11 1 INTRODUÇÃO A Farmácia Hospitalar é um órgão de abrangência assistencial técnico-científica e administrativa, onde se desenvolvem atividades ligadas à produção, armazenamento, controle, dispensação e distribuição de medicamentos, bem como, de correlatos às unidades hospitalares. É igualmente responsável pela orientação de pacientes ambulatoriais, visando sempre à eficácia da terapêutica, alem da redução dos custos, voltando também para o ensino e a pesquisa, propiciando assim um vasto campo de aprimoramento profissional. A Farmácia Hospitalar data da época de gregos, romanos, árabes, e se sabe que na Idade Média a medicina e a farmácia se desenvolviam de forma paralela sob a responsabilidade de religiosos dos conventos, nas boticas e nos hortos de plantas medicinais. Com o advento das especialidades farmacêuticas, o farmacêutico passou a não exercer a sua função de manipulador de formas medicamentosas e orientador do uso de medicamentos. (BRASIL, 1994). A principal razão de ser da Farmácia é servir ao paciente objetivando dispensar medicamentos seguros e oportunos. Sua missão compreende tudo o que se refere ao medicamento desde sua seleção até sua dispensação, velando a todo o momento por sua adequada utilização no plano assistencial, econômico, investigativo e docente. O farmacêutico tem, portanto, uma importante função clínica, administrativa e de pesquisa. (BRASIL, 1994). A farmácia hospitalar necessita, para o desenvolvimento de suas atribuições, de uma estrutura física e organizacional para cumprimento de pressupostos técnicos, sendo esta uma demanda crescente. Outro aspecto a ser ressaltado é o custo financeiro dos medicamentos. A farmácia hospitalar é uma área que necessita de elevados valores monetários, portanto, o farmacêutico hospitalar deve estar habilitado a assumir atividades clínico-assistenciais (participação efetiva na equipe de saúde), contribuindo para a racionalização administrativa com conseqüente redução de custos. (BRASIL, 1994). A Assistência Farmacêutica Hospitalar constitui-se como um sistema complexo e relevante no âmbito da gestão de sistemas e serviços de saúde, não somente por contemplar um dos insumos básicos para cuidados aos pacientes, como também, pelos altos custos que envolvem este tipo de questão. Atualmente, espera-se que a farmácia hospitalar desenvolva atividades relacionadas à gestão, que devem ser organizadas de acordo com as características do hospital 12 onde se insere o serviço, isto é, manter a coerência com o tipo de complexidade do hospital. Essas atividades podem também observadas sob o ponto de vista da organização sistêmica da Assistência Farmacêutica, objetivando toda a logística dentro do interior da unidade hospitalar. (SOCIEDADE..., 2008). Cabe ainda, distinguir entre a atuação da farmácia hospitalar para com pacientes hospitalizados daquela para com pacientes assistidos ambulatorialmente, pois a diferenciação existe porque as estratégias e os alvos são distintos. Na ambulatorial, é fundamental orientar adequadamente o paciente, e ampliar as possibilidades de adesão ao tratamento. Em contrapartida, o fornecimento de medicamentos a pacientes hospitalizados é centrado em um trabalho de equipe. A efetividade do tratamento depende do trabalho em conjunto, em grande parte o sucesso da terapêutica medicamentosa e a resolutividade dos serviços da assistência farmacêutica hospitalar. (BRASIL, 1994). É importante salientar que a farmácia hospitalar pode apresentar variações de uma entidade hospitalar para outra, dependendo das características específicas. A estrutura do setor e o desenvolvimento profissional do farmacêutico serão assuntos discutidos neste trabalho. O perfil ético e técnico deste profissional deve ser diferenciado, de modo que se garanta uma atuação de qualidade nos diversos setores hospitalares, por meio de equipe multidisciplinar. Ao trabalhar em algumas unidades hospitalares percebe-se que algumas farmácias não estão adequadas de acordo com os padrões da Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH). Em 2007 na cidade de Goiânia a SBRAFH reformulou os Padrões Mínimos para o funcionamento de uma farmácia hospitalar. Os parâmetros mínimos relatados foram com relação ao Ambiente da farmácia, pois esta deve ser localizada em área que facilite a provisão de serviços a pacientes e às unidades hospitalares. Ela deve contar com recursos de comunicação e transporte eficientes. Para o funcionamento de uma unidade de farmácia hospitalar devem existir no mínimo, os seguintes ambientes: Área para administração – Área para armazenamento, - Área de dispensação e orientação farmacêutica. Se existirem outros tipos de atividades tais com: manipulação magistral e oficinal, manipulação de desinfetantes, fracionamento, produção de kits e outras deverão existir ambientes específicos para uma destas atividades, atendendo a legislação pertinente. Os parâmetros para recursos humanos devem contar com farmacêuticos e auxiliares em numero adequado às atividades realizadas, de forma a proporcionar o desenvolvimento de processos seguros e sem sobrecarga ocupacional, respeitando limite de carga-horária semanal legalmente estabelecida. O número de farmacêuticos e auxiliares dependerá das atividades desenvolvidas da complexidade do 13 cuidado, do grau de informatização e mecanização da unidade. Então para as atividades de farmácia hospitalar recomenda-se de no mínimo 01 farmacêutico para cada 50 leitos e 01 auxiliar para cada 10 leitos. (SOCIEDADE..., 2008). Como requisito metodológico, optou-se pela revisão bibliográfica do tema abordado, além da pesquisa realizada com farmacêuticos e auxiliares de farmácia que trabalham nas unidades pesquisadas, para investigar se estas se encontram adequadas conforme os padrões da SBRAFH. Portanto, este trabalho pretende-se mostrar na prática, o que ocorre dentro do setor farmacêutico hospitalar e diante deste estudo, chegarem sugestões que contribuam para melhoramento desse setor. 14 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral • Analisar as Farmácias Hospitalares, em quatro hospitais, na Região Sertão Central, do Estado do Ceará. 2.2 Objetivos Específicos • Avaliar se as Farmácias Hospitalares atendem aos padrões mínimos preconizados pela Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar. • Conhecer a estrutura física, organizacional e sua inter-relação com os demais setores do hospital. • Acompanhar a logística da farmácia hospitalar através do processo de seleção, aquisição, armazenamento, administração e controle dos medicamentos. • Evidenciar a existência da Comissão de Controle de Infecção hospitalar; • Identificar se os processos logísticos são desenvolvidos pelo profissional farmacêutico. 