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GEOGRAFIA DO TRANSPORTE
A MOBILIDADE URBANA DE COLATINA E ITABIRA
Thiago Geraldo Pedroni
Geografia - Faculdade Castelo Branco, Colatina-ES.
RESUMO: É sabido que, várias cidades surgiram pelo investimento do modal
ferroviário para escoamento da produção do café, recursos minerais e industriais.
Porém, assim como propiciou e sustentou a ocupação de territórios e
desenvolvimento de cidades, as ferrovias foram sufocadas pelo crescimento e
urbanização de vilas e bairros que ocuparam as suas margens, limitando a
velocidade dos trens, causando acidentes, gerando outros problemas sociais, e
discussões entre governos, população e companhias na qual tentam criar saídas
para o impasse levando em casos mais comuns à retirada dos trilhos do leito
original, levando-a para mais afastada dos núcleos urbanos ou a remoção onerosa
da população das margens da ferrovia. Em casos extremos a ferrovia é desativada.
Dessa forma, Colatina no Espírito Santo e Itabira em Minas Gerais, compartilha
problemas semelhantes como qualquer centro urbano no processo de ocupação
territorial, como o rápido crescimento populacional e de infraestrutura de logística,
que interfere no meio natural e social e requer discursos e ajustes para melhor o
convívio entre a logística de produção do fluxo de mercadorias versos o espaço
ocupado pela urbanização.
PALAVRAS-CHAVE: Cidade, Ferrovia, Urbanização, Colatina, transporte.
INTRODUÇÃO: Neste trabalho, pretendo fazer um comparativo do surgimento e dos
problemas semelhantes existentes nas cidades de Colatina – ES e Itabira – MG
desde a construção da Estrada de Ferro Vitória à Minas, e o processo de aceleração
do território mediante sua ocupação e desenvolvimento do sistema socioeconômico
propiciado pela CVRD. Ambas compartilharam problemas semelhantes em seu
crescimento quanto à ocupação e surgimento do núcleo urbano, que estancou a veia
original da ferrovia.
“O sistema logístico é um modo de integrar e acelerar fluxos. A otimização do capital investido implica
não ter produtos imobilizados. As mercadorias têm de estar permanentemente em movimento,
levando à aceleração de toda a cadeia produtiva.” [...] (Ediméia Maria Ribeiro de Mello, 2000).
Itabira, cidade do ferro e berço da companhia Vale do Rio Doce, surgiu e cresceu ao
entorno da área de exploração do minério de ferro e ecoado pelos trilhos da ferrovia
EFVM, e, conforme a cidade recebia os investimentos da CVRD, ela era modelada,
e seu espaço territorial era alterado pelo crescimento da população e industrial.
“Ao se instalar em Itabira (MG), em 1942, a CVRD dota a cidade de
equipamentos comunitários, construindo bairros disseminado pela malha
urbana preexistente, o que proporciona novo surto de crescimento nessa
cidade histórica. Em 1950, Itabira contava com 25.000 habitantes e, em
1986, com cerca de 120.000.” (Ediméia Maria Ribeiro de Mello, 2000)
Colatina, embora não esteja nos extremos da ferrovia e não tenha atividades na
indústria da mineração como Itabira, a cidade também se desenvolveu por meio dos
trilhos da ferrovia, e com o avanço crescente da população gerando o núcleo urbano
na qual cercou com o processo de urbanização ocupando as margens do leito
original da ferrovia. Dessa forma, Colatina passou a sufocar e gerar problemas para
a ferrovia, e a comunidade passou a sentir incomodo com os ruídos, imobilização
inesperada dos trens causando bloqueio de pedestres e carros por tempo
indeterminado, acidentes e atropelamentos. Assim sendo, a CVRD o governo local
da época, e comunidade decidiram pela retirada dos trilhos que ocorreu em 1975 do
século passado, afastando para longe do núcleo urbano a ferrovia exigindo da
CVRD investimento como pontes, viadutos e túneis para a variante. Então, Colatina
ganhava espaço e mobilidade, liberava o transito e acesso mais fácil e seguro para
pedestres e veículos.
A Estrada de Ferro Vitória a Minas trouxe para Colatina o progresso, que se
expandiu rapidamente de forma irregular, vindo a se tornar uma grande
cidade, que acabou comprimindo os trilhos na década de 60 e 70. Com isso,
a passagem do trem pelo centro da cidade, causava grande admiração por
todos. As fortes buzinadas do trem de minério, vindo carregado de Minas
Gerais, ao se aproximar da cidade, indicavam que o centro da cidade iria
parar e ficar dividida durante a passagem do gigantesco trem, e a confusão
se aumentava quando o trem parava para realizar manobras. O trem trouxe
o progresso, mas a cidade não respeitou os limites do trem.
(http://www.trenseferrovias.com/112812.html)
“Os dispositivos de transporte são reformatados para ganharem eficiência e
velocidade.” (Ediméia Maria Ribeiro de Mello, 2000)
A CVRD com seu projeto de duplicação e melhoria do traçado da ferrovia ganhou
mais viabilidade, pois por onde antes o trem deveria reduzir sua velocidade e passar
um de cada vez em sentidos alternados, agora os trens desenvolvem velocidade e
passam a assumir um fluxo mais frenético. Transportando mais minérios e produtos
e ganhando tempo, elevando os lucros e reduzindo custos.
“O dispositivo ferroviário ganha crescente autonomia com relação à
geografia. É preciso limpar o espaço, alisar o território, no entanto
cristalizado no traçado da ferrovia e seus equipamentos. O sistema
ferroviário é desconectado das cidades: são construídas variantes
contornando as áreas urbanas, ramais e estações são desativados. O trem
tem de passar em velocidade, sem pontos de parada.” (Ediméia Maria
Ribeiro de Mello, 2000)
Embora haja esforços para mitigação os efeitos do problema, a massa populacional
eleva-se com o passar do tempo. Colatina por exemplo, segundo o site do IBGE, a
população no censo de 2010 foi de 111.788 habitantes, sendo sua estimativa para o
ano 2013 com população de 120.677 e sua densidade demográfica de 78,90
(hab/km²) em área urbana. Isto pode se agravar com a vinda de investimentos com
instalação de empresas, os programas assistencialistas do governo com construção
de casas populares, todo estes fatores contribuiu para a elevação da população.
De acordo com os relatórios oficiais das Nações Unidas, a população
mundial passou a ter mais pessoas vivendo nos centros urbanos do que nas
áreas rurais no ano de 2008. Atualmente, o urbano corresponde a 52,1 %
da população do planeta. Nos países desenvolvidos, essa média é de
77,7%, contra 46,5 % nos países subdesenvolvidos. Segundo o Censo 2010
realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil
possui 84,4 % de sua população de cerca de 190 milhões de habitantes
vivendo
em
áreas
consideradas
urbanas.
(<http://www.brasilescola.com/geografia/urbanizacao-mundo.htm>)
Portanto, nos questionamos a respeito da questão, pois se nos anos 1975, Colatina
se livra, e ganha espaço com a retirada dos trilhos do seu núcleo urbano, sendo o
número de habitante bem inferior a atual, hoje com uma população estimada para
aproximadamente 120 mil habitantes, segundo o IBGE, como deveria ser a cidade
se ainda fosse cortada pela estrada de ferro? Com mais habitantes, frota de veículos
que chega hoje a 47.528 (IBGE) nas ruas, seria impossível praticar uma mobilidades
sem riscos de acidentes, e todo tipo de problema que implicaria na vida social e
econômica da cidade.
MATERIAL E MÉTODOS: Com auxílio de artigos, pesquisa na internet, leitura de
livros, debate em sala de aula.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Levantei a discussão em sala de aula com
orientação da coordenadora e professora Arleida, onde expus a semelhança e
dificuldade das cidades propostas para a discussão, Colatina e Itabira,
demonstrando a forma que elas encontraram e o que estava ao alcance para
contornar os problemas propostos para a mobilidade urbana.
CONCLUSÕES: Notamos que a mobilidade urbana está atrelada às necessidades
de se manter o fluxo de pessoas, veículos e mercadorias movimentando-se em
espaços limitados e às vezes, segregados a não suportar a demanda e o
contingente deste fluxo frenético. Para tanto, é cada vez mais importante as
melhorias que se faz na arquitetura – super e infraestruturas das cidades, os outros
empreendimentos de natureza pública e privada, para tentar minimizar ou mitigar os
problemas gerados pelo inchaço populacional. Dessa forma as cidades de Colatina
e Itabira ainda enfrentam problemas de mobilidade de outra escala e grandeza,
outrora as intervenções já realizadas, requere hoje uma nova e ampla tomada de
discussões e reestruturação da mobilidade. Pois se antes já havia a necessidade de
retirar os trens, por exemplo, hoje se fala muito em questões sociais e ambientais,
que exigirá mais empenho e inteligência e tornar a mobilidade urbana cada vez mais
sustentável.
REFERÊNCIAS:
SILVA, Maria das Graças Souza – A “Terceira Itabira”: os espaços político,
econômico, socioespacial e ambiental, UFMG, Instituto de Geociências, 2000.
MELLO, Ediméia Maria Ribeiro de - Mineração de ferro e enclave: estudo de caso da
Companhia Vale do Rio Doce em Itabira, Universidade Federal de Uberlândia, 2000.
Revista
Trens
e
Ferrovias
Edição
11
disponível
<http://www.trenseferrovias.com/112812.html> acesso em 14out.2013
em
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – disponível em
<http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=320150>
acesso
em 16/10/2013 as 16h.
O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO: disponível em:
<http://www.brasilescola.com/geografia/urbanizacao-mundo.htm>), acesso
18/10/2013.
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