Document downloaded from http://www.elsevier.es, day 30/05/2017. This copy is for personal use. Any transmission of this document by any media or format is strictly prohibited. 63º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S141 XXIX) Dor Aguda 63-336 ANÁLISE CRÍTICA DA EXPERIÊNCIA INICIAL DO SERVIÇO DE DOR AGUDA EM HOSPITAL DE EMERGÊNCIA Rafael Mercante Linhares*, Luciana Dantas Bastos Frango de Oliveira, Kelly Medeiros Perdigão, Guilherme Holck, Marcos Ribeiro Machado Hospital Municipal Miguel Couto, Rio de Janeiro, RJ, Brasil Introdução: O tratamento da dor aguda é um compromisso ético do médico, além de estar intimamente relacionado à diminuição de complicações pós-operatórias: íleo paralítico, infecção pulmonar, aumento do trabalho miocárdico e tromboembolismo. Entre as vantagens econômicas podemos citar a diminuição dos custos hospitalares, devido à redução do tempo de internação hospitalar. Neste contexto foi criado o serviço de dor aguda subordinado ao serviço de anestesiologia em um importante hospital de emergência e trauma no Rio de Janeiro. Descrição de série: Foram acompanhados nos primeiros 4 meses de existência do serviço 159 pacientes, de 4 diferentes especialidades (clínica geral, ortopedia, cirurgia vascular e cirurgia plástica), e que receberam analgesia por meio de cateteres peridurais (105 casos) ou de nervos periféricos (27 casos) e, finalmente, por somente analgesia via venosa (27 casos). Dos pacientes que receberam analgesia por cateter de nervo periférico, 16 (60%) foram instalados Document downloaded from http://www.elsevier.es, day 30/05/2017. This copy is for personal use. Any transmission of this document by any media or format is strictly prohibited. S142 no pré-operatório como forma de controle antecipado da dor, demonstrando uma postura ativa e antecipatória de problemas. Dez pacientes tiveram analgesia contínua com PCA em nervos periféricos, considerado como padrão ouro de analgesia por não submeter os pacientes aos picos e vales na intensidade da dor medida pela escala visual analógica (EVA). O objetivo do serviço foi alcançar EVA menor que 3, em visitas médicas de no mínimo 12/12 h, fora quando chamado para avaliação pelos pacientes, equipe de enfermagem ou médicos das especialidades. Dois problemas destacaram-se em relação à analgesia por cateteres no geral: desposicionamento em 17 pacientes (13%) e hiperemia no local de inserção em 6 pacientes (4,5%); números compatíveis com a literatura mundial. Os cateteres foram prontamente retirados quando da presença de hiperemia, sendo que não houve infecção. Os resultados acima foram considerados satisfatórios pelo time da dor. Discussão: O hospital de trauma em questão tem 80 anos de existência e somente 4 meses de clínica estruturada de dor aguda. Diversos desafios culturais se inserem: desde uma sistematização da visita do anestesiologista aos pacientes até a mudança de conduta pré ou intraoperatória, como por exemplo a substituição de opioides espinais por cateteres de nervos periféricos. Porém, o serviço de dor aguda melhorou sobremaneira o controle álgico, permitindo em alguns casos inferir na aceleração da alta hospitalar. O retorno crítico das clínicas cirúrgicas tem sido muito interessante, e o aprendizado pelos residentes de anestesiologia acelerado pela estruturação da clínica da dor. Referências: 1. Popping DM, Zahn PK, Van Aken HK. Effectiveness and safety of postoperative pain management: a survey of 18925 consecutive patients between 1998 and 2006 (2nd revision): a database analysis of prospectively raised data. Br J Anesth.2008;101:832-40. 2. Rawal N. 10 years of acute pain services – achievements and challenges. Reg Anesth and Pain Med. 1999;24:68-73. 