15 3 REVISÃO DA LITERATURA 3.1 Breve Histórico da Farmácia Hospitalar As atividades farmacêuticas datam da época de gregos e troianos e, por muitos anos, foram confundidos com as atividades médicas, sendo separados somente alguns séculos depois. No segmento hospitalar, afirma-se que no começo do século XX, a Farmácia se apresentava como imprescindível ao funcionamento normal do hospital, talvez fosse à unidade mais evoluída, no seu antigo e verdadeiro conceito, sempre de presença obrigatória e jamais esquecida pelas administrações, pois mantinha seu papel na preparação de receitas magistrais e oficinais. (BRASIL, 1994). A partir de 1930, e de forma mais importante em meados de 1940, de modo crescente, acentuou-se a influência da indústria farmacêutica que levou a mudança do conceito de Farmácia, que de manipuladora ativa se transformava passivamente em simples dispensário de medicamentos, onde o corpo técnico de farmacêuticos foi sendo substituído por leigos. Isto ocorreu em todo o âmbito farmacêutico. A partir de 1950, os Serviços de Farmácia Hospitalar, representados na época pelas Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Escola, passaram a se desenvolver e a se modernizarem. (CONSELHO..., 2008). A primeira publicação a respeito da Farmácia Hospitalar no Brasil deve-se ao Professor José Sylvio Cimino, que muito lutou para a existência destas nas unidades hospitalares. De acordo com esta publicação e com a visão da época, o principal objetivo da Farmácia Hospitalar era produzir e distribuir medicamentos e produtos afins às unidades requisitantes e servir ao Hospital como órgão controlador da qualidade dos produtos, não só químicos como alimentícios adquiridos para seu consumo, assim como cooperar pelas suas seções competentes, nas pesquisas, diagnósticos e investigações científicas da entidade. Se até o início da década de 70, na Europa e nos Estados Unidos, os objetivos da Farmácia eram restritos, ficando apenas na obrigatoriedade de distribuir produtos industrializados aos pacientes, no Brasil não era diferente, e o farmacêutico hospitalar tinha como função o fornecimento dos medicamentos e o controle dos psicotrópicos e entorpecentes. Só a partir dos anos 90 a Farmácia Hospitalar brasileira passa a ser essencialmente assistencial e com um enfoque logístico muito importante. 16 Antes era raro encontrar um profissional farmacêutico atuando dentro dos hospitais, e os poucos que entravam nessa área tinham que descobrir, praticamente sozinhos, qual o seu papel dentro das instituições. Também não existia a disciplina “Farmácia Hospitalar” nas faculdades brasileiras, e os farmacêuticos que se destacavam na área aprendiam suas funções na prática, através da observação e do bom senso, ou recorriam a cursos no exterior para se aprimorar. Faltava aos brasileiros um referencial teórico e um fórum para que os problemas do setor pudessem ser discutidos. Era urgente a criação de uma entidade para congregar os profissionais e prepará-los para atuar num mercado crescente, onde a assistência e os cuidados integrais do farmacêutico são fundamentais. Surgia assim, em 21 de maio de 1995, a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH). (BRASIL, 1994). 3.2 Alguns Conceitos sobre Farmácia Hospitalar A Farmácia Hospitalar é um órgão de abrangência assistencial, técnico-científica e administrativa, em que se desenvolvem atividades ligadas à produção, armazenamento, controle, dispensação e distribuição de medicamentos e materiais médico-hospitalares. É igualmente responsável pela orientação de pacientes internos e ambulatoriais, visando sempre à eficácia da terapêutica, racionalização dos custos, voltando-se também para o ensino e a pesquisa, propiciando assim um vasto campo de aprimoramento profissional. Conforme Cimino (1973), Farmácia Hospitalar é definida como uma “Unidade tecnicamente aparelhada para prover às clínicas e demais serviços, dos medicamentos e produtos afins de que necessitam para seu normal funcionamento”. (BRASIL, 1994). A Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH) conceitua como “Uma unidade clínica administrativa e econômica, dirigida por profissional farmacêutico, ligada hierarquicamente à direção do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades de assistência ao paciente”. (SOCIEDADE..., 2008). 17 3.3 Estrutura Organizacional da Farmácia Hospitalar A estrutura organizacional de uma Farmácia Hospitalar depende do tipo de atendimento assistencial da Instituição, do número de leitos, das atividades da farmácia e dos recursos financeiros, materiais e humanos, disponíveis. Independentemente da complexidade da organização da farmácia, esta tem por funções essenciais, que para serem executadas precisam de profissionais com conhecimentos básicos teóricos e práticos para o bom desempenho das funções. A Farmácia Hospitalar deve ser considerada como um serviço clínico e hierarquicamente ligada à direção do hospital e ao serviço médico e não aos serviços de administração de materiais e patrimônio, como ocorre usualmente. (BRASIL, 1994). 3.3.1 Localização A localização da Farmácia Hospitalar deve ser em área de livre acesso e circulação, para que possa atender aos pacientes internados e ambulatoriais na distribuição de medicamentos e aos produtos farmacêuticos adquiridos para consumo. Esta também de vez em quando recebe visitas de técnicos e de fornecedores, daí a importância de uma boa localização. (BRASIL, 1994). 3.3.2 Área física preconizada pela SBRAFH Existem alguns fatores que podem condicionar o espaço necessário para uma farmácia, que são: tipo de hospital (geral ou especializado); número de leitos; localização geográfica; tipo de assistência prestada pelo hospital; tipo de compras efetuadas pela farmácia; tipos de atividades da farmácia. (BRASIL, 1994). Toda farmácia de hospital deve dispor de pelo menos algumas áreas consideradas essenciais, como: 3.3.2.1 Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) 18 Serve para garantir a correta conservação dos medicamentos, germicidas, correlato e outros materiais adquiridos, dentro dos padrões e normas técnicas específicas, que venham assegurar a manutenção das características e qualidade necessárias à sua correta utilização. A Central de Abastecimento Farmacêutico deve ter local e condições adequadas, além de acesso otimizado, que facilite o recebimento e a distribuição; instalação de água e eletricidade para o desempenho das atividades; eficiente sistema de comunicação entre todas as dependências do hospital; sistema de drenagem para prevenir inundações; divisão e portas que favoreçam a circulação e a liberdade de movimentos; equipamentos adequados a segurança contra incêndio e acidentes ocupacionais; localizado o mais próximo possível das unidades hospitalares; bom sistema de ventilação; pisos, paredes e teto laváveis, nãoumidificáveis, que permitam a correta limpeza; local com boa disposição dos produtos farmacêuticos e boas condições ambientais, em relação à temperatura, luz solar e umidade. Deverá estar organizacionalmente dividida em: recepção, armazenagem e distribuição. Medicamentos, correlatos, produtos inflamáveis, radiofármacos e outros, necessitam de condições específicas de armazenamento de acordo com as características físico-químicas destes, sendo conveniente a divisão em áreas isoladas: área de armazenagem geral, área de armazenagem de inflamáveis, área de armazenagem dos termolábeis e área de armazenagem de psicotrópicos e entorpecentes. (BRASIL, 1994). 