções e complicações e evitar a progressão das lesões pulmonares como também de outros órgãos acometidos, permitindo uma sobrevida maior e de melhor qualidade. Além disso, o paciente e a família devem receber desde cedo suporte psicológico e socioeconômico (ROSOV, 1999; DALCIN e SILVA, 2008). O tratamento deve dar ênfase aos aspectos clínicos e a gravidade de cada caso, sendo individualizado (ROSOV, 1999). Contudo, consiste basicamente no uso de antibióticos, para combater as repetidas infecções pulmonares; na reposição enzimática; no suporte nutricional e na remoção das secreções pulmonares por meio da fisioterapia (FRACON, 2001). 34 2.1.6.1 Reposição Enzimática e Suporte Nutricional Na fibrose cística os ductos pancreáticos são obstruídos, impedindo a chegada de enzimas pancreáticas até o duodeno. Logo que a identificação da insuficiência pancreática é feita, deve-se iniciar o tratamento com reposição de enzimas, evitando o agravamento da desnutrição (RIBEIRO et al., 2002). A dosagem de enzimas pancreáticas é ajustada conforme as necessidades individuais, podendo ser controlada pelo aspecto das fezes, curva ponderal, ou dosagem de gorduras nas fezes (DALLALANA, 1997). Se o paciente continuar apresentando sinais e sintomas de má-absorção as doses devem ser incrementadas. No entanto, não se sabe a segurança de doses entre 2.500 e 6.000 U/Kg/refeição/dia, e acima desta dose é descrito que existe o risco de colonopatia fibrosante. Algumas vezes, mesmo com terapêutica enzimática adequada, pode persistir um grau de má absorção devido a inativação do duodeno por pH baixo, sendo recomendado o uso de antiácido para melhorar a biodisponibilidade (OMS, 2001). Para que a reposição enzimática seja bem aproveitada é ideal que as refeições sejam dadas em “blocos”, a cada 3-4 horas, evitando-se comer pequenas quantidades fora de hora, ingerindo as enzimas imediatamente antes de todas as refeições e ajustando a dose conforme a quantidade e qualidade dos alimentos. Além disso, devem ser observadas mudanças no padrão das fezes e ganho de peso (RIBEIRO et al., 2002). Quanto à dieta na FC, é recomendado que seja hipercalórica e hiperprotéica, com valores aumentados ou normais de lipídios, balanceada para as necessidades de crescimento e desenvolvimento adequado. Isso porque pacientes com esse quadro apresentam hipermetabolismo devido à má absorção intestinal, aumento do trabalho respiratório e da utilização da energia em nível celular (DALLALANA, 1997). Em relação à oferta calórica, deve estar 30-50% acima das recomendações diárias e, quanto ao conteúdo protéico, a ingestão deve ser 2-3 vezes maior que o normal. Pacientes que apresentam relação peso/estatura menor que 85% e têm dificuldade em ganhar peso devem introduzir na dieta 35 suplementação lipídica de 40%, com óleo vegetal cru ou triglicerídeos de cadeia média, podendo determinar aumento da curva ponderal (ROSOV, 1999). O trabalho dietético tem por finalidade melhorar ou manter adequado o estado nutricional do paciente, quebrando o ciclo vicioso de desnutrição-infecção, pois o estado nutricional e a função pulmonar têm grande correlação (ROSOV, 1999; GASPAR et al., 2002). Quanto à absorção de vitaminas lipossolúveis, também está diminuída em pacientes com FC, sendo necessária a suplementação das vitaminas A, D, K, E e do complexo B (ROSOV, 1999). É necessário, ainda, que se faça a profilaxia e o controle das perdas salinas dessas pessoas. Para isso, em dias muito quentes, ou em crises de hipertermia ou durante exercícios intensos, é preciso que seja feita a administração adicional de cloreto de sódio: 1g/dia em menores de um ano, 2g/dia no 2º e 3º ano de vida e 3-4g/dia quando acima de 4 anos de idade. No entanto, quando a desidratação ocorre, deve-se recorrer à administração de soluções salinas por via endovenosa (DALLALANA, 1997). 2.1.6.2 Tratamento da Doença Pulmonar A fibrose cística, embora seja uma doença multissistêmica, tem como principal causa de morbi-mortalidade o envolvimento pulmonar. Sabendo disso, a terapêutica adequada deve ser empregada o mais cedo possível para que a progressão da doença pulmonar seja retardada (DALCIN e SILVA, 2008). O tratamento da doença pulmonar consiste em antibióticoterapia, agentes antiinflamatórios, agentes mucolíticos, broncodilatadores, fluidificação das secreções pulmonares, fisioterapia respiratória, exercício físico, suplementação de oxigênio e transplante de pulmão (FREIRE et al. , 2008). Quanto aos antibióticos, são utilizados com muita freqüência, visando à erradicação da bactéria (DALLALANA, 1997). e, principalmente, a melhora da sintomatologia É importante que seja feito o diagnóstico bacteriológico seqüencial das secreções, com perfil de sensibilidade aos antibióticos. Os patógenos 36 especificamente relacionados com a FC são P. aeruginosa, S.aureus e a B. cepacia, sendo eles os principais alvos do tratamento antibiótico (ROSOV, 1999). O tratamento das exacerbações pulmonares, que ocorrem devido a infecções respiratórias, exposição a poluentes atmosféricos ou hiperreatividade, pode ser realizado com antibióticos por via oral, por via intravenosa ou por inalação dependendo da gravidade das manifestações clínicas. Quando as exacerbações são mais graves é indicado o tratamento antibiótico por via intravenosa, por 14-21 dias, normalmente com hospitalização do paciente (DALCIN, SILVA, 2008). A Pseudomonas tem sido encontrada em mais de 80% dos indivíduos com a FC e está relacionada ao mau prognóstico, relatando que uma vez instalada nas vias aéreas, a erradicação dessa bactéria não ocorre com o uso de antibióticos, eles apenas reduzem o número de colônias dessas. A utilização dos antibióticos é direcionada sob a forma de demanda, profilaxia ou de manutenção e baseia-se na colonização e infecção ou quando estiverem presentes exacerbações das manifestações pulmonares (RIBEIRO et al., 2002). Quanto aos antiinflamatórios, entre eles corticosteróides e ibuprofen, podem ser usados para diminuir a resposta imune, pois esta não é capaz de promover esterilização da vias aéreas e, ainda, é prejudicial in loco, pela destruição progressiva do parênquima, Entretanto, existem alguns paraefeitos importantes associados ao uso desses medicamentos que devem ser levados em consideração (ROSOV, 1999). Em relação aos agentes mucolíticos, a N-acetil-cisteína apresenta ação antioxidante. Em decorrência disso, é provável que possa ser utilizada beneficamente sobre as lesões inflamatórias. No entanto, não existem pesquisas suficientes sobre o seu uso regular e em longo prazo em pacientes com FC. Outro agente mucolítico usado no tratamento da FC é a DNase recombinante humana (dornase alfa), esta é responsável pela hidrólise do DNA extracelular _ derivado da desintegração dos neutrófilos recrutados para o trato respiratório pelo processo infeccioso _ reduzindo a viscosidade do muco. Estudos têm mostrado melhora da função pulmonar, diminuição do risco de exacerbações e redução do uso de antibioticoterapia quando utilizadas doses e período corretos, por via inalatória, com equipamento inalatório adequado. Além disso, são associadas a poucos efeitos adversos (DALLALANA, 1997). 37 São utilizadas também as soluções salinas hipertônicas (3-7%). Elas são administradas por meio de nebulização, aumentando o transporte ciliar, melhorando as propriedades reológicas do muco e melhorando a hidratação da superfície das vias aéreas. Com isso, ocorre melhora do clearance mucociliar e da função pulmonar em curto período de tempo em pacientes fibrocísticos (OLIVEIRA, 2007). A hiper-reatividade brônquica é comum em pacientes com FC. Devido a isso os broncodilatadores estão sendo utilizados como parte do tratamento desses indivíduos. Entre os agentes mais freqüentemente usados estão os agonistas beta2adrenérgicos, que são empregados normalmente antes da fisioterapia respiratória para facilitar a clearance mucociliar, apresentando benefícios para a maioria dos pacientes por meio da melhora funcional (RIBEIRO et al., 2002). Em relação ao uso de oxigênio, é importante que seja feita a monitorização de gases arteriais, devendo ser utilizado apenas em casos de hipoxemia e em concentrações mínimas suficientes para o alivio da sintomatologia. O uso desse recurso é importante para retardar a progressão da hipertensão pulmonar, reverter a policetemia, aumentar a sobrevida, diminuir o número de internações hospitalares, aumentar o desempenho psicomotor e melhorar a tolerância ao exercício físico (ROSOV, 1999). Já quanto ao tratamento cirúrgico, este pode ser necessário e incluir a ressecção pulmonar em pacientes que apresentem comprometimento localizado em um ou dois lobos pulmonares (DALLALANA, 1997). No entanto, devem ser medidos os riscos-benefício de uma cirurgia. Outro tipo de tratamento cirúrgico é o transplante pulmonar, sendo a última opção de tratamento para esses pacientes. Este recurso tem como limitação a disponibilidade de órgãos doados e equipes especializadas. Segundo alguns estudos, a sobrevida de pacientes transplantados foi de 85% no primeiro ano e 67% no segundo ano (RIBEIRO et al., 2002). 2.1.7 Fisioterapia Respiratória na Fibrose Cística A fisioterapia respiratória é globalmente recomendada para pacientes com fibrose cística (FC) (OLIVEIRA, 2007). Ela constitui importante tratamento da doença 38 pulmonar, visando remover o muco viscoso e o exsudato causado pelas infecções pulmonares, sendo reconhecida como o principal tratamento não farmacológico (FRACON, 2001). Sua importância no tratamento de fibrocísticos foi reconhecida na década de 50, e a partir daí vem sendo parte integrante e mantém-se em evidência no tratamento do comprometimento pulmonar (DALLALANA, 1997). Desde o diagnóstico, mesmo com comprometimento pulmonar mínimo ou assintomático, deve ser instituído um programa de cuidados diários em casa, incluindo atividade física espontânea, própria da idade, com treinamento regular de algum esporte, escolhido pela criança e, ainda, medidas de fluidificação e higiene brônquica adequada por meio de fisioterapia (ROSOV, 1999). A fisioterapia respiratória para os pacientes com fibrose cística atua em diversos aspectos como no aumento da clearance mucociliar, melhora da força muscular respiratória, melhora da função pulmonar e do condicionamento físico. As intervenções utilizadas para isso são manobras de higiene brônquica, exercícios respiratórios, reabilitação pulmonar, cinesioterapia entre outros. O principal objetivo de um tratamento fisioterapêtico na FC é a desobstrução brônquica pelo fato desses pacientes apresentarem quadro obstrutivo das vias aéreas por secreções brônquicas aumentadas e espessas, que contribuem para as inflamações e infecções, pneumonias de repetição e conseqüente comprometimento da função pulmonar (VILLELA et al., 2007; ACAM, 2008). Os métodos fisioterapêuticos desobstrutivos são utilizados para prevenção e tratamento das complicações pulmonares, atuando na facilitação do clearance mucociliar para manter a permeabilidade das vias aéreas e prevenir a inflamação das paredes dos brônquios, diminuindo a limitação ao fluxo aéreo, melhorando a distribuição da ventilação e promovendo o melhor uso da musculatura respiratória (ALMEIDA et al., 2008; AZEREDO et al., 2000). Existem muitas modalidades com o objetivo de favorecer a limpeza pulmonar, entre elas estão às convencionais – Drenagem Postural (DP), Vibração, Compressão, Vibrocompressão e Tosse – e as modernas, Drenagem Autógena (DA), Técnica do Ciclo Ativo da Respiração (TCAR), Expiração Lenta com a Glote Aberta em Decúbito Lateral (ELTGOL), Pressão Expiratória Positiva na Vias Aéreas (EPAP), Flutter ou Shaker e exercício físico. Sendo que, antes de qualquer técnica 39 deve ser feita aerossolterapia para a hidratação das secreções (POSTIAUX, 2004; AZEREDO, 2002). Segundo alguns estudos, todas as técnicas