artigo clínico - O JornalDentistry

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ABSTRACT
FACETAS EM DISSILICATO DE LÍTIO – CASO CLÍNICO
Ceramic veneers will provide successful esthetic and funcional long-term service for patients. This is a conservative procedure with
maximum patient satisfaction.
Introdução
N
a Medicina Dentária atual a estética é um desafio cada
vez maior para o médico dentista, devido às maiores
exigências por parte do paciente. Os resultados estéticos tornaram-se tão importantes como os funcionais. Deste modo,
as facetas em cerâmica têm sido altamente utilizadas pois
conciliam ótimos resultados estéticos com biocompatibilidade e dentisteria minimamente invasiva.
As facetas em cerâmica são constituídas por uma lâmina fina de cerâmica, aproximadamente 0,5/0,7mm, que é
aderida ao dente com adesivos dentinários e cimentos resinosos, a fim de restaurar dentes com alterações de cor, desgastados, fraturados, com malformações, mal posicionados
e também no fecho de diastemas.
O sucesso clínico das facetas em cerâmica é influenciado não só pela preparação dentária (espessura e detalhe do
talhe e localização da margem cervical) e pela manutenção
dos tecidos moles, mas também pela cimentação destas. O
ideal é que o desgaste dentário seja maioritariamente realizado em esmalte, pois a adesão é muito maior do que na
dentina e não causa problemas de híper-sensibilidade. Pode
haver mesmo ausência de preparo, se a nível funcional for
possível. Estudos sugerem uma taxa de fratura semelhante de dentes intatos, desde que as margens da restauração
sejam mantidas em esmalte. A linha de acabamento das
facetas deve ser justagengival, preservando o espaço biológico e conseguindo assim melhores resultados estéticos.
A escolha do cimento deve ter em conta o tempo de polimerização (foto ou duo) suficiente para permitir o correto
assentamento da faceta e a fácil eliminação dos excessos.
Os cimentos resinosos unicamente fotopolimerizáveis são
Dra. Francisca Sottomayor Negrão
Licenciada em Medicina Dentária pela FMDUP;
Cursos de Implantologia, Reabilitação Oral e Periodontologia;
Prática na Clínica Dentária dos Carvalhos;
Formadora no Centro de Formação FA
Prof. Doutor Fernando Almeida
PhD FMDUP 2006; Administrador da Clínica Dentária
Infante Sagres, Clínica Dentária dos Carvalhos e Labdent
- Laboratório de Prótese Dentária e Centro de Formação
FA; Orador convidado de várias conferências nacionais
einternacionais; Autor de vários Artigos Científicos
publicados em revistas Nacionais e Internacionais; Coordenador do Curso Privado em Implantologia, no Porto e Lisboa; Consultor
Científico de vários produtos de Implantologia.
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fáceis de manipular pois permitem tempo de trabalho ilimitado e possuem consistência ideal e estabilidade de cor. Por
outro lado, os cimentos resinosos duais são mais difíceis de
manipular (tempo de trabalho limitado à autopolimerização
e consistência mais fluída, podendo dificultar a remoção dos
excessos de cimento) e têm instabilidade de cor (devido à
degradação das aminas).
Para o sucesso também é importante planear cada caso
com um enceramento diagnóstico quanto à forma, espessura e dimensões. Permite ao paciente visualizar e tornar reais
as expetativas, guiar o preparo e criar facetas provisórias
que permitem ao paciente testar em função as alterações
propostas (mock-up), tornando o tratamento mais previsível.
A opção a nível de materiais para as facetas é vasta, sendo
que cada uma tem indicações específicas e características
próprias que devem ser tidas em conta na opção terapêutica. O dissilicato de lítio é uma opção válida devido à sua
resistência e boas propriedades estéticas.
Caso clínico
Paciente do género feminino, 32 anos, que apresentava
os incisivos superiores mal posicionados e com alteração de
cor. A paciente apresentava queixas a nível estético, mas
recusou realizar tratamento ortodôntico, desejando resultados mais rápidos. Da história clínica nada a realçar, não é
fumadora e não apresenta qualquer patologia.
O plano de tratamento proposto foi a confeção de seis
facetas em cerâmica (dissilicato de lítio com estratificação
de cerâmica IPS-e.max®Ceram) nos incisivos e caninos superiores – 13,12,11,21,22 e 23. A paciente quis só avançar com
o tratamento nos quatro incisivos superiores.
Foi realizado um enceramento diagnóstico para avaliar
melhor o caso e determinar a melhor opção terapêutica a
apresentar à paciente. É através do enceramento que se chega ao mock-up, que permite testar clinicamente como vai
ficar o trabalho final e assim convencer o paciente. Neste
caso resultou numa aceitação imediata do tratamento pelo
Tabela 1 - Protocolo de cimentação adesiva de facetas
Sequência de procedimentos de cimentação no
remanescente dentário
1. Isolamento absoluto;
2. Proteger dentes vizinhos com uma matriz;
3. Antes de preparar a superfície interna na restauração
indirecta verificar assentamento da peça;
4. Lavar;
5. Aplicar ácido ortofosfórico a 37% durante 30 segundos
na superfície do esmalte e 10 a 15 seguntos na dentina
remanescente;
6. Lavar abundantemente durante 30 segundos e secar
bem;
7. Aplicar adesivo dual (Excite ®) - secar ligeiramente e
Não fotopolimerizar;
8. Aplicar a faceta.
Sequência de procedimentos de cimentação na faceta de dissilicato de lítio
1. Aplicar ácido fluorídrico a 5% durante 20 segundos;
2. Lavar abundantemente durante 20 segundos;
3. Aplicar ácido ortofosfórico 37% durante 10-15 segundos (esfregar com pincel durante esse período de tempo);
4. Lavar abundantemente durante 20 segundos;
5. Secar;
6. Aplicar álcool etílico a 95% (esfregar com pincel
durante esse período de tempo);
7. Secar;
8. Colocar facetas em banho de ultra-sons com água
destilada durante 5 minutos;
9. Secar – Verificar se fica com um aspecto “baço” mas
sem ser esbranquiçado/flocular, caso contrário repetir
tudo a partir do ácido ortofosfórico a 37%;
10. Aplicar, com um microbrush, uma gota de silano e
aplicar por toda a superfície da faceta durante 20s (1 a 2
camadas) – A superfície tem de ficar “baça”, se ficar espelhada significa que há silano a mais, pelo que volta-se a
aplicar os mesmos passos a partir do ácido ortofosfórico.
11. Colocar uma gaze no interior do recipiente para o chá
e colocar as facetas sobre a compressa, com a face interna
voltada para cima. Aplicar o ar de secador (o mais próximo possível, para atingir a máxima temperatura) durante
1 minuto;
12. Aplicar o adesivo Excite®, sem fotopolimerizar;
13. Misturar o cimento Variolink II base com Variolink II
catalyst e aplicar na face interna da faceta.
14. Colocar a faceta sobre o dente fazendo pressão, provocando extravasamento de excessos;
15. Fotopolimerizar durante três segundos e remover
excessos de cimento;
16. Colocar gel de glicerina sobre todo o dente e fotopolimerizar.
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Fig. 1 - Fotografia inicial extraoral de sorriso.
Fig. 2 - Fotografia inicial intraoral frontal.
Fig. 3 - Fotografia inicial - pormenor da vista vestibular.
Fig. 4 - Fotografia inicial - pormenor da vista palatina.
Fig. 5 e 6 - Enceramento de diagnóstico.
Fig. 7 - Mock-up.
Fig. 8 - Facetas Provisórias.
Fig. 9 - Preparos das facetas
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Fig. 10,11,12 - Facetas finais.
Fig. 13 e 14 - Fotografias extraorais finais de sorriso.
Fig. 15,16,17 - Fotografias finais: vistas frontal e oclusal.
paciente. Sendo um procedimento muito simples permite ao
médico e ao paciente a toma de decisões antes de se fazer
qualquer procedimento invasivo. O enceramento é a chave
do tratamento.
O preparo foi realizado fazendo marcações no mock-up
e controlado através de guias de silicone. Colocou-se fio de
retração 000, de forma atraumática para uma melhor visibilidade e assim facilitar a preparação junto à margem gengival. No final acabamento e polimento com discos flexíveis
para eliminar ângulos agudos. Neste caso nos dentes 12 e
22 quase não foi necessário preparo.
Seguiu-se a adesão dentinária com Optibond FL® (imme-
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diate dentin sealing – IDS). A impressão foi realizada em silicone com a técnica de dupla mistura, após ter sido colocada
glicerina sobre os preparos e fotopolimerizada, para que as
propriedades do IDS não interferissem com as do silicone
usado na impressão.
Os provisórios foram confecionados através de uma guia/
chave realizada a partir do enceramento diagnóstico com
Luxatemp® e cimentados com Temp-bond Clear®. Com os
provisórios, os pacientes têm a oportunidade de avaliar a
estética, função e fonética não apenas por si, mas também
com o seu círculo de família e amigos.
No dia da cimentação fez-se a verificação cuidadosa do
assentamento e adaptação marginal e avaliou-se a estética
com a paciente. Fez-se isolamento absoluto e o protocolo
de cimentação das facetas foi efetuado de acordo com a
tabela 1.
Conclusão
A faceta dentária é uma das técnicas mais conservadoras
e estéticas que podemos utilizar para restaurar dentes. Uma
correta interpretação das suas indicações e aplicação da técnica mais indicada para cada caso, são fatores chave para
a longevidade deste procedimento restaurador assim como
para obter resultados estéticos e funcionais. n
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