3.3.2.2 Área de dispensação interna Deve permitir dispensar corretamente os medicamentos, segundo as exigências do sistema de distribuição adotado. De qualquer forma, precisa de espaço para análise das prescrições para a guarda dos produtos dispostos de forma a facilitar a separação e preparação das doses200. (BRASIL, 1994). 3.3.2.3 Área de produção/manipulação - farmacotécnica 19 Esta área deverá dispor de equipamentos específicos, convenientemente instalados cujos graus de complexidade e de desenvolvimento estejam em consonância com os medicamentos e germicidas manipulados. (BRASIL, 1994). 3.3.2.4 Centro de Informações de Medicamentos (CIM) Não é obrigatório o CIM estar situado na área da farmácia, mas deve ser de fácil acesso à equipe de saúde do hospital, já que difundir informações objetivas e esclarecedoras é tão importante quanto distribuir corretamente os próprios medicamentos. O Centro de Informação de Medicamentos deve reunir condições de fornecer informações referentes a medicamentos, germicidas e correlatos, segundo as necessidades do Serviço de Controle de Infecções Hospitalares. (BRASIL, 1994). 3.3.2.5 Área administrativa Nesta área são realizadas as atividades da aquisição de medicamentos, controle de estoques, estudos de consumo e custos, previsão das atividades, enfim, onde são analisadas todas as ações realizadas na farmácia. 3.3.3 Recursos humanos A Farmácia Hospitalar deverá estar dotada de farmacêuticos, técnicos e auxiliar de farmácia, em número suficiente para exercer as funções que se queiram desenvolver de acordo com o plano de prioridades assistenciais do hospital. Deve estar sob a responsabilidade de um farmacêutico habilitado legalmente e especializado em Farmácia Hospitalar, que deve prestar assistência total ao hospital. Para isso é necessário que conforme o tamanho do hospital exista vários farmacêuticos para que a Farmácia Hospitalar sempre tenha um farmacêutico presente. A atualização, tanto dos farmacêuticos como dos seus auxiliares, deve contemplar conhecimentos gerais de epidemiologia e análise de custos tangíveis e intangíveis das 20 infecções hospitalares. A correta compreensão destes elementos é fundamental para inserção e integração da Farmácia Hospitalar no programa institucional de controle de infecção. 3.3.4 Informática O sistema de saúde é complexo e com muitos componentes, gerando grande número de funções, o que se torna inexeqüível sem que exista um processador e um controlador mecânico de dados. Por isso é de suma importância a informatização na farmácia hospitalar. Na Farmácia Hospitalar existem muitas áreas onde a melhora da qualidade e a produtividade, podem estar associadas à utilização de um sistema eficiente e mecânico de processamento e controle de dados. A gestão dos estoques da farmácia hospitalar é a acumulação estocada de recursos transformados de uma operação, por um lado, eles são custosos e representam riscos, mas por outro lado, proporcionam certo nível de segurança em ambientes complexos e incertos. Em resumo, as funções do controle de estoque são: determinar quanto e quando comprar, Acionar o setor de compras, determinarem o que deve permanecer estocado, controlar quantidades e valores estocados, identificar e retirar do estoque itens obsoletos ou danificados, realizar inventários periódicos. No que diz respeito e de maneira geral, as farmácias hospitalares são obrigadas a trabalhar com estoques altos que abrigam uma grande diversidade de produtos que dificultam o planejamento de ressuprimento e aliado a isso, alguns problemas são verificados: A maioria dos profissionais responsáveis por gerenciar estes estoques não possui qualificação adequada, e muitas vezes o controle e as tomadas de decisão são feitos sem o uso de sistemas computacionais específicos de suporte á decisão. È por isso nos últimos anos o setor de estoque de compras das farmácias hospitalares vem sofrendo profundas transformações, tendo sempre com suporte técnico grandes programas de informática e melhorando a questão da logística. 21 3.3.5 Inter-relações com outros setores do hospital A Farmácia Hospitalar deve manter um relacionamento de cooperação com todos os serviços do hospital e, especialmente com aqueles cujas funções fazem interligações entre suas atividades. Essa inter-relação deve ocorrer, por exemplo: com a equipe de enfermagem responsável pelos cuidados diretos aos pacientes hospitalizados, dispondo, no desempenho de suas atividades a necessidade indispensável do contato permanente com a equipe da farmácia na administração de medicamentos e na fámacovigilância com a detecção precoce das reações adversas, entre outros. A inter-relação com a equipe de saúde (clínica e cirúrgica) se dá através dos subsídios que o Centro de Informações de Medicamentos pode repassar. Com a Administração do Hospital ocorrem por intermédio do acompanhamento de todos os processos de aquisição, distribuição e controle dos medicamentos, insumos e correlatos. Com isso, pode-se perceber que a Farmácia Hospitalar não é uma área isolada, mas um importante serviço na assistência ao paciente hospitalizado. (CONSELHO..., 2008). 3.4 A Farmácia Hospitalar e suas Funções Básicas A Farmácia Hospitalar moderna tem como objetivo promover o uso racional do medicamento sustenta seu trabalho em cinco pilares fundamentais, que são: seleção de medicamentos, germicidas e correlatos; aquisição, conservação e controle de medicamentos selecionados; manipulação/produção de medicamentos, germicidas - farmacotécnica; estabelecimento de um sistema racional de distribuição de medicamentos; implantação de um sistema de informação sobre medicamentos. Esses cinco pilares constituem as funções que poderiam ser classificadas como prioritárias na Farmácia Hospitalar, já que qualquer outra atividade deverá sustentar-se em uma ou várias destas funções. Uma vez consolidadas as cinco funções que se consideram prioritárias na Farmácia Hospitalar, podem-se desenvolver programas ou outras ações tendentes a conduzir ao emprego seguro e eficaz dos medicamentos, tais como: • Estudos de utilização de medicamentos; • Participação na elaboração de protocolos terapêuticos; • Desenvolvimento de programas de farmacocinética clínica; 22 • Participação em programas de fármacovigilância; • Desenvolvimento de programas de farmácia clínica; • Desenvolvimento de programas de suporte nutricional; • Desenvolvimento