desobstrutivas alcançaram a sua eficácia em relação à mobilização de secreção pulmonar (VILLELA et al., 2007). Quanto à escolha do método adequado deve ser considerada a idade do paciente, a aceitação por parte dele e a gravidade da doença, facilitando assim o sucesso e a adesão ao tratamento (OLIVEIRA, 2007). Além das técnicas de desobstrução pulmonar, os músculos respiratórios devem ser treinados objetivando o aumento da força e resistência dos mesmos, melhorando mecânica e a função pulmonar, prevenindo a fadiga respiratória, reduzindo a dispnéia e melhorando a capacidade funcional do indivíduo (AZEREDO, 2002; RODRIGUES, 2003). Em relação à freqüência das sessões de fisioterapia devem ser realizadas de acordo com as necessidades de cada paciente (DALLALANA, 1997). As técnicas de higiene brônquica devem ser executadas entre 2 a 6 vezes ao dia, com tempo de duração em média de 20 a 30 minutos para cada sessão, dando ênfase ao segmentos pulmonares mais comprometidos (ROSOV, 1999). Os exercícios respiratórios devem ser realizados diariamente e com horários específicos, de modo a se tornar rotina na vida desses indivíduos, porém, com o cuidado de não atrapalhar suas atividades normais (ACAM, 2008). A fisioterapia respiratória na FC consiste em um conjunto de exercícios e manobras que auxiliam para um melhor funcionamento do sistema respiratório como um todo (ACAM, 2008). Em relação à drenagem postural (DP) é um recurso usado pelos fisioterapeutas há muitos anos. Esse método consiste em usar a força da gravidade, colocando o paciente em uma posição capaz de facilitar o fluxo das secreções das vias aéreas distais até a traquéia, sendo então eliminadas pela tosse. A freqüência recomendada para sua utilização é de duas a três vezes ao dia, alternando as posições para drenagem dos diferentes segmentos pulmonares (AZEREDO et al., 2000; OLIVEIRA, 2007). Para que a técnica seja efetiva o paciente deve ser orientado quanto à mesma, ter suas vias aéreas superiores permeáveis, estar bem hidratado e com fluidificação adequada do muco brônquico. Além disso, devem ser monitorizados os sinais vitais antes, durante e após a drenagem e respeitar os períodos de 40 alimentação. Ainda, para que ela se torne mais eficaz, é necessário adotar outras condutas terapêuticas em associação como a tosse técnica, huff, percussão e vibração manual torácica, EPAP e flutter (PRESTO e PRESTO, 2005). A percussão torácica é um método de desobstrução e consiste na aplicação coordenada de golpes manuais ou eletro mecânico na região do tórax. Ela proporciona a propagação de ondas de energia mecânica que são aplicadas na parede torácica e transmitidas aos pulmões. O objetivo com esta é deslocar o muco da parede dos brônquios, removendo-o por meio do fluxo aéreo expiratório, do ponto distal da via aérea até o seu ponto proximal, ocorrendo a eliminação para o meio externo pela tosse voluntária ou reflexa (AZEREDO et al., 2000; COSTA, 1999). Este recurso é tema de muitas controvérsias, alguns autores tentam comprovar que sua aplicação leva a microatelectasias e podem precipitar o broncoespasmo, outros, afirmam que a percussão manual favorece o transporte mucociliar e o deslocamento de secreções pulmonares (PRESTO e PRESTO, 2005). A vibração manual trata-se de movimentos rítmicos, rápidos e com intensidade suficiente para causar a vibração em nível bronquial. Esta técnica é aplicada com as mãos espalmadas sobre o tórax, impulsionando movimentos vibratórios, com o membro superior em contração isométrica, durante a fase expiratória (OLIVEIRA, 2007; COSTA, 1999). Essa é uma técnica de grande eficácia, principalmente se aplicada junto com a compressão torácica manual expiratória, denominando-a de vibrocompressão (AZEREDO, 2002). Ela pode ser realizada com o paciente em decúbito dorsal ou em decúbito lateral esquerdo ou direito, dependendo da localização dos roncos pela ausculta pulmonar (AZEREDO et al., 2000; PRESTO e PRESTO, 2005). O objetivo com essa modalidade terapêutica é facilitar o deslocamento do muco brônquico pela modificação de suas propriedades físicas (tixotropismo) e pelo aumento do transporte mucociliar, estimulando o reflexo da tosse. A freqüência necessária para que isso ocorra é de 13 hertz, difícil de ser conseguida com a manobra manual. Por ser uma técnica menos brusca que a tapotagem e a percussão, ela pode ser aplicada em qualquer caso e em tempo suficiente para que haja expectoração (COSTA, 1999;). A técnica Expiração Lenta com a Glote Aberta em Decúbito Lateral (ELTGOL) consiste na desobstrução brônquica com expiração lenta. Para a realização da técnica é preciso que o paciente seja posicionado em decúbito lateral, 41 com o pulmão a ser desobstruído infralateral. Ele deve ser orientado a fazer expirações lentas e totais, partindo do volume corrente (VC) até o volume residual (VR), com o uso de um bucal para garantir que a glote permaneça aberta durante o procedimento. O fisioterapeuta fica atrás do paciente e exerce uma pressão abdominal infralateral com uma das mãos e uma pressão sobre o gradil costal supralateral com a outra mão, durante a expiração, proporcionando uma espécie de torção no tronco do paciente (POSTIAUX, 2004). Como manobras de compressão têm-se: Aumento do Fluxo Expiratório (AFE) e Terapia Manual Passiva (TEMP). A AFE é uma manobra de desobstrução brônquica, que consiste em uma expiração ativa ou passiva junto com um movimento toracoabdominal sincrônico realizado pela compressão manual do fisioterapeuta, durante fase expiratória do paciente, tendo seu início após o platô inspiratório (ABREU et al., 2007; MACHADO, 2008). Já a TEMP é uma manobra realizada por meio da mobilização passiva da caixa torácica, com compressão regional do tórax na fase expiratória, acompanhando o movimento do gradil costal. O principal objetivo com essa técnica é promover a aceleração do fluxo expiratório e facilitar a desobstrução broncopulmonar. Além disso, ela pode ser utilizada para auxiliar o huffing (PRESTO e PRESTO, 2005; ABREU et al., 2007). A Técnica do Ciclo Ativo da Respiração (TCAR) é uma combinação de três componentes individuais. Sendo o primeiro o exercício de expansão torácica, que consiste em três a quatro respirações profundas com ênfase na inspiração, associadas à sustentação máxima inspiratória (SMI). Segundo, técnicas de expiração forçada (TEF), realizando uma a duas expirações forçadas com a glote aberta. E o terceiro, períodos de controle da ventilação (controle diafragmático), respirando no volume-corrente de forma relaxada e suave. Estudos envolvendo esta técnica apontaram benefícios na remoção de secreção pulmonar e na função pulmonar dos pacientes com FC. (OLIVEIRA, 2007). A drenagem autogênica (DA) foi desenvolvida por Chevaillier na Bélgica e consiste em um sistema de três fases respiratórias, que visa melhores fluxos brônquicos com o uso de expirações lentas. A DA tem como objetivo a mobilização de secreção por meio do alcance de fluxo aéreo elevado em diferentes segmentos brônquicos (PRYOR e WEBBER, 2002). Esta técnica pode ser realizada com o indivíduo na posição mais confortável e efetiva para ele, de preferência sentado. Ela 42 envolve uma inspiração lenta e diafragmática, uma pausa inspiratória de 3 a 4 segundos, seguida de fluxo expiratório não forçado, na maior velocidade possível, mantendo a glote aberta (POSTIAUX, 2004). A primeira fase consiste em volumes pulmonares baixos para deslocar secreções distais. A segunda envolve volumes pulmonares médios para a coleta de secreções na vias aéreas médias. Já a última fase utiliza volumes pulmonares altos para a eliminação das secreções das vias aéreas centrais (PRESTO e PRESTO, 2005; PRYOR e WEBBER, 2002). Estudos comparando a DA com a TCAR em pacientes com FC, concluíram que ambas são efetivas na remoção de secreções desses indivíduos, porém com a DA foi obtido melhor resultado na VEF1 e com a TCAR foi observada melhora na CVF (OLIVEIRA, 2007). A Oscilação Oral de Alta Freqüência (OOAF) pode ser obtida por meio do Flutter ou do shaker, aparelhos portáteis, pequenos e simples, usados na desobstrução brônquica. (VILLELA et al., 2007;). Os dispositivos consistem em uma tubulação plástica em forma de cachimbo, com uma esfera de aço pesada localizada em seu interior, acima de um cone. Durante a expiração, a esfera se movimenta ao longo da superfície do cone criando uma pressão expiratória positiva e uma oscilação vibratória do ar dentro das vias aéreas. Com isso, ocorre redução da viscosidade do muco e, ainda, o reflexo da tosse pode ser estimulado, favorecendo o deslocamento e eliminação das secreções pulmonares, sendo este o principal objetivo com o uso desse aparelho. (VILLELA et al., 2007; OLIVEIRA, 2007; PRESTO e PRESTO, 2005). Em um estudo realizado por Ribeiro et al em 2006, foi comparada a eficácia do Flutter e do shaker, dois aparelhos utilizados que apresentam características semelhantes. Eles foram testados em pacientes com FC, sendo colhidas as secreções expectoradas e medindo o peso seco e úmido dessas secreções. A conclusão com esse estudo foi que o uso do shaker mostrou-se tão efetivo quanto o uso do Flutter para as variáveis analisadas. Além disso, as freqüências cardíacas e respiratória e a StO2 não tiveram diferenças significativas entre esses dispositivos (SUZAN, 2006). A Pressão Positiva Expiratória Final (EPAP) é uma maneira de ofertar PEEP. Ele é composto por uma válvula unidirecional conectada a uma máscara facial, sendo vinculada no orifício expiratório da válvula uma forma qualquer de resistor que determinará a PEEP. No sistema EPAP a fase inspiratória é realizada 43 sem nenhuma ajuda externa, ela é gerada por uma pressão negativa subatmosférica, já a expiração é realizada contra uma resistência, que pode variar de 10 a 20 cmH2O, tornando a pressão positiva ao seu final (AZEREDO et al., 2000; OLIVEIRA, 2007). Os resultados da aplicação do EPAP no sistema respiratório são: variação na pressão intra-alveolar, aumento da capacidade residual funcional (CRF), recrutamento alveolar, diminuição do shunt intrapulmonar e remoção das secreções brônquicas. Com o uso desse sistema ocorre o aumento da oxigenação arterial, melhora da complacência pulmonar e treinamento muscular respiratório (AZEREDO et al., 2000). A Técnica de Expiração Forçada (TEF) substitui as técnicas expiratórias lentas quando as secreções se deslocam das vias aéreas médias até as vias aéreas proximais, que constituem seu principal local de ação. Essa técnica tem como objetivo auxiliar na remoção de secreções brônquicas e minimizar a compressão dinâmica e colapso das vias aéreas decorrentes da expulsão brusca e forçada do ar. Essa técnica inclui em seu mecanismo o aparecimento de um ponto de igual pressão no trajeto brônquico, que modifica as características do escoamento de ar e, assim, da mobilização de secreções nas vias aéreas (POSTIAUX, 2004; MACHADO, 2008). A técnica consiste na combinação de um ou dois esforços respiratórios (huffing), que são feitos com a glote aberta, partindo de um volume pulmonar médio para baixo volume pulmonar, promovendo a eliminação das secreções localizadas em vias aéreas mais distais, ou, pode ser realizado um huff de volume maior, mobilizando as secreções de vias aéreas mais centrais. Após, devem ser seguidos de um período de relaxamento com respiração diafragmática (PRESTO e PRESTO, 2005; MACHADO, 2008). Quanto à tosse, é resultado de um complexo reflexo iniciado com ativação dos receptores das vias aéreas por estímulos irritantes, tendo como função a remoção de substâncias estranhas e secreção acumulada. Por esse motivo ela é considerada um importante mecanismo de defesa pulmonar, principalmente em situações patológicas que geram acúmulo de secreção na árvore traqueobrônquica. A tosse é considerada a parte mais importante da terapia de higiene brônquica, pois