63-337 AVALIAÇÃO DA DOR PÓS-OPERATÓRIA DOS PACIENTES ATENDIDOS NO SERVIÇO DE TRATAMENTO DA DOR DA IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO Marcelo Vaz Perez, Álvaro Antônio Guaratini, Priscila de Alencar Pina Dos Santos, Thiago Ramos Grigio*, Ticiana Fernandes de Oliveira, Diego Santos da Cruz Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), São Paulo, SP, Brasil Justificativa: O controle da dor pós-operatória (PO) é frequentemente insuficiente. O objetivo do estudo foi verificar como esse controle ocorreu a partir da implantação do Serviço de Dor em Hospital Terciário e Universitário, de acordo com protocolo estabelecido. Método: Foram incluídos todos os pacientes operados pela Clínica Ortopédica no período de 2 anos de janeiro de 2014 a dezembro de 2015. O período de observação variou em cada paciente de 24 a 72 horas, de acordo com condição cínica e melhora da dor. As variáveis consideradas foram: região operada, técnica anestésica, intensidade da dor (POI, primeiro, segundo e terceiro PO) pela escala verbal de quatro termos (dor ausente, leve, moderada e intensa) e analgésicos prescritos pelo Serviço de Dor. Os dados foram registrados em formulário previamente desenvolvido. Resultado: Ao todo, 1.250 pacientes foram operados no período de tempo estabelecido. As regiões operadas foram: coluna (32), membro inferior (556), membro superior (615) e membro inferior em crianças até 12 anos (163). A técnica anestésica foi Geral (210), Geral + Bloqueio (440), Subaracnóidea ou Peridural (330), Bloqueio de Plexo Braquial (270) e Sedação (50). Em relação à intensidade da dor no PO imediato, 26,4% apresentaram dor moderada ou intensa 63º Congresso Brasileiro de Anestesiologia ao chegar na SRPA e 19,2% ao receber alta da SRPA. No primeiro PO, 24% apresentaram dor intensa ou moderada; no segundo, 16,8%; e no terceiro, 8,8%. Morfina foi prescrita em 656 pacientes, tramadol em 406, morfina + tramadol 143 na SRPA. Outros analgésicos prescritos foram dipirona, paracetamol e cetoprofeno. Na literatura, a incidência de dor de moderado a intensa no pós-operatória imediato é aproximadamente de 76,3%, e após 24 a 48 horas 23,6%. Conclusões: O Serviço de Dor pós-operatória reduziu significativamente a frequência de dor no pós-operatório; contudo, notamos que há necessidade de conscientizar toda equipe de enfermagem médicos e pacientes, para que se reduza ainda mais esta frequência. Referências: 1. Carroll IR, Hah JM, Barelka PL, et al. Pain Duration and resolution following surgery: an Inception cohort study. Pain Med. 2015;16:2386-96. 2. Kehlet H, Wilmore DW. Multimodal strategies to improve surgical outcome. Am J Surg. 2002;183:630. 63-338 BLOQUEIO DO GÂNGLIO ESFENOPALATINO PARA TRATAMENTO DE CEFALEIA PÓS-PUNÇÃO: RELATO DE CASO João Maximiano Pierin Barros, Lindemberg Moreno Alencar Arrais, Adriana Nunes Toniasso Arrais*, Luis Felipe Ximenes Nogueira, Gustavo Rodrigues Bonheur Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS, Brasil Introdução: A cefaleia é uma das complicações mais comuns após a punção da aracnoide. Está relacionada com diversos fatores, como idade, sexo feminino, número de tentativas de punção e uso de agulhas de maior calibre. Ainda assim, sua etiologia não está completamente elucidada, sendo a explicação mais aceita o deslocamento caudal do encéfalo e a tração das meninges pela hipotensão liquórica, referente à perda do líquor pela fístula da punção. O tratamento convencional também difere na literatura, sendo que, para dores de leve e média intensidades, está indicado o tratamento clínico, com analgésicos e cafeína. Nas dores de forte intensidade sugere-se tentar o tratamento clínico e, em caso de falha, indicar o tampão sanguíneo. O bloqueio do gânglio esfenopalatino é um bloqueio simpático indicado no tratamento sintomático de cefaleias primárias (tensional, enxaqueca) e em algumas neuralgias (do nervo trigêmeo, por exemplo). Recentemente questionou-se seu uso para o tratamento de cefaleia pós-punção. Relato de caso: M.C.M., 21 anos, feminino, submetida à anestesia subaracnóidea para cirurgia ginecológica. Após 24 horas, queixavase de dor de forte intensidade (10/10 na escala analógica de dor) em região frontal, temporal e occipital, que piorava em posição supina e melhorava em decúbito