de programas que visem à implantação de central de misturas intravenosas a central de diluição, entre outros. (SANTOS, 2006). As funções básicas da Farmácia Hospitalar serão listadas a seguir: 3.4.1 Seleções de medicamentos, germicidas e correlatos A seleção de medicamentos é definida como um processo contínuo, literativo, multidisciplinar e participativo, que determina e assegura os níveis de acesso aos medicamentos necessários ao sistema de saúde. O processo baseia-se em critérios científicos e econômicos e fornece elementos necessários ao uso racional de medicamentos. (CONSELHO..., 2008). No hospital, estas ações estão vinculadas às atividades desenvolvida pela Comissão de Farmácia e Terapêutica. Em nosso país, muitas vezes, o processo é realizado pela Farmácia Hospitalar, tendo a necessidade de participação multidisciplinar, visando maior alcance de todos. A seleção de germicidas obedece ao mesmo processo realizado com os medicamentos. A escolha dos produtos e os critérios de utilização devem ser estabelecidos conjuntamente pela Comissão/Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e a Farmácia Hospitalar. Na seleção de germicidas é necessário o conhecimento sobre a composição, mecanismo de ação, indicações e contra-indicações de uso dos produtos. Na seleção de correlatos, é necessário observar o disposto na legislação vigente. Estes dados fazem parte da Portaria Conjunta nº 1 da Secretaria de Vigilância Sanitária e Secretaria de Assistência à Saúde, de 17 de maio de 1993. O processo de seleção de correlatos exige conhecimento dos seguintes fatores para a decisão: descrição sumária do produto; objetivo do produto; apresentação; classificação e uso único. (CONSELHO..., 2008). 23 3.4.2 Aquisições, armazenamento e conservação de medicamentos, germicidas e correlatos A aquisição de medicamentos, germicidas e correlatos selecionados para uso hospitalar, constitui-se num processo ligado às decisões relativas à qualidade, e aos fatores de custo, além de relacionar-se ao gerenciamento da produção, fracionamento e controle dos mesmos, quando passíveis de semi-industrialização pela Farmácia Hospitalar. O processo de aquisição tem caráter multidisciplinar e deve ser avaliado por uma Comissão de Parecer Técnico ou por delegação de competência a especialistas. Em conjunto com as funções de logística, o processo de aquisição deve evitar a ruptura dos níveis de estoque, o que determina a interrupção das atividades assistenciais. Para tanto, o sistema de informações deve monitorizar todo o processo a que está submetido cada artigo armazenado ou em aquisição, com o objetivo de manter estoques contínuos. Na aquisição de medicamentos, o conhecimento detalhado sobre o fabricante e o cumprimento das Boas Práticas de Fabricação deve ser considerado como critério na escolha do produto a ser adquirido. (CONSELHO..., 2008). Os germicidas possuem aspectos específicos a serem considerados na aquisição, e os correlatos necessitam de registro conforme estipulado na legislação (Portaria Conjunta nº 1/93), em que estão categorizados os tipos estabelecidos e os cuidados pertinentes e cada um. Além dos aspectos legais, é necessário testar o correlato em uso, pois mesmo produtos registrados podem apresentar problemas na sua utilização, para isso, alguns aspectos importantes devem ser observados, sendo: qualidade, segurança, simplicidade, serviço e parecer. (CONSELHO..., 2008). Todos os produtos são armazenados obedecendo às condições técnicas ideais de luz, temperatura e unidade, em uma central de abastecimento farmacêutico. A armazenagem é uma atividade de importância fundamental na assistência farmacêutica hospitalar e tem como objetivo básico garantir a conservação dos medicamentos, germicidas, correlatos e outros materiais adquiridos, dentro de padrões e normas técnicas específicas, que assegurem a manutenção das características e qualidade necessárias à correta utilização. (CONSELHO..., 2008). Os produtos devem ser dispostos de forma a garantir inviolabilidade, características físico-químicas, observação dos prazos de validade, com a manutenção da qualidade dos produtos. (CONSELHO..., 2008). 24 A redução do custo dos estoques da farmácia hospitalar é conseguida através do adequado abastecimento em produtos e serviços utilizando, se possível, processos que permitam sua padronização. (CONSELHO..., 2008). Padronizar medicamentos significa escolher, dentre uma relação de produtos e de acordo com determinadas especificações, aqueles que atendam às necessidades de cobertura terapêutica da população-alvo que se deseja tratar. 3.4.3 Manipulação/produção de medicamentos e germicidas: farmacotécnica Uma Farmácia Hospitalar deve estar preparada para manipular determinadas preparações farmacêuticas necessárias ao hospital, na forma de dosificação eficaz e segura, com apresentação adequada s seção responsável por esta atividade é a Farmacotécnica. A unidade de farmacotécnica da Farmácia Hospitalar pode realizar atividades através de várias áreas distintas, para alcançar seus objetivos buscando atingir uma mecânica de funcionamento que permita: • Fomentar a responsabilidade das pessoas que participam da elaboração e controle dos medicamentos; • Seguir de forma detalhada, a trajetória de fabricação, manipulação ou fracionamento de cada medicamento ou produto com qualidade garantida; • Reduzir os desvios da qualidade ao mínimo possível; • Identificar a origem e as características concretas de qualquer produto. (BRASIL, 1994). Além disso, o setor de análise e controle da qualidade deve possuir área própria sob a responsabilidade de um farmacêutico, diferente daquele que se ocupa da produção. Dispor de informações atualizadas é pré-requisito para atuar nas atividades típicas de uma seção de farmacotécnica. Embora estas informações encontrem-se dispersas em um número considerável de livros e revistas, é possível fazer uma seleção de publicações que constituem uma documentação mínima, cuja consulta permite resolver boa parte dos problemas mais freqüentes. (BRASIL, 1994). 