a maioria das técnicas só auxilia no deslocamento das secreções até as vias aéreas centrais. O fisioterapeuta recorre a esse recurso para expulsar da árvore traqueobrônquica proximal todo o material indesejado como as secreções e outras 44 partículas inaladas. Seus benefícios na eliminação das secreções são devido ao aumento da pressão positiva pleural e por meio da produção de alta velocidade do fluxo nas vias aéreas (BARROS e MEDEIROS, 2008). Quando há diminuição do reflexo de tosse, este deve ser provocado por meio de um estímulo mecânico na região da traquéia, pois se sabe que a maior parte dos receptores da tosse estão localizados na mesma. Esse estímulo pode ser feito manualmente na região superior da traquéia e na região cervical posterior ou, pode ser realizado com auxílio de um cotonete, na cavidade nasal, no palato ou na epiglote (COSTA, 1999). Quanto ao treinamento físico, constitui elemento essencial nos programas de reabilitação pulmonar, pois a doença pulmonar reflete em intolerância ao exercício, deteriorando a qualidade de vida e predispondo à mortalidade (MACHADO, 2008). A habilidade dos pacientes com FC pode estar prejudicada pela presença da doença pulmonar e desnutrição protéico-calórica, resultando em diminuição da massa muscular e, conseqüentemente, rápido surgimento de fadiga muscular durante o exercício, afastando-os dessas atividades. Com isso, ocorre a progressivo descondicionamento físico, ocorrendo dispnéia em associação com esforços físicos cada vez menores (CHAVES et al., 2007). Os indivíduos com fibrose cística que participam de alguma atividade física regular em conjunto com a terapia padrão usufruem de muitos benefícios como: aumento da quantidade de água do muco pulmonar, desobstrução brônquica, diminuição da resistência à insulina, melhora da composição corporal, aumento da auto-estima, melhora do desenvolvimento ósseo, diminuição da degradação protéica, melhora da função imunológica e diminuição da freqüência cardíaca de repouso (CHAVES et al., 2007, VILLELA et al., 2007). O exercício é respeitável coadjuvante nas medidas de higiene brônquica, pois aumenta o clearance mucociliar (DALCIN e SILVA, 2008). Os exercícios aeróbicos como caminhar, correr, pedalar e nadar podem ser recomendados seguramente para crianças e adolescentes com FC, que apresentem comprometimento pulmonar de leve a moderado. Além dos benefícios cardiopulmonares, a prática de atividade aeróbica regular proporciona melhora da tolerância ao exercício e sensação de bem-estar. E ainda, o declínio da função pulmonar é bem mais lento nesses indivíduos (CHAVES et al., 2007). Por todos 45 esses benefícios, justifica-se a utilização de exercício físico regular como parte do tratamento de pacientes com FC (VILLELA et al., 2007). Em relação ao treinamento dos músculos respiratórios, deve ser realizado em pacientes com fibrose cística para aumentar a força e endurance desses músculos. Esses indivíduos apresentam alteração da força contrátil devido à desvantagem mecânica pela hiperinsuflação pulmonar e pelo quadro de desnutrição (ZANCHET et al., 2006). Os músculos respiratórios são os responsáveis pelo adequado funcionamento do sistema respiratório, além disso, sua disfunção da musculatura respiratória pode contribuir para a intolerância ao exercício, dispnéia e falência respiratória. Assim, o treinamento deve ser instituído o mais cedo possível em caso de pressão inspiratória máxima ≤60cmH2O, sendo obtido por meio de estímulos apropriados de sobrecarga, especificidade e reversibilidade (MACHADO, 2008). 2.2 Fisioterapia Aquática A aplicação da água como finalidade terapêutica é um recurso importante da fisioterapia, sendo utilizadas piscinas aquecidas para o tratamento de diversas disfunções. As propriedades físicas da água e os efeitos da imersão, associados aos exercícios, devem ser compreendidos para que as intervenções da fisioterapia aquática sejam potencializadas (CARREGARO e TOLEDO, 2008). O ambiente aquático torna-se precioso no tratamento de diversas patologias crônicas por proporcionar benefícios não só físicos, mas também psicológicos. Um dos objetivos principais com o tratamento na água é o bem-estar do indivíduo, integrando corpo e mente (BIASOLI e MACHADO, 2006). 2.2.1 Os Princípios e Propriedades Físicas e Terapêuticas da Água A água pode existir no estado sólido, líquido ou gasoso. Entretanto, para a realização da hidroterapia é em meio líquido que serão obtidos os maiores 46 benefícios decorrentes de suas propriedades físicas (BATES e HANSON, 1998). Os princípios da física irão interferir nos exercícios terapêuticos realizados em ambiente aquático, por isso devem ser conhecidos para que os programas sejam planejados de forma segura e efetiva (BATES e HANSON, 1998). As propriedades físicas advindas da água são: densidade, flutuação, tensão superficial, viscosidade, calor específico, refração e pressão hidrostática (CAMPION, 2000). A água apresenta uma determinada densidade, a qual é defina como a quantidade de massa por unidade de volume. Como a gravidade específica da água é igual a 1, todo corpo ou objeto que for colocado no meio aquático e apresentar densidade menor que a água flutuará ou caso seja maior afundará. Quanto à flutuação, é definida como a força que atua contrária à gravidade, sendo que essa força será igual ao volume de água deslocado pelo corpo imerso. Outra propriedade da água é a viscosidade, a qual pode ser definida como a resistência do líquido em deslocar-se, ou seja, o líquido oferece uma resistência ao corpo quando este se movimenta (KOURY, 2000). A tensão superficial é resultado da união entre as moléculas da superfície de um líquido, oferecendo resistência ao movimento quando parte do corpo “quebra” a superfície da água. Em relação à refração, “é a deflação de um raio de luz quando ele passa de um meio para outro de densidade diferente”, sendo o motivo pelo qual a aparência de um corpo ou objeto fica alterada na água (BATES e HANSON, 1998). Uma das propriedades físicas da água é o calor específico, este deve ser considerado, pois é caracterizado pela transferência constante de calor no contato do corpo com a água. Essa transferência pode ocorrer tanto por condução como por convecção. A determinação para uma temperatura favorável vai depender da quantidade de calor produzido pelo corpo e da temperatura da água. Como na prática de exercícios vigorosos o corpo produz muito calor deve-se optar por uma temperatura entre 28º e 30ºC, já em exercícios menos intensos a temperatura sugerida é entre 33º e 35ºC (BATES e HANSON, 1998). Alguns autores sugerem que a temperatura da água pode influenciar a sinergia ou coordenação da contração dos músculos respiratórios (ANSTEY e ROSKELL, 2000). A pressão hidrostática é considerada a propriedade física que proporciona mais vantagens (FABRIS, 2003). A água realiza pressão em todas as direções, assim, quando um corpo está submerso fica exposto a uma determinada pressão, que depende da força por unidade de área. A pressão que a água exerce sobre o 47 corpo imerso é alterada pela densidade do líquido e pela profundidade, pois a coluna de líquido sobre o corpo é que será responsável pela pressão, conseqüentemente, a pressão exercida será maior quanto maior a profundidade (CARREGARO e TOLEDO, 2008). A pressão realizada pela água é a propriedade que atua diretamente sobre o sistema pulmonar. Quando o corpo está submerso em posição vertical ele sofre a ação dessa pressão principalmente sobre a caixa torácica, pois esta se movimenta a cada ciclo respiratório, resultando em efeitos fisiológicos no sistema respiratório (FAGUNDES e SILVA, 2006). 2.2.2 Efeitos Fisiológicos e Terapêuticos da Imersão e do Exercício em Água O ambiente aquático é muito diferente do ambiente terrestre. Quando imerso nesse meio o organismo realiza uma série de adaptações fisiológicas em conseqüência das diferentes propriedades físicas a que é submetido. Os efeitos fisiológicos proporcionados pela imersão ocorrem em todos os sistemas do corpo, assim como no sistema cardiovascular, respiratório e renal (CAROMANO et al., 2003). Os efeitos fisiológicos da água são associados aos efeitos procedentes do exercício proposto e sua intensidade, da temperatura da água, da profundidade e da duração do tratamento (BIASOLI e MACHADO, 2006). Em relação à resposta do sistema cardiovascular, quando o corpo fica submerso em ambiente aquático com água em temperatura acima de 34ºC acontece inicialmente uma vasoconstrição e aumento da pressão arterial (PA), porém, em seguida ocorre a vasodilatação e redução da PA, ocorrendo redistribuição do fluxo sanguíneo e melhor aporte sanguíneo para os músculos. Esse efeito é importante no tratamento de hipertensos, significando melhor tolerância ao exercício em ambiente aquático (FABRIS, 2003). Quando em imersão, 700 ml de sangue dos membros inferiores são desviados para a parte superior do corpo, o tórax. Isso ocorre pela ação da pressão hidrostática, que causa aumento no retorno venolinfático e, conseqüentemente, aumento de 60,0% do volume central. Com isso, o débito cardíaco aumenta de 30,0 a 32,0% e a freqüência cardíaca diminui em pelo menos 10 batimentos por minuto 48 (RUOTI et al., 2000). O aumento do retorno venoso ocorre porque a pressão hidrostática é exercida de forma igual, em um sentido horizontal, em toda parte do corpo e aumenta de acordo com a maior profundidade e a densidade do fluido (ANSTEY e ROSKELL, 2000). Assim, quando um indivíduo está em pé dentro da água a pressão maior se dará nos pés (BIASOLI e MACHADO, 2006). Parte das respostas cardiovasculares é atribuída ao reflexo de mergulho, as quais incluem bradicardia, vasoconstrição periférica e desvios do sangue para os órgãos vitais. Esse processo ocorre em situações diferentes como molhar a face, imergir o corpo com a cabeça para fora da água e imersão total com apnéia. O efeito bradicárdico da imersão pode ser aumentado quando a imersão corporal é associada à imersão da face ou da cabeça (RUOTI et al., 2000). Quanto aos efeitos da imersão no sistema respiratório, estão em parte relacionados ao sistema circulatório, pois há um aumento significativo de volume sanguíneo nos vasos pulmonares. Entretanto, as alterações observadas na função respiratória estão ligadas principalmente à compressão sobre a caixa torácica e abdômen, ocasionada pela ação da pressão hidrostática (SACCHELLI et al., 2007). A pressão hidrostática age sobre o tórax alterando a mecânica e a função pulmonar devido a ele ser maleável e movimentar-se a cada ciclo respiratório. Ao ficar imerso com a cabeça para fora da água ocorre um aumento na atividade e no comprimento dos músculos respiratórios, a pressão da água atua como uma resistência ao músculo diafragma durante a inspiração e o eleva auxiliando na expiração (FAGUNDES e SILVA, 2006). A pressão média que atua sobre a caixa torácica no final de uma expiração é de 21,0 cmH₂O, com água na altura do pescoço (CAROMANO et al., 2003). Durante a imersão com água na altura dos ombros a pressão hidrostática faz com que ocorra o movimento da caixa torácica para dentro, movimento do diafragma para cima e um desvio de sangue dos membros inferiores para o tórax, sendo que essas alterações associadas contribuem para uma diminuição dos volumes pulmonares. A capacidade vital e a capacidade pulmonar total reduzem cerca de 5% a 10% e a capacidade residual funcional em aproximadamente 1l (60% a 70%). A redução da capacidade vital se deve principalmente à compressão da caixa torácica pela ação da pressão hidrostática. O aumento do trabalho elástico (pela redistribuição de sangue ao tórax) e a ação da pressão hidrostática sobre a caixa torácica são responsáveis pelo aumento do trabalho respiratório em 65,0%, 49 pois a resistência ao fluxo aéreo é aumentada (CAROMANO et al., 2003; RUOTI et al., 2000). Figura 