UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM CONDUTAS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO ELIZABETH MINATTO DE SOUZA A PERCEPÇÃO DOS PACIENTES ACERCA DA INTERNAÇÃO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA CRICIÚMA, MARÇO 2008 ELIZABETH MINATTO DE SOUZA A PERCEPÇÃO DOS PACIENTES ACERCA DA INTERNAÇÃO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA Projeto de Pesquisa do Curso de Especialização Conduta de Enfermagem no Paciente Crítico da USC Centro Educacional São Camilo – SUL e UNESC Universidade do Extremo Sul Catarinense, apresentado ao CEP da para parecer e aprovação Orientadora:.Profª Enfª MsC. Maria Augusta da Fonte CRICIÚMA, MARÇO 2008 RESUMO Há algum tempo passamos a refletir sobre como o paciente sente-se ao internar em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) tendo como pessoas mais próximas, os também desconhecidos membros da equipe de enfermagem. Acredito que um estudo comparativo entre as abordagens realizadas com pacientes, quanto à maneira de perceber a UTI e a internação nesta unidade, permite-nos reavaliar a prática da enfermagem, pois a qualidade da assistência somente ocorre com a correta identificação dos problemas sentidos pelos pacientes e equipe de enfermagem. O presente estudo tem caráter qualitativo, descritivo, exploratório e de campo cujo objetivo é identificar a percepção dos pacientes acerca da internação na Unidade de Terapia Intensiva, no Hospital Regional de Araranguá. Para obtenção dos dados foi utilizada a entrevista semi-estruturada. Participaram deste trabalho como sujeitos treze pacientes de primeira internação em UTI, lúcidos e orientados, de ambos os sexos e faixa etária de 15 a 80 anos. A coleta das informações foi realizada, individualmente, dentro do quarto do paciente, após alta da UTI. Na fase de análise dos conteúdos, utilizou-se a categorização de dados por melhor se adequar à investigação qualitativa do material sobre saúde, embasados em Minayo (2002).Os resultados apontaram um emaranhado de sentimentos com os quais os pacientes internados na UTI convivem desde o momento da admissão até a sua alta. As principais percepções quanto à internação foram de aceitação, recuperação, segurança, bom atendimento e acolhimento em relação à equipe de trabalho, uma vez que os indivíduos estavam vivendo um momento único e desconhecido à sua realidade. Palavras-Chave: Unidade de Terapia Intensiva, Pacientes Internados, Equipe de Enfermagem. ABSTRACT It has some time we start to reflect on as the patient feels it interning in a Unit of Intensive Therapy having as nearest people, also the unknown members of the nursing team. I believe that a comparative study between approaches accomplished with patients, how much to the way to perceive the Unit of Intensive Therapy and the internment in this unit, allow us to reevaluate the practical of the nursing, therefore the quality of the assistance only occurs with the correct identification of the problems felt for the patients and team of nursing. The present study it has qualitative, descriptive, exploratory character and work on field whose objective is to identify the perception of the patients concerning the internment in the Unit of Intensive Therapy, in the “Hospital Regional de Araranguá”. For attainment of the data the halfstructuralized interview was used. Thirteen patients of first internment in Unit of Intensive Therapy, discerning and guided had participated of this work as citizens, of both the genders and age group from 15 to 80 years. The collection of the information was carried through, individually, inside of the room of the patient, after it left the Unit of Intensive Therapy. In the phase of analysis of the contents, it was used better categorization of data for adjusting it to the qualitative inquiry of the material on health, based in Minayo (2002). The results had pointed a confusion of feelings which the patients interned in the Unit of Intensive Therapy coexist since the moment of the admission until they let. The main perceptions about to the internment it had been of acceptance, recovery, security, good attendance and shelter in relation to the work team, once that the individuals were living a single and unknown moment of its reality. Keyword: Unit of Intensive Therapy, Interned Patients, Team of Nursing. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................03 2REVISÃO TEÓRICA................................................................................................06 2.1CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA ....................................................................06 2.1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA .................................................................................06 2.1.2 POPULAÇÃO ATENDIDA ................................................................................08 2.1.3 EQUIPE DE TRABALHO..................................................................................09 21.45 ASPECTOS PSICOLÓGICOS EVIDENCIADOS NO C.T.I ............................. 11 2.1.5 CONDIÇÕES ESTRESSANTES OBSERVADAS NO C.T.I .............................13 3 METODOLOGIA ....................................................................................................21 3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO .....................................................................21 3.2 LOCAL DO ESTUDO ..........................................................................................22 3.2.1 Caracterização da UTI do Hospital Regional de Araranguá .......................22 3.3 SUJEITOS...........................................................................................................23 3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETAS DE INFORMAÇÕES ...................................23 3.5 ASPECTOS ÉTICOS...........................................................................................25 3.6 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES ..........................................26 4 CRONOGRAMA ....................................................................................................27 REFERÊNCIAS.........................................................................................................28 APÊNDICES .............................................................................................................31 APENDICE A - Termo de Consentimento Institucional .............................................32 APÊNDICE B Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do Participante ............. 33 APÊNDICE C Instrumento de coleta de dados .....................................................34 1 INTRODUÇÃO A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é tida, atualmente, como um local onde é prestada assistência qualificada e especializada, independentemente de os mecanismos tecnológicos utilizados serem cada vez mais avançados, capazes de tornar mais eficiente o cuidado prestado ao paciente em estado crítico. Segundo o Regulamento técnico do Ministério da Saúde (1998), este setor é constituído de um conjunto de elementos funcionalmente agrupados, destinado ao atendimento de pacientes graves ou de risco que exijam assistência médica e de enfermagem e recursos humanos especializados. A UTI é um dos ambientes mais agressivos, tensos e traumatizantes, uma vez que ali se desenvolve tratamento intensivo, hostil pela própria natureza, pois além da situação crítica em que o paciente se encontra, existem outros fatores altamente prejudiciais a sua estrutura psicológica, como falta de condições favoráveis ao sono, intercorrências terapêuticas freqüentes, isolamento, suposição da gravidade da doença e até mesmo risco de morte. A estrutura física dessa unidade tem algumas características próprias que alteram o emocional das pessoas nelas tratadas, entre as quais podemos destacar: área física restrita; planta física comum – o que faz com que o paciente visualize e ouça tudo o que ocorre ao seu redor; presença de equipamentos sofisticados; dinâmica ininterrupta de trabalho da equipe; sons monótonos e constates dos monitores e respiradores; iluminação e aeração artificiais permanentes; ausência de janelas para visualização do meio externo, entre outros. Tudo isso altera sua auto-estima, sua auto-imagem e sua própria capacidade de recuperação. O estudo nasceu de experiências durante os estágios de enfermagem em UTI, onde os pacientes questionam e buscam estabelecer diálogos, visando à aproximação com a equipe multidisciplinar, tentando superar seus receios e diminuir a carência em relação aos familiares ou até mesmo esclarecer seu estado de saúde. Nesse momento, diversos tipos de informações são obtidos, repassados e ocorrem confissões do tipo: “estou me sentindo um inútil; nunca havia passado tanto tempo em cima de uma cama e, ao ver todos trabalhando, gostaria de ajudá-los, tornar-me útil”. Para os acadêmicos de Enfermagem e futuros profissional enfermeiro, faz-se necessário compreender as expectativas e, de certa forma, buscar um modo melhor de tratar esses pacientes que não estão alheios ao ambiente onde estão internados. Pelo senso comum, acredita-se que os pacientes internados em uma UTI sentem, possivelmente de forma mais intensa, certos problemas peculiares ao ambiente. Portanto, na assistência de enfermagem em UTI, é fundamental a identificação e o atendimento das necessidades que eles têm, bem