IV — São Paulo, 114 (89) Diário Oficial Poder Executivo - Seção I quarta-feira, 12 de maio de 2004 SP é palco do maior evento nacional do esporte para deficientes físicos Bom desempenho - Na cerimônia de abertura, realizada no Ginásio Mauro Pinheiro, no Ibirapuera, o governador Geraldo Alckmin afirmou que São Paulo se sente honrada em sediar a competição. Lembrou que o País saiu-se bem na última paraolimpíada, em Sidney, há quatro anos: "O Brasil trouxe 22 medalhas disputando nove modalidades. Agora serão 13, com 97 atletas participando". O governador destacou que estaremos bem representados e manifestou confiança no bom desempenho dos atletas. Hoje, serão apresentados os integrantes da delegação brasileira que representarão o País na Paraolimpíada de Atenas, que começará dia 13 de setembro (15 dias após o término das olimpíadas convencionais). Irio Nunes: "Vivo do basquete" Participam dos Jogos Paraolímpicos do Brasil cerca de 600 atletas em 15 modalidades como atletismo basquetebol, ciclismo, futebol, judô e natação FOTOS: FERNANDES DIAS PEREIRA São Paulo está sediando os Jogos Paraolímpicos do Brasil, maior evento nacional do esporte para portadores de deficiência física. Cerca de 600 atletas e 150 profissionais como guias, técnicos, fisioterapeutas, nutricionistas, oftalmologistas e equipes de trabalho, de diversos Estados, atuam nas competições e no apoio dos jogos, que começaram quartafeira passada e terminam amanhã. Os esportistas participam de 15 modalidades: atletismo, basquetebol, ciclismo, futebol de cinco, futebol de sete, golbol, halterofilismo, hipismo, judô, natação, tênis, tênis de mesa, tiro esportivo, vela e voleibol sentado. As disputas são realizadas no Complexo Desportivo Constâncio Vaz Guimarães (Ibirapuera), Ginásio Poliesportivo Mauro Pinheiro, Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa, Hípica de Santo Amaro, Associação Desportiva Durval Guimarães, Represa de Guarapiranga e Cidade Universitária (USP). Os Jogos Paraolímpicos do Brasil são promovidos pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), com o apoio do governo do Estado e da prefeitura de São Paulo. A Secretaria Estadual da Juventude, Esporte e Lazer destina R$ 457 mil às competições. O governo paulista deverá investir, este ano, cerca de R$ 1 milhão em programas esportivos destinados aos portadores de deficiência. Itamar Luiz da Silva não escondem o entusiasmo ao informar que dos 48 atletas das quatro equipes de basquete, 12 serão selecionados para as Paraolímpíadas de Atenas. Desde 1988, o basquete adaptado não participa desse tipo de competição mundial. Viviane Gomes Da Agência Imprensa Oficial Profissionais da saúde nos bastidores da competição Dos 48 atletas das 4 equipes de basquete, 12 serão selecionados para as Paraolímpíadas de Atenas Das 15 modalidades esportivas disputadas, o voleibol sentado é uma das que têm mais adeptos Superando limites - Irio Nunes, 24 anos, é da Associação Clube Leões sobre Rodas, de Recife (PE). Nos Jogos Paraolímpicos do Brasil está na Seleção Robson de Almeida Sampaio, de Basquete em Cadeira de Rodas. "Vivo do basquete", resume o atleta, que há seis meses pediu licença na empresa em que trabalha para se dedicar exclusivamente ao esporte. Ele treina oito horas por dia, cinco dias por semana. Irio joga basquete adaptado desde 1997. Por sua excelente atuação, foi considerado um dos cinco melhores das regiões Norte e Nordeste do País em 1997 e 1998. Dois anos depois, um dos cinco melhores do Brasil. Em 1998, ele também bateu o recorde mundial por marcar 98 pontos num só jogo. Há três anos, tornou-se vice-campeão mundial na categoria júnior. O pernambucano recebe bolsa-olímpica do CPB e da Secretaria de Esportes de Pernambuco e se sente orgulhoso do que faz: "Mas não penso só em mim. Sempre que vejo um deficiente, mostro a ele que o esporte deve ser a nossa vida. É uma maneira de não depender de ninguém". Faz questão de dizer que está intensificando os treinos visando às Paraolimpíadas de Atenas. A Divisão de Medicina de Reabilitação (DMR) da Faculdade de Medicina da USP mostrou a Marcos Silva, 21 anos, que o esporte pode ser importante alternativa de superação de limites. Desde os 14 anos joga basquete, mas somente durante uma consulta na DMR, quando foi convidado a integrar uma equipe em cadeira de rodas, percebeu que o esporte era algo que realmente gostava. Entre uma partida e outra, foi se destacando. Hoje, coleciona uma série de títulos, entre os quais os de tetracampeão paulista e vice-campeão mundial. Marcos recebe bolsa-olímpica da CPB e se esforça oito horas, diariamente, no aprimoramento das técnicas do esporte. "Procure entidades que cuidam de deficientes. O pessoal dá o maior apoio para vocês participarem de esportes", recomenda o atleta à garotada que tem necessidades especiais. Os técnicos da Seleção Brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas Gilson Ramos, conhecido como Doinha e Dezenas de profissionais como fisiologistas do movimento, especialistas em avaliação física e funcional apoiam o trabalho. O deficiente visual Luiz Carlos dos Santos, 35 anos, é um dos sete fisioterapeutas, que acompanham a seleção brasileira desde junho do ano passado. Ele atua na preparação física de atletas. Em 1999, foi convocado para acompanhar nossos representantes nos Jogos Parapanamericanos, no México. Nos últimos 11 meses, Luiz preparou equipes da seleção brasileira de futebol de cinco. Eles treinavam uma vez por mês, durante oito dias, na Associação Niteroiense de Deficientes Físicos (Andef), em Niterói (RJ). "Trabalhei tanto na prevenção como no tratamento de lesões, preparação física, orientação, alongamento e hidroterapia", explica o fisioterapeuta. Na sua opinião, os desafios enfrentados pelos competidores de diferentes lugares do País são as intensas atividades diárias desenvolvidas: trabalhar, estudar e ainda encontrar tempo para treinar nas associações locais. "Eu, como deficiente, estou dando minha contribuição profissional", avalia o preparador, que acredita na sua convocação para atuar na Paraolimpíada de Atenas. Marcos: feliz vice-campeão mundial