2: Efeitos da pressão hidrostática sobre o sistema respiratório. Fonte: Becker e Cole, (2000). Um programa de exercícios em ambiente aquático, então, resulta em um significante desafio de carga de trabalho para o aparelho respiratório, aumentando a eficiência deste caso o tempo gasto no condicionamento aquático seja suficiente para atingir os ganhos de força dos músculos da respiração (BECKER e COLE, 2000). Entretanto, deve-se ter cuidado com pessoas com capacidade vital inferior a 1.500 ml, pois a compressão sobre a caixa torácica causa alteração da capacidade pulmonar, podendo acarretar dispnéia e sensação de mal estar (FABRIS, 2003). Outro fator que contribui para a melhor função muscular respiratória é o relaxamento da musculatura devido à água aquecida, que pode ser decorrente da vosodilatação, beneficiando pessoas com espasticidade ou tensão muscular acentuada (CARREGARO e TOLEDO, 2008). Quanto aos efeitos no sistema renal, têm-se o aumento da diurese com perda de volume plasmático, sódio e potássio. Esse aumento no débito urinário ocorre devido ao aumento do fluxo sanguíneo renal, explicado pelo mecanismo compensador homeostásico, pois ocorre distensão atrial esquerda, resultando em aumento do transporte de sódio tubular, da excreção de sódio e, conseqüentemente, de água. Outros fatores que auxiliam no aumento da diurese é a supressão do sistema endócrino que regula a função renal e a supressão do sistema hormonal. Em situações em que o tratamento em ambiente aquático dure aproximadamente uma hora, os efeitos da imersão podem persistir por até várias horas depois da 50 imersão, sendo recomendada a ingestão de líquido (SACCHELLI et al., 2007; BECKER e COLE, 2000; CAROMANO et al., 2003). Quanto à resposta ao exercício terapêutico me ambiente aquático, a alteração na freqüência cardíaca e na taxa de captação de oxigênio durante exercício em ambiente aquático comparado com em terra, vão depender da intensidade, do modo do exercício, da profundidade e da temperatura da água (RUOTI et al., 2003). O treinamento em água ou em terra, tendo a mesma intensidade metabólica, não difere quanto a capacidade de adaptação da captação do oxigênio, entretanto, a freqüência cardíaca pode ser reduzida em 20bpm quando os exercícios são realizados em água aquecida (CAROMANO et al., 2003). Em relação à pressão arterial, ela diminui quando o corpo está imerso, devido à vasodilatação das artérias que reduz a resistência periférica. Entretanto, quando o paciente sai da piscina e encontra-se em repouso os sinais vitais voltam ao normal (SKINNER e THOMSON, 1985). Em um estudo sobre os efeitos da hidrocinesioterapia na adaptação cardiorrespiratória, em pacientes com fibrose cística, foi observado melhora da tolerância ao exercício frente a esforços submáximos (SANTANA e PENASSO, 2005). 51 3 MATERIAIS E MÉTODOS Neste capítulo será feita a caracterização do estudo e da amostra, após serão citados e descritos os instrumentos e procedimentos para coleta de dados e em seguida os procedimentos para análise. 3.1 Caracterização do Estudo Com referência aos conceitos de Luciano (2001), a pesquisa classifica-se como aplicada no que diz respeito à natureza. Já em relação ao problema é quantitativa. No que se refere aos objetivos é descritiva e, por fim, em relação aos procedimentos é estudo de caso, bibliográfica, levantamento e experimental. 3.2 Caracterização da Amostra e Local de Estudo O estudo de caso foi realizado com um indivíduo com a presença da doença Fibrose Cística, residente na cidade de Criciúma. Esse indivíduo foi encontrado por meio de lista fornecida pela Associação Catarinense de Assistência ao Mucoviscidótico (ACAM, 2008). Quanto aos critérios de inclusão, foram adotados: apresentar diagnóstico de Fibrose Cística, aceitar participar do estudo e ser maior de idade, independente de sexo, estatura, raça, massa corporal ou ocupação. Já os critérios de exclusão: exacerbação da doença durante o estudo, doença cardíaca descompensada, gestantes, doenças infecciosas, erupções cutâneas, capacidade vital menor que 1,5 litros, todas as outras contra-indicações da fisioterapia aquática e faltar em mais de duas sessões. O paciente do estudo, portador de fibrose cística, 31 anos, do sexo masculino, raça branca, foi submetido ao tratamento fisioterapêutico em ambiente 52 aquático, na piscina terapêutica da clínica de fisioterapia da UNESC, a qual é aquecida à 34ºC, com ambiente climatizado a 25º C. 3.3 Instrumentos para Coleta de Dados Foi utilizado na pesquisa o Espirômetro® computadorizado (VITATRACE VT 130 SL), usado para realizar o teste de função pulmonar. Com esse equipamento foram registrados a Capacidade Vital Forçada (CVF), o Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo (VEF1), a relação VEF1/CVF e o Fluxo Expiratório Forçado entre 25-75% (FEF₂₅-75%) pré e pós broncodilatador. A prova de função pulmonar foi utilizada antes e após o término do tratamento fisioterapêutico em ambiente aquático. Figura 3: Espirômetro computadorizado Fonte: Da pesquisadora O Oxímetro® NONIN Ônix Dedo (Comercial Médica) foi utilizado no estudo para a verificação da saturação de oxigênio (StO2) e freqüência cardíaca (FC) do paciente no início e imediatamente no final de cada sessão de fisioterapia para controle dos sinais vitais. Também foi utilizado um estetoscópio simples (ACCUMED) para fazer a ausculta pulmonar sempre antes de cada atendimento para identificação do murmúrio vesicular e presença de ruídos adventícios. Este acessório também foi utilizado para verificação da pressão arterial. O esfigmomanômetro (ACCUMED) foi utilizado no estudo, consistindo em um sistema para compressão arterial usado para medida indireta da pressão arterial, 53 verificando tanto a pressão sistólica quanto da pressão diastólica. O parelho foi usado no controle da pressão arterial do paciente antes e depois de cada atendimento. Figura 4: Equipamentos para a aferição dos sinais vitais: estetoscópio, esfigmomanômetro e oxímentro Fonte: Da pesquisadora Outro equipamento usado foi o Manovacuômetro® (Comercial Médica), com o objetivo de verificar a força dos músculos respiratórios por meio da avaliação das medidas da pressão inspiratória máxima (Pimáx) e da pressão expiratória máxima (Pemáx). A aferição foi realizada três vezes, sendo considerado o maior valor da Pimáx e da Pemáx. Estes valores foram registrados antes e após o tratamento em ambiente aquático. O Peak Flow Meter® (ASSES) foi utilizado para verificar o pico de fluxo expiratório e, assim, analisar a capacidade de tosse do paciente. Para isso foram realizadas três manobras de expiração forçada precedidas de inspiração profunda, sendo considerada a de maior valor. Esse procedimento foi feito antes e após o tratamento fisioterapêutico em ambiente aquático. O clipe nasal foi usado pelo paciente para a oclusão nasal na realização da espirometria, da manuvacuometria e do Peak Flow. A fita métrica com padrão de 1,50m designada flexível e graduada em centímetros e milímetros foi usada para verificar a expansibilidade torácica e abdominal na avaliação e reavaliação, sendo medida a circunferência na altura da linha axilar, xifóide e umbilical, durante uma expiração total e uma inspiração total. Além de todos esses acessórios e equipamentos foi utilizada uma ficha de avaliação fisioterapêutica respiratória (apêndice C) avaliada por três professores com especialização em fisioterapia cardiorrespiratória (anexo B), e uma avaliação de fisioterapia aquática (apêndice D). 54 Figura 5: Manuovacuômetro, clipe nasal, Peak Flow, fita métrica Fonte: Da Pesquisadora Para o teste de caminhada de seis minutos (TC6) foram utilizados os equipamentos: trena, para a medida do percurso; fita adesiva para delimitar o percurso; cronômetro para a marcação do tempo de caminhada; ficha de registro para teste de caminhada (anexo C); oxímetro e aparelho de pressão para aferição dos sinais vitais antes e após o teste; e escala de Borg para dispnéia e fadiga. O TC6 foi realizado na avaliação e reavaliação do paciente. Figura 6: Materiais utilizados no teste de caminhada Fonte: Da pesquisadora O protocolo de tratamento em ambiente aquático (apêndice E) foi desenvolvido na piscina terapêutica localizada na Clínica de Fisioterapia da UNESC. Ela possibilita o tratamento em três níveis de profundidade, com água na temperatura de 34ºC e climatização a 25ºC. A piscina é coberta, apresenta 5 metros de largura e 8 metros de comprimento e conta com escada e rampa para a entrada na mesma. Para a realização do tratamento foram utilizados flutuadores, resistores e clipe nasal. Foram necessárias roupas adequadas para a entrada nesse ambiente. 55 Figura 7: Piscina terapêutica Fonte: Da pesquisadora Os materiais que foram utilizados são de propriedade da UNESC, sendo disponibilizados para a realização do estudo. Para registro das imagens foi utilizada uma máquina fotográfica digital (SONY Cyber-shot), 7.2 mega pixels, Full HD 1080, zoom óptico 4x, Super SteadyShot + ISO 3200. Figura 8: Máquina fotográfica digital Fonte: Da Pesquisadora 3.4 Procedimentos para Coleta de Dados Os procedimentos para coleta de dados foram divididos em etapas para melhor clareza dos mesmos. Inicialmente foi realizado o encaminhamento do projeto para o Comitê de Ética e Pesquisa da UNESC, sendo aprovado sob parecer 80/2009 (anexo A). 56 Na seqüência, foi efetivado o contato por telefone com o paciente para convidá-lo para uma reunião, onde foi apresentada a pesquisa e passadas as orientações necessárias ao participante quanto à coleta de dados, local, datas e horários de comparecimento para a realização das avaliações e sessões de fisioterapia. O sujeito foi informado também, para melhor esclarecimento, a respeito do tempo de cada sessão e do tempo que teria que disponibilizar para o estudo, além de se deixado claro do critério de exclusão por falta nas sessões. Após o esclarecimento do paciente em relação ao estudo foi coletada a assinatura no termo de consentimento livre e esclarecido – TCLE (apêndice A). O responsável pela clínica de fisioterapia da UNESC também foi informado do estudo, assinando um termo permitindo a utilização da piscina terapêutica para aplicação do protocolo (apêndice B). Após esses procedimentos foi iniciada a fase de preparação da coleta, deixando os materiais organizados e o local pronto para iniciar os atendimentos. No primeiro dia o paciente realizou a avaliação fisioterapêutica respiratória, incluindo manuovacuometria, peak-flow, cirtometria e espirometria. A espirometria foi realizada com o paciente sentado, com clipe nasal para oclusão nasal, sendo orientado a expirar pela boca o mais rápido e o mais forte possível após uma inspiração profunda. Foram realizadas três expirações forçadas precedidas por inspiração profunda antes e após 10 minutos da utilização do broncodilatador. A melhor das três curvas foi escolhida. No dia seguinte compareceu para realizar o teste de caminhada de seis minutos, sendo orientado quanto à forma de realização do mesmo. O paciente caminhou em um corredor com distância de percurso definida em 30 metros, visivelmente demarcada. O ritmo da caminhada foi imposto pelo paciente, porém foi orientado a caminhar o mais depressa possível. Ao término dos seis minutos foi anotada a distância percorrida. Quanto aos sinais vitais, foram aferidos imediatamente antes e após o teste. Após a avaliação em solo, foi realizada a avaliação na água quanto à ambientação do paciente nesse meio. Nos dias seguintes, foram realizadas as sessões de fisioterapia aquática, as quais foram realizadas duas vezes por semana, por sete semanas, totalizando 14 sessões. Cada sessão foi realizada no tempo de sessenta minutos, divididos entre aquecimento, técnicas de fisioterapia respiratória, exercícios para tronco, membros superiores e inferiores e técnicas de relaxamento e 57 alongamento (principalmente da musculatura acessória da respiração). O protocolo de atendimento foi adaptado de Sacchelli et al. (2007) (apêndice E). No final, realizadas todas as sessões, foi feita a reavaliação do paciente para posterior comparação com a avaliação inicial. 