dorsal. Referiu ainda fotofobia, fonofobia e náuseas. Foi colocada em observação na SRPA e submetida ao bloqueio do gânglio esfenopalatino via transnasal. Foi instilado 1 mL de lidocaína 2%, com seringa estéril em cada narina, e com swabs posicionados sobre o gânglio esfenopalatino, na nasofaringe, foram instilados mais 2 mL de lidocaína 2% de cada lado, onde os swabs permaneceram por 10 minutos. Aos 10, 30 e 60 minutos a dor era 5, 3 e 0/10, respectivamente. Negou outras queixas após 60 minutos e foi liberada com orientações para retorno se sintomas. No dia seguinte, antes da alta, paciente permanecia sem queixas. Não houve retorno. Discussão: Evidências apontam o gânglio esfenopalatino como um gatilho importante paras as cefaleias primárias. A ativação do gânglio esfenopalatino causa vasodilatação cerebral mediada por via parassimpática produzindo cefaleia. A anestesia do gânglio esfenopalatino, portanto, parece atenuar essa vasodilatação e causar alívio rápido dos sintomas. Se comprovado, o bloqueio esfenopalatino é uma técnica pouco invasiva, com menor desconforto para o paciente, de fácil aprendizagem, baixo custo e Document downloaded from http://www.elsevier.es, day 30/05/2017. This copy is for personal use. Any transmission of this document by any media or format is strictly prohibited. 63º Congresso Brasileiro de Anestesiologia grande aplicabilidade na prática diária dos anestesiologistas, sendo uma alternativa segura ao tampão sanguíneo. Referências: 1. Schaffer JT, Hunter BR, Ball KM, et al. Noninvasive sphenopalatine ganglion block for acute headache in the emergency department: a randomized placebo-controlled trial. Ann Emerg Med. 2015;65:503-10. 2. Cohen S, Sakr A, Katyal S, et al. Sphenopalatine ganglion block for postdural puncture headache. Anaesthesia. 2009;64:570-9. 63-339 CEFALEIA EM PROFISSIONAIS DA ÁREA DE SAÚDE EM ESPECIALIZAÇÃO EM UM HOSPITAL ESCOLA Camilla Oliveira Lima*, Deyvid Ravy Lacerda Pinto, Roberto de Oliveira Couceiro Filho, Tânia Cursino de Menezes Couceiro, Luciana Cavalcanti Lima, Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), Recife, PE, Brasil Introdução: O termo cefaleia aplica-se a todo processo doloroso no segmento cefálico. É a queixa neurológica mais frequente e pode causar diminuição na qualidade de vida e da capacidade laborativa em seus portadores. Objetivo: Determinar a prevalência, o grau de intensidade e os fatores associados à cefaleia, como gênero, idade, atividades físicas, sono, tabagismo e consumo de cafeína; relacionar o trabalho com a prevalência de cefaleia e o impacto da dor de cabeça nos residentes/especializandos do IMIP. Métodos: Realizado estudo descritivo em corte transversal, incluindo médicos em especialização no IMIP. Após o consentimento da participação, utilizou-se um questionário e o Migraine Disability Assessment Test (MIDAS) adaptado. Dados introduzidos no programa Epi-Info 3.5.1. Resultado: A prevalência de cefaleia no estudo foi de 86,3% com predomínio no gênero feminino com 91,3%. Apresentou uma correlação positiva entre o número de horas plantão superior a 12 horas semanal e a ocorrência de cefaleia 92,2% (p = 0,029). Observou-se que, além de prevalente, a dor de cabeça pode ser incapacitante, pois 47 (35,8%) participantes apresentam algum grau de incapacidade, sendo que, destes, 10 (21,3%) apresentam incapacidade severa segundo o teste MIDAS. Conclusão: O atual estudo corrobora com dados da literatura quanto à alta prevalência na população estudada. No entanto, chama a atenção para a necessidade da realização de mais estudos com o objetivo de identificar os fatores de risco associados e o seu impacto na qualidade de vida dos médicos em especialização, a fim de estabelecer melhor a relação entre eles. S143 quanto a escala numérica da dor e demanda de analgesia pós-operatória em pacientes submetidos a revascularização do miocárdio. Método: Ensaio clínico randomizado, duplo cego, em paralelo. Pacientes submetidos a cirurgia de revascularização do miocárdio foram