como das suas expectativas quanto aos cuidados. Daí surgiu o interesse em desenvolver um estudo com o objetivo de investigar a percepção dos pacientes acerca da internação em uma UTI. através dos seguintes objetivos específicos: • Determinar o perfil dos pacientes que receberam alta da UTI; • Identificar a percepção dos pacientes sobre a UTI em relação ao ambiente de internação. • Identificar a percepção dos pacientes em relação ao cuidado dispensado pela equipe multiprofissional. • Investigar as expectativas dos pacientes sobre a UTI em relação ao ambiente de internação. • Investigar as expectativas dos pacientes em relação ao cuidado dispensado pela equipe multiprofissional. Nesse contexto, temos como pergunta de pesquisa: Qual a percepção dos pacientes acerca da internação, no ambiente da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Araranguá (HRA)? Os pressupostos do estudo em questão consideraram se estes pacientes sentiram ou não insegurança, medo, ansiedade ou solidão. Também se eles se sentiram seguros ou não em relação ao ambiente da UTI e à equipe multiprofissional. Nos estágios curriculares e trajetória acadêmica do curso de Enfermagem surge a necessidade de compreender os sentimentos vivenciados pelos pacientes durante sua internação na Unidade de Terapia Intensiva. O acompanhamento de relatos e vivências despertaram o interesse sobre o tema. A importância e o significado dessa internação para o paciente, segundo Andrade (2002, p.12), é que “permanência de um indivíduo em uma unidade de cuidados intensivos pode ser, para ele e para a sua família, a experiência mais importante da sua vida”. A internação hospitalar geralmente é cercada de mitos, tabus, preconceitos. Se esta internação ocorre na UTI, reforça os sentimentos de medo, melancolia, desconforto, o que resulta em desconfiança e gera dúvidas para os pacientes e seus familiares que participam e vivenciam a internação. Dessa forma, o presente estudo tem sua justificativa na relevância do tema e a necessidade de estudar a percepção do paciente internado em UTI, para diminuir suas angústias, medos e inseguranças. Assim favorecerá a efetiva prática assistencial mais humanizada e voltada para o ser humano holístico, referendando os legados teóricos de Paterson e Zderad. 2 REVISÃO TEÓRICA 2.1 CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA 2.1.1 Evolução Histórica Segundo Gomes (1988), alguns fatores contribuíram para o desenvolvimento de métodos especiais no atendimento ao paciente hospitalizado. Entre eles, a procura do melhor meio de cuidado a ser dispensado ao paciente crítico, não só para a sua sobrevida, mas para sua reintegração a uma existência normal, com o mínimo de desconforto. As moléstias que acometem hoje os pacientes são similares àquelas do passado, exceto pelo trauma, que é possivelmente maior. Com a preocupação de providenciar uma observação efetiva e dirigida a pacientes mais graves, muitas instituições procuraram agrupá-los em uma área comum. Já Florence Nightingale, na guerra da Criméia, providenciou um método para a observação contínua de muitos pacientes, com poucas enfermeiras, de tal maneira que os mais graves ficassem junto à área de trabalho das mesmas, e estabelecia observação e atendimento contínuos. O critério assim estabelecido e baseado no grau de dependência do paciente é conhecido como “Vigilância Nightingale”, e persiste hoje, com algumas modificações (DI BIAGGI, 2001). De acordo com Gomes (1988), durante muito tempo, os hospitais criaram áreas com vários leitos, ocupados por pacientes com níveis diferentes de necessidade, atenção e assistência, o que ocasionava algumas dificuldades. Havia muita demanda na assistência a alguns pacientes, em detrimento de outros. Em tais áreas, ocasionalmente eram colocados equipamentos como respiradores, monitor cardíaco e aparelho portátil de Raios-X, que reduziam acentuadamente o espaço físico e, ao mesmo tempo, aterrorizavam pacientes que tinham pouca necessidade de saúde afetada. Em outros centros, algumas modificações foram introduzidas com o objetivo de melhorar as áreas destinadas a pacientes carentes de observação: “ uma diminuição no número de leitos e a criação de espaço físico para abrigar um equipamento mínimo e permitir uma circulação mais livre da equipe de trabalho” (GOMES,1988,p.03). Com o aparecimento dessas “áreas” e a colocação do paciente sob vigilância constante, iniciou-se um período de caracterização dos cuidados a serem ali dispensados. A forma de atendimento aos pacientes nessas áreas, ainda não muito específica, procurava trazer um grande benefício, mas tornava-se altamente onerosa. Mais de uma área era criada em cada hospital e o equipamento era distribuído em vários lugares. O trabalho da equipe de enfermagem tornava-se difícil pela falta de especialização e disponibilidade do profissional para dedicar um tempo significativo de cuidado ao paciente. Muitas críticas foram feitas a esse tipo de atendimento, embora parecesse a melhor solução para o cuidado dispensado ao paciente. O meio encontrado para o atendimento ao paciente crítico foi à criação de um serviço no hospital que fosse ao encontro de suas necessidades. Esse serviço proporcionou recursos para o Cuidado Intensivo, pois aliou o conhecimento da doença e a precisão de equipamentos ao desenvolvimento de métodos assistenciais e a uma vigilância contínua. Favoreceram, ainda, a predominância dos fatores conhecimento e aparelhagem sobre o fator dedicação. De acordo com Gomes(1988), não há dúvida de que o Cuidado Intensivo dispensado a pacientes críticos torna-se mais eficaz quando desenvolvido em unidades específicas, que propiciam recursos e facilidades para a sua progressiva recuperação. Tais unidades são denominadas Unidades de Cuidado Intensivo ou Unidades de Tratamento Intensivo. Pastore (1995) afirma que as UTIs salvam três em cada quatro doentes que recebem, mas funcionam num mundo sombrio: tubos, lâminas, agulhas e gemidos. Nesse ambiente, muitos outros problemas acometem os pacientes agudos recuperáveis. Sob a ressalva de Barreto (2001), o preciso papel das Unidades de Cuidado Intensivo ou Unidades de Terapia Intensiva (UTI) está na combinação do cuidado intensivo de enfermagem com a constante atenção médica, no atendimento dispensado ao paciente crítico. Alguns quesitos são essenciais para o cuidado intensivo, segundo Barreto(2001): • Serviço de enfermagem permanente com treinamento específico completo, desenvolvendo um serviço contínuo; • pronta avaliação médica e complementação científica; • padronização técnica de investigação e tratamento; • definição de área e facilidades; • atitudes novas para o cuidado intensivo. O sucesso no atendimento ao paciente crítico está relacionado à rápida avaliação das mudanças que se operam nas suas condições clínicas e ao envolvimento da equipe com as práticas terapêuticas. Uma atuação sistematizada é sempre mais eficiente e reduz ao mínimo as frustrações experimentadas nas ações improvisadas. Silva (2000) afirma que no CTI o paciente tem privação sensorial, barreiras corpóreas para tocar o próprio corpo, não tem o mesmo contato diário que tem com a família e se vê diante de barreiras para sua comunicação verbal. O cuidado intensivo pode ser dispensado a três tipos de pacientes: “aqueles que especificamente necessitam de cuidados de enfermagem rigorosos; aqueles que requerem contínua e freqüente observação ou investigação; aqueles que dependem de tratamento complexos e de equipamentos de apoio (respiradores, monitores etc)”(GOMES,1988,p.06). De maneira geral, o paciente classificado como crítico em medicina, automaticamente o é para enfermagem. Em alguns casos, o que é crítico para a enfermagem nem sempre o é do ponto de vista médico. Essa é uma afirmação ainda não muito aceita, mas que tende a definir algumas condutas em relação à permanência ou não de um paciente na Unidade de Cuidado Intensivo. O objetivo do CTI é reduzir a mortalidade pela provisão de cuidados e observação individualizada contínua e integral, de acordo com as necessidades do paciente. O CTI é um serviço que reúne profissionais da área médica e de enfermagem, técnicos e administradores treinados para a assistência, o ensino e a pesquisa em terapia intensiva e está integrado aos demais serviço do hospital. Possui uma dinâmica operacional e um ambiente bastante diferenciado de outros serviços hospitalares, e esta diferenciação influi tanto no comportamento da equipe de trabalho como no modo de encarar a doença por parte do paciente e seus familiares (BARRETO,2001, p.01). Caracterizada como a área hospitalar que concentra recursos humanos e materiais especializados, visando à recuperação do doente grave e de alto risco, o CTI acaba por reunir um conjunto de fatores que a levam a ser considerada como um local mais tenso e traumatizante do hospital, O ambiente da Unidade de Terapia Intensiva, como suas particularidades referentes à área física restrita, à presença de equipamentos sofisticados e a própria dinâmica de trabalho ininterrupto da equipe podem representar para o paciente um inconveniente do trabalho intensivo, apesar de inúmeros pacientes se terem beneficiado com o atendimento nessas “unidade”.