3.5 Procedimentos para Análise Os dados foram tabulados e analisados no programa Microsoft Excel para melhor entendimento dos resultados e arranjados e expostos por meio de tabelas. Após isso, foram discutidos conforme a literatura pesquisada. Também foi realizado o cálculo da média aritmética e do desvio padrão pelo Microsoft Excel. 58 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 4.1 Caracterização do Paciente Foi realizado um estudo de caso do paciente J. C. M., 31 anos, nascido em 20/03/1978, do sexo masculino, raça branca, apresentando diagnóstico de fibrose cística (FC) com manifestações respiratórias e digestivas. Tabela 1: Caracterização do Paciente CARACTERÍSTICAS DO PACIENTE Variável Característica Gênero Masculino Raça Branca Peso (Kg) 64,5 Altura (m) 1,65 Faixa Etária Atual (anos) 31 Faica Etária ao Diagnóstico (anos) 7 Mutação genética ∆F508/outra Fonte: Dados da Pesquisadora Em relação à sobrevida, observa-se que até pouco tempo atrás poucos sujeitos com FC chegavam à vida adulta. Atualmente, registros norte-americanos apontam que a idade média de sobrevida é 36,5 anos, e que 43% das pessoas com fibrose cística têm mais de 18 anos (ANTUNES, 2008). Estudos estimam que pacientes nascidos depois de 2000 tenham a possibilidade de sobrevivência em mais de 50 anos (BUZZETTI et al., 2009). O paciente em estudo apresenta faixa etária dentro da média de sobrevida atual. Quanto à incidência da fibrose cística, a prevalência é maior em brancos com incidência de aproximadamente 1:2.000 nascidos vivos, enquanto é considerada rara em outras raças, sendo em negros 1:17.000 nascimentos e em asiáticos 1:90.000. Já em relação ao gênero, ocorre igualmente em ambos os sexos (LEMOS et al., 2004). O paciente estudado confirma a literatura quanto à raça. Ele recebeu o diagnóstico de Fibrose Cística aos 7 anos de idade. Comumente a FC é diagnosticada na infância, aproximadamente só 8% dos casos 59 são diagnosticados após os 10 anos de idade. Quando o diagnóstico ocorre na infância a doença tem uma expressão fenotípica menos grave e o indivíduo apresenta aumento e qualidade de sobrevida (LEMOS et al., 2004, CABELLO et al., 2003). Conforme estudo realizado com dados de 59 pacientes de Minas Gerais, a idade média ao diagnóstico era de 3,6 anos (RASKIN e FAUCZ, 2001). Quanto ao diagnóstico, o que induziu a suspeita da doença no paciente em estudo foram as manifestações gastrintestinais _ propulsão intestinal, barriga edemaciada, diarréia e fezes fétidas _ deficiência do ganho de peso e estrutura, suor salgado e formação de cristais de sais na pele. O diagnóstico foi realizado por meio dos achados fenotípicos (anormalidades gastrintestinais e nutricionais e síndrome perdedora de sal), teste de suor positivo e exame do pâncreas. Em relação à história familiar, diz não ter caso de Fibrose Cística na família. Segundo a literatura, para o diagnóstico da FC é necessária a presença de pelo menos um achado fenotípico, história familiar de mucoviscidose ou triagem neonatal positiva, acompanhada de evidência laboratorial de disfunção da CFTR (regulador da condutância transmembrana da fibrose cística), teste de suor positivo ou diferença de potencial nasal positivo, ou ainda pela identificação de duas mutações conhecidas como causa de FC nos genes CFTR (DALCIN e SILVA, 2008). Apenas com 13 anos de idade o paciente realizou o teste genético _ sendo identificadas duas mutações no gene da CFTR, ∆F508 associada à outra mutação. Conforme a literatura existe mais de 1.000 mutações descritas, sendo a mais comum a ∆F508, identificada em 60-70% dos pacientes e correlacionada com o pior prognóstico, insuficiência pancreática exócrina e a maior gravidade da doença pulmonar (DALCIN e SILVA, 2008). Pacientes que são homozigotos para a mutação ∆F508 (∆F508 + ∆F508) desenvolvem a forma mais severa da doença, já os heterozigotos (∆F508 + outra mutação) apresentam sintomatologia moderada (RASKIN e FAUCZ, 2001). Devido ao grande número de mutações existentes, na forma homo ou heterozigota, o quadro clínico é diferenciado de indivíduo a indivíduo, variando o início dos sintomas, a progressão e a gravidade da doença (ROSOV, 1999). Os sintomas pulmonares desse paciente só manifestaram-se há aproximadamente sete anos. Ele relatou que nesse tempo apresentou colonização por P. aeruginosa e por S. aureus. No exame de cultura para germes comuns, realizado no dia 25 de maio de 2009, por meio do escarro, o microorganismo isolado foi Acinetobacter sp. 60 O comprometimento pulmonar ocorre em praticamente todos os casos, podendo aparecer no indivíduo com semanas de vida, meses ou anos. Alguns pacientes são oligossintomáticos por vários anos, o que não impede a progressão silenciosa para bronquiectasias. Quanto aos microorganismos, a suscetibilidade de colonização endobrônquica ocorre especialmente por Staphilococus aureus, Haemophilus influenzae, Pseudomonas aeruginosa e Burkholderia cepacia (RIBEIRO et al., 2002). O caso do paciente vai de encontro à literatura, pois por muitos anos ele permaneceu assintomático com progressão silenciosa da doença e também corrobora quanto aos microorganismos encontrados. Quanto à tomografia computadorizada do tórax (TC) realizada no dia 25 de maio de 2009, foram identificadas imagens de bronquiectasias cilíndricas, com paredes espessadas, localizadas nos lobos superiores e no segmento superior do lobo inferior direito. Presença de nódulos centrolobulares e obliteração da luz de alguns brônquios, inferindo impactação mucóide. Área de atenuação de vidro fosco, adjacentes aos brônquios obliterados no segmento posterior do lobo superior direito – LSD, que pode representar discreto infiltrado intersticial peribrônquico. Áreas de aprisionamento aéreo nos lobos superiores, nas imagens obtidas com técnica de expiração forçada. Presença de linfonodo na estação pré-vascular de 0,8 cm, no seu menor eixo. A tomografia computadorizada do tórax (TC) em pacientes com FC permite a avaliação de anormalidades sutis e de difícil identificação por exames radiológicos. Os achados freqüentes na TC desses pacientes são imagens de impactação mucóide, identificadas na TC como estruturas tubulares, espessamento brônquico, bronquiectasias – inicialmente cilíndricas e císticas nos casos mais avançados – e aprisionamento de ar, predominantemente no lobo superior do pulmão direito (PEREIRA, 1997). Tais achados correspondem aos encontrados na TC do paciente estudado. Ao exame físico o paciente se mostrou colaborativo, com pele de coloração pálida, cianose periférica, eupnéico, realizando respiração mista com frenação labial e padrão ventilatório abdominal. Os sinais vitais durante a avaliação foram: freqüência cardíaca (FC) de 63 bpm, freqüência respiratória (FR) de 17 cpm, pressão arterial sistêmica de 120/80 mmHg e saturação de oxigênio (StO₂) de 96%. Na ausculta pulmonar apresentou murmúrio vesicular diminuído em ambos os pulmões. Ele apresenta baqueteamento digital, tórax hiperinsuflado, ângulo de 61 Charpy brevelíneo e abdômen globoso. O paciente refere dispnéia apenas quando realiza grandes esforços, por exemplo, quando sobe escadas ou corre, principalmente ao final do dia. Apresenta tosse produtiva com pouca expectoração, sendo secreção purulenta, e é mais freqüente no período da tarde. Com o decorrer da doença a morfologia do tórax modifica-se, adquirindo formato de barril devido à hiperinsuflação pulmonar pela obstrução brônquica. Sinais comuns como unhas de relógio e baqueteamento digital surgem como conseqüência da infecção pulmonar não controlada e hipoxemia crônica. Nas fases mais avançadas os pacientes adquirem enfisema pulmonar generalizado, broncorréia purulenta, tosse constante, aumento da freqüência respiratória, dificuldade expiratória e cianose periungueal. Nessa fase queixam-se de falta de ar durante atividade física ou fisioterapia, progredindo para falta de ar em repouso (DALLALANA, 1997). Quanto ao tratamento fisioterapêutico, não tem sido uma rotina na vida desse paciente. As manifestações pulmonares iniciaram há aproximadamente sete anos, o que levou o paciente a começar a realizar tratamento fisioterapêutico, porém, realizou por apenas dois anos, entre fisioterapia a domicílio com fisioterapeuta e clínica de fisioterapia, em média três vezes por semana, uma vez ao dia, sendo que já faz um ano e meio que não realiza nenhum tratamento fisioterapêutico. 4.2 Análise e Discussão dos Dados O paciente J. C. M. foi submetido a 14 sessões de tratamento fisioterapêutico em ambiente aquático, com duração de 60 minutos, duas vezes na semana. Nesse ambiente, com o indivíduo imerso com água na altura do ombro, foram realizadas técnicas de fisioterapia respiratória (manobra manual de compressão, huffing e padrão respiratório diafragmático com freno labial), exercícios para tronco, membros superiores e membros inferiores e alongamento da musculatura acessória. Segundo Velloso e Jardim (2006), indivíduos com doença pulmonar crônica, quando submetidos a treinamento de membros superiores e inferiores referem melhora da dispnéia ao realizarem suas atividades de vida diária. 62 Os princípios da física irão interferir nos exercícios terapêuticos realizados em ambiente aquático, por isso devem ser conhecidos para que os programas sejam planejados de forma segura e efetiva (BATES e HANSON, 1998). As propriedades físicas advindas da água são: densidade, flutuação, tensão superficial, viscosidade, calor específico, refração e pressão hidrostática (CAMPION, 2000). Devido a maior redistribuição sanguínea para os músculos durante a imersão, eles se contraem mais facilmente e têm sua função melhorada (SKINNER e THOMSON, 1985). Em relação aos sinais vitais, SpO₂, FC e PA, foram verificados imediatamente antes e após cada sessão de fisioterapia, sendo que sofreram pequenas alterações. A média da SpO₂ antes de cada sessão foi de 96,71% (± 1,14), da FC 70,21bpm (± 4,74) e PA 116/77mmHg (±6/6) e após SpO₂ 95,79% (±1,76), FC 79,64bpm (±6,49) e PA 114/74mmHg (±7/7). Observou-se que os valores médios dessas já se apresentavam normais anteriormente as sessões e mantiveram-se normais. Esses dados foram registrados apenas para controle do paciente. De acordo com Ruoti et al. (2000), a alteração na FC e na taxa de captação de oxigênio durante exercício em ambiente aquático comparado com em terra, vão depender da intensidade, do modo do exercício, da profundidade e da temperatura da água. Segundo Caromano et al. (2003), o treinamento em água ou em terra, tendo a mesma intensidade metabólica, não diferem quanto a capacidade de adaptação da captação do oxigênio, entretanto, a freqüência cardíaca pode ser reduzida em 20bpm quando os exercícios são realizados em água aquecida. Conforme Skinner e Thomson (1985), a pressão arterial diminui quando o corpo está imerso, devido à vasodilatação das artérias que reduz a resistência periférica. Entretanto, quando o paciente sai da piscina e encontra-se em repouso os sinais vitais voltam ao normal. Quanto à força muscular respiratória, foi avaliada por meio do manuovacuômetro antes e após o tratamento fisioterapêutico em ambiente aquático, registrando-se os valores da pressão inspiratória máxima (Pimáx) e pressão expiratória máxima (Pemáx). As variáveis Pimáx e Pemáx apresentaram aumento após o tratamento (tabela 2). 63 Tabela 2: Pimáx e Pemáx antes e após tratamento com fisioterapia aquática. Manuovacuometria Antes Após Pimáx (cmH₂O) -60 -75 Pemáx (cmH₂O) 50 60 Fonte: Dados da Pesquisadora A Fibrose Cística é uma doença que altera a função pulmonar. Isso acontece em conseqüência da inflamação e infecção crônicas das vias aéreas, que as obstruem favorecendo o aprisionamento aéreo, ocorrendo modificação da complacência pulmonar, aumento do trabalho respiratório, encurtamento muscular e conseqüentemente, redução da força da musculatura inspiratória (ZANCHET et al., 2006). Em pacientes que apresentam doença pulmonar obstrutiva crônica, que é o caso dos portadores de FC, a hiperinsuflação pulmonar faz com que o diafragma seja deslocado caldalmente, diminuindo seu comprimento de repouso e, assim, sua capacidade de gerar pressão (MACHADO, 2008). Desse modo, as doenças que acometem o sistema respiratório podem modificar a força de contração dos músculos ventilatórios, a qual pode ser classificada quanto à intensidade e quantificação da perda como: fraqueza muscular respiratória (Pimáx = -70 a -45 cmH₂o), fadiga muscular respiratória (Pimáx = -40 a 25 cmH₂O) e falência muscular respiratória (Pimáx = < -20 cmH₂O). O diagnóstico precoce da fraqueza muscular é essencial para que o fisioterapeuta faça um protocolo de treinamento físico geral e, principalmente, da musculatura respiratória (AZEREDO, 2002). Já é consenso que o treinamento da musculatura inspiratória é de extrema importância para pacientes com Pimáx ≤ -60cmH₂O (MACHADO, 2008). O paciente em estudo, conforme à literatura, apresentou diagnóstico funcional de fraqueza da musculatura respiratória na avaliação, com Pimáx de -60 cm H₂O, saindo do limite de fraqueza após o tratamento com fisioterapia aquática, obtendo Pimáx de -75 cmH₂O. Acredita-se que os ganhos encontrados na Pimáx do paciente após a reabilitação pulmonar em ambiente aquático tenham ocorrido em razão das propriedades físicas da água que atua aumentando o esforço dos músculos respiratórios. Isso se explica, pois, quando o indivíduo fica imerso até a altura do apêndice xifóide ocorre aumento do trabalho respiratório de 60% a 65%, devido à resistência durante a expansão pulmonar na fase inspiratória e pelo aumento do volume sanguíneo no tórax – resultados da pressão hidrostática (IDE et al., 2005). 64 Esta é considerada como uma carga para o diafragma durante a inspiração, sendo um exercício para esse músculo, além de favorecer a fase expiratória, resultando em melhora da mecânica ventilatória (FAGUNDES e SILVA, 2006). Segundo Becker e Cole (2000), a eficiência do sistema respiratório pode ser aumentada se o tempo gasto no condicionamento aquático for suficiente para atingir os ganhos de força. Em relação à força muscular expiratória, qualquer fraqueza desses músculos prejudica a eficácia da tosse, o que interfere na depuração e favorece a retenção de secreções pulmonares, facilitando o desenvolvimento de infecções. Conseqüentemente à incapacidade de eliminar secreções podem ser desenvolvidas atelectasias e pneumonias, as quais são as causas mais comuns de fadiga respiratória (POSTIAUX, 2004). Portanto, uma melhoria da Pemáx seria de grande importância clínica, já que os músculos expiratórios precisam estar íntegros para realizar manobras de expiração forçada, como a tosse, mecanismo de defesa do nosso organismo. Conforme Presto e Presto, (2005) a Pemáx do paciente em estudo apresentava-se reduzida na avaliação em relação aos valores de normalidades previstos para homens entre 20 e 80 anos (Pemáx = 268 - 1,03 x idade), tendo obtido o valor de 50cmH₂O. Após o programa de fisioterapia aquática sofreu um pequeno aumento, obtendo 60cmH₂O, entretanto continuou com fraqueza da musculatura expiratória. Conforme Ide et al., (2005), os benefícios expiratórios podem ter ocorrido pela maior mobilidade tóraco-abdominal e melhor mecânica respiratória devido à eficiência e mudança na estrutura dos músculos inspiratórios. Contudo, relata que alguns estudos não verificaram aumento da Pemáx após treinamento em ambiente aquático. Outro fator que pode ter influenciado no aumento da força muscular expiratória foram os exercícios para fortalecimento abdominal durante o protocolo proposto. Quanto à expansibilidade tóraco-abdominal, obteve-se um aumento após o tratamento com fisioterapia aquática (tabela 3). Esse resultado pode ser devido a melhora do fortalecimento muscular respiratório, que promoveu maior eficiência desses músculos e melhora da mecânica ventilatória, contribuindo para um aumento da amplitude dos movimentos toráco-abdominais (GALVÃO, 2006). Outro fator que contribui para a mecânica respiratória é o relaxamento da musculatura devido à água aquecida, que pode ser decorrente da vosodilatação, beneficiando pessoas com espasticidade ou tensão muscular acentuada (CARREGARO e TOLEDO, 65 2008). Segundo Becker e Cole (2000), a circunferência da caixa torácica é diminuída em aproximadamente 10% durante a imersão pela ação da pressão hidrostática. Tabela 3: Expansibilidade tóraco-abdominal antes e após tratamento com fisioterapia aquática Cirtometria Inicial Final Axilar (cm) 2 4 Xifóide (cm) 4 5 Umbilical (cm) 5 6 Fonte: Dados da Pesquisadora Sabe-se que aproximadamente 90% dos pacientes com Fibrose Cística (FC) morrem em função da doença pulmonar. Apesar de a doença cursar com deterioração progressiva, a realização de tratamento adequado pode adiar essa progressão (DALCIN e SILVA, 2008). Em decorrência disso, a espirometria torna-se um instrumento de grande importância no monitoramento da evolução da queda da função pulmonar e na avaliação da melhora em frente a variadas medidas de tratamento (MORROW et al., 2008). A prova de função pulmonar foi realizada com o paciente em estudo por meio da espirometria antes e após o tratamento com fisioterapia aquática – sendo analisada por meio dos valores obtidos, pré e pós-broncodilatador, da Capacidade Vital Forçada (CVF), do Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo (VEF₁), da relação VEF₁/CVF e do Fluxo Expiratório Forçado entre 25 e 75% (FEF₂₅ - ₇₅%) (tabela 4). De acordo com as diretrizes para testes de função pulmonar, o distúrbio do paciente foi classificado pelo valor do VEF₁ como Distúrbio Ventilatório Obstrutivo (DVO) moderado (RODRIGUES et al., 2002). Nesta pesquisa, a fisioterapia aquática não demonstrou influenciar na melhora da função pulmonar, apesar do aumento da força muscular respiratória e melhora da mecânica ventilatória. 66 Tabela 4: Espirometria, pré e pós-broncodilatador, antes e após tratamento com fisioterapia aquática. Espirometria Antes Após Antes S/BD S/BD C/BD CVF 71.2 70.2 77,5 VEF₁ 44.3 43.7 49,5 VEF₁/CVF 62.5 62.5 64,1 FEF25-75 % 16.6 16.6 16,9 Fonte: Dados da Pesquisadora Após C/BD 76,4 48,9 63,5 19,0 O distúrbio ventilatório que os indivíduos com FC apresentam é fundamentalmente obstrutivo, contudo, pode aparecer restrição associada em virtude da fibrose pulmonar na fase final da doença. O dado que mais se altera precocemente nas provas de função pulmonar é o FEF₂₅ - ₇₅%, sendo que esse valor reduz em média 8% ao ano, devido ao alçaponamento de ar em áreas pouco ventiladas dos pulmões. Os demais valores como, CVF, VEF₁ e VEF₁/CVF vão reduzindo com a progressão da doença (ANDRADE et al., 2001). O paciente apresenta redução acentuada do FEF₂₅ - ₇₅%, como também dos valores da CVF, VEF₁ e VEF₁/CVF. Várias literaturas sugerem que a hidroterapia pode ser utilizada para aumentar em longo prazo a função respiratória através da melhoria da capacidade vital (CV), expansão torácica e controle da respiração (ANSTEY e ROSKELL, 2000). Segundo estudo realizado, o exercício aeróbico praticado por um período de três meses, com freqüência mínima de três vezes na semana, com tempo de 50 minutos cada sessão, mostraram resultado estatísticos nas variáveis espirométricas – Capacidade Vital(CV), Volume Expiratório Forçado em um segundo (VEF1), Fluxo Expiratório Forçado entre 25% e 75% (FEF25%-75%), Fluxo Expiratório Forçado em 25% (FEF25%) e em 50% (FEF50%) do grupo experimental (TAVARES et al., 2008). Nessa pesquisa não foi obtida melhora da função pulmonar, o que pode ter sido pelo tempo curto de estudo e também por ter sido aplicado no inverno, estação que normalmente leva à exacerbação da doença. Galvão (2006), em seu estudo com pacientes com fibrose cística, não observou melhora da função pulmonar após treinamento muscular inspiratório com threshold. 67 Santana e Penasso (2005) relataram um estudo no qual os pacientes ficaram sem tratamento fisioterapêutico por um período de três semanas apresentando redução significativa de todos os parâmetros da espirometria, inclusive aumento da limitação ao fluxo aéreo. O paciente em estudo com o tratamento de fisioterapia em ambiente aquático manteve-se estável em relação à avaliação inicial. Quanto ao Peak Flow (PF), ele é utilizado na detecção e na avaliação precoce da obstrução brônquica, sendo importante para que a terapêutica adequada seja empregada o mais cedo possível, impedindo o agravamento do processo obstrutivo. Além disso, é usado para determinar se a tosse do paciente é eficaz (PRESTO e PRESTO, 2005; MACHADO, 2008). O pico de fluxo expiratório (PFE), analisado por meio do Peak Flow, foi verificado antes e depois do programa de fisioterapia aquática com o intuito de verificar a eficiência da tosse. O paciente apresentou processo obstrutivo no teste, com valor de PFE de 300 L/min, sendo que o parâmetro de normalidade previsto em relação ao sexo, estatura e idade é de 577 L/min (PRESTO e PRESTO, 2005). Na segunda mensuração, após o programa de fisioterapia aquática, obteve-se aumento desse valor para 390 L/min, porém continuando abaixo dos limites de normalidade (tabela 5). A melhora dessa variável pode ter ocorrido pelo aumento da força muscular respiratória e pode ser correlacionada com a melhor eficácia da tosse. Tabela 5: Peak Flow antes e após tratamento com fisioterapia aquática. Peak flow Antes Após PFE (L/min) 300 390 Fonte: Dados da Pesquisara A manobra para o alcance do fluxo expiratório máximo é esforçodependente, podendo ocorrer alterações dos valores devido ao comprometimento da massa e força muscular e aos episódios de infecções respiratórias, fatores presentes em pacientes com FC, fazendo com que não correspondam verdadeiramente à intensidade dos distúrbios ventilatórios (CAMARGOS e QUEIROZ, 2002). Em relação ao Teste de Caminhada de 6 minutos (TC6), foi realizado pelo paciente antes e após o tratamento de fisioterapia aquática. Foram anotados, após o término dos 6 minutos de caminhada, os valores da Freqüência Cardíaca (FC), 68 Freqüência Respiratória (FR), Pressão Arterial Sistêmica (PA), Borg de dispnéia e de fadiga, Pico de Fluxo Expiratório (PFE) e distância percorrida (DP) (tabela 6). Tabela 6: Teste de caminhada de 6 minutos antes e após tratamento com fisioterapia aquática. Teste de caminhada de 6 minutos Antes Após DP (m) 638 682 FC (bpm) 90 85 PAS (mmHg) 130 110 SpO₂ (%) 98 97 PFE (L/min) 340 450 Borg Dispinéia 1 2 Borg Fadiga 4 3 Fonte: Dados da Pesquisadora O valor previsto para a distância percorrida em 6 minutos em um indivíduo normal, em relação à estatura, sexo, idade e peso do paciente em estudo é 791, 96m (SBPT, 2007). Os avanços no tratamento e diagnóstico da FC levaram a uma maior sobrevida desses indivíduos, contudo, com o aumento da idade também vieram o aumento das limitações, principalmente, a piora progressiva da função pulmonar com diminuição da capacidade cardiorrespiratória (ZIEGLER et al., 2007). Conforme Chave et al. (2007), os pacientes com FC apresentam descondicionamento físico progressivo devido à inatividade pela dispnéia, ocorrendo um círculo vicioso, onde a dispnéia começa a aparecer em esforços cada vez menores. O TC6 está sendo utilizado para avaliar a capacidade funcional do indivíduo com doenças crônico-degenerativas, assim como de fibrocísticos, estimando a tolerância do paciente frente às atividades de vida diária. Além de ser usado para analisar se os pacientes então respondendo as intervenções de reabilitação (COELHO et al., 2007). As crianças com fibrose cística apresentam diminuição do desempenho aeróbico e, conseqüentemente, redução da distância percorrida em cargo da alteração da função pulmonar (COELHO et al., 2007). Em um estudo realizado com 25 pacientes fibrocísticos adultos com doença pulmonar leve e moderada (média do VEF₁ de 69±23)%, foi evidenciado um desempenho normal quanto á distância percorrida, já em outro estudo com paciente com maior comprometimento (VEF₁ de 69 51,1±27) a distância percorrida foi inferior (ZIEGLER et al., 2007). Rodrigues e Viegas (2002) em seu estudo com pacientes com DPOC, observaram que existe correlação entre as variáveis funcionais respiratórias e o TC6 e que os indivíduos que apresentam maior distância percorrida possuem uma maior sobrevida. Apesar de a literatura relacionar a piora da função pulmonar com a redução da capacidade funcional do indivíduo, o paciente em estudo apresentou boa tolerância ao exercício. Ele percorreu a distância de 638m no TC6 antes da fisioterapia aquática e 682 m após, ocorrendo um aumento de 50 m na distância percorrida do pré para o póstratamento. A diferença mínima clinicamente importante (DMCI) após intervenções para o TC6 foi estimada entre 54 e 80 metros. De fato, para um determinado indivíduo ser considerado como realmente respondedor a uma determinada intervenção, o TC6 deveria variar pelo menor 86 metros para estarmos estatisticamente confiantes de que houve uma melhora real (SBPT, 2007, p. 9). Entretanto, em um indivíduo com pouca limitação na avaliação basal 86 metros pode ser um valor inalcançável, já que a distancia percorrida é finita, pois não é permitido correr durante o teste (SBPT, 2007). O paciente do estudo apresentou pouca limitação na avaliação basal, sendo 50m um valor considerável. Segundo Rodrigues (2003), para que os ganhos clínicos sejam considerados significativos é preciso que ocorra um aumento de no mínimo 50m na distância percorrida. Em um estudo sobre os efeitos da hidrocinesioterapia na adaptação cardiorrespiratória em pacientes com FC, realizado por Santana e Penasso (2005), foi observado melhora da tolerância ao exercício, frente a esforços submáximos. 70 5 CONCLUSÃO Os pacientes com fibrose cística são caracterizados por doença multissistêmica, mas que afeta especialmente o sistema respiratório. A doença pulmonar é obstrutiva crônica, que limita o fluxo aéreo e favorece o aprisionamento de ar, deixando os pacientes hiperinsuflados, resultando em diminuição da força muscular respiratória. Essa fraqueza torna os pacientes predispostos à fadiga respiratória e, junto com o descondicionamento físico progressivo comum nesses pacientes, leva a limitação da capacidade funcional frente a esforços submáximos. As prováveis razões para a melhora da sobrevida dos pacientes com fibrose cística são devido à crescente capacidade de diagnóstico precoce e, assim, tratamento adequado principiado. A fisioterapia deve ser iniciada ao diagnóstico mesmo que os sintomas sejam mínimos ou não existam, sendo considerada essencial no tratamento dessa doença. A terapêutica deve ser direcionada para a eliminação de secreções da vias aéreas e ao treinamento da musculatura específica da respiração e não específica. A água possui propriedades físicas importantes, sendo um meio propício para a realização do treinamento funcional do sistema respiratório. A pesquisa realizada foi um estudo de caso com um paciente com fibrose cística, sendo que foram comparadas as avaliações realizadas antes e após o tratamento com fisioterapia aquática. O paciente foi avaliado quanto sua função pulmonar, força muscular respiratória, expansibilidade torácica, capacidade de tosse e capacidade funcional. Ele realizou 14 sessões de fisioterapia em ambiente aquático, a qual se constituiu de técnicas da fisioterapia respiratória e exercícios de resistência para tronco, membros inferiores e superiores. Pode-se perceber com o estudo aumento satisfatório da força muscular respiratória, da expansibilidade torácica, da capacidade de tosse e da tolerância ao exercício. Já a função pulmonar verificada por espirometria não apresentou melhora, entretanto, foi satisfatório por manter-se estável em um período de inverno com grande variação de temperatura, fator que normalmente agrava a saúde pulmonar desses pacientes. Além do que, sabe-se que quando o indivíduo com fibrose cística fica três semanas sem fisioterapia os valores da espirometria regridem significativamente, tendo sido um resultado satisfatório por ter sido mantido os parâmetros da primeira avaliação. 71 A melhora da força muscular em ambiente aquático explica-se pelo aumento do trabalho respiratório nesse ambiente, ocasionado pela resistência imposta pela água aos músculos inspiratórios e pelo aumento do volume sanguíneo central. Os músculos responsáveis pela inspiração aumentam o seu comprimento ficando em vantagem contrátil quando com água na altura do tórax. Outro fator que influencia é a água aquecida, a qual proporciona maior distribuição sanguínea aos músculos, tornando-os mais relaxados. O aumento da força dos músculos inspiratórios reflete na melhora da mobilidade torácica, o que acaba auxiliando também na maior eficiência dos músculos expiratórios, contribuindo para a tosse. Assim, exercícios terapêuticos realizados em piscina aquecida parecem um meio propício para o treinamento e melhora da capacidade respiratória em pacientes com fibrose cística, colaborando para a melhora sintomatológica, principalmente na tolerância aos exercícios submáximos. A fisioterapia aquática é importante, sobretudo por ser realizada em um ambiente que proporciona prazer e alivia o estresse, sendo efetiva não só na melhora da função respiratória, mas também na qualidade de vida. Esse estudo mostrou uma proposta de tratamento em ambiente aquático para pacientes com fibrose cística, sendo um recurso que pode ser utilizado em benefício dos pacientes com essa doença, visando à melhora da expectativa e da qualidade de vida. Acredita-se que os resultados encontrados no estudo poderiam ser melhores se fosse dada continuidade ao tratamento, obtendo-se um tempo maior de treinamento. Além de ser essencial uma amostra maior para que a pesquisa seja significativa. Dessa forma, novos estudos devem ser realizados para dar continuidade ao trabalho, utilizando um maior número de pacientes e por um período prolongado, para que então sejam verificados os benefícios específicos que o treinamento em ambiente aquático pode proporcionar aos fibrocísticos. 72 REFERÊNCIAS ABREU, Luiz Carlos de et al. Uma visão da prática da fisioterapia respiratória: ausência de evidência não é evidência de ausência. Arq Med ABC 32(Supl. 2):S768. 2007. 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Dados Pessoais: Número Registro no Estudo: Nome: *Idade: *Sexo: ( ) Masculino *Raça: ( ) Branca ( ) Feminino ( ) Negra ( ) Asiática *Data do nascimento: *Localidade: *UF: *País: *Profissão: *Área: *Escolaridade: ( ) Primário *Estado Civil: ( ) Solteiro ( ) Secundário ( ) Casado ( ) Colegial/Técnico ( ) esquitado/Divorciado ( ) Universitário ( ) Viúvo *Endereço: Rua/Av/Al: Nº: Bairro: Cidade: UF: Cep: Tel: ( ) 2 Anamnese 2.1 História da Doença Atual: *Quando foi diagnosticada a doença Fibrose Cística? ( ) criança ( ) adulto Idade: *O que levou a suspeitar de Fibrose Cística? ( ) Manifestações Respiratória Quais: ( ) Manifestações Gastrintestinais Quais: ( )Deficiência do ganho de peso e estrutura ( ) Suor salgado (“beijo salgado”) ( ) Manifestação hepatobiliar Qual? 85 *Como foi realizado o diagnóstico: ( ) Achados fenotípicos: ( ) DPOC ( ) Ílio meconial ao nascimento ( ) Anormalidades gastrointestinais e nutricionais ( ) Síndromes perdedoras de sal ( ) Anormalidades urogenitais masculinas ( ) História familiar de Fibrose Cística ( ) Triagem neonatal (teste do pezinho) ( ) Exame laboratorial: disfunção da CFTR ( ) Teste de suor positivo ( ) Diferença de potencial nasal ( ) Identificação de duas mutações nos genes CFTR 2.2 Hábitos de vida: Fumante: ( ) Sim Quantidade: cigarros/dia Há quanto tempo: mês(es) ( ) Não Já fumou antes: ( ) Sim Quantidade: Período / cigarros/dia / Até Há qto tempo parou: / / mês(es) ( ) Não Fumante passivo: ( ) Sim ( ) Não Possui hábito de ingerir bebidas alcoólicas: ( ) Sim ( ) Não Obs.: Faz algum tipo de dieta alimentar: ( ) Sim Qual tipo: Há qto tempo? mês(es). Orientação: ( ) médica ( ) nutricionista ( ) própria ( ) Não Faz atividade física: ( ) Inatividade física ( ) Atividade física leve ( ) 1 vez por semana ( ) outros 86 ( ) Atividade física moderada ( ) 2 vezes por semana ( ) Atividade física intensa ( ) 3 vezes por semana ( ) Atividade física muito intensa ( ) + de 3 vezes por semana Qual atividade? ( ) aeróbica ( ) musculação ( ) outros _____________ Obs: 2.3 Apresenta familiares com Fibrose Cística? ( ) Sim Qual parentesco? ( ) Não 2.4 Apresenta outras doenças associadas? ( ) Sim Quais? ( ) Não Doenças pregressas? ( ) Sim Quais: ( ) Não 2.5 Já apresentou quadro de desidratação? ( ) Sim Estação do ano: ( ) Não 2.6 Já apresentou infecção respiratória? ( ) Sim Quantas vezes? Qual bactéria? No último ano, quantas vezes? Última vez (data): ( ) Ainda apresenta Qual bactéria? ( ) Não 2.7 Faz uso de medicamentos? ( ) Sim Quais: ( ) Não ( ( ( ( ) S. aureus ) H. Influenzae ) P. aeruginosa ) Burkholderiacepacea ( ( ( ( ) S. aureus ) H. Influenzae ) P. aeruginosa ) Burkholderiacepacea 87 2.8 Outros tratamentos? ( ) Sim ( ) Fisioterapia respiratória Quantas vezes/dia: Local: ( )a domicílio (orientado) ( )a domicílio (fisioterapeuta) ( )em hospital (fisioterapeuta) ( )em clínica (fisioterapeuta) Adesão:______________________________________________ ( ) Oxigenoterapia Obs.: ( ) Suporte nutricional Obs.: ( ) não 2.9 Cirurgia? ( ) sim Quais: ( ) não 3 Exame Físico: Inspeção e Palpação: FC: StO2: bpm. FR: % PA: cipm. Altura cm Peso mmHg Pimáx: Pemáx: cm/H2O cm/H2O Peak-flow: Ausculta Pulmonar: Murmúrio Vesicular: ( ) Presente ( ) Diminuído Ruídos adventícios: ( ) Sibilos ( ) Abolido ( ) Aumentado ( ) Roncos ( ) Estertores Local:__________________________________________________________ Percussão: Frêmito tóraco-vocal: Cirtometria: Axilar: Xifóide: Abdominal: Kg 88 3.1 Sinais e sintomas: ( ) Tosse ( ) produtiva ( ) seca Freqüência: Quantidade de secreção: ( ) pequena ( ) média ( ) grande Característica da secreção: ( ) mucóide ( ) espumosa ( ) purulenta ( ) outros_____________________________ ( ) Cianose ( ) central ( ) periférica ( ) Utiliza musculatura acessória Grau: ( ) Apresenta tiragem ( ) supra-clavicular ( ) intercostais ( ) diafragmática ( ) sub-costal ( ) unilateral ( ) bilateral ( ) Baqueteamento digital ( ) Frenação labial Respiração: ( ) nasal ( ) oral ( ) misto Ritmo respiratório: ( ) eupnéia ( ) Taquipnéia ( ) Bradipnéia Padrão Ventilatório: ( ) Abdominal ( ) Torácico ( ) Toracoabdominal ( ) Paradoxal Dispnéia: ( ) repouso ( ) pequenos esforços ( ) médios esforços ( ) grandes esforços Escala modificada de Borg (CAVALLAZZI, el tal., 2005). Tipo de tórax: ( ) normal ( ) tonel ( ) Cifoescoliótico ( ) Pectus carinatum ( ) Escoliótico Ângulo de Charp: ( ) Brevelíneo ( ) Longelíneo Tipo de abdomem: ( ) Globoso ( ) Deprimido ( ) Pectus excavatum ( ) Cifótico ( ) Normolíneo ( ) Sem alterações 89 3.2 Exames complementares (data e laudo médico): Espirometria: Data: Laudo: ( ) Distúrbio Ventilatório Obstrutivo ( ) Distúrbio Ventilatório Restritivo Grau: ( ) leve ( ) moderado ( ) grave VEF1 (%): CVF: VEF1/CVF: FEF25-75%: Radiografia do tórax: ( ) sim ( ) não Data: Laudo: Tomografia Computadorizada do Tórax: ( ) sim Data: Laudo: Outros exames: 4 Teste funcional: Teste de caminhada de seis minutos (TC6): Distância percorrida: Borg de dispnéia: SpO₂: FC: PA: PF: ( ) não 90 APÊNDICE D – AVALIAÇÃO DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA 91 ROTEIRO DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA AQUÁTICA (Adaptada de BARBOSA et al., 2006) Data: ___/___/___ Avaliador:________________________________ Supervisão:________________________________________ DADOS PESSOAIS: 1. Nome:________________________________________________________ 2. Sexo: ( ) F ( )M 3. Idade: BIOTIPO DO PACIENTE: 4. ( ) Longilíneo 5. ( ) Brevilíneo 8. ( ) Atlético 6. ( ) Normolíneo ATIVIDADES AQUÁTICAS PRÉVIAS: Tipo: 9. ( ) Natação 10. ( ) Hidroginástica 12. ( ) Outras 13. ( ) Nenhuma 11. ( ) Hidroterapia PRESENÇA DE CONTRA-INDICAÇÕES Contra-indicações Absolutas: 14.