randomizados por blocos em dois grupos: grupo morfina (Gmo) e grupo metadona (Gme). Ao final da cirurgia cardíaca, 0,1 mg/ kg peso ideal corrigido de metadona ou morfina foi administrado. Os pacientes foram encaminhados à UTI, onde foram avaliados os seguintes fatores: tempo até a extubação, tempo até a necessidade do primeiro analgésico, número de doses necessárias de analgésicos e antieméticos em 36 horas, avaliação da analgesia pelo paciente em 12, 24 e 36 após a cirurgia e prevalência de efeitos adversos, como náuseas/vômitos. Resultado: Foram incluídos 50 pacientes em cada grupo. Não houve diferença entre os grupos quanto a idade, gênero e características relativas ao procedimento cirúrgico. A metadona apresentou eficácia de 19% superior a morfina com number needed to treat (NNT) de 8 e number needed to harm (NNH) de 16. Houve menor intensidade de dor pela escala numérica em 24 horas após o procedimento e menor necessidade do uso de morfina no pós-operatório no grupo metadona. Entretanto, o tempo até a necessidade do primeiro analgésico no pós-operatório foi maior no grupo morfina. Conclusões: A administração de metadona ao final do procedimento cirúrgico mostrou-se eficiente para a analgesia em cirurgias de grande porte. Houve uma maior eficácia na analgesia e menor incidência de náuseas e vômitos, tratando-se, portanto, de uma opção de baixo custo, disponível e que deve ser estimulada. Referências: 1. Chou R, Gordon DB, de Leon-Casasola OA, et al. Management of postoperative pain: a clinical practice guideline from the American Pain Society, the American Society of Regional Anesthesia and Pain Medicine, and the American Society of Anesthesiologists’ Committee on Regional Anesthesia, Executive Committee, and Administrative Council. J Pain. 2016;17:131-57. 2. Udelsmann A, Maciel FG, Servian DCM. Methadone and morphine in the induction of anesthesia in cardiac surgery. Impact on postoperative analgesia and prevalence of nausea and vomiting. Rev Bras Anestesiol. 2011;61:695-701. 63-341 EFEITO ANALGÉSICO DA INFUSÃO CONTÍNUA DE BAIXAS DOSES DE CETAMINA EM CIRURGIAS PARA CORREÇÃO DE FRATURA EM FÊMUR Rômulo José de Lucena Castro Filho*, Natália de Carvalho Portela, Danielle Maia Holanda Dumaresq, Manoel Claudio Azevedo Patrocinio, Roberto Cesar Pontes Ibiapina, Cibelle Magalhães Pedrosa Rocha Instituto Doutor José Frota, Fortaleza, CE, Brasil 63-340 COMPARAÇÃO DA ANALGESIA PÓS-OPERATÓRIA COM USO DE METADONA VERSUS MORFINA EM CIRURGIA CARDÍACA Fábio Jean Goulart Sebold, Patrícia Mello Garcia*, Ricardo Viana Rezende, Benhur Heleno de Oliveira, Ana Carolina Carvalho, Fabiana Schuelter-Trevisol Centro de Ensino e Treinamento (CET) do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Tubarão, SC, Brasil Justificativa e objetivos: A dor é um fenômeno frequente no período pós-operatório e pode resultar em sofrimento e riscos desnecessários ao paciente. É um fator agravante da morbidade e mortalidade pósoperatória, principalmente nas intervenções de grande porte, como as cirurgias cardíacas. Entre as opções para combatê-la eficazmente, destaca-se um opioide com meia-vida longa: metadona. O objetivo deste trabalho foi comparar o efeito da metadona versus morfina Justificativa e objetivos: Cirurgias ortopédicas estão associadas a dor pós-operatória de grande intensidade. Diferentes técnicas e vias são utilizadas com o objetivo de proporcionar analgesia. Classicamente, a morfina subaracnóidea tem sido utilizada para esse fim, com bons resultados, porém sendo associada a efeitos colaterais importantes, como retenção urinária, prurido ou mesmo depressão respiratória. Dessa forma, justifica-se o estudo de métodos alternativos para prover analgesia perioperatória satisfatória nesse tipo de cirurgia. A cetamina age como um antagonista dos receptores NMDA (N-metil D-Aspartato), um neurotransmissor excitatório. Acreditase que a ativação desse receptor está envolvida no desenvolvimento e na manutenção de vários fenômenos dolorosos, incluindo dor persistente perioperatória, hipersensibilidade e alodínia, tolerância induzida por opiodes e hiperalgesia induzida por opioides. Dessa forma, o antagonismo desse receptor pode ser útil na adjuvância analgésica. O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia da cetamina intravenosa para analgesia pós-operatória na cirurgia de fêmur. Document downloaded from http://www.elsevier.es, day 30/05/2017. This copy is for personal use. Any transmission of this document by any media or format is strictly prohibited. S144 Métodos: Randomizaram-se 33 pacientes para correção de fratura de fêmur, de 18 a 65 anos, estado físico I ou II em dois grupos. Após monitorização (cardioscopia, oximetria de pulso e pressão arterial não invasiva) e venóclise, pacientes recebiam midazolam 0,05 mg/kg e fentanil 1-2 mcg/kg. Em seguida, o grupo 1 submeteuse a raquianestesia em L3-L4 ou L4-L5 (agulha de Quincke 26G) com bupivacaína pesada 0,5% 20 mg + morfina 75 mcg. O grupo 2 recebeu, além de bloqueio idêntico ao do grupo 1, cetamina IV (6 mcg/kg/min), iniciando infusão antes da incisão cirúrgica, tendo seu término ao final da sutura cirúrgica. Os escores de dor foram quantificados por meio da EVA (Escala visual analógica) nos tempos T1, T6, T12 e T24 (1 hora, 6 horas, 12 horas e 24 horas após o fim do procedimento), e a necessidade de analgesia de resgate com tramadol. Resultado: O grupo 2 apresentou EVA menor em T12 (p < 0,01) e diminuição da dose de tramadol requerida (p < 0,01). Nistagmo discreto observado em 100% dos pacientes do grupo 2. Sem diferença na incidência de náusea, porém com maior incidência de efeitos psicomiméticos (p < 0,05). O grupo 2 teve maior índice de satisfação (p < 0,05). Conclusões: Nosso estudo mostrou melhor analgesia para pacientes com cirurgias de fêmur, com adição de cetamina. A dose ótima capaz de potencializar a analgesia e minimizar os efeitos adversos ainda deve ser estabelecida. Esses resultados reforçam a literatura e colocam a cetamina como excelente opção na adjuvância para a analgesia pós-operatória. Referências: 1. Keating J. Fraturas do colo do fêmur. In: Rockwood e Green. Fraturas em Adultos. 7ª Ed. São Paulo, Manole. 2013;1561-1641. 2. Jouguelet-Lacoste J, La Colla L, Schilling D, Chelly JE. The use of intravenous infusion or single dose of low-dose ketamine for postoperative analgesia: a review of the current literature. Pain Medicine. 2015;16:383-403. 63-342 MANEJO DA DOR OROFACIAL PÓS-OPERATÓRIA Enock Ferreira dos Santos Neto*, Cláudia Panossian Cohen, Eduardo Valente Cronemberger, Maria Flávia de Alcantara Rua, João Valverde Filho, Enis Donizetti Silva Serviços Médicos de Anestesia Ltda. (SMA), São Paulo, SP, Brasil Introdução: A dor orofacial é uma entidade nosológica complexa, que suscita difícil abordagem diagnóstica e terapêutica. Abrange desde cervicalgias miofasciais com dor referida em face, até dores neuropáticas (nevralgias, oncológicas, pós-operatórias) e inflamatórias/nociceptivas. Em relação à dor pós-operatória, a lesão cirúrgica evolui corriqueiramente com uma dor nociceptiva/inflamatória em concomitância com uma dor neuropática que merece atenção e tratamento. O manejo terapêutico destes pacientes é desafiador, devido ao possível comprometimento do segmento cefálico da via digestiva, aos múltiplos componentes funcionais da dor em questão e ao uso prévio de opioides, que ocorre diversas vezes. Relato de caso: G. H. B. C., 28 anos, masculino, foi admitido em Hospital terciário para realização de pelveglossomandibulectomia com enxerto de costela e retalho microcirúrgico da coxa. Foi diagnosticado com câncer de boca e língua 1 ano antes da cirurgia, tendo feito quimioterapia e radioterapia. Já apresentava dor com características nociceptivas e neuropáticas (em queimação na língua que irradiava para toda a boca) desde o diagnóstico, tratada com morfina, codeína e tramadol pela equipe de Oncologia, com controle parcial. Após a cirurgia, evoluiu com dor importante em queimação e em pontada, que irradiava para a face. Foi acompanhado pela equipe de Dor, com uso de bomba de analgesia controlada pelo paciente (PCA), opioides e outros adjuvantes (anti-inflamatórios, anticonvulsivantes, anestésicos locais, antidepressivos). 63º Congresso Brasileiro de Anestesiologia Discussão: A dor orofacial pós-operatoria apresentava alguns desafios: impossibilidade do uso da administração de drogas por via oral nos primeiros dias (por exigência da equipe cirúrgica), uso prévio de opioides pelo paciente e a multifatorialidade da dor em questão. Respeitando-se a multimodalidade analgésica essencial para o sucesso terapêutico, optou-se então por tratá-la com bomba de PCA com solução de morfina venosa (dose contínua e por acionamento intermitente), associada à buprenorfina transdérmica, lidocaína venosa, tramadol venoso e amitriptilina pomada. Com a evolução do quadro, foram realizados ajustes na prescrição e iniciados anti-inflamatório e lidocaína spray tópico para otimizar a analgesia. Após a liberação do uso da sonda nasoenteral, foi possível introduzir tramadol e gabapentina por via oral, com adequado controle álgico do paciente mesmo após desmame da PCA. Referência: 1. Khawaja N, Renton T. Pain part 3: acute orofacial pain. Dent Update. 2015;42:442-4, 447-50, 453-7. 63-343 TRATAMENTO DA DOR AGUDA EM PACIENTE COM HEMOFILIA ADQUIRIDA João Valverde Filho, Ciro Aldred Gregory*, Wagner Rodrigues Mota, Claudia Marquez Simões, Mariana Palladini, Cláudia Panossian Cohen Hospital Alemão Oswaldo Cruz, São Paulo, SP, Brasil Introdução: A hemofilia adquirida é uma doença rara, com 1,3 a 1,5 caso entre cada 1 milhão de pessoas. Os pacientes com hemofilia podem apresentar sangramentos agudos, com hematomas em locais extremamente dolorosos e nem sempre passíveis de drenagem ou tratamento cirúrgico, necessitando do controle álgico. Apresentamos um caso em que a paciente desenvolveu anticorpos contra o fator de coagulação 8, com quadro álgico agudo de difícil controle por hematoma em MMSS e MMII. O principal escopo do relato é o tratamento da dor aguda nesta doença rara, com peculiaridades que diminuem o arsenal terapêutico disponível, podendo auxiliar em eventuais casos semelhantes. Relato do caso: Paciente do sexo feminino, de 76 anos, natural de São Paulo, católica e aposentada. Foi realizada tomografia de pelve, na qual foi detectado hematoma intramuscular que acometeu o músculo ilíaco direito. Exames laboratoriais descartaram a ocorrência de síndromes autoimunes. A paciente apresentou quadro de dor de moderada intensidade, constante, sem fatores de melhora, com piora a pequenos movimentos, presença de hematomas cutâneos em MMSS e MMII e com diagnóstico de hemofilia adquirida. No 6º dia de internação, após análise multidisciplinar realizada pelas equipes médicas de hematologia, infectologia e clínica, decidiu-se pelo uso de opioides, almejando uma menor interferência na coagulação do paciente. Na ocasião, as equipes afastaram a administração de anti-inflamatórios, dipirona e outras medicações tópicas, considerando-se as lesões de pele e possíveis dificuldades de absorção. A equipe de dor então realizou atendimento à paciente, a fim de providenciar instalação de PCA bolus, para o controle agudo da dor. Foi administrada uma pequena dose de opioide, incapaz de mascarar uma síndrome compartimental ou de gerar qualquer efeito adverso da morfina (prurido, constipação etc). No 11º dia de internação, foi introduzida oxicodona. No 15º dia de internação, foi introduzido clonazepam, após constatação de uso de PCA para indução de sono. A paciente permaneceu com o PCA bolus até o 22º dia de internação e, após retirada, foi mantida administração de morfina via oral, para escapes de dor. Discussão: Verificou-se bom controle álgico durante o tratamento, necessitando no entanto de diversos ajustes. Não foram verificados efeitos adversos no paciente, tais como prurido, constipação ou sonolência. O desmame do PCA bolus ocorreu de maneira gradual e em colaboração com a paciente, não necessitando de nova inserção Document downloaded from http://www.elsevier.es, day 30/05/2017. This copy is for personal use. Any transmission of this document by any media or format is strictly prohibited. 