(PADILHA,1987, p.39). Conforme Marx e Morita (1998), a disposição do CTI deve propiciar o acesso rápido ao serviço de emergência, ao bloco operatório, às unidades clínicas e cirúrgicas, bem como, à central de diagnósticos, pois o CTI é um setor que possibilita o atendimento ao paciente grave e não de um indivíduo que esteja em fase final. Em virtude disso, a facilidade de acesso as demais áreas da instituição são de grande importância. Marx e Motira (1998, p.33) enfatizam que “a interação e a proximidade coopera na rapidez de atendimento e na economia de tempo, de material e de pessoal”. 2.1.2 População Atendida São internados no CTI pacientes adultos em sistema de vigilância contínua, considerados recuperáveis graves e de alto risco, que apresentarem instabilidade grave do sistema fisiológico principal e que necessitem de atenção clínica constante e técnicas especiais próprias do local. Podem ser considerados graves aqueles pacientes que apresentarem comprometimento de um ou mais órgãos ou sistemas e de alto risco, aqueles potencialmente graves, isto é, cuja doença de base ou intercorrências possam levar a esses comprometimentos (GOMES, 1988). A vigilância contínua é fundamental e constitui-se na essência do atendimento da UTI, pois os pacientes apresentam mudanças rápidas dos parâmetros clínicos, necessitando de ações imediatas e de baixa tolerância a erros diagnósticos e terapêuticos. Atualmente, “o CTI é visto como uma unidade que tem por objetivo prevenir futuras complicações de pacientes vulneráveis e não mais só como local para o tratamento do paciente grave ou sem prognóstico” (CASAGRANDE et.al, 1997, p.143). A figura central desse serviço é assistência à saúde do paciente que chega não só com um ou mais problemas de saúde, mas também chega como uma pessoa, um membro da família e um cidadão da comunidade. Segundo Barreto (2001) o CTI é considerado um ambiente bastante diferenciado de outros serviços hospitalares, tanto no comportamento da equipe, como no modo de encarar a doença pelo paciente e sua família. Lida principalmente com condutas imediatas (cuidados intensivos) em situações limítrofes e com uma possível reversibilidade da situação. Decisões que envolvem conflitos éticos são tomadas, continuamente, com base na experiência, no consenso da equipe, na estrutura técnica (sólida) e num embasamento teórico e de reflexão permanente. Segundo Hayashi e Gisi (2000, p.826): Os familiares, em geral, estão tensos, inseguros e com medo do que poderá ocorrer com o paciente. Existe o medo do próprio ambiente, dos aparelhos e o medo de como chegar até o paciente de forma a não prejudica-lo. O médico esclarece sobre o diagnóstico médico, mas os familiares têm necessidade de falar sobre o diagnóstico e pedir maior esclarecimento sobre tudo aquilo que diz respeito ao paciente. 2.1.3 Equipe de trabalho A equipe multiprofissional do CTI deve ser composta por médicos, enfermeiras, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, psicóloga e pessoal de apoio. Esses profissionais devem ser altamente competentes, envolvidos com o bom funcionamento da Unidade e devem se interessar em melhorar cada vez mais a assistência prestada ao paciente. Acredita-se que é de vital importância manter a equipe multiprofissional motivada, em número adequado, em constante treinamento e atualização, possibilitando aprimoramento técnico-científico, afirmando residir aí o segredo do êxito e a qualidade do trabalho desenvolvido. Para Hudak e Gallo (1997), o grupo de enfermeiros deve ter uma grande preocupação em manter-se coeso nas condutas que a enfermagem desenvolve, reavaliando periodicamente os problemas internos da unidade. As atividades dos enfermeiros podem ser de chefia, prescrição, evolução, procedimentos técnicos a que elas competem, organização da equipe, escala de plantões, entre outras atividades. A autoridade da enfermeira está na sua postura de líder e de gerenciadora da assistência. A equipe ainda conta com os técnicos de enfermagem, que prestam assistência integral aos pacientes, executando os cuidados individualizados, objeto das prescrições médicas e de enfermagem. As atividades dos técnicos de enfermagem são a de administração de medicamentos, auxílio à enfermeira e ao médico, procedimentos de técnicas que lhe competem, bom atendimento ao cliente, entre outras tarefas. O pessoal de apoio é constituído por secretárias responsáveis por toda parte de cobrança e solicitações dos itens necessários aos tratamentos especiais. Além delas, e não menos importante, aparece o pessoal responsável pela limpeza do setor, montagem dos equipamentos e os responsáveis pela alimentação dos pacientes. Sem seus serviços seria praticamente impossível manter um Centro de Terapia Intensiva em condições de trabalho. Segundo James e James (1983, p.26), no C.T.I a enfermeira tem, entre outras funções, a supervisão e a orientação dos funcionários que cuidam dos pacientes (técnicos de enfermagem, mensageiros e escriturários), colaborando decisivamente para o bom funcionamento e desenvolvimento do setor. As enfermeiras ficam responsáveis, também, pela checagem do controle do histórico do paciente e a prescrição médica, pela supervisão de administração de medicamentos aos pacientes (horários certos), pela verificação da evolução dos doentes, os quais, devido a sua patologia, podem ter alterações constantes em seu estado de saúde. Auxiliar os médicos também é uma das funções das enfermeiras, além de checar o preparo dos pacientes para cirurgias, verificar o funcionamento dos equipamentos aos quais os pacientes estão ligados e orientar os familiares durante as visitas. Enfim, os enfermeiros são o elo de ligação entre a equipe e os médicos e recai sobre eles toda a responsabilidade pelos cuidados dos pacientes. A meta principal da assistência de enfermagem é atingir o pronto restabelecimento das funções vitais do paciente, dentro de um sistema que lhe proporcione o máximo de segurança. Ao mesmo tempo em que favorece as possibilidades de recuperação orgânica, traz toda uma gama de situações, desestabilizantes do equilíbrio emocional, incluindo alterações psicológicas e psiquiátricas – também desencadeadas por situações ambientais. 2.1.4 Aspectos Psicológicos evidenciados no C.T.I Sampaio (1998) afirma que quando uma pessoa adoece gravemente, algo em seu sentimento de inviolabilidade se rompe, constituindo um estreitamento de horizonte pessoal, uma ruptura em muitas das suas ligações com o seu meio, sua vida real e uma distorção do seu relacionamento com os demais, frente a essa nova condição. Corpo físico e referencial emocional estão frágeis. Perceber que por causa da doença grave se pode ou se está provavelmente incapaz para os projetos de futuro, constitui um sério golpe. A internação em uma Unidade de Cuidados Intensivos, invariavelmente se associa a uma situação de grande risco. Em termos psíquicos e emocionais, mobilizam-se sentimentos extremos como o medo insuportável, manifestações ansiógenas como a agitação psicomotora ou a grave depressão. O clima da Unidade, por características bastante específicas, acentua sensações e sentimentos de desvinculação, ressentimento, desamparo. Halm e Alpen (1993) consideram que a contínua evolução da superespecialização na medicina e a maneira tecnológica de providenciar o cuidado na Unidade de Terapia Intensiva têm, potencialmente, efeitos perigosos nos estados físico e psicológico de pacientes e familiares. O ambiente da Unidade possui características indesejáveis que predispõem os pacientes e seus familiares a seqüelas emocionais. O impacto da “Bedside Technology”- ou a tecnologia de cabeceira - está associado a um grande número de seqüelas psicológicas adquiridas no “setting” da Unidade. O estranho maquinário, as constantes privações, interrupções e privação de sono, a superestimulação sensorial, sede, dores, abstinência de alimentos comuns, a alimentação endovenosa ou naso-enteral, a respiração por ventiladores, a monitorização cardíaca e a sua sinalização, os catéteres, os procedimentos invasivos, a imobilização do paciente e ainda a superlotação de equipamentos no local, é equivalente de desencadeantes para situações que propiciam alterações psicopatológicas para o paciente, sua família e para a equipe de saúde. Eisendrath (1994) considera que muitos pacientes, na tentativa de manejar o estresse de sua estadia, com mecanismos primitivos de enfrentamento, favorecem a regressão, manifesta como uma dependência extrema. Os pacientes experienciam estressores como o medo real da morte, a forçada dependência, as potenciais e permanentes perdas de função. A separação da família e a perda de autonomia, freqüentemente, encabeçam e promovem a regressão psicológica. Outros pacientes podem tentar enfrentar ou lidar com os estressores por supressão de seus sentimentos, com prejuízos graves para suas condições emocionais. Outros podem desencadear reações, insatisfatórias para a equipe como a agitação, desespero, choro convulsivo, agressões à enfermagem, manobras. Enfim, atuam como poderosos estressores também para o ”staff”, visto esses pacientes estarem conscientes e emocionalmente frágeis. Ainda aponta que os dois sentimentos, ansiedade e medo, são sensações muito ruins e associadas a uma não compreensão do estímulo interno além da proporção dos estímulos ambientais da U.T.I, apreendidos como uma ameaça. Esses aspectos são de difícil distinção e devem ser discutidos com a equipe para se obter melhores referenciais para tomada de decisões. Eisendrath (1994) considera que o medo é extremamente percebido quando o paciente é admitido na U.T.I, com a consciência do substancial tratamento que irá fazer, e que a continuação de sua existência resulta desta admissão. Nesse