plural - 3 - Matheus Brant

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BELO HORIZONTE, DOMINGO, 20/6/2010 HOJE EM DIA - [email protected]
Plural 3.
MatheusBrant
investeem
repertórioautoral
ALEXANDRE TORRES/DIVULGAÇÃO
Cantor e compositor prepara CD solo de estreia
PATRÍCIA CASSESE
REPÓRTER
Era para ser apenas uma viagem turística, com a namorada,
no melhor estilo “mochilão”.
Mas Matheus Brant (não, ele não
pertence ao famoso clã do qual
despontou talentos como os de
Fernando, Robertinho e companhia) achou por bem aproveitar a
passagem por diversos países da
Europa para divulgar seu trabalho solo na música, iniciado já
com o know-how de sua passagem pelo grupo Chapéu Panamá.
Foi então que, disco demonstrativo na cartola, bateu às portas de
emissoras de rádios e redações
de jornais. E, para sua surpresa,
foi mais do que bem recebido, um
sinal de que logo, logo, outro nome made in Minas pode ser cravado na história da boa música.
O belo-horizontino Matheus Brant nasceu em 1985.
Giovanissimo, portanto. Mas,
surpreendentemente, o moço já contabiliza dez anos de
profissão. Começou ainda
adolescente em uma banda
de pop rock (tocando baixo),
passou por uma de rock pesado, depois caiu na estrada do
reggae e, assim, chegou ao já
citado Chapéu Panamá, apresentado como “a nova guarda
do samba”, mais precisamente, no ano de 2005.
Com o grupo batizado
com o nome do chapéu na verdade fabricado no Equador,
Matheus lançou disco em
abril de 2009 (de repertório
autoral), resultado de um
show ao vivo que ele e colegas
(todos universitários) fizeram em 2008 para o “Palco
Brasil” (hoje, “Feira Moderna”) da Rede Minas. “Gravamos, captamos áudio e fizemos o CD”, disse Brant, em entrevista ao HOJE EM DIA.
Apesar de a banda não
existir mais, as músicas ainda
são, sim, tocadas, na progra-
mação de rádios como a Inconfidência (“O Samba Toca
Outra Vez”).
O bom desempenho da
empreitada, aliás, ele credita
justamente ao fato de o disco
ser autoral. Ou seja, nada do
manjadíssimo apelo das releituras para galgar o sucesso fácil nas rádios. “A gente foi
uma das primeiras bandas a
lançar um disco de samba autoral”, rememora, sendo necessário acrescentar o fato de
que ele foi autor de nada menos que seis faixas, em parceria ou solo.
E foi justamente pelo fato
de ser compositor de lavra
profícua que Matheus optou
por não se ater somente à seara do samba. “A banda não
queria abrir o leque (de seu repertório) para outros gêneros,
mas eu sentia necessidade de
compor outras coisas”, explica, sobre sua saída.
Foi assim que, em setembro do ano passado, em função da viagem que se delineava para dezembro, resolveu fazer o disco demo, com três faixas, para divulgar seu trabalho. O roteiro da ida ao velho
continente incluia Grécia, Itália, Holanda, Bélgica, França,
Espanha e Portugal. “Na cara
de pau, bati na porta de rádios, revistas... Procurava (os
endereços) na internet e ia, deixava o disco. E em pubs e boates, entregava a DJs”.
Em Paris, Matheus chegou a ir ao Le Monde. E, bien
sûr, foi recebido. “Na Espanha, foi uma das ocasiões
mais interessantes (da viagem), tive contato com uma
pessoa que tem um selo em
Barcelona, e que, coincidentemente, já levou muitos artistas brasileiros para lá. E a receptividade (do trabalho) foi
muito boa...”, festeja.
Se fosse definir um escaninho para seu trabalho, Matheus ficaria com o da velha e
boa e MPB. “Mas procuro dialogar com o que está sendo feito em termos de música hoje
em dia...”. Ao listar as referências que fizeram sua cabeça,
ele cita Novos Baianos e a
“MPB de Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso e
outros”.
No processo de feitura do
disco, Brant procurou fazer
com que as músicas tivessem
uma “expressão, uma roupagem contemporânea”. E
quem o ajudou nesta empreitada foi o produtor Lênis Rino, “que tem essa característica de dialogar com a música e
a produção”. “Converso com
ele para transmitir minha intenção, um cuidado que, na
minha opinião, hoje, muitos
artistas não têm tomado. A
gente vê que a atenção está
voltada excessivamente para
a produção. O que não é ruim,
mas acho que falta o cuidado
com a melodia e letra, é o que
procuro fazer.”.
Com planos de fazer o CD
“cheio”, Matheus conta que
está na fase de captação de recursos. “Assim que conseguir... Mas já estou começando a produzir, acredito que o
disco deve sair no início do
ano que vem”. O repertório já
está previamente fechado.
“Tenho algumas composições candidatas, inclusive algumas que não aproveitei para o Chapéu Panamá, metade, umas cinco ou seis”.
“Para o projeto, criei um
conceito que, entre aspas, pudesse vender o produto, aí
criei metáfora com uma expressão cultural, o Catopé,
que é o congado que existe
aqui, em Minas Gerais, na região de Bocaiuva, e o resultado do sincretismo cultural e
religioso, transportando para
a música. Isso representa o
que falei antes, o cuidado
com a expressão estética
atual, mas sem descuidar da
Matheus Brant: do samba do Chapéu Panamá à carreira solo, ampliando o leque
melodia e da letra”, enfatiza.
O repertório do CD demonstrativo traz, como primeira faixa, “Maligna”,- parceria com Renato Rosa, “que
era o cantor do Chapéu Panamá, e com quem tenho muitas composições”. “A música
fala de um câncer, que o avô
do Renato teve. Fala do paradoxo desta doença, que mata
mas morre junto com o paciente”. Mas não, não se trata
de uma letra explícita.
Tanto que Matheus conta
que, certa vez, tocando essa
música em Goiânia, num festival, foi questionado se era
uma composição de viés polí-
CDcelebracentenáriodeNoel
O mês do centenário de nascimento é dezembro. O dia, 11.
Mas as comemorações já começaram, e até então, um dos pontos altos tinha sido o álbum “Poeta da Cidade - Martinho Canta
Noel”, de Martinho da Vila (lançamento Biscoito Fino). Agora, entra em cena uma coletânea que
foge do espírito meio oportunista
que costuma pautar este tipo de
iniciativa. Trata-se de “Noel Rosa - 100 Anos de Celebração”
(Som Livre, 18 faixas, Preço: R$
24,90), que reúne gravações de diversas vozes da boa MPB para os
sucessos do sambista carioca.
Coincidentemente, a lista
começa com... Martinho da
Vila! Bem, tudo a ver, já que
ambos são nomes referência
do bairro de Vila Isabel. En-
tão, Martinho comparece
com “Feitiço da Vila”, de Noel
e Vadico. Ney Matogrosso
ocupa duas faixas do petardo,
uma ao lado do inesquecível
violonista Rafael Rabello (“Último Desejo”). A outra é “Três
Apitos” (ao vivo).
Uma das pérolas do repertório do “filósofo” do samba,
que compôs 259 canções em
apenas sete anos de carreira
musical - como se sabe, Noel
morreu jovem, aos 26 anos “Onde Está a Honestidade” é
defendida pela veterana Beth
Carvalho. A faixa foi garimpada do LP “Pandeiro e Viola”, de
1975.Daturmadosquejáseforam, além do citado Rafael, estão João Nogueira (“De Babado”,em gravação com Alcione,
e “Gago Apaixonado”), Morei-
ra da Silva (“Conversa de Botequim”),TomJobim(“JoãoNinguém”, do songbook produzido por Almir Chediak no início
dos anos 90), Clara Nunes
(“Feitio de Oração”, gravação
de 1971) e o violonista Baden
Powell (“As Pastorinhas”, parceria com João de Barro, o Braguinha).
Já como representante da
dita “nova geração” de intérpretes do samba, o destaque
recai para a bela Roberta Sá,
com “O X do Problema”. Também da seara do samba contemporâneo, Zeca Pagodinho fica com um outro clássico do repertório de Noel, “Fita Amarela”, em versão solo,
e, com o auxílio de Caetano
Veloso, “Com Que Roupa Eu
Vou”, composição de 1930, es-
sa última em versão live.
Também ao vivo, Caetano
Veloso interpreta “Pra Que
Mentir”, música inspirada no
grande amor de Noel, a jovem
dançarinadecabaréCeci,egravada pelo baiano no álbum
“TotalmenteDemais” (1986).
E a sorella de Caetano, MariaBethânia,canta“MeuBarracão”, faixa diretamente pinçada do disco “Maria Bethânia
Canta Noel Rosa”, de 1965.
Um aplicado Chico Buarque
gravou “Filosofia”, de Noel e
André Filho, em “Sinal Fechado”, disco de 1974. A música
entrou na coletânea, com toda
a pertinência. O rol da coletânea dos que já homenagearam
Noel Rosa se completa com
JoyceMoreno, quecanta, aqui,
“PalpiteInfeliz”.
tico. “A pessoa fez um link
com Cálice do Chico Buarque. No geral, as pessoas gostam (da música), o arranjo ficou bem de acordo com o que
falei, moderno, mas sem apagar letra e melodia”.
A faixa 2, “Meu Menino”,
traz a participação especialíssima da cantora mineira Marina Machado. “A forma como
ela veio a cantar trouxe outra
leitura para a composição”,
acredita. E, finalmente, tem
“Eterna Mulher”, letra e música de sua autoria. Uma curiosidade: a composição foi feita
em torno da Filosofia da História de Hegel, disciplina que
Matheus cursou no Mestrado
em Direito. “Como trabalho
final da disciplina fiz a música”.
Instado a falar sobre sua ligação com as chamadas
mídias sociais, Matheus
Brant conta que acaba de fechar contrato com uma empresa de designer, com a intenção de ocupar espaços na
internet. “Eles vão construir
um site que vai linkar com tudo,
Facebook,
Twitter,
Orkut... A inserção vai se dar
daqui a um mês e meio com
mais força”. Enquanto isso,
está no www.myspace.com/
matheusbrant
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Noel Rosa: em dezembro, o compositor faria 100 anos
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