encontro com Ministro Guido Mantega “O Brasil é uma economia intermediária” A afirmação é do Ministro da Fazenda, Guido Mantega, utilizada para dizer que o país deixou de ser uma econo- mia emergente e já se aproxima das nações mais avançadas. Para Mantega, esta constatação nos afasta de comparações com a China, ainda uma economia emergente. O Ministro participou de um almoço, no final de setembro, em São Paulo, com o presidente da ­Abinee, ­Humberto Barbato, e com os vice- presidentes Paulo Castelo Branco, Aluizio Byrro e Nelson Luís Freire. Na oportunidade, os representantes da Abinee apresentaram ao Ministro alguns pleitos da entidade sobre temas importantes para o desenvolvimento e competitividade do setor eletroeletrônico. Leia, a seguir, os apontamentos da reunião. 8 Revista Revista Abinee Abinee outubro/2007 outubro/2007 Em almoço realizado em 24 de setembro, em São Paulo, o Ministro Guido Mantega, da Fazenda, fez um breve relato sobre a boa situação que vive a economia brasileira. Segundo ele, este é um dos momentos mais favoráveis pelo ‘conjunto da obra’. “O Brasil está crescendo de forma sustentada, sem utilizar artificialismos”, disse Mantega. Para ele, não devemos comparar o nosso crescimento com o da China. “Ela ainda é um país emergente e nós já estamos mais próximos dos países avançados”, afirmou. Segundo Mantega, a grande virtude do Brasil é estar crescendo de forma sustentada com todas as variáveis sob controle. O Ministro citou, como exemplo a inflação sob controle, a dívida externa equilibrada, a redução da vulnerabilidade externa e com mais equilíbrio social. “Hoje os empresários têm mais segurança para investir e pensar no longo prazo, pois temos um mercado interno robusto, com aumento do nível de emprego e redução da informalidade”, garantiu Mantega. Acompanhado dos assessores Ramiro Alves e Marcelo Fisher, do Secretário de Acompanhamento Econômico, Nelson Barbosa, e, também, do Secretário Adjunto da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, o Ministro fez questão de destacar que, em função da situação interna, hoje o Brasil é dependente das oscilações do mercado internacional. “Não é qualquer crise que vai nos derrubar. O mundo acabou de passar por uma turbulência e nós não fomos afetados”, disse. Outro destaque do Ministro foi para o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que, em sua avaliação, está se desenvolvendo na velocidade que o Brasil pode. “Este é um programa muito ambicioso e complexo, que busca o aumento do crédito, a redução das taxas de juros, o desenvolvimento da infra-estrutura, a geração de energia elétrica, a melhoria da logística de transporte e a implantação do saneamento básico”, afirmou. Confirmando o atual estágio de crescimento do país, Guido Mantega garantiu que, em 2008, o Brasil se transformará num grande canteiro de obras. No encontro o presidente da Abinee, Humberto Barbato, ao lado dos vice-presidentes Paulo Castelo Branco, Aluizio Byrro e Nelson Luís Freire, apresentou ao Ministro da Fazenda alguns pleitos da entidade sobre temas importantes para o desenvolvimento e competitividade do setor eletroeletrônico. Efeito câmbio Um desses pleitos foi a possibilidade de se aumentar para mais de 30% a percentagem de dólares que se pode deixar no exterior como produto de exportações. Segundo Humberto Barbato, o aumento oferecerá uma boa melhora para questão cambial brasileira. O Ministro Mantega mostrou-se sensível à questão e afirmou que estudará esta possibilidade. Ele disse acreditar, também, que o aumento deste percentual trará benefícios ao país e às empresas. A respeito do PL 2086/07, que substitui a MP 382, e que trata da criação de estímulos fiscais e financeiros para empresas exportadoras, a Abinee reiterou seu pleito que visa a inclusão da indústria eletroeletrônica dentre os setores contemplados pelo Projeto. “Esse pleito é plenamente justificado em função da acirrada concorrência que o nosso setor enfrenta nos mercados interno e externo, fato agravado pela desvalorização do dólar, o que vem comprometendo seriamente as exportações de produtos eletroeletrônicos”, disse Humberto Barbato. MP dos Sacoleiros Sobre a esperança da Abinee, apresentada por Humberto Barbato, de que a MP 380, conhecida como MP do Paraguai, não fosse reeditada, o Ministro disse que a decisão do Governo sobre este assunto já estava tomada. Argumentando o posicionamento, Mantega afirmou que o assunto voltará para análise Revista Abinee outubro/2007 9 10 Revista Abinee outubro/2007 encontro com Ministro Guido Mantega do Congresso (o que realmente ocorreu, na forma do PL 2105/07), porém, avaliará a possibilidade de estabelecer limites sobre os produtos ou segmentos que serão incluídos. Lei de Inovação Outro tema foi a Lei de Inovação que restringe a utilização dos seus benefícios pelo setor de TI, incentivado pela Lei de Informática. Barbato solicitou ao Ministro a extensão dos efeitos da Lei de Inovação, considerando que os incentivos não são cumulativos. De forma objetiva, Guido Mantega disse que é importante priorizar a inovação no setor eletroeletrônico e que vai pedir um estudo mais detalhado sobre a questão. Aumento do IPI O presidente da Abinee enfatizou a preocupação do setor em relação ao pleito formulado ao Governo por diversas entidades do Amazonas, visando a elevação das alíquotas de IPI para uma lista de produtos de interesse da Zona Franca de Manaus, e que não é do conhecimento público. Segundo Barbato, estariam incluídos na lista monitores de vídeo, celulares e ­microcomputadores, entre outros produtos. “A Abinee é contrária a qualquer elevação do IPI para esses produtos, em virtude das graves repercussões e impactos nos campos econômico e social, pois nenhuma empresa terá condições de produzir fora da Zona Franca”, disse Barbato. Ele afirmou, também, que, se o pleito for aprovado, representará um enorme retrocesso nas conquistas do país como pólo de atração de investimentos do setor de TIC, podendo, ainda, trazer um grave comprometimento ao Programa de Inclusão Digital. Atento à exposição, o Ministro Guido Mantega disse que é necessário estimular um entendimento entre os Estados. Novas tecnologias Outro assunto debatido na reunião foi a questão da indústria de Telecomunicações, que vem registrando quedas sucessivas em seu faturamento, em função, principalmente, da retração das atividades do segmento de infraestrutura. Na exposição, mostrou-se que este é uma área altamente dependente das decisões tomadas por agentes públicos, inclusive na adoção de novas tecnologias. Desta forma, foi apresentada ao Ministro Mantega, entre outras reivindicações, a importância de se agilizar o licenciamento da banda reservada para os serviços 3G e o desbloqueio do leilão das freqüências de 3,5 e 10,5 GHz para WiMax, cujo atraso está, inclusive, prejudicando as exportações do segmento de telefonia celular. Afirmando que o Governo está bastante motivado em criar condições para que os segmentos de TI sigam o caminho da competitividade, Guido Mantega sugeriu que se deve começar a repensar a Lei Geral de Telecomunicações, que neste ano completa 10 anos. Segundo ele as decisões no âmbito do Governo devem acompanhar a celeridade da tecnologia. Revista Abinee outubro/2007 11