sentido, o paciente pode reagir existencialmente, com sentimentos reais de desamparo, ao se ver “abandonado” pela família, exatamente neste momento delicado, pois não há uma compreensão pelo paciente da gravidade do seu próprio estado, e nem um esclarecimento a ele sobre as características da internação, no momento da admissão, já que esta é, normalmente, abrupta. Podem superficializar sentimentos de revolta por pressupor que foram omitidos dados reais, pelo seu estado ter piorado tanto, ou a real natureza do seu problema orgânico. Nesse sentido, o medo e a ansiedade são sensações de importante significado, pois podem produzir mudanças fisiológicas, piorando o quadro do paciente. Eisendrath ainda refere que os níveis de catecolaminas e corticosteróides podem variar de forma impressionante durante os altos níveis de ansiedade e pânico, alterando inclusive programações no tratamento (aumento de pressão, aumento da glicemia, aumento dos batimentos cardíacos). Boucher e Clifton (1996) também apontam a dor e sua conseqüente reação e a extrema ansiedade, como condições insuportáveis pelos pacientes no contexto da U.T.I Como conseqüência direta dos traumas ocasionados por acidentes (ou condições abruptas), dos procedimentos cirúrgicos, dos procedimentos invasivos, dos grandes e custosos curativos e da longa permanência em U.T.I, a dor que acompanha esses momentos é uma instância a ser especialmente considerada. Em casos extremos, a dor, as dificuldades do tratamento, as alterações de sono, mais o acúmulo dessas sensações incontroláveis, podem evoluir para a Síndrome de U.T.I – alteração psiquiátrica que pode levar à psicose. Nesse sentido, é imperativo pensar ações adequadas para a diminuição da dor, o manejo da ansiedade e o rápido conforto dos pacientes, como prevenção de sua Saúde Mental (BOUCHER e CLIFTON, 1996). Drubach e Peralta (1996) referem que a administração dos traumas em pacientes críticos é uma exigente tarefa. A adição de comportamentos alterados (psiquiátricos ou emocionais exacerbados) significam problema grave. Referem-se às anomalias na função psicológica, incluindo perturbações no comportamento, no humor, no afeto, na percepção e no pensamento. Consideram que severos fatores afetam o paciente, aumentando a incidência de fatores para os sintomas tornaremse proeminentes. Primeiro, a premorbidade para sintomas são considerados na população admitida em uma Unidade Cuidados Intensivos, principalmente, em uma unidade de trauma. Em segundo momento, a “dano cerebral” (cerebral injury), causada pelo trauma, são causas freqüentes para as alterações psiquiátricas. Terceiro, as reações psicológicas são inerentes às severíssimas condições médicas que causaram a hospitalização e também o meio ambiente da U.T.I. Os sintomas psiquiátricos também podem ser fonte importante de estresse para a equipe e a família. Sintomas como agitação, psicose e a depressão podem complicar seriamente o curso da hospitalização e a compreensão do evento que ameaça a vida, gerando seqüelas de longa permanência. Os autores também sugerem que os médicos na Unidade saibam reconhecer as complicações psiquiátricas de seus pacientes para providenciar benefícios para essas condições. Referem que os sintomas psiquiátricos também podem estar associados a complicações orgânicas (encefalopatias) decorrentes de disfunções renais, hepáticas, metabólicas, cerebrais. Mas com certa freqüência são reativos, estão associados às excessivas respostas psicológicas e são potencialmente desorganizadores. Alguns sintomas -como ansiedade exacerbada, agitação psicomotora, ilusão, alucinação, até a depressão acentuada - são reações emocionais do paciente à doença e dependem da severidade da patologia, do impacto também do tratamento e da hospitalização, do “estar na UTI”. Daí a importância do caráter realmente humanizador da tarefa. 2.1.5 Condições estressantes observadas no CTI De acordo com Paes (2000), o paciente consciente passa por mudanças comportamentais contínuas dentro de um CTI; indiretamente participa, percebendo tudo o que acontece. Ao entrar em CTI passa pelo primeiro impasse: o fato de não conhecer o funcionamento da unidade, fantasia situações sobre um local que por vezes determina a morte. Esse conceito é mudado quando o mesmo participa da rotina do setor. Percebe que suas fantasias pelo local, por vezes, são sem fundamentos. Muitas vezes este paciente consciente permanece por inúmeros dias dentro do setor e se defronta com conflitos interiores e pessoais, sente-se mal, não gosta do local, o barulho lhe incomoda, não gosta da comida, do atendimento, do ambiente, entre outros e, ao mesmo tempo, acaba entrando em um quadro de estresse que pode prejudicar seu estado de saúde. Muitas são as hipóteses de fatores que podem aumentar o estresse do paciente e inúmeras são as condutas que podem ser tomadas pela equipe a fim de diminuir os agravos desses fatores. Em vista desses cuidados e controles, geralmente faz-se do CTI um local onde as atividades são contínuas durante as vinte e quatro horas do dia, acrescidas do barulho monótono e constante dos monitores e dos respiradores, às vezes interrompidas pelo soar dos respectivos alarmes de segurança. Nesse aspecto, Paes (2000) afirma que na UTI não existem sons e sim apenas ruídos desagradáveis e silêncio pesado nos raros momentos em que cessam as conversas e os alarmes não disparam. Além disso, outros elementos presentes na CTI, como iluminação e ar condicionado permanentes, podem ser prejudiciais, sobretudo por dificultarem ou, até mesmo, impossibilitarem o sono e o repouso necessário a sua recuperação. As poucas janelas e a ausência de relógio são responsáveis por reações psicológicas indesejáveis, que de certa forma podem comprometer ainda mais o já debilitado estado do paciente. A esse respeito, o que se fala sobre estresse até o momento, permanece, ainda hoje, indefinido. Sua definição e prevenção ainda são alvos de inúmeros estudos na área da fisiologia, psicologia e sociologia. Estudos recentes, oriundos da psiconeuroimunologia, oferecem suporte sobre a complexa relação entre conhecimentos de domínio da psicologia (a mente, as emoções), neurologia (o cérebro e o SNC) e imunologia (defesas celulares do corpo contra invasores internos e externos). Para Brunner e Suddarth (2006), esses estudos demonstram os modos pelos quais a mente e as emoções podem afetar a saúde física, acarretando um aprofundamento no entendimento dos efeitos do estresse sobre o corpo. Sabe-se, hoje, que o estresse é produzido através de mudanças no ambiente e que pode ser percebido com características de desafiador, ameaçador ou perigoso para o equilíbrio da pessoa. A incapacidade do indivíduo em suportar as demandas da nova situação provoca um desequilíbrio real ou percebido. Para Brunner e Suddarth (2006), essa mudança desperta o estressor que pode ser caracterizado como um evento que produzirá estresse em um momento e lugar para uma pessoa e será neutro para outra, e um evento que pode produzir estresse em um momento ou lugar. A pessoa avalia e enfrenta as situações de desafio. O que se deseja com isso é adaptação à mudança, de modo que a pessoa recupere o equilíbrio e tenha capacidade e energia para as novas demandas. Isso pode ser definido como o processo de enfrentamento, um processo compensatório com componentes fisiológicos e psicológicos. As fontes de estresse podem ser consideradas inúmeras. Cada indivíduo adapta-se através de um processo contínuo a essas mudanças, as quais mudanças podem ser previsíveis, contribuindo para o crescimento e a melhoria da vida. Entretanto os estressores podem perturbar o equilíbrio. Um estressor pode ser definido como eventos internos e externos, condições, situações e/ou insinuação que têm como característica ser potente causar ou ativar reações físicas ou psicossociais significativas, conforme Sebastiani (1995). Esse mesmo autor acredita que a mente influencia as respostas imunes com conseqüências que podem ser prejudiciais ao portador. Existem, hoje, inúmeros indicadores de estresse e de resposta a ele. Entre eles é possível citar, conforme Di Biaggi (2001): irritabilidade geral, hiperexcitação ou depressão; garganta e boca seca; fadiga fácil, perda do interesse; ansiedades flutuantes, não sabe o porquê; hipermotilidade; sinais e sintomas de gastrointerite; perda do apetite; distúrbios comportamentais; palpitação cardíaca; comportamento impulsivo, instabilidade emocional; fraqueza ou torpor; tensão, alerta; tremores, tiques nervosos; insônia; aumento da freqüência urinária; tensão muscular ou enxaqueca; dor no pescoço e costas; pesadelos. Esses sinais e sintomas podem ser observados diretamente ou registrados pela pessoa. Alguns tendem a ser psicológicos, fisiológicos, comportamentais; outros refletem comportamentos sociais e processos de reflexão. Algumas dessas reações podem ser comportamento de enfretamento. Em outros momentos, cada pessoa tende a desenvolver um padrão de comportamento característico do estresse, advertindo que o sistema está em desequilíbrio. Koizumi et al (1979) referem que o paciente de Centro de Terapia Intensiva julga-se no direito de ser o centro das atenções da equipe, por temer que as suas funções vitais possam paralisar-se a qualquer instante. Essa afirmação só vem reforçar que o paciente de terapia intensiva, em conseqüência à situação em que está submetido, considera-se o alvo da atenção da equipe. Esta, por sua vez, adaptada muitas vezes ao