63º Congresso Brasileiro de Anestesiologia após sua retirada. O controle da dor em pacientes com hemofilia é extremamente importante, pois a dor é um indicador de gravidade da doença, devendo ser adequadamente controlada e monitorada. O caso exemplifica bem a necessidade de diagnóstico diferencial entre o uso das medicações para dor para facilitação do sono e para tratamento álgico. Referência: 1. Humphries TJ, Kessler CM. Pain in haemophilia: are we listening? Haemophilia. 2016;22:175. 63-344 TRATAMENTO DE DOR MIOFASCIAL PÓSOPERATÓRIA: TÉCNICA DE INFILTRAÇÃO DE PONTO GATILHO COM ANESTÉSICO LOCAL GUIADA POR ULTRASSOM André Luís Silvany Sales*, Adriana Macari, Roberta Cristina Risso, Enis Donizetti Silva, João Valverde Filho, Cláudia Panossian Cohen Centro de Ensino e Treinamento (CET) São Paulo Serviços Médicos de Anestesia, São Paulo, SP, Brasil Introdução: A Síndrome de Dor Miofascial (SDM) é um quadro comum, sendo importante motivo de atendimento médico e utilização de analgésicos. A SDM caracteriza-se pela presença de pontos gatilhos (PG) na musculatura esquelética, fáscias, tendões e ligamentos, identificados como áreas hipersensíveis à digitopressão, com dor local e referida e podem gerar sintomas autonômicos, disestesias e fraqueza muscular. São diversos os fatores que contribuem para o seu surgimento, como trauma muscular, entre outros. O tratamento com agulhamento superficial ou profundo leva ao aumento momentâneo do espasmo muscular, com posterior melhora. Caso clínico: M.I.C.G., 69 anos, feminino, no quarto dia pós-operatório de retopexia ventral, procurou o hospital com dor localizada em musculatura paravertebral esquerda. Tem história prévia de hipertensão, hipotireoidismo, tromboembolismo pulmonar (TEP) e correção de megaesôfago. Referia quadro recorrente de dor em região lombar e escapular, com internação prévia. A equipe clínica do hospital afastou TEP e solicitou avaliação da equipe de tratamento de dor. Ao exame PG paravertebral e periescapular à esquerda e lombar, dor 8. Realizada infiltração dos PG com 3 mL de ropivacaína 1% em cada ponto, mantendo-se o tratamento sistêmico com relaxante muscular, analgésicos e opiode fraco. Referiu melhora da dor, porém com retorno após 6 horas da infiltração. Realizada nova infiltração, guiada por ultrassonografia (USG), e com 10 mL de ropivacaína a 0,5%. Ao USG, foram detectados seis PG, que foram infiltrados. Teve melhora completa do quadro, recebendo alta no dia seguinte, com dipirona e adesivo de lidocaína, e retorno ao ambulatório de dor. Discussão: Apesar de comum, a SDM é de difícil diagnóstico e tratamento clínico desafiador. É uma disfunção neuromuscular regional, frequentemente associada a padrões complexos de dor e de alterações emocionais. A SDM pós-operatória ocorre por motivos como ansiedade do paciente, posicionamento intraoperatório inadequado, isquemia e trauma muscular, estiramento ou exposição ao frio. A paciente apresenta fatores clínicos e posicionamento cirúrgico predisponentes. No caso clínico, a paciente apresentou melhora transitória da dor após infiltração em três PG identificados por meio de palpação. O retorno da dor pode estar associado ao fato de a paciente possuir outros PG não identificados à palpação. O tratamento foi eficaz apenas no segundo procedimento, guiado por USG. Sua aplicação nos procedimentos de agulhamento ou infiltração aumenta a sensibilidade da identificação do PG, identifica regiões com diminuição da elasticidade muscular e presença de fibras com sinal hiperecogênico, possibilitando maior precisão no posicionamento da agulha, com redução de complicações. Referência: 1. Botwin KP, Sharma K, Saliba R, Patel BC. Ultrassound-Guided trigger point injections in cervicothoracic musculature: a new and unreported technique. Pain Physician. 2008;11:885-9. S145