Facetas: tratamento estético de excelência

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Facetas: tratamento estético de excelência
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Com este artigo, a equipa da Clínica Dentária dos Carvalhos pretende mostrar todos os passos de execução das facetas enquanto tratamento
estético de excelência, que permite devolver a beleza natural aos dentes.
ABSTRACT
Veneers are a cosmetic treatment excellence, which allows to restore the natural beauty of teeth. Being a delicate treatment, also requires a study and a thorough
knowledge of the matter, it is necessary to fulfill a number of prerequisites and procedures. Veneers are defined as a minimally invasive treatment.
With this article we intend to demonstrate all the steps for this kind of treatment.
A
faceta é um material restaurador com uma espessura muito fina de cerâmica, aproximadamente
0,5/0,7mm, que é aderida sobre a superfície do
dente, deixando assim transparecer todo o corpo do dente,
todo o seu valor.
Este tratamento surgiu graças à adesão que permite a criação de uma união química entre dois tipos de materiais
distintos, neste caso a cerâmica aos tecidos mineralizados
do dente: esmalte e dentina. (1)
Para trabalharmos nas melhores condições, o ideal é que o
desgaste dentário seja maioritariamente feito na superfície
de esmalte, sem o envolvimento da dentina, por várias razões, nomeadamente:
• a baixa adesão dos materiais sobre a dentina,
• o desconforto e aumento da sensibilidade do paciente
• e, idealmente, a manutenção da mesma espessura de cerâmica sobre toda superfície dentária. (2)
Há dois tipos de facetas: compósito e cerâmica e, dentro
do grupo das cerâmicas, o material poderá ser: cerâmica
feldspática, dissilicato de lítio ou alumina. (3)
A escolha do tipo de material depende de um estudo inicial
rigoroso, tendo em conta:
• a quantidade de dente remanescente,
• a presença ou não de materiais restauradores,
• a presença ou não de dentes descolorados
e/ou manchados.
Figura 1: Imagem inicial - repouso
Figura 2: Imagem inicial - linha de sorriso
Figura 3: Imagem inicial frontal
Figura 4: Enceramento
Figura 5: Guia de silicone
Figura 6: Controlo de desgaste
previsibilidade e elevadas taxas de sucesso (93,5% a 10
anos). As taxas de insucesso, maioritariamente fracturas
da cerâmica, estão associadas ao bruxismo, a dentes endodonciados e à descoloração marginal (mais relevante em
pacientes que fumam). (4) Este tratamento não é só usado
na presença de lesões cariosas, mas também com o intuito
puramente estético. (5)
dentário generalizado mas a paciente referia maior preocupação com a zona anterior. Da sua história clínica o mais
relevante é o refluxo gástrico e o bruxismo.
Inicialmente foi proposto fazer restaurações a compósito
para compensar a falta de estrutura no terço incisal dos
dentes da zona anterior (restaurações directas). Na zona
posterior, restaurações indirectas, nomeadamente overlays
para compensar a diminuição da DVO, mas a paciente não
aceitou pois queria reabilitar os dentes com cerâmicas. Foram então propostas facetas em cerâmica.
Fez-se um enceramento para avaliar a quantidade de es-
Estudos a 20 anos da Universidade de Innsbruk, na Áustria, afirmam que as facetas são tratamentos com elevada
Manuela Ricardo. Médica
Dentista, licenciada pela FMDUP
e Formadora, Clínica Dentária dos
Carvalhos, Centro de Formação FA.
Fernando Almeida, PhD. FMDUP,
Coordenador da Formação
em Implantologia e Reabilitação
Oral no Centro de Formação FA.
Gestor clínico da Clínica Dentária
dos Carvalhos, Clínica Infante
Sagres e Labdent.
Sónia Almeida. Técnica de Laboratório, Labdent.
Caso clínico
Paciente de 33 anos, género feminino, com elevada exigência estética. O principal motivo da consulta foi o desgaste
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trutura que estava em falta e para determinar o
melhor tratamento para a paciente.
No enceramento foram incluídos os quatro incisivos. Os dentes 1.1 e 2.1 eram os dentes mais
comprometidos a nível incisal e a principal queixa da paciente. O dente 1.2 já apresentava algum
desgaste e o 2.2 foi incluído por exigência da
paciente, que não queria ver nenhum sinal de
desgaste e quis sempre materiais de excelência,
cerâmicas.
Numa segunda consulta foi feito um mock up,
a partir do enceramento, e a paciente quis imediatamente avançar com o plano de tratamento.
Este procedimento é muito simples e facilmente
dá uma ideia ao paciente e ao médico dentista de
como vai ficar o tratamento proposto. O enceramento é a chave do tratamento.
Fez-se um guia de silicone a partir do enceramento. Este guia é recortado de forma a haver um
controlo mais rigoroso do desgaste, uniforme em
toda a superfície dentária, de aproximadamente
0,5mm.
Para melhorar a visibilidade da zona de trabalho,
neste caso de 1.2 a 2.2, colocou-se fio de retracção 000, da forma mais atraumática possível, para facilitar a preparação junto à margem gengival.
Para a redução axial usaram-se brocas cónicas: fina, média e grossa. Iniciou-se o desgaste na zona
interproximal, e com uma broca fina fizeram-se
sulcos proximais guia para a redução dessa zona.
Seguidamente talharam-se três sulcos verticais
vestibulares guia para a redução vestibular com a
broca de diâmetro médio, controlando sempre a
profundidade dos sulcos com a chave de silicone.
Para a redução massiva vestibular utilizou-se uma
broca de maior calibre, com o intuito de criar um
espaço uniforme de 0,5-0,7mm, com precaução
para não talhar uma superficie ondulada provocada pelos dos sulcos guia. O espaço necessário
para o bordo incisal é de 1,5mm, sendo que neste caso quase não foi preciso desgastar devido
ao desgaste natural da paciente. O controlo da
redução incisal também se fez com a chave de
silicone. A delimitação da linha de acabamento
palatina, o último passo da preparação do dente,
foi feita com uma broca esférica.
No acabamento é importante que as preparações
não apresentem ângulos agudos, procedendo ao
polimento dos preparos com discos flexíveis.
O desgaste dos dentes foi o mínimo possível para
podermos trabalhar sempre sobre esmalte, e a nível interproximal o desgaste foi feito até deixar de
haver ponto de contacto entre os dentes.
O molde foi feito com a técnica de duplo fio: inicialmente colocámos quatro fios 000 individualizados, e depois um só fio 00, a envolver os quatro dentes. Passados alguns minutos, removemos
lentamente o fio 00 e colocámos simultaneamente o silicone light no espaço deixado pelo fio mais
grosso. O silicone putty foi misturado, colocado
Figu
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Figura 7: Preparos
Figura 8: Aplicação do ácido fluorídrico
Figura 9: Ultra-sons (4 minutos)
Figura 10: Preparo para faceta do 21
Figura 11: Ácido ortofosfórico no preparo do 21
Figura 12: Fotopolimerização da faceta sobre 21
Figura 13: Imagem final com abre bocas
Figura 14: Imagem final da linha sorriso
Figura 15: Imagem da vista lateral
tas. Seguidamente fez-se a verificação do assentamento e adaptação marginal da faceta: tanto no modelo de
gesso como em boca. As facetas devem ter liberdade de
movimento e espaço para o cimento resinoso. Primeiro
avaliaram-se as facetas individualmente e só depois em
conjunto.
De seguida fez-se o isolamento absoluto de pré-molar a
pré-molar para haver espaço para realizar este procedimento tão exigente.
Fez-se o acondicionamento da faceta, com a aplicação do
ácido fluorídrico a 10% na face interna e passou-se por
água abundantemente. Para remover os resíduos, colocou-se a peça no ultra-sons com água destilada durante
quatro minutos. Seguiu-se o processo de silanização, com
a aplicação do silano na superficie interna da faceta e secagem, repetindo-se este processo três vezes. Finalmente,
foi aplicado o bonding na peça, sem polimerizar (normalmente todo este processo é realizado pela assistente).
Simultaneamente à preparação da faceta, fez-se a preparação das peças dentárias. O acondicionamento ácido foi
feito com o ácido ortofosfórico. Aplicou-se o adesivo sem
polimerizar e aspirou-se o excesso de bonding. Este passo
deverá ser efectuado simultaneamente com a colocação
do bonding na faceta.
Na cimentação da faceta propriamente dita: aplicou-se o
cimento de resina na peça e colocou-se seguindo o maior
eixo do dente com uma suave pressão digital. Fez-se a
remoção dos macro-excessos com uma sonda periodontal
(paralela à margem) e a remoção dos micro-excessos com
pincel (movimentos paralelos à margem). A fotopolimerização fez-se segundo as regras: na superfície palatina durante 90 segundos, mesiovestibular e distovestibular por
60 segundos. Cobrimos as margens com gel de glicerina
para optimizar a polimerização e aplicámos a luz durante 30 segundos. No final passou-se abundantemente por
água.
Como a paciente apresentava sinais de bruxismo, desgaste dentário e dor muscular à palpação, logo após a cimentação das facetas foram feitos moldes para colocação de
goteira oclusal.
Figura 16: Imagem da vista oclusal
na moldeira e levado à boca da paciente.
Fez-se uma muralha a partir do enceramento, e nela colocou-se o material provisório, sempre de incisal para
cervical, para evitar bolhas. Aplicou-se bastante vaselina nos preparos e levou-se a muralha à boca. Depois do
material estar endurecido, removeram-se os provisórios
delicadamente dos preparos, eliminaram-se os excessos e
cimentaram-se com um cimento provisório.
A avaliação do aspecto da faceta é um passo pré-cimentação muito importante para verificar cracks, textura superficial, etc..
A remoção dos provisórios deverá ser feita muito delicadamente para não lesionar a gengiva. A eliminação dos
resíduos de resina do coto deve ser realizada com cure-
Conclusão
Apesar do protocolo para execução de facetas ser bastante
complexo, como demonstrámos neste artigo, os resultados
são muito satisfatórios. A imitação da natureza é uma mais-valia para o nosso tratamento. n
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