ambiente, caracteriza-o como um lugar rotineiro. Envolvese demais com o arsenal tecnológico, com as manifestações clínicas da doença e com a terapêutica instituída que, por vezes, esquece que, atados aos equipamentos, estão pessoas que sofrem com os cruéis tratamentos. Esse ser humano passa então por uma experiência singular, com conseqüências traumatizantes (seus receios e temores, fantasias e crenças, preocupado com seu trabalho, com fantasmas que o cercam – custo, dinheiro,...). Isso vem questionar a intensa necessidade de intervir diretamente nos problemas sentidos e identificados, necessitando de uma assistência de enfermagem mais expressiva do que técnica, atendimento mais humanizado por parte da equipe médica e, principalmente de enfermagem. O autor refere também que retirado do seu meio em condições adversas, afastado à força da sua realidade e transferido para um lugar ameaçador e desconhecido, o paciente, retrai-se e perde transitoriamente a sua identidade psicossocial, não acostumado sequer a expressar os seus medos e suas dúvidas, com receio de, com isso, questionar a competência das pessoas envolvidas no seu tratamento (KOIZUMI et al, 1979, p.139). Isso significa que o paciente, diante da situação, sente-se desamparado, sozinho, sem alguém de seu convívio diário que o compreenda, que compartilhe as inquietudes, preocupações. Muitas vezes esse paciente se encontra solitário, à mercê de sua ignorância, sofrendo com as dúvidas sobre sua patologia, a evolução de seu tratamento, os procedimentos realizados que, em várias situações, são dolorosos e fazem com que acredite que está sendo maltratado, passando a temer por isso. Em vista disso, o enfermeiro deve procurar identificar percepções e sentimentos apresentados nos pacientes conscientes, internados em UTI com o objetivo de implementar o plano de cuidados que tenha, como resultado uma estadia tranqüila, sem agravos para o paciente. 2.2 Enfermagem Humanística É uma teoria prática, pois, para as teóricas, a Enfermagem desenvolve-se a partir das experiências vividas pelo enfermeiro e pelo paciente, obtendo um maior conhecimento/entendimento sobre o ser humano. Na prática de enfermagem humanística, o ser humano deve ser visto através de sua estrutura existencialista, pois, segundo Paterson e Zderad (apud GEORGE, 2000, p. 43): O homem é um ser individual necessariamente relacionado com os outros homens no tempo e no espaço como todos os homens dependem de outros para seu nascimento e seu desenvolvimento, a interdependência é inerente à situação humana ... [e] a existência é a coexistência. Por meio da interação equipe de enfermagem/paciente é que se inicia a prática do cuidado humanizado. Acredita-se que a prática é que nos fornecerá subsídios para entender melhor o que é ser enfermeiro. A enfermagem humanística de Paterson e Zderad conforme Praeger (apud GEORGE, 2000, p. 241). “...tenta obter uma visão mais ampla do potencial do ser humano procurando compreendê-lo a partir do contexto de sua experiência de vida no mundo”. A enfermagem humanística visa à experiência fenomenológica do ser humano, ou seja, enfocando sempre suas experiências e fenômenos de vida. Segundo o autor, não existe uma forma simples para definir a essência da enfermagem humanística, porque ela preocupa-se com as experiências fenomenológicas dos indivíduos, a exploração das experiências humanas. “A enfermagem é um evento humano, ela está relacionada com uma situação de trocas entre a pessoa do enfermeiro e a pessoa que está sendo assistida pelo enfermeiro, de modo que a característica essencial do processo é a nutrição” (PATERSON E ZDERAD apud LEOPARDI, 1999, p. 134). A prática da enfermagem humanística está enraizada no pensamento existencial. O existencialismo é uma abordagem filosófica para a compreensão da vida. Os indivíduos enfrentam possibilidades ao fazerem escolhas. Essas escolhas determinam a direção e o significado da vida, o existencialismo foi uma resposta às filosofias dominantes do positivismo e do determinismo (GEORGE, 2000, p.242). “Os seres humanos vivem num processo existencial de vir a ser, através de escolhas, necessariamente relacionados com outros seres humanos, no tempo e no espaço”(PATERSON E ZDERAD apud LEOPARDI, 2002, p. 134). O ser humano pode errar ou acertar, conseguir expressar ou não expressar suas emoções, mas é por meio dos erros e acertos que vai construindo as suas próprias experiências. Conforme Paterson e Zderad (apud LEOPARDI, 2002, p. 133),“os enfermeiros experimentam importantes eventos da vida com os outros seres humanos, tais como nascimento, solidão, perdas, separação, desenvolvimento, morte, através de relações empáticas, e sua própria história faz a mediação numa situação singular”. Paterson e Zderad, citadas por Leopardi (2002) ressaltam que a enfermagem humanística permite o reconhecimento de: • perspectiva e respostas de um enfermeiro singular; • sua resposta ao reconhecimento do outro; • as recíprocas demandas e respostas, ou seja, a mediação, tal qual ocorrem na situação de enfermagem. A enfermagem sempre vai fazer parte do contexto social, pois enquanto existirem seres humanos necessitando de cuidados e isso sempre vai existir, o enfermeiro se fará presente em algum momento da vida do ser humano. Para as teóricas, a enfermagem adquire conhecimento e se desenvolve a partir das experiências vivenciadas. Além disso faz uso de uma metodologia na qual foram envolvidas através da experiência com o outro. Ambas tem que andar sempre juntas para dar sentido ao cuidado de enfermagem humanizado. A ansiedade, a angústia, a impotência, a insegurança e a negação dos pacientes internados no ambiente da UTI precisam ser reconhecidas pela equipe multiprofissional para fornecer um enfrentamento adequado ao paciente. O estudo terá como objetivo, identificar a percepção e o sentimento dos pacientes acerca da internação em uma Unidade de Terapia Intensiva. 2.3 Fenomenologia De acordo com Leopardi (2002), na atualidade, principalmente na área da saúde, a fenomenologia vem sendo abordada desde uma perspectiva qualitativa, o que torna possível a avaliação de percepções sobre a doença, o sofrimento, as expectativas e outras condições ligadas à subjetividade de quem passa pela experiência da enfermidade. Segundo Schneider (1992), a fenomenologia não foi “fundada”, mas surgiu e cresceu, tendo suas origens no pensamento de Edmund Husserl. A idéia da fenomenologia como um novo método desenvolveu-se gradualmente e continua a transformar-se de maneira contínua. A fenomenologia de Husserl se sustenta na idéia de que, quando se pensa, pensa-se em algo, sendo que essa característica implica a noção de intencionalidade, ou seja, a relação entre aquilo que se pensa e a maneira como se pensa. A análise fenomenológica ultrapassa a análise psicológica, pois o método fenomenológico procura saber “qual o significado daquilo que se passa na consciência, quando alguém julga, sonha, afirma, vive” (LEOPARDI, 2002) A compreensão fenomenológica, como toda a compreensão, envolve sempre uma interpretação , espreitando-a . A compreensão surge sempre em conjunto com a interpretação. Num sentido geral, esse momento é uma tentativa de especificar “significado” que é essencial na descrição e na redução como uma forma de investigação da experiência. Para Polit e Hungler (2004), o foco da indagação fenomenológica é aquilo que as pessoas vivenciam, relativamente a alguns fenômenos e à forma como elas interpretam essas vivências. Segundo Schneider (1992), desde a sua origem, a enfermagem visa à ministrar cuidados indispensáveis aos enfermos, bem como a promoção da saúde das pessoas. Ela busca ver o homem situado no mundo em sua totalidade de vida. A enfermagem busca um repensar a sua função assistencial em conexão íntima com o da promoção da saúde e na busca de alternativas para a pesquisa. Dentre essas alternativas, o método fenomenológico tem se mostrado adequado para a pesquisa em enfermagem. Taylor, citado por Schneider (1992), coloca que compreender pessoas na enfermagem, através da perspectiva fenomenológica, significa apreender os significados que essas pessoas dão a suas experiências com doenças e ao relacionamento enfermeiro/paciente. Assim,achando caminhos para cuidar do que é particular para a experiência da pessoa, acaba enriquecendo a base de conhecimentos na prática de enfermagem. Enfermagem e metodologia fenomenológica compartilham crenças e valores de que as pessoas são um todo e criam seus significados particulares. Ambas consideram tudo que está acessível na experiência em estudo, tanto subjetivo como objetivo, e esforçam-se para entender o significado total que a experiência teve para os participantes. Segundo Minayo (2002, p.61), os fenomenólogos consideram que a “cura se baseia em valores, símbolos e sistemas de significados, compartilhados nos seus grupos de referência. Advogam uma reforma no sistema de saúde que leve em conta os valores culturais dos grupos, seus mediadores e seus ecossistemas”. Segundo Capalbo (apud PILLOTTO, 2002, p. 72): “as idéias principais da fenomenologia centram-se na preocupação em mostrar e não demonstrar, em explicar as estruturas em que a experiência se verifica, em deixar transparecer na descrição da experiência as suas estruturas universais”. 3 METODOLOGIA A proposta dessa pesquisa é identificar a percepção dos pacientes acerca da internação na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Regional de Araranguá. Para isso foi utilizado como referencial teórico os conceitos de Josephine E. Paterson e Loretta T. Zderad que fundamentam a enfermagem humanística. Foi utilizado como referencial filosófico da pesquisa a Fenomenologia, que pressupõe a exploração das experiências humanas: os valores, os preconceitos, os mitos e as expectativas do homem. 3.1 Caracterização do Estudo O presente estudo tem caráter qualitativo, descritivo, exploratório e de campo. A pesquisa aprofunda-se no mundo das ações e relações humanas, o que não é perceptível e captável em equações, médias e estatísticas. Na pesquisa qualitativa há uma tentativa de capturar dos entrevistados as perspectivas sobre as questões focalizadas, descrevendo determinada realidade (CERVO E BERVIAN, 2002). Uma pesquisa qualitativa é baseada nas informações, sem instrumentos formais e tenta compreender e interpretar as experiências pessoais, bem como analisar as informações de forma intuitiva (LEFÉVRE, 2000). A pesquisa qualitativa não tem qualquer utilidade na mensuração de fenômenos em grandes grupos, sendo basicamente útil para quem busca entender o contexto onde algum fenômeno ocorre. Umas das principais características do método qualitativo é o fato de que as pesquisas são formuladas para fornecerem uma visão de dentro do grupo pesquisado (CERVO E BERVIAN, 2002). Descritiva porque procura interpretar e analisar as exposições verbais dos entrevistados, relacionando-as à literatura e, exploratório, à medida que busca o fenômeno ou obter nova percepção, em um contexto específico. A metodologia qualitativa, pelo fato de trabalhar em profundidade, possibilita que se compreenda a forma de vida das pessoas, não sendo apenas um inventário sobre a vida de um grupo (LEFÉVRE, 2000). As técnicas utilizadas permitem, entre outras coisas, o registro do comportamento não-verbal e o recebimento de informações não esperadas, porque não seguem necessariamente um roteiro fechado, percebendo como bem-vindos os dados novos, não previstos anteriormente (CERVO E BERVIAN, 2002). A pesquisa exploratória “permite ao investigador aumentar sua experiência em torno de um determinado problema. Consiste em explorar tipicamente a primeira aproximação de um tema e visa criar maior familiaridade em relação a um fato ou fenômeno”(LEOPARDI, 2002, p.119). 3.2 Local do Estudo O presente estudo foi realizado no Hospital Regional de Araranguá, situado na cidade de Araranguá (SC), no período de 01/10 à 20/10 de 2007. A pesquisa foi realizada com o paciente pós-alta da UTI. 3.2.1 Caracterização da UTI do Hospital Regional de Araranguá O presente estudo foi realizado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Araranguá (HRA), localizado na rua Castro Alves , Município de Araranguá – Santa Catarina, sendo referência para os municípios da Associação dos Municípios do Extremo Sul de Santa Catarina (AMESC). A UTI foi inaugurada em 10/03/1994 e permaneceu em funcionamento por quatro anos. Foi desativada, em 21/08/98 para reforma com o objetivo de melhorar a assistência e fornecer um atendimento com qualidade. A nova UTI foi reinaugurada em 29/08/2001, sendo ampliada de seis para dez leitos: onde oito são monitorizados e dois leitos não. Desses dez, um é isolamento. Todos os leitos são visualizados do Posto de Enfermagem e separados por divisórias acrílicas. Hoje, fornece melhor condição para as pessoas que necessitam de cuidados integrais durante 24 horas, todos os dias, em um espaço físico adequado e planejado, contando com uma equipe multidisciplinar preparada para prestar cuidados de alta complexidade . A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Araranguá (HRA), está localizada próxima ao Pronto Socorro, ao Centro Cirúrgico, e a Central de Material Esterilizado (CME). Os pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI); vêm do Pronto Socorro, de transferência externa (se tiver leito disponível, com a autorização do médico de plantão) e de transferência interna. A alta hospitalar é por transferência interna ou por óbito do paciente. A visita da UTI realiza-se nos horários das 15h `as 16h e, após a visita dos familiares o médico de plantão conversa com dois familiares de cada paciente, informando-lhes as condições - quadro clínico - do paciente Das 20h às 21h é permitida a entrada de quatro pessoas, individualmente, para cada paciente internado. A equipe de enfermagem segue uma escala de atividades diárias e a passagem de plantão é realizada no início de cada turno, à beira do leito do paciente. A equipe multiprofissional é composta por quatro enfermeiros, três auxiliares de enfermagem, onze técnicos de enfermagem, cinco médico plantonistas, uma fisioterapeuta e serviços de centro cirúrgico, hemodinâmica, laboratório, radiologia e nutrição. Conforme informações obtidas na unidade, as patologias que mais ocorrem na UTI são: Neurológicos: acidente vascular encefálico (isquêmico e hemorrágico), mal convulsivo e meningite; Politraumatismos: traumatismo crânio-encefálico, trauma torácico e trauma abdominal; Gastro: hemorragia digestiva, cirrose hepática, cefalopatia hepática e pancreatite aguda; Renal: insuficiência renal aguda; Infecciosas: broncopneumonia e septicemia; Cardiovascular: emergência hipertensiva, síndrome coronariana, infarto agudo do miocárdio, angina, arritmias e insuficiência cardíaca; Metabólica: cetoacidose diabética e coma hiperosmolar. 3.3 Sujeitos Participaram deste trabalho como sujeitos, 13 pacientes lúcidos e orientados, de ambos os sexos, na faixa etária de 15 a 80 anos e que tenham passado pela internação em UTI uma única vez. 3.4 Procedimentos de Coleta de Informações A técnica utilizada nesta pesquisa, para obtenção dos dados em função de ser de cunho qualitativo, foi à entrevista semi-estruturada (Apêndice 1). Segundo Lefévre (2000), a entrevista permite que as pessoas exponham naturalmente o que pensam, dando acesso a dados da realidade, de caráter subjetivo, isto é, idéias, crenças, maneiras de pensar, opiniões, sentimentos, maneiras de atuar, conduta ou comportamentos. A modalidade de entrevista semi-estruturada ao mesmo tempo em que valoriza a presença do investigador, oferece todas as perspectivas possíveis para que o informante alcance a liberdade e a espontaneidade necessárias, enriquecendo a investigação (LEFÉVRE, 2000). A entrevista foi realizada após a alta do paciente individualmente, que foi consultado quanto a sua disponibilidade em participar da pesquisa. Tal aceite foi oficializado mediante assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice 2 ). Antes da assinatura do termo, o pesquisador esclareceu os objetivos da investigação e a importância dos depoimentos para o estudo, e de que as identidades serão mantidas em sigilo. A coleta de dados foi desenvolvida nos seguintes momentos: 1º Momento – Reconhecimento do campo de estágio e da equipe multiprofissional que estava envolvida no trabalho. 2º Momento – Realizou-se observação assistemática dos pacientes a partir da alta da UTI. “A observação assistemática – chamada também de “ocasional”, “simples”, “não-estruturada” – é a que se realiza sem planejamento e sem controle anteriormente elaborados, com decorrência de fenômenos que surgem de imprevistos”(RUDIO, 2003, p. 41). Já para Leopardi (2002), a principal vantagem dessa técnica é que ela é realizada através de acontecimentos que serão percebidos, não havendo nenhum tipo de intermediação, colocando o pesquisador diante da situação estudada, fazendo com que ele a veja naturalmente. 3º Momento – Seleção os pacientes de acordo com os critérios: - Idade entre 15 e 80 anos; - Internado pela primeira vez na UTI; - Após Alta da UTI; - Paciente lúcido e orientado. De acordo com Gil (2002): o mais recomendável nas pesquisas deste tipo é a utilização da amostras não probabilísticas, selecionadas pelo critério de intencionalidade. Uma amostra intencional, em que os indivíduos são selecionados a partir de certas características tidas como relevantes pelos pesquisadores e participantes, mostra-se mais adequada para a obtenção de dados de natureza qualitativa; o que é o caso da pesquisa-ação. 4º Momento – Realização da entrevista semi-estruturada com os pacientes selecionados. Segundo Minayo (2002, p.108): A entrevista semi-estruturada combina com perguntas fechadas (ou estruturadas) e abertas, onde o entrevistado tem a possibilidade de discorrer o tema proposta, sem resposta ou condições pré-fixadas pelo pesquisador pelo pesquisador, mediante a entrevista pode se obter desde dados que de referem diretamente ao indivíduo entrevistado, isto é, suas atitudes, valores e opiniões. O diário de campo foi utilizado para anotações sobre os fatos ocorridos durante o estágio como: angústia, questionamento, percepção e informação que não são obtidas através da utilização de outras técnicas (MINAYO, 2002, p.63). 3.5. Aspectos Éticos O Conselho Nacional de Saúde, através da Resolução 196/96, aprova algumas normas e diretrizes regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. A resolução incorpora quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência e justiça. Visa a assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e do estado. Dentre os aspectos éticos o consentimento livre e esclarecido prevê a anuência do sujeito da pesquisa após a explicação completa sobre a natureza da mesma, seus objetivos, métodos, benefícios previstos e potenciais riscos que possam acarretar, formulada em termo de consentimento, autorizando sua participação na pesquisa. Aspectos éticos do estudo como a confidencialidade, a privacidade, o anonimato, a proteção de imagem devem ser assegurados aos participantes no decorrer de todo o processo de pesquisa. A pesquisa em seres humanos deverá sempre tratá-los com dignidade, respeito e defendê-los em sua vulnerabilidade. Na pesquisa será utilizado um termo de consentimento livre e esclarecido, informando aos participantes da pesquisa os objetivos, métodos, direito de desistir da mesma e sigilo. (apêndice 2 ). Os pesquisadores de enfermagem devem ter o compromisso de defender os princípios morais da vida, o respeito e a dignidade humana com base no respeito profissional e pessoa cuidada. O projeto foi encaminhado para o Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Regional de Araranguá (Apêndice 3), para análise e posteriormente autorização da realização da pesquisa embasada nos preceitos éticos da Resolução 196/96. 3.6 Organização e Análise das Informações Na fase de análise dos conteúdos, utilizou-se a categorização de dados por melhor se adequar à investigação qualitativa do material sobre saúde, embasados em Minayo (2002). Para Minayo (2002), as categorias são empregadas para estabelecer classificações. Significa agrupar elementos, idéias ou expressões em torno de um conceito capaz de abranger tudo isso que pode ser utilizado em qualquer tipo de análise em pesquisa qualitativa. Segundo a autora, para a operacionalização da análise e interpretação dos dados é necessário passar pelos seguintes passos: ordenação dos dados, classificação dos dados e interpretação. Sendo assim, na etapa de ordenação dos dados realizou- se uma préanálise; através da leitura e releitura dos resultados da entrevista semi-estruturada , buscando permear o pensamento geral dos entrevistados, relacionando, a partir daí, as categorias chave. Na etapa de classificação, após a identificação das categorias, buscou- se estabelecer os pressupostos referentes à percepção do paciente acerca da internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Finalmente, realizou-se a interpretação dos dados coletados, articulandoos com as questões que nortearam toda a pesquisa: seus pressupostos, objetivos e referências teóricos. 4 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS Neste capítulo serão apresentados os resultados dos dados obtidos neste estudo. Inicialmente apresentou-se ao enfermeiro supervisor do estágio o projeto e posteriormente para a equipe de trabalho da UTI e para os demais enfermeiros indiretamente ligados ao estudo. Na identificação da percepção dos pacientes na UTI em relação ao ambiente de internação e o cuidado dispensado pela equipe multiprofissional, foram utilizados as seguintes categorias norteadoras da pesquisa, a partir de entrevista semi-estruturada com os pacientes: • Situações que mais impressionaram os pacientes na UTI durante o período de internação; • Sentimentos em relação à internação na UTI. Na apresentação dos resultados, utilizou-se a letra “P” para identificar os pacientes entrevistados, no sentido de preservar o sigilo e anonimato dos sujeitos, como recomenda a Resolução 196/96. 4.1 Perfil dos Pacientes Internados na UTI Foram entrevistados treze (13) pacientes: dez (10) do sexo masculino e três (03) do feminino. Quanto à religião, onze (11) freqüentam a Igreja Católica, um a Testemunha de Jeová e um a Assembléia de Deus. No que diz respeito à escolaridade, um concluiu o Ensino Médio; três, o Ensino Fundamental; nove têm o Ensino Fundamental incompleto. Profissionalmente seis são aposentados, um é chapeador; um, pedreiro; um, mecânico; um, lavrador; um, vendedor; um, auxiliar de cozinha e apenas uma das pacientes é do lar. A maioria dos pacientes são de Araranguá, (11), no entanto dois pacientes são da região de Criciúma. Isso comprova que a UTI do HRA atende pacientes do município e da região do extremo sul catarinense. Na tabela 01, apresentou-se o perfil dos pacientes internados na UTI, referente à idade e à patologia. Tabela 1 – Perfil dos pacientes internados na UTI segundo idade e patologia Idade Nº de pacientes Patologia Identificação 20-30 1 Asma P4 40-50 3 IAM P6;P9;P11 51-60 4 3 IAM, 1 Angina P5;P7;P12;P13 61-70 4 3 IAM, 1 Bronquite P1;P2;P3;P10 71-80 1 PCR P8 Fonte: Dados da Pesquisa O presente estudo apresentou uma amostra: 54% dos pacientes entrevistados foram acometidos por IAM. Por se tratar de uma UTI geral, os casos de doenças cardiológicas são de índices altos de internação, seguidos pelas doenças do tipo neurológicas além dos politraumatizados. Segundo Zilberstein (2000), a criação das Unidades de Terapia Intensiva surgiu da necessidade de prestar melhor assistência a pacientes em estado grave, passíveis de recuperação, concentrando recursos humanos e materiais, capazes de possibilitar rapidez e eficiência no atendimento prestado. 4.1.1 Situações que mais impressionaram os pacientes na UTI durante o período de internação. Todos os pacientes referiram o bom atendimento na UTI, dado pela equipe de enfermagem e médicos. Sentiram-se bem acolhidos no ambiente, sendo possível destacar em todas as falas termos significativos do entendimento dos pacientes quanto à permanência na UTI: atendimento muito bom, atenção, tratamento especial, respeito. “Me senti muito bem, o atendimento foi muito bom, o pessoal é muito atencioso” (P1). “Nada tenho que falar, se for para dar nota, a nota é 1000, o atendimento foi perfeito, o problema é meu, sou muito estressado, eu tenho que me controlar, tratamento é especial” (P2). “... não tenho nada para reclamar dos funcionários, só para agradecer” (P7). Koizumi, Kamiyama e Freitas (1979) comentam que, ao passarem por tratamento intensivo, as pessoas parecem desenvolver considerável sensibilidade ao que ocorre ao seu redor, dada a situação de estresse enfrentada na UTI. Consideram ainda essencial o reconhecimento e o controle dos fatores que desencadeiam esse estresse. Apesar do grau de estresse todos os pacientes entrevistados disseram ter aceitação diante da internação ou só verbalizaram aspectos positivos relacionados à sua permanência neste local. É importante ressaltar o bom atendimento, inclusive com orientação de enfermagem e de médicos, oferecido no ambiente da UTI do HRA, como podemos perceber nas seguintes falas: “... quando acordei, as enfermeiras me orientaram bem” (P3). “O tratamento, todos me atenderam bem, gostei do médico, ele também me atendeu bem, muito respeitada, logo me recuperei ...” (P8). “O que me impressionou foi o atendimento, foi muito bom, o atendimento dos médicos e enfermeiros foi ótimo...” (P11). “... os enfermeiros me trataram muito bem” (P13). Do mesmo modo Mocavero et al apud CAR (1999), em estudo realizado com pacientes também internados em Unidade de Terapia Intensiva, constataram, após a alta hospitalar, que a maioria deles percebeu essas unidades como locais seguros, sobretudo pela presença constante de médicos e enfermeiros. É possível fazer uma suposição de que esses sentimentos sejam diretamente proporcionais à assistência prestada pela equipe da unidade, configurando fator importante para a ausência de momentos críticos, ou seja, um bom cuidado, além da terapêutica medicamentosa, favorece a manifestação de sentimentos positivos, apesar do ambiente típico da UTI. Para a enfermagem e demais profissionais de saúde a importância da orientação “representa a possibilidade de ir além da execução de procedimentos técnicos que fragmentam e reduzem o ser humano a um receptáculo de suas ações. Esta possibilidade diz respeito à humanização dos atos profissionais permitindo que os sentimentos, as emoções e a história de cada um tragam uma compreensão da totalidade que este ser humano representa.” (SOUZA e PADILHA, 2002, p.27). A UTI, como ambiente propício para a melhora da saúde, foi citado por dois pacientes, conforme as falas abaixo descritas. “... eles somaram bastante, senti que estava sendo bem cuidada, eles se preocupam com a gente, me senti viva, que ia melhorar, porque cada dia me sentia melhor” (P4). “O atendimento ali é muito bom, aquilo ali são uns “anjo”, não tem nenhum ali que eu posso falar alguma coisa de mal, todos são especial. “Pra ti vê” quando me falaram que ia pra UTI eu fiquei tranqüilo, porque nessas horas tu só “pensa” em viver e era o que eu queria” (P6). Em duas das falas, os pacientes ficaram impressionados com a rapidez no atendimento: “Preocupação da saúde, mas o atendimento me chamou muito atenção, foi coisa muito boa. Eu moro em Içara e quando começou aquela dor, oh coisinha forte, procurei socorro. Eles me atenderam e logo me mandaram pra lá. Quando cheguei, me levaram direto para UTI, porque já tinham ligado. Meu Deus, vieram uns cinco pra cima de mim e ali eles ficaram...” (P10). “...gostei do lugar, não me senti incomodado. Quando cheguei me atenderam bem rápido. Foi atendimento de primeira, tanto que estou aqui falando contigo” (P12). Para Gomes (1988, p.17), a Unidade de Terapia Intensiva é “uma área onde os pacientes em estado grave podem ser tratados por uma equipe qualificada, sob melhores condições possíveis: centralização de esforços e coordenação de atividades”. A vergonha para o banho de leito foi relatado por um paciente, conforme a fala abaixo descrita. “Foi o atendimento. Lá o atendimento é coisa séria. É 199%. São gente muito boa, as coisas mais queridas do mundo, dão banho na gente, mas eu fiquei com vergonha e não quis” (P5). Sobre privacidade, Souza, Possari e Mugaiar (1985, p.77), afirmam que “os pacientes não são separados por sexo, idade e gravidade da doença. Cria-se, assim, um clima de ansiedade por quebra da privacidade do paciente. Ele vivencia não apenas a sua doença, mas vê e ouve as internações que se processam ao redor”. No entanto, cabe ressaltar que o capítulo IV – Dos Deveres do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, preconiza que o enfermeiro deve: “Art. 27 – Respeitar e reconhecer o direito do cliente de decidir sobre sua pessoa, seu tratamento e seu bem-estar. Art. 28 - “Respeitar o natural pudor, a privacidade e a intimidade do cliente”. Ao mesmo tempo, o enfermeiro tem que reconhecer que o paciente possui: “o direito a atendimento humano, atencioso e respeitoso, por parte de todos os profissionais de saúde. Tem o direito a um local digno e adequado para seu atendimento, o direito a manter sua privacidade para satisfazer suas necessidades fisiológicas, inclusive alimentação e higiênicas, quer quando atendido no leito, no ambiente onde está internado ou aguardando atendimento.” (COREN, 1993). A UTI, como um ambiente assustador e por ter paciente em estado crítico, foi comentada por um paciente, conforme a fala abaixo descrita. “O que mais me impressionou foi o bom atendimento e o que mais me deixou chocado foi ver as pessoas lá muito mal” (P9). A literatura em terapia intensiva aponta que o ambiente físico da UTI é um forte desencadeador de desconforto ao paciente, por tratar-se de um local inóspito, com grande circulação de pessoas, ruídos, presença de pacientes graves, falta de atividades de recreação. (GOMES, 1998). A UTI é um dos ambientes hospitalares mais agressivos, tensos e traumatizantes, uma vez que ali se desenvolve tratamento intensivo, hostil pela própria natureza, pois além da situação crítica em que o paciente se encontra, existem outros fatores altamente prejudiciais à sua estrutura psicológica, como falta de condições favoráveis ao sono, intercorrências terapêuticas freqüentes, isolamento, suposição da gravidade da doença e até mesmo risco de vida. (NASCIMENTO e CAETANO, 2003, p.12). O paciente na UTI pode perceber muito próximos os limites entre a vida e a morte, assiste ao sofrimento humano e freqüentemente passa pelo processo de medo da morte do outro, identificado por Kovács (1992) apud Seidler e Moritz (1998), como o medo da separação da finitude humana ao deparar-se com a dor alheia e refletir sobre o seu próprio fim. A percepção do sofrimento alheio pode desencadear uma grande dor ao paciente, que pode projetar-se, enfrentando este processo, ou recordar o sofrimento de entes queridos, tornando mais difícil a aceitação do sofrimento do outro, conforme foi evidenciado no relato acima citado. Um paciente exteriorizou o sentimento de saudade, vontade de estar perto, de retornar ao convívio familiar, pois o lar e os componentes familiares são de maior importância e não são esquecidos durante o tempo de permanência na UTI. Diante dessa problemática, a visita é um momento oportuno para reduzir esse sentimento. Jones e Cols apud Seidler e Moritiz (1998), enfatizam a importância e a necessidade de esses pacientes receberem visitas, enquanto Simpsom e Ballard apud Seidler e Moritz (1998), consideram a separação da família como fonte de estresse e consideram a visita como fator de amenização desse fato. A ruptura do convívio social e familiar incomoda os pacientes internados em uma UTI, exatamente por se verem sozinhos em um ambiente desconhecido, com pessoas alheias ao seu cotidiano e, ainda, sem contato maior com seus entes queridos, os quais, na maioria das vezes, são fontes de apoio para superar as dificuldades que a vida lhes impõe, como nos mostra a fala a seguir: “...mas o que mais me impressionou foi ter que deixar a minha mãe de 81 anos, porque eu moro com ela, ela precisa de mim. Pra você “vê,” agora que estou no hospital ela está no asilo” (P5). 4.1.2 Sentimentos em relação à internação na UTI Os sentimentos mais despertados nos pacientes internados na UTI foi o medo e a experiência dolorosa, conforme as falas abaixo descritas. “... dentro da UTI fui bem cuidado. No começo até fiquei com medo que percebi que estava na UTI, mas depois fui me acostumando e até era necessário né... foi uma experiência muito ruim, se for para passar de novo, “senti” toda aquela dor, eu prefiro morrer” (P5). “Eu posso te dizer que meu maior pavor foi a dor. É inexplicável. Começou no estômago e depois começou a subir e daí veio muito forte, mas quando começaram a me tratar, fiquei mais tranqüilo” (P6). “Quando o médico falou que eu ia para UTI, me agitei, fiquei com medo, pensei: nossa estou mal e agora?” (P13). A rejeição do paciente à internação deve ser compreendida pelos enfermeiros e estes, na medida do possível, devem tentar minimizar o desconforto e os sentimentos negativos que venham a ser manifestados pelos pacientes. Conforme relatam Novaes, Romano e Lage (1996, p. 100) “a ansiedade pode ser compreendida como uma resposta do ser humano ao desconhecido”. Stedeford (1986) apud Seidler e Moritz (1998), consideram o medo do que não é familiar como o medo da morte, e argumentam que todas as pessoas têm medo do desconhecido, e, devido a isso, é natural temer a própria morte. O autor citado relata que a ansiedade pode ocorrer como resposta a uma dificuldade de ajustamento, apresentando-se com queixas de sofrimento emocional, variando desde a sensação de incômodo, até manifestações relatadas nas falas acima. A dor é um fato real a ser considerado pelos profissionais de saúde, a quem compete buscar formas para resolver, de modo temporário ou definitivo, tal incômodo. Koizumi et al (1979, p.141), destacam que “os problemas sentidos pelos pacientes internados em CTI recaem mais na área expressiva do que na instrumental”. No entanto, a assistência com vista ao alívio da dor é uma forte aliada, capaz de diminuir o sofrimento do doente, proporcionando conforto diante de uma necessidade afetada. Outro aspecto relevante foi citado por um paciente que, apesar da experiência de dor e medo, sentiu-se amparado, protegido e cuidado pela equipe da UTI: “... só queria saber se ia escapar. Escapei. Agora estou aqui, mas não pronto pra outra, porque foi muita dor, mas o que eu senti mesmo foi proteção, eles cuidaram de mim” (P10). ... a valorização de tudo aquilo que nos é dito pelos clientes e o respeito pelos próprios “limites”podem propiciar o estabelecimento de uma ambiência mais segura, mais confortável, onde o cliente não sente sua individualidade ameaçada, já que o enfermeiro aceita e valoriza o que o cliente diz... torna-se implícita a necessidade da enfermeira estar alerta à contínua comunicação, manifesta de forma não-verbal, permeando o cuidado, que pode ser em muito influenciado, criando pontes ou barreiras para a aproximação. (BARBOSA, 1999, p. 92-93). A morte foi um dos sentimentos citados por um paciente internado na UTI, conforme a fala abaixo descrita. “Desde que saí de casa eu pensei que fosse morrer pelo jeito que eu estava. Eu me abençoei, me peguei com Deus, pedi que ele olhasse por mim” (P8). A recuperação proporcionada no ambiente da UTI, após o sentimento de medo, foi expresso na fala de um paciente, conforme abaixo descrito: “Quando me falaram que ia para UTI, pensei que fosse morrer, mas cheguei lá e foi tudo diferente. Cheguei lá muito mal, enfartado, mas me recuperei, porque lá é para se recuperar” (P1). Em uma UTI, o objetivo é a recuperação do paciente em tempo hábil, dentro de ambientes físico e psicológico adequados, onde cada membro que ali trabalha deve estar orientado para o aproveitamento das facilidades técnicas existentes, aliados a um bom relacionamento humano. (KAMADA,1978). O medo da morte e da dor como experiência incentivadora de mudanças na forma de pensar, valorização de vida e no estilo de vida, foi comentado por um paciente: “Foi a melhora, o tratamento. Agora o problema é viver mais aliviado, ser mais calmo. Talvez a gente “da” valor só depois que “acontece” as coisas. Então agora vou mudar de vida. Mas senti medo de morrer, porque a dor é terrível” (P12). A dor é uma experiência solitária que é difícil de ser comunicada para outra pessoa. A experiência da dor é única para cada pessoa, de modo que a enfermeira precisa estar atenta aos modos de expressão da pessoa, oferecendo ajuda em momentos de maior tensão e sofrimento. (RODRIGUES, 2000, p.33). De acordo com Dethlefsen &Dahkke (1983) “a cura sempre está associada a uma ampliação de consciência e a um amadurecimento pessoal”. Um paciente relatou sintomas físicos e a orientação oferecida à família foi um fator importante para tranqüilizá-lo: “Única coisa ruim que senti foi a falta de ar. O resto foi só coisa boa. Lá tem várias moças, senhoras, sei lá, rapazes que são gente muito boa. O atendimento foi bom. A minha família foi muito bem informada pelo médico. Foi muito bom. Não sei se com os outros pacientes é assim, mas para mim foi tudo bom” (P3). “A internação em UTI sempre se configura como uma situação traumatizante para o paciente e sua família, porém informações claras, precisas e em linguagem simples podem contribuir para tranqüilidade da família nessa situação.” (BALDINI, 2001 apud BARBOSA, 2005, p.158). Leopardi (2002, p.45), refere que a “tarefa de explicar aos familiares sobre a doença, tratamento e prognóstico, informar a eminência de morte e consolar fazem parte de um conjunto de ações assimiladas para compor o cuidado de enfermagem”. A característica do ambiