Diagnóstico

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Diagnóstico
Não há um achado específico para artrite reumatóide.
O diagnóstico é feito por meio da associação de sinais e sintomas clínicos,
achados radiológicos e laboratoriais.
Anamnese e Exame Físico
Durante a anamnese e exame físico devem ser investigados sintomas de
atividade da doença, avaliação do estado funcional atual evidências objetivas de
inflamação articular, problemas mecânicos articulares, presença de comprometimento
extra-articular e de lesão radiográfica.
O paciente comumente relata história de dor e edema em diversas articulações.
As mais comumente acometidas pelos sinais inflamatórios são: articulações
metacarpofalangeanas, interfalangeanas proximais, metatarsofalangeanas, joelhos,
cotovelos, ombros, articulação têmporo-mandibular, esta última muito confundida com
dor de ouvido ou dor de dentes pelos pacientes.
Outro dado importante é a presença de rigidez matinal, que é relatada pelo paciente
como dificuldade de abrir e fechar as mãos ao acordar.
Além do acometimento articular, também podem ser relatados sintomas extra
articulares, como dor nos olhos, vermelhidão, dificuldade para enxergar, secura ocular e
oral.
No exame físico, a dor e o edema são considerados sinais inflamatórios para
todas as articulações, exceto as articulações do quadril e ombros, nas quais a inflamação
é caracterizada por dor à movimentação.
As articulações interfalangeanas podem estar aumentadas de tamanho devido ao
edema, assumindo característica de fuso e apresentando dor ao movimento e à palpação.
O prolongamento da inflamação pode levar à deformidade da articulação e à limitação
funcional. Durante o exame físico também devem ser buscadas manifestações extra
articulares da artrite reumatóide, como nódulos subcutâneos, mais comumente
localizados em faces extensoras, inflamação ocular, secura de olhos e boca,
esplenomegalia e sinais de vasculite.
Radiologia
No início as alterações radiológicas são mínimas ou inexistentes. Pode ser
notado um discreto aumento de partes moles adjacentes à articulação e osteopenia
periarticular. Com a progressão da doença pode ser visualizada a destruição
cartilaginosa, como estreitamento do espaço articular e erosão.
Laboratório
O diagnóstico é principalmente clínico-radiológico, mas os exames laboratoriais
podem ajudar tanto no diagnóstico como nas avaliações posteriores para o
acompanhamento da progressão da doença e prognóstico.
Exames mais comumente solicitados:

Hemograma completo;
Pode mostrar anemia de doença crônica, moderada a intensa,
normocítica/normocrômica no início, passando à microcítica/hipocrômica com a
persistência da inflamação.
Também pode ser encontrada trombocitose

Velocidade de hemossedimentação;
Encontra-se aumentada pela inflamação, maior ou igual a 30 mm por hora
 Proteína C reativa
Tanto a VHS aumentada como a proteína C reativa são comuns em condições
inflamatórias, têm importância no monitoramento da atividade da doença e no
diagnóstico diferencial com outras condições não inflamatórias

Fator reumatóide;
Presente em cerca de 80% dos pacientes. Não é específico para Artrite reumatóide,
mas associado ao quadro clinico pode ajudar a confirmar o diagnóstico e quando
muito elevado pode indicar um quadro mais agressivo da doença

Análise do líquido intra-articular;
Leucocitose com predominância de polimorfonucleares, glicose baixa, C3 e C4
baixos, níveis de proteínas próximos do soro. É necessário para afastar outras
doenças como artrite séptica
 Anticorpo antinuclear
Mais comum em doentes crônicos com condições mais severas

Função renal;

Enzimas hepáticas;

Exame qualitativo de urina;
Os três últimos são importantes pois vários agentes anti-reumáticos são nefro e/ou
hepatotóxicos e podem ser contra-indicados em caso de lesões nestes órgãos
Critérios clínicos e laboratoriais:
A orientação para diagnóstico é baseada nos critérios de classificação do Colégio
Americano de Reumatologia:
• Rigidez matinal: rigidez articular durando pelo menos 1 hora;
• Artrite de três ou mais áreas: pelo menos três áreas articulares com edema de partes
moles ou derrame articular, observados pelo médico;
• Artrite de articulações das mãos (punho, interfalangeanas proximais e
metacarpofalangeanas);
• Artrite simétrica (envolvimento bilateral simultâneo);
• Nódulos reumatóides (nódulos subcutâneos sobre proeminências ósseas ou superfícies
extensoras, ou regiões justa-articulares, observados pelo médico);
• Fator reumatóide sérico;
• Alterações radiográficas: erosões ósseas ou descalcificações periarticulares localizadas
em radiografias de mãos e punhos.
Orientação para classificação:
Quatro dos sete critérios são necessários para classificar um paciente como tendo
artrite reumatóide.
Os critérios de 1 a 4 devem estar presentes por pelo menos seis semanas.
Pacientes com dois ou três critérios não são excluídos da possibilidade do futuro
desenvolvimento da doença, não sendo considerados, contudo, para inclusão neste
protocolo.
A avaliação do estado geral do paciente, o número de articulações acometidas,
uma avaliação quantitativa da dor e testes funcionais são parâmetros úteis para o
seguimento a longo prazo. A avaliação inicial do paciente com AR deve documentar as
manifestações da doença subjetiva e objetivamente. Posteriormente, comparações do
paciente com tabelas feitas no início do tratamento podem ser utilizadas na avaliação da
progressão da doença e da resposta ao tratamento.
Roteiro para avaliação inicial
Medidas Subjetivas:
 Duração da rigidez matinal
 Intensidade da dor articular
 Limitação da função
Exame físico

Contagem das articulações inflamadas

Problemas articulares mecânicos

Manifestações extra articulares
Laboratório
 Hemograma completo
 VHS e/ou Proteína C reativa
 Função Renal
 Enzimas hepáticas
 Exame qualitativo de urina
 Fator reumatóide (realizado somente na avaliação inicial)
 Analise do líquido sinovial
Radiografias
 articulação da mãos, pés e demais articulações comprometidas
Outros
 Avaliação da atividade global da doença feita pelo paciente
 Avaliação da atividade global da doença feita pelo médico
 Questionários de avaliação da capacidade funcional e qualidade de vida
Parâmetros de mau prognóstico

Início da doença em idade precoce

Altos títulos de fator reumatóide

VHS e/ou proteína C elevada persistentemente

Artrite em mais de 20 articulações

Comprometimento extra articular: presença de nódulos reumatóides, Síndrome
de Sjogren, episclerite, esclerite, doença pulmonar intersticial, pericardite, vasculite
sistêmica e síndrome de Felty

Presença de erosões nos dois primeiros anos da doença (raio X mãos e pés)
Diagnóstico Diferencial
 Artrite Psoriática
Incidência igual em homens e mulheres
Idade entre 30 e 55 anos
Menos de 20 % tem FR positivo
10 % dos pacientem tem distribuição AR-like. Para a diferenciar é importante a
observação de psoríase na pele do paciente
 Gota poliarticular
Mais em homens que em mulheres
Idade de 25 a 70 anos
95 % tem FR negativo
Artrite inflamatória intermitente com tofos e poliartrite inflamatória crônica. Níveis
elevados de urato no soro e os tofos ajudam no diagnóstico diferencial com AR
 Osteoartrite erosiva
Mais comum em mulheres
Idade menor que 60 anos
FR negativo
Poliartrite crônica com inflamação intermitente ou sustentada em articulações.
Radiografias mostram erosões características da Osteoartrite erosiva
 Pseudogota
Incidência igual em homens e mulheres
Idade menor que 60 anos
FR positivo em 5 a 10 % dos casos
5% dos pacientes tem artrite inflamatória reumatóide-like com rigidez, fadiga,
inflamação sinovial, que pode durar de 4 semanas a vários meses
 Artrite reativa (doença de Reiter)
Mais comum em homens
Idade de 16 a 50 anos
FR negativo em 95%
HLA-B27 positivo em 50 a 80%
Comumente associada com dores lombares, oculares, genitourinárias, ou sintomas
gastrointestinais
 Lúpus eritematoso sistêmico
Mais comum em muheres
Idade de 15 a 40 anos
FR positivo em 10 a 15% dos casos
Usualmente ANA positivo
Poliartrite crônica não deformante associada com positividade do ANA
 Polimiosite /dermatomiosite
Mais comum em mulheres
Idade de 30 a 60 anos
FR negativo em 95% dos casos
Ana positivo em 50% dos casos
Elevação de CK em 70% dos casos
Artrite crônica inflamatória é rara no curso precoce. Presença de fraqueza proximal,
disfagia bulbar, elevação enzimátiva ou envolvimento tegumentar
 Esclerodermia
Mais comum em mulheres
Idade de 30 a 50 anos
FR negativo em
ANA positivo em mais de 95% dos casos
Poliartrite crônica inflamaória pode predominar sobre sinais tegumentares no início da
doença. Comum a associação com o fenômeno de Raynaud, disfagia, hipertensão ou
disfunções renais
 Sarcoidose
Mais comum em mulheres
Idade de 20 a 40 anos
FR positivo em 20% dos casos
15% dos pacientes com sarcoidose irão desenvolver artrite. No curso precoce da doença
pode-se encontrar oligo ou poliartrite crônica inflamatória, que perdura por semanas ou
meses e envolve tipicamente tornozelos e joelhos. Outros indicadores de sarcoidose são
eritema nodoso, adenopatia hilar
 Artrite enteropática
Incidência igual em ambos os sexos
Todas as idades
FR negativo em 95% dos casos
20% dos pacientes com Doença de Crohn ou Colite Ulcerativa irão desenvolver artrite
periférica. O diagnóstico pode ser difícil caso os sintomas gastrointestinais naco sejam
deectados
Bibliografia
Up to date
Projeto diretrizes
Artrite Reumatóide – Como diagnosticar e tratar – Revista Brasileira de Medicina, vol
60, Numero 8, Agosto de 2003
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