( ) Fístulas cutâneas 15.( 16.( ) Micose cutânea 17.( 18.( ) Coronáriopatias instáveis 19.( 20.( ) Náusea ou vômito 21.( 22.( ) Muito debilitado 23.( 24.( ) Febre 25.( 26. ( ) Insuficiência respiratória grave 27.( 28. ( ) Nenhuma 29. ( 30.( ) Câncer ) Feridas infectadas ) Otite ) Tuberculose ) HAS grave ) Infecção urinária ) Afecções agudas ) Queimaduras graves ) Úlceras varicosas Contra-indicações Relativas: 31.( ) Hipersensibilidade aos produtos da piscina 33.( ) Alergia ao cloro 35.( ) Hipertireoidismo 37.( ) Perfuração de tímpano 39.( ) Patologias vasculares periféricas 41.( ) Epilepsia ou disfagia DADOS VITAIS: 42. PA: _________________mmHg 44. Peso:________________ 7. ( ) Obeso 32. ( 34. ( 36. ( 38. ( 40. ( ) Imunodeficiência ) Hidrofobia ) Incontinência ) Uso de tala ) Nenhuma 43. FC:_______________ bpm 45. Altura:_____________ TIPO DE ENTRADA NA PISCINA: 46. ( ) Independente pela escada 47. ( ) Frontal pela borda sem apoio 48. ( ) Independente pelo degrau 49. ( ) Pela borda com rotação lateral 50. ( ) Frontal pela borda com apoio em axila 51. ( ) Elevador 92 52. ( ) Frontal pela borda com apoio parcial em cotovelo 53. ( ) Frontal pela borda com apoio em mão 54. ( ) Outras ATITUDE DO PACIENTE NA ÁGUA: Submerge: 55. ( ) Boca 56. ( ) Rosto 57. ( ) Total 58. ( ) Não submerge Medo d’água: 59. ( ) Sim 60. ( ) Não Expiração dentro d’água: 61. ( ) Boca 62. ( ) Nariz 63. ( ) Ambos 64. ( ) Não expira TIPO DE DESLOCAMENTO: Avaliar segundo Escala dos níveis de aprendizagem para habilidades motoras funcionais (ISRAEL, 2000). Graduação 5 4 3 2 1 Classificação TA – totalmente alcançada FSA – faz sem ajuda CAP – com ajuda parcial (1 ou 2 apoios) CAT – com ajuda total (mais de 2 apoios) NF – não faz FLUTUABILIDADE TIPO Prono Supino OBSERVAÇÃO 93 APÊNDICE E – PROTOCOLO DE TRATAMENTO EM AMBIENTE AQUÁTICO 94 ROTEIRO DO TRATAMENTO DE FISIOTERAPIA AQUÁTICA (ADAPTADO DE SACCHELLI et al., 2007) O protocolo de tratamento foi adaptado de Sacchelli et al. (2007), sendo acrescentado o item: técnicas de desobstrução brônquica. A aplicação do tratamento fisioterapêutico em ambiente aquático em um paciente com fibrose cística objetiva principalmente a melhora da força muscular inspiratória e da capacidade funcional do indivíduo, em um ambiente agradável que propicie a aderência desses pacientes ao tratamento. O protocolo será realizado por meio de técnicas de fisioterapia respiratória e de exercícios para os membros superiores e inferiores e de tronco, além de alongamento da musculatura envolvida na respiração. O programa de fisioterapia aquática será realizado em piscina aquecida à 34ºC, com climatização do local à 25ºC, sendo utilizados os níveis dois e três da piscina. As sessões de fisioterapia aquática contarão com progressão ao longo do tratamento, por meio do aumento do tempo e ritmo de cada exercício e inclusão de novos, sendo que a primeira fase irá compreender da primeira a sétima sessão e a segunda fase será determinada da oitava até a décima quinta sessão. A segunda fase foi determinada porque se considera que compreende a etapa intermediária do tratamento com vistas a sua conclusão. Os exercícios serão realizados na intensidade máxima do indivíduo, sendo que a progressão se dará de acordo com a limitação do paciente. No intervalo dos exercícios será orientado o paciente para a realização do padrão ventilatório diafragmático e para que inspire pelo nariz e expire pela boca com freno-labial, visando à melhora da mecânica diafragmática, fortalecimento da musculatura inspiratória e aumento do tempo expiratório. Os materiais utilizados na piscina serão clipe nasal, flutuadores, caneleiras e halteres. PRIMEIRA FASE Sessões 1,2 e 3 Os exercícios das sessões 1,2 e 3 serão realizados no tempo de 30 segundos cada, com o mesmo tempo para o repouso entre um exercício e outro. Os exercícios têm como objetivo a melhora da resistência física do paciente, visando à melhora da sensação de dispnéia nas atividades diárias. Adaptação e Aquecimento Para a adaptação e aquecimento do paciente no ambiente aquático será realizada uma caminhada durante cinco minutos, sendo que os joelhos deverão estar semi-fletidos, os quadris encaixados e água no nível do processo xifóide. A caminhada deverá ser de intensidade leve e passos largos, associada a movimentos dos membros superiores de adução e abdução horizontal. A respiração solicitada durante o exercício será a realização de inspiração nasal e expiração com frenolabial, assim como nos outros exercícios. 95 Aquecimento Técnicas para desobstrução brônquica Será realizada a manobra manual de compressão da caixa torácica, para aumento do fluxo expiratório. O paciente ficará em ortostatismo, joelhos semiflexionados e quadril encaixado, com as costas apoiada na parede da piscina e com água na altura do apêndice xifóide. O terapeuta se posicionará em frente ao paciente e colocará suas mãos sobre o tórax do mesmo, no sentido das costelas, exercendo uma pressão durante a fase expiratória para baixo e medialmente, para acelerar o fluxo expiratório. A cada cinco manobras o paciente realiza respiração diafragmática por 30 segundos e então as manobras são reiniciadas. Serão realizadas quatro séries. Após o paciente será orientado a fazer o huffing para eliminar as secreções, o qual consiste em uma expiração forçada com a glote aberta (MACHADO, 2008). Cinesioterapia 1- O paciente realizará abdução e adução de membros superiores (MMSS), sendo que durante a abdução as palmas das mãos deverão ser mantidas em supino e na adução em prono, visando o aumento da resistência ao movimento. Abdução e adução de MMSS 2- O paciente fará exercício de flexão e extensão de joelhos alternadamente sentado no tablado. 3- O paciente realizará flexão e extensão dos ombros, sendo que as palmas das mãos deverão estar voltadas para cima durante a flexão e para baixo na extensão. 96 4- Realização de flexão e extensão de quadril com joelhos fletidos. Nesse exercício o paciente fica agachado com água no nível dos ombros, segurando na barra e fazendo elevação alternada dos joelhos. 5- O indivíduo fará flexão e extensão de cotovelos, sendo que durante a flexão as palmas das mãos ficam voltadas para cima e na extensão para baixo. 6- Realização de movimentos de bicicleta no nível três da piscina, com auxílio de flutuadores por 5 minutos. Movimento de bicicleta com flutuador 7- Será realizada a rotação de tronco, na qual o paciente ficará em pé, com os joelhos semi-flexionados, quadril encaixado e água na altura do apêndice xifóide. O paciente flexionará os ombros a 90º com os cotovelos estendidos, segurando um espaguete e realizará a rotação de tronco para ambos os lados. Rotação de tronco 8- No final, para desaquecimento o paciente fará uma caminhada pela piscina por 3 minutos, com passadas normais e lentas. Relaxamento (7 minutos) 1- Ao final dos exercícios serão realizados os alongamentos de trapézio e esternocleidomastóideo. O paciente será posicionado em supino, com espaguete disposto na região poplítea e na região da 12ª vértebra torácica. O alongamento será mantido por 30 segundos de ambos os lados. Para o alongamento de trapézio, o terapeuta realizará apoio na região occipital e no ombro, separando lentamente estes dois pontos, promovendo o deslizamento das fáscias. Já no alongamento do esternocleidomastóideo, o terapeuta realiza pressão na origem e na inserção desse músculo e faz uma leve rotação da cervical, proporcionando alongamento da musculatura. Após, será realizado alongamento da musculatura lateral do tronco. 97 Alongamento de trapézio Alongamento de esternocleidomastóideo Alongamento de tronco lateral 2- Em seguida, será realizada a pompage respiratória com o paciente na mesma posição do exercício anterior. O terapeuta posicionará uma das mãos sob a região occipital e outra sobre o esterno, a primeira irá tracionar a cervical durante a inspiração e, ao final dessa, a mão sobre o esterno fornecerá um estímulo no processo xifóide com a última falange do terceiro dedo, marcando o final da inspiração e o começo da expiração, a qual será realizada com auxílio da compressão sobre o esterno. Pompage respiratória 98 3- Na seqüência, paciente na mesma posição, o terapeuta realizará apoio na região occipital e promoverá movimentos de inclinação lateral de pescoço, fazendo com que o indivíduo deslize pela água. Deslizamento pela água 4- Para finalizar a sessão o paciente em ortostase, com os joelhos semi-flexionados e água na altura do apêndice xifóide realizará padrão ventilatório diafragmático, inspirando pelo nariz e expirando pela boca lentamente por 1 minuto. Sessões 4, 5, 6 e 7 O aquecimento e os relaxamentos continuam os mesmos da primeira fase. O tempo de cada exercício e o tempo de intervalo entre um e outro continua de 30 segundos cada. Nessas sessões (4, 5, 6 e 7) serão mantidos os exercícios das sessões anteriores e acrescentados os exercícios a seguir. 1- Será incluído exercício respiratório com o paciente imergindo e expirando embaixo da água fazendo bolhas. Antes de iniciar era colocado o clipe nasal. Preparação para a imersão 2- O indivíduo realizará abdução e adução horizontal de membros superiores, sendo que na abdução as palmas das mãos deverão estar voltadas para fora, no sentido do movimento, e na adução para dentro. 2- Realização de abdução e adução de membros inferiores (MMII) no nível três da piscina com auxílio de flutuadores. 99 Abdução e adução de MMII 3- O paciente, agachado na piscina, realizará flexão e extensão de quadril colocando uma perna na parede de cada vez, enquanto a outra se mantém no chão. SEGUNDA FASE Sessões 8, 9 e 10 O aquecimento e os relaxamentos continuam os mesmos da primeira fase. As sessões 8,9 e 10 consistem dos mesmos exercícios anteriores, porém será progredido o tempo para 1 minuto para cada exercício e para o repouso entre um exercício e outro. 1- Será incluído o exercício de abdominal, que será realizado com o paciente no canto da piscina, apoiado no corrimão, fazendo movimento de flexão e extensão do quadril com os joelhos flexionados. Abdominal 2- O exercício de flexão e extensão do quadril com o paciente sentado terá acrescimento de resistência com caneleira de 1Kg. 3.2 Sessões 11, 12, 13 e 14 Essas serão as últimas sessões, onde os exercícios serão mantidos e realizados no mesmo tempo, porém serão feitas adaptações de alguns exercícios, citadas abaixo. 1- O paciente passará a realizar o exercício para quadríceps com flexão e extensão do joelho e quadril em ortostase, no momento da extensão do joelho e quadril 100 deverá empurrar o espaguete para baixo com o pé, dando maior resistência ao exercício. O paciente fará a expiração ao fazer o esforço contra o espaguete e irá inspirar na volta do movimento. Exercício para o quadríceps 2- No exercício de adução e abdução horizontal de ombro fazer uso de pesinhos para aumentar a resistência. 3- Realizar o exercício de flexão e extensão de cotovelo com o ombro em abdução de 90º e em rotação neutra, com utilização de pesinhos. Exercício de flexão e extensão de cotovelo 101 ANEXOS 102 ANEXO A – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA 103 104 ANEXO B – VALIDAÇÕES DO INSTRUMENTO DE PESQUISA 105 106 107 108 ANEXO C – FICHA PARA REGISTRO DO TESTE DE CAMINHADA 109