25 3.4.4 Distribuições de medicamentos, germicidas, correlatos e controle de consumo Quanto maior for à eficiência e eficácia do sistema de distribuição de medicamentos, maior contribuição será prestada para garantir o sucesso das terapêuticas e profilaxias instauradas. O controle da prescrição de medicamentos de uso restrito como antibacterianos antivirais e antifúngicos, está relacionado com a dispensação destes. O controle da distribuição de germicidas, conforme o nível de atividades determinadas pelas rotinas instituídas pelo Serviço de Controle de Infecções Hospitalares é fundamental, para que somente pessoas treinadas tenham acesso aos mesmos. O uso indiscriminado de germicidas pode contribuir para a má utilização e desenvolvimento de resistência cruzada com antimicrobianos. (CONSELHO..., 2008). Existe um método farmacêutico de dispensação e controle de medicamentos em instituições de saúde chamado Sistema de Distribuição de Medicamentos por Dose Unitária (SDMDU). Pode diferir na forma de execução, dependendo das condições e necessidades institucionais. (CONSELHO..., 2008). Os elementos principais que distinguem o SDMDU dos sistemas tradicionais são medicamentos contidos em embalagens unitárias, dispostos conforme o horário de administração e prontos para serem administrados segundo a prescrição médica, individualizados e identificados para cada paciente. Sua distribuição pode ser em embalagem plástica, com separações obtidas por solda ou em escaninhos adaptáveis a carros de medicamentos adequados ao sistema de distribuição. (CONSELHO..., 2008). O sistema de distribuição de correlatos pode estar incluído nas atividades do setor de dispensação ou da Central de Abastecimento Farmacêutico, segundo a realidade de cada instituição. (CONSELHO..., 2008). No sistema coletivo, pode-se ter a simples solicitação das unidades de internação ou de cirurgia, diretamente ao centro distribuidor, sem controle algum. Também pode ser efetuado através de estoque por unidade assistencial, onde são estabelecidos quais produtos podem ser dispensados a cada unidade e suas quantidades máximas e mínimas. A reposição pode ser efetuada através de solicitação do pessoal de enfermagem ou automaticamente pela Farmácia Hospitalar, mediante controle dos estoques de todas as unidades. (CONSELHO..., 2008). 26 No sistema de prescrição individualizada, podem-se dispensar alguns produtos segundo a prescrição médica e em outros, conforme a solicitação da enfermagem. O sistema de distribuição de germicidas deve estar baseado nas rotinas estabelecidas pelo Programa de Controle de Infecções Hospitalares e ser integrante das ações e rotinas permanentes do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar. (CONSELHO..., 2008). Além das funções básicas e clínicas, o serviço de farmácia terá, obrigatoriamente, que desenvolver atividades educacionais e de pesquisas e participar ativamente nas Comissões de Farmácia Terapêutica, Controle de Infecção Hospitalar, Suporte Nutricional de Parecer Técnico para o aprimoramento da assistência farmacêutica hospitalar. (CONSELHO..., 2008). 3.5 O Profissional Farmacêutico Embasado na concepção generalista da atuação farmacêutica tendo o medicamento como foco central da sua atuação inserindo-se no contexto do sistema de saúde como o profissional responsável pelos diferentes aspectos da preparação e dispensação de medicamentos. Nesta face da profissão a atenção farmacêutica apresenta-se como um saber e uma área de atuação onde o farmacêutico tem uma importância fundamental na assistência primária a saúde. 3.5.1 Perfil do farmacêutico hospitalar A Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1997, criou um documento destacando algumas qualidades que o farmacêutico deve apresentar. Esse documento foi intitulado “O Papel do Farmacêutico no Sistema de Atenção à Saúde”. Esse profissional ao apresentar todas essas qualidades é chamado de Farmacêutico sete estrelas. As qualidades necessárias para prestador de serviços farmacêuticos em uma equipe de saúde; é que ele seja capaz de tomar decisões; ser comunicativo; ter espírito de liderança; gerente; estar atualizado permanentemente; além de ser educador. O farmacêutico hospitalar deve estar habilitado a ser o responsável por todo fluxo logístico de medicamentos e materiais médico-hospitalares, além do exercício da Assistência Farmacêutica. (SOCIEDADE..., 2008). É um profissional que, habilitado com o grau de especialista, é responsável pela problemática do medicamento em nível hospitalar, orientando-se para o exercício em áreas 27 profissionais específicas, preconizadas a nível mundial como sendo parte integrante do exercício farmacêutico hospitalar: organização e gestão, distribuição e informação, farmacotecnia, controle de qualidade, fármacovigilância, ensaios clínicos em meio hospitalar, farmacocinética, radiofarmácia, atividades complementares da designada farmácia clínica e atenção farmacêutica. (CONSELHO..., 2008). 3.5.2 Atribuições do farmacêutico As principais atribuições do farmacêutico dentro das instituições hospitalares, que em relação às características e a complexidade delas, podem ser necessárias a participação em outras atividades. (CONSELHO..., 2008). a) Planejamento, aquisição, armazenamento, distribuição e descarte de medicamentos e materiais médico-hospitalares: O farmacêutico é o responsável legal por todo o fluxo do medicamento dentro da unidade hospitalar, tendo papel fundamental na seleção de medicamentos (padronização), elaboração de normas e controles que garantam a sistemática de distribuição e critérios de qualificação de fornecedores. (CONSELHO..., 2008). b) Manipulação de fórmulas magistrais e oficinais; Proporcionar a qualquer momento, medicamentos com qualidade aceitável, adaptados à necessidade da população que atende contribuir com as demais áreas da Farmácia Hospitalar, desenvolver fórmulas de medicamentos e produtos de interesse estratégico e/ou econômico, fracionar e/ou “reenvasar” medicamentos elaborados pela indústria farmacêutica a fim de racionalizar sua administração e distribuição e ainda preparar, diluir ou “reenvasar” germicidas necessários para realização de anti-sepsia, limpeza, desinfecção e esterilização. (CONSELHO..., 2007). c) Produção de medicamentos: Farmácia Hospitalar com escala produtiva industrial: segue todos os procedimentos da industrialização de produtos farmacêuticos com a exigência de existência e cumprimentos das Boas Práticas de Fabricação. A produção de medicamentos em alguns hospitais visa atender a demanda da instituição, geralmente restringe-se aos órfãos terapêuticos. (CONSELHO..., 2008). 28 d) Pesquisas e atividades didáticas: Toda farmácia hospitalar deve possuir manual (is) de normas, rotinas e procedimentos documentado(s), atualizado(s), disponível (is) e aplicado(s); estatísticas básicas para o planejamento de melhorias; programa de capacitação e educação permanente; evidências de integração com outros processos e serviços da Organização. O ensino se faz presente nos hospitais através da realização de estágios curriculares de cursos de Farmácia ou especialização em Farmácia. Quanto maior a difusão do conhecimento, maior a capacitação e o prestígio do farmacêutico perante a comunidade hospitalar. Os farmacêuticos do hospital devem assumir funções e outros de nível superior, nível médio e auxiliar de saúde que visem aprofundar o conhecimento sobre o emprego racional de medicamentos, a utilização correta dos germicidas e o uso adequado dos correlatos e demais temas que possam melhorar a qualidade da assistência e prevenir as infecções hospitalares. (CONSELHO..., 2008). e) Gerenciamento de Resíduos: Apresenta como principal objetivo minimizar a produção de resíduos e proporcionar um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando a proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. (CONSELHO..., 2008). f) Farmácia Clínica: Segundo o Comitê de Farmácia Clínica da Associação Americana de Farmacêuticos Hospitalares, esta área pode ser definida como: Ciência da Saúde cuja responsabilidade é assegurar mediante aplicação de conhecimentos e funções que o uso do medicamento seja seguro e apropriado, necessitando, portanto, de educação especializada e interpretação de dados, motivação pelo paciente e interação multiprofissional. (CONSELHO..., 2008). g) Farmacovigilância: Seus objetivos se resumem em: identificar os efeitos indesejáveis desconhecidos, quantificar e identificar os fatores de risco, informar e educar os profissionais sanitários e a população, além de subsidiar as autoridades sanitárias na regulamentação, aumentando a segurança na utilização dos medicamentos. (CONSELHO..., 2008). 29 h) Tecnovigilância: Vem a ser o acompanhamento do uso de materiais e equipamentos médico-hospitalares, em especial quanto a sua eficácia, adequação ao uso e segurança. Entre as competências da tecnovigilância incluem-se: (CONSELHO..., 2008). 1) Monitorar, agregar e analisar as notificações de queixas técnicas e ocorrência de eventos adversos com suspeita de envolvimento de equipamentos, produtos de diagnósticos de uso in vitro e materiais de uso em saúde em estabelecimentos sujeitos à vigilância sanitária. 2) Fomentar estudos epidemiológicos que envolvam equipamentos, produtos de diagnósticos de uso in vitro e materiais de uso em saúde. 3) Identificar e acompanhar a presença no mercado de equipamentos, produtos de diagnósticos de uso in vitro e materiais de uso em saúde tecnologicamente obsoletos que comprometam a segurança e a eficácia. i) Fármacoeconomia: definida como a descrição, a análise e a comparação dos custos e das conseqüências das terapias medicamentosas para os pacientes, os sistemas de saúde e a sociedade, com o objetivo de identificar produtos e serviços farmacêuticos, cujas características possam conciliar as necessidades terapêuticas com as possibilidades de custeio. Propõe o trabalho integrado nas áreas clínica e administrativa. (CONSELHO..., 2008). j) Comissões Hospitalares: Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH): O farmacêutico nesta comissão desenvolverá: guia de utilização de antimicrobianos, manual de germicidas, indicadores de controle de infecção e sensibilidade dos antimicrobianos, consumo e taxa de letalidade; monitorização das prescrições de antimicrobianos; controle de utilização de resistência antimicrobiana e estabelecer rotina de dispensação de antimicrobianos; controle de custos; estímulo à terapia seqüencial; elaboração de relatórios de consumo e educação permanente da equipe de saúde. (CONSELHO..., 2008). Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT): elaborar política de dispensação de medicamentos e atualizar a padronização e aplicação conforme a instituição; fixar critérios para obtenção de medicamentos que não constem na padronização; validar protocolos de tratamento elaborados por diferentes serviços clínicos; aumentar a investigação sobre a utilização de medicamentos; participar ativamente de educação permanente em terapêutica 30 dirigida à Equipe de Saúde e; assessorar todas as atividades relacionadas à promoção do uso racional. (CONSELHO..., 2008). Comissão Técnica de Análise de Compras (CTAC): elaborar editais de compras e especificação técnica e participar de licitações e aquisições fazendo avaliação técnica. (CONSELHO..., 2008). Comissão de Ética e Pesquisa (CEP): emitir parecer ético sobre os projetos de pesquisa; manter-se atualizado no que se refere às normas nacionais e internacionais pertinentes à ética nas pesquisas, buscando conhecimento e aprimoramento contínuo sobre ensaios clínicos e legislações pertinentes. (CONSELHO..., 2008). Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN): preparação das nutrições parenterais; avaliar o estado nutricional do paciente; desenvolver e aplicar o plano terapêutico; manutenção do suporte e padronizar e reavaliar práticas nutricionais. (CONSELHO..., 2008). Equipe Multidisciplinar de Terapia Antineoplásica (EMTA): preparação dos quimioterápicos; atuação no suporte e; atuação na farmacoterapia. (CONSELHO..., 2008). Comissão de Farmacovigilância/Tecnovigilância: detectar de forma precoce os efeitos indesejáveis; apontar reações adversas além daquelas já conhecidas; oferecer informações educativas aos profissionais de saúde do hospital; dispor de protocolos de tratamento ou prevenção para estas reações; monitorar as notificações de queixas técnicas ligadas aos materiais médicos hospitalares e acompanhar o desenvolvimento tecnológico ligado aos materiais de uso em saúde. (CONSELHO..., 2008). 31 4 METODOLOGIA 4.1 Desenho do Estudo Trata-se de um estudo quantitativo, realizado em quatro hospitais da Região Sertão Central do Estado do Ceará. A pesquisa teve por finalidade analisar as Farmácias Hospitalares dessas instituições, tendo como parâmetro os padrões mínimos preconizados pela Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar. 4.2 Local do Estudo • Hospital A – Localiza-se a 280Km de Fortaleza, possui 60 leitos, atendimento secundário, realizando cirurgias, com aproximadamente 50 funcionários. • Hospital B – Localiza-se a 298Km de Fortaleza, possui 25 leitos, atendimento secundário, com aproximadamente 40 funcionários. • Hospital C – Localiza-se a 320Km de Fortaleza, possui 35 leitos, atendimento secundário, com aproximadamente 40 funcionários. • Hospital D – Localiza-se a 310Km de Fortaleza, possui 20 leitos, atendimento secundário, com aproximadamente 20 funcionários. 4.3 Coleta e Análise dos Dados A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário com perguntas fechadas, (Apêndice A) aplicado pelo pesquisador nas instituições de saúde. Os sujeitos foram os Farmacêuticos ou Auxiliares de Farmácia, quanto à unidade não disponha desse profissional. Os dados foram coletados em três hospitais públicos e um hospital filantrópico, localizados na região do Sertão Central, em outubro de 2008 e analisados de maneira quantitativa, na forma descritiva e apresentados através de tabelas e gráficos. 32 4.4 Aspectos Éticos A pesquisa contou com o consentimento da administração dessas unidades de Saúde para o livre acesso e a aplicação do instrumento de pesquisa. Os aspectos éticos da pesquisa foram de Saúde rigorosamente seguidos. 33 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES Questão 1 – A Unidade de Farmácia Hospitalar tem como gerente um Farmacêutico habilitado? A entrevista revela que nos hospitais pesquisados e de natureza pública existe farmacêuticos atuando na gerência da farmácia hospitalar apesar destes atuarem também no laboratório de Análises. No hospital Filantrópico analisado verificou-se não existir Farmacêutico, tendo sido alegado: liminar judicial amparando esta unidade, carência de recursos financeiros. Desta forma a inexistência do farmacêutico hospitalar fere os padrões mínimos estabelecidos pela SBRAFH. 