QUAL A IMPORTANCIA DO CITOESQUELETO E DA MATRIZ PARA AS CÉLULAS NEOPLÁSICAS E METASTÁSICAS? A reprodução celular em um organismo é controlada por fatores que a regulam de forma que sejam mantidos o tamanho e a arquitetura dos tecidos celulares. Em circunstâncias essenciais esse controle falha e as células passam a se reproduzir de forma autônoma. Células com esta característica são denominadas células neoplásicas. Esse crescer, autônomo gera um acúmulo progressivo de células neoplásicas formando uma massa volumosa que recebe a designação de neoplasia ou tumor. As células neoplásicas são pouco coesas entre si. Até a simples manipulação mecânica, as separa com facilidade maior que as células normais. Essa baixa coesão se deve a diminuição da produção de moléculas de adesão; especialmente N.CAM e Caderina. E em alguns casos a expressão de molécula de adesão é completamente ausente. A capacidade de metastizar é a característica mais importante dos tumores ,malignos. Metástase significa colonização de um tumor maligno, a distância do foco primitivo original, sem continuidade com o mesmo. Para metastizar, células cancerosas têm que desprender da sua localização original, invadir o tecido local adjacente, penetrar em um vaso sanguineo ou linfático, viajar pela circulação até um local distante e estabelecer uma nova colônia celular. Após a invasão local, o passo seguinte no processo de metastização, é a ruptura da lâmina basal subjacente. A capacidade de produzir enzimas proteolíticas torna a célula neoplásica capaz de destruir a lâmina basal. A maioria das células em organismos multicelulares está organizada em associações cooperativas chamada tecidos, que por sua vez estão associados de várias maneiras para formar unidades funcionais chamados órgãos. As células em tecidos estão usualmente m contato com uma complexa rede de macromoléculas extracelulares secretadas denominada de matriz extracelular. Essa matriz ajuda a manter as células e tecidos unidos. Em muitos casos as células de um tecido também são mantidos em seus devidos lugares pela adesão direta de uma célula a outra (adesão intercelular). A adesão entre células ou entre uma célula e a matriz extracelular se dá através de estruturas especializadas denominadas junções celulares, ou se dá diretamente pela ligação de moléculas especializadas presentes nas membranas de células adjacentes. Junções celulares ocorrem em todos os tecidos, mas são especialmente importantes no epitélio. As junções celulares podem ser: Junções de oclusão , a que sela a membrana plasmática de células adjacentes impedindo a passagem de moléculas, mesmo que pequenas, de uma lado para o outro do epitélio. Junções de ancoragem, que mecanicamente prendem células (e seus citoesqueletos) as células vizinhas ou a matriz extracelular. Junções comunicantes, que mediam a passagem de sinais químicos ou elétricos de uma célula para outra. Tecidos maduros costumam apresentar estruturas de ancoragem bem desenvolvidas. Durante o desenvolvimento de um tecido, quando as células precisam de maior flexibilidade para rearranjarem-se, ou mesmo em alguns tecidos maduros, as células costumam unirem-se diretamente através de moléculas especializadas, sem apresentarem estrutruras de junção. A este mecanismo dá-se o nome de adesão intercelular. A adesão das células a matriz extracelular, presente as células sobreviver e proliferar. Células em cultura não conseguem reproduzir até que se prendam a uma superfície, fenômeno denominado “dependência de ancoragem”. A dependência de ancoragem, é um mecanismo que garante a integridade do tecido, e evitando que a célula se desprendam do tecido original e se fixem em outro tecido qualquer. Muitos tipos de células quando não conseguem ancorar, param de proliferar como também cometem apoptose, o suicídio celular. Existem muitas diferenças morfológicas, moleculares e funcionais entre uma célula cancerosa e uma normal. Todavia, do mesmo ponto que há grandes diferenças entre os diversos tipos de células normais, também existem muitas diferenças entre as células cancerosas. Outra dificuldade é separar as características fenotípicas das células cancerosas que são responsáveis por sua agressividade, das que são secundárias, resultantes de características primárias. Alem das freqüentes alterações no numero de cromossomos, a maioria das células cancerosas apresentam modificações na forma e tamanho de certos cromossomos e alterações nas bandas cromossômicas. Porem, embora o câncer seja decorrente de alterações no DNA, nem sempre as alterações são visíveis no microscópio. Como se multiplicam muito, as células cancerosas geralmente têm o citoplasma basófilo, devido à riqueza em ribossomos, o que acontece com todas as células em proliferação. O retículo endoplasmático e o complexo de Golgi são usualmente muito poucos desenvolvidos, e as mitocôndrias e lisossomos, pouco numerosos. As maiores alterações citoplasmáticas das células cancerosas acontecem no citoesqueleto. As células normais têm microtúbulos, filamentos intermediários e filamentos de actina bem organizados por todo o citoplasma, mas, nas células cancerosas, o citoesqueleto é completamente desorganizado, com a concentração dos microtúbulos e filamentos intermediários nas proximidades do núcleo, enquanto os filamentos de actina se localizam principalmente na região cortical do citoplasma, sob a membrana celular. Esses filamentos de actina devem participar do aumento da motilidade e da facilidade de migração que se observa nas células cancerosas. Também ocorrem muitas modificações na superfície celular, com o aparecimento de moléculas novas, principalmente proteínas. Por exemplo, as células cancerosas geralmente apresentam, em suas membranas plasmáticas, maior quantidade de proteínas transportadoras de glicose para o citoplasma. Também aparecem antígenos fetais, o que é considerado um indicio de desdiferenciaçao da célula tumoral. Junqueira & Carneiro (1997) afirmou em seu livro Biologia Celular e Molecular que foi demonstrado que nas células cancerosas, as proteínas da membrana tem maior mobilidade, o que pode ser devido a uma menor fixação pelo citoesqueleto. Como seria de se esperar, pelo seu comportamento, as células cancerosas são deficientes em estruturas juncionais.