1 0,8 0,6 SIM 0,4 0,2 0 FILANTRÓPICO PÚBLICO (B) (A) PÚBLICO C) PÚBLICO (D) Gráfico 1 – Distribuição dos hospitais do Sertão Central quanto ao aspecto jurídico e disponibilidade do farmacêutico hospitalar no ano de 2008 Fonte: Dados da Pesquisa. Questão 2 – A Farmácia Hospitalar possui programa de informática para o controle de estoque? A pesquisa constatou que todas as farmácias hospitalares têm programas de informática para controlar estoques (entradas e saídas de medicamentos), inclusive os medicamentos de controle especial da Portaria 344/98 do Ministério da Saúde. Sendo esse recurso tecnológico de grande importância nos processo de logística dentro dos hospitais públicos, pois, nestes o farmacêutico desponta como o ator principal em tal processo. No filantrópico o programa de informática serve apenas para controle de estoque. 34 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 SIM FILANTRÓPICO PÚBLICO (B) (A) PÚBLICO C) PÚBLICO (D) Gráfico 2 – Distribuição das farmácias dos hospitais do Sertão Central quanto à disponibilidade de programa de informática para controle de estoque no ano de 2008 Fonte: Dados da Pesquisa. Questão 3 – As prescrições médicas são aviadas por farmacêutico? Nos hospitais públicos as prescrições são aviadas por farmacêuticos, apesar de não terem a dedicação exclusiva, pois atuam em outros setores do município, mas todos os prontuários são analisados e dispensados a medicação correta, ás vezes, até é preciso contato com a direção clinica para se discutir a permuta de alguma medicação. No Hospital Filantrópico, pela ausência farmacêutica esta atividade inexiste, sendo a medicação aviada para as clínicas por auxiliar de farmácia. 1 0,8 0,6 0,4 SIM 0,2 0 FILANTRÓPICO PÚBLICO (B) (A) PÚBLICO C) PÚBLICO (D) Gráfico 3 – Distribuição dos hospitais quanto à realização do aviamento pelo farmacêutico, ano de 2008 Fonte: Dados da Pesquisa. 35 Questão 4 – A Unidade de Farmácia Hospitalar tem como princípios básicos a garantia do acesso e uso racional do medicamento? Com relação à Assistência Farmacêutica dentro dos hospitais, os princípios que norteiam são: a garantia do acesso e uso racional de medicamentos, sendo observado dentro das unidades públicas, quanto no Filantrópico. Os pacientes recebem uma atenção especial, vendo sempre o melhor, e visando a qualidade na Assistência. 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 SIM FILANTRÓPICO (A) PÚBLICO (B) PÚBLICO C) PÚBLICO (D) Gráfico 4 – Distribuição dos hospitais quanto aos princípios básicos de garantia de acesso e uso racional do medicamento, ano de 2008 Fonte: Dados da Pesquisa. Questão 5 – A Farmácia Hospitalar Desenvolve Sistema de Fármacovigilância? Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), Farmacovigilância compreende a ciência e as atividades relacionadas à detecção, avaliação, compreensão dos efeitos adversos ou outros problemas relacionados a medicamentos. Ela se constitui numa estratégia essencial para a promoção do uso racional de medicamentos e traz impacto direto nas políticas de prevenção de danos através da informação isenta aos profissionais de saúde, órgãos reguladores e usuários. Na pesquisa revela que as ações acima descritas não estão contempladas. 36 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 NÃO FILANTRÓPICO (A) PÚBLICO (B) PÚBLICO C) PÚBLICO (D) Gráfico 5 – Distribuição dos hospitais quanto ao desenvolver sistema de fármacovigilância ano de 2008 Fonte: Dados da Pesquisa. Questão 6 – A Farmácia Hospitalar apresenta padronização de medicamentos? Foi constatada nos hospitais a existência de seleção padronizada de medicamentos, possibilitando assim, a utilização de medicamentos de valor terapêutico comprovado e seguro. Foi constatado que no hospital Filantrópico esta padronização existe, mas há algum tempo não é atualizada. Tendo sido elaborada apenas pela direção clínica, sem a participação dos demais profissionais de saúde, inclusive o farmacêutico. Nos hospitais públicos a mesma foi elaborada pelo farmacêutico e direção clinica e sempre que possível sofre alterações visando sempre à qualidade da atenção dos pacientes. 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 SIM FILANTRÓPICO PÚBLICO (B) (A) PÚBLICO C) PÚBLICO (D) Gráfico 6 – Distribuição dos hospitais quanto à padronização de medicamentos, ano de 2008 Fonte: Dados da Pesquisa. 37 Questão 7 – A unidade de Farmácia Hospitalar está contemplada na estrutura administrativa do Hospital? Verificou-se que as farmácias hospitalares tanto públicas quanto a Filantrópica, apresentam-se na estrutura organizacional dos hospitais, sendo vistos nos organogramas das unidades. Nos hospitais públicos, a farmácia hospitalar está ligada diretamente na direção administrativa e clínica, tendo o respaldo perante a direção administrativa. No hospital filantrópico pesquisado, a farmácia por não ter farmacêutico está ligada diretamente à direção clínica e esta administra as ações da farmácia do hospitalar. . 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 SIM FILANTRÓPICO PÚBLICO (B) (A) PÚBLICO C) PÚBLICO (D) Gráfico 7 – Distribuição das Farmácias Hospitalares quanto a estrutura administrativa do hospital, ano de 2008 Fonte: Dados da Pesquisa. Questão 8 – A Farmácia Hospitalar apresenta áreas definidas? Como preconiza a SBRAFH, em um serviço de farmácia hospitalar deve existir parâmetro mínimo para o ambiente, estar localizada em área que facilite a provisão de serviços a pacientes, contar com recursos de comunicação e transporte eficientes. Sendo preconizadas no mínimo as seguintes áreas: Administração, Armazenamento, Dispensação e Orientação Farmacêutica. Na pesquisa se verificou que no Hospital Filantrópico, não existe todos estas áreas. Nos Hospitais Públicos apesar dos ambientes serem pequenos verifica-se a presença dos ambientes acima citados. 38 Tabela 1 – Quanto aos ambientes mínimos das Farmácias Hospitalares preconizados pela SBRAFH nos hospitais pesquisados Administração Armazenamento Dispensação e Orientação Farmacêutica Hospital Filantrópico Não Não Não Hospital Público 1 Sim Sim Sim Hospital Público 2 Sim Sim Sim Hospital Público 3 Sim Sim Sim Fonte: Dados da Pesquisa. Questão 9 – Os processos de logística são acompanhados por profissional farmacêutico qualificado? Em relação aos processos de logística, sabe-se que é vital não só para o funcionamento dos hospitais, mas para todas as organizações, principalmente nas atividades com insumos de especificidades elevadas, como é o caso nas farmácias hospitalares, devendo ser acompanhada por um farmacêutico qualificado. Verificou-se no hospital filantrópico a ausência do farmacêutico nos processos de logística sendo os mesmos realizados pela direção administrativa e clinica do hospital, muitas vezes o único parâmetro usado nas compras é a questão de preços mais baixos, o que pode comprometer a eficácia terapêutica. Nos hospitais públicos pesquisados a presença do farmacêutico tem sido de grande importância, pois o mesmo atua de forma intensa no processo de logística. 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 SIM FILANTRÓPICO (A) PÚBLICO (B) PÚBLICO C) PÚBLICO (D) Gráfico 8 – Distribuição dos Hospitais quanto ao acompanhamento do Farmacêutico nos processos de Logística Fonte: Dados da Pesquisa. 39 Questão 10 – A Farmácia Hospitalar desenvolve ação junto a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do hospital e faz estudos sobre as reações adversas? Com relação à Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, verificou-se nos hospitais públicos pesquisados, que a farmácia hospitalar compõe esta comissão com o farmacêutico fazendo inclusive parte da mesma, com isso é verificado a diminuição do risco de acontecer um aumento das infecções e também manter a microbiota do hospital sensível a antibioticoterapia existente no hospital. No hospital filantrópico esta comissão não existe, aumentando o risco de infecções para os pacientes. Com relação às Reações Adversas ao Medicamento (RAM), esta caracteriza-se por uma resposta ,não intencional e não desejada a medicamentos administrados em doses terapêuticas, normalmente utilizadas em seres humanos, para profilaxia, diagnostico, tratamento de doenças ou modificação de função fisiológica. Nos hospitais pesquisados os sujeitos relataram não existir este tipo de estudo, por existe carência de pessoal, principalmente farmacêuticos, devido este tipo de estudo ser complexo e necessitar de instrumentos para a realização. 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 SIM FILANTRÓPICO (A) PÚBLICO (B) PÚBLICO C) PÚBLICO (D) Gráfico 9 – Distribuição dos hospitais com relação ao farmacêutico nas ações junto a CCIH, no ano de 2008 Fonte: Dados da Pesquisa. 40 6 CONCLUSÕES Os dados apresentados e discutidos permitem evidenciar que a farmácia hospitalar está presente tanto no hospital público como no filantrópico. Pode-se constatar que as Farmácias Hospitalares pesquisadas, dos Hospitais da Região do Sertão Central do Ceará, quando pertencentes à rede pública estão em melhor condição de funcionamento, possuindo áreas definidas para administração, armazenamento, dispensação e orientação farmacêutica. As Farmácias dos Hospitais Públicos contam com farmacêutico, atuando de forma concreta na Comissão de Infecção hospitalar, realizando o aviamento das prescrições médicas fornecendo informações detalhadas sobre os medicamentos e também participando ativamente nos processos de logística. Presta informações sobre o medicamento aos demais profissionais de saúde dentro do hospital e à população. 41 7 SUGESTÕES Que diretores das Instituições de Saúde pesquisadas, sejam sensibilizados, no sentido de adequar as Farmácias Hospitalares aos Padrões Mínimos, preconizados pela Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar. Esta adequação irá permitir a Farmácia Hospitalar contribuir de maneira adequada e efetiva para o trabalho médico hospitalar e a recuperação do paciente, tornando-se atuantes e indispensáveis as ações preconizadas para as unidades hospitalares. 42 REFERÊNCIAS BISSON, M. P. Farmácia clínica & atenção farmacêutica. São Paulo: Medfarma, 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Farmacopéia brasileira. Brasília, DF, 2008. ______. Guia básico para a farmácia hospitalar. Brasília, DF, 1994. CAVALLINI, M. E. Farmácia hospitalar: um enfoque em sistemas de saúde. São Paulo: Manole, 2002. CIMINO, J. S. Iniciação à farmácia hospitalar. São Paulo: Artpress, 1973. CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA (São Paulo). Farmácia Estabelecimento de saúde. Disponível em: <http://www.crfsp.org.br/joomla>. Acesso em: 20 abr. 2008. FERNENDES, A. T.; FERNANDES, M. O. V.; RIBEIRO FILHO, N. Infecção hospitalar: suas interfaces na área de saúde. São Paulo: Atheneu, 2001. V. 2. FONSECA, A. L. da. Interações medicamentosas. 2. ed. Rio de Janeiro: Publicações Científicas, 1994. GOMES, M. J. V. M.; REIS, A. M. M. Ciências farmacêuticas: uma abordagem em farmácia hospitalar. Atheneu, 2001. KIMBELL, K. H. Thirty years after thalidomide: still plenty to do. International Journal of Rysk and Safety in Medicine, v. 4, n. 1, p. 12, 1993. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ct/pdf/ALFREDO%20BRASIL_monografia.pDF>. Acesso em: 10 mar. 2008. MAIA NETO, J. F. Farmácia hospitalar: um enfoque sistêmico. Brasília, DF: Thesaurus, 1990. 123 p. MAIA NETO, J. F. (Org.). Farmácia hospitalar e suas interfaces com a saúde. São Paulo: Rx, 2005. 43 OLIVEIRA, A. P. Farmacêutico hospitalar Disponível em: <http://www.saberweb.com.br/trabalho/farmaceutico_hospitalar.Htm>. Acesso em: 20 mar. 2008. SANTOS, G. A. A. dos. Gestão de Farmácia Hospitalar. São Paulo: Senac, 2006. SOCIEDADE BRASILEIRA DE FARMÁCIA HOSPITALAR. Padrões mínimos para farmácia hospitalar. Goiânia, 2007. 12 p. Disponível em: <http//:www.sbrafh.org.br>. Acesso em: 12 mar. 2008. WIHOLM, B. E. et al. Spontaneous reporting systems outside the United States. Pharmacoepidemiology, p. 139-155, 1994. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ct/pdf/ALFREDO%20BRASIL_monografia.pDF>. Acesso em: 10 mar. 2008. ZUBIOLI, A. (Coord.). A farmácia clinica na farmácia comunitária. Brasília, DF: Ethosfarma, 2001. 44 APÊNDICE A QUESTIONÁRIO APLICADO TIPO DE HOSPITAL: ( ) público ( ) privado ( ) filantrópico 1 – A unidade de Farmácia hospitalar tem como gerente um farmacêutico habilitado? ( ) sim ( ) não 2 – A Farmácia hospitalar possui programa de informática para o controle de estoque? ( ) sim ( ) não 3 – As prescrições médicas são ávidas por farmacêutico? ( ) sim ( ) não 4 – A unidade de Farmácia hospitalar tem como princípios básicos, a garantia do acesso e uso racional de medicamentos aos pacientes do hospital? ( ) sim ( ) não 5 – A Farmácia hospitalar desenvolve sistema de fármaco-vigilância? ( ) sim ( ) não 6 – A Farmácia hospitalar apresenta padronização de medicamentos ( ) sim ( ) não 7 – A unidade de Farmácia hospitalar está contemplada na estrutura administrativa do hospital? ( ) sim ( ) não 45 8 – A Farmácia hospitalar apresenta áreas definidas, de no mínimo os seguintes ambientes? 8.1 – Administração? ( ) sim ( ) não ( ) não 8.2 – Armazenamento? ( ) sim 8.3 – Dispensação e Orientação Farmacêutica? ( ) sim ( ) não 9 – Os processos de logística são acompanhados por profissional farmacêutico qualificado? ( ) sim ( ) não 10 – A Farmácia hospitalar desenvolve ação junto a CCIH do hospital e faz estudos sobre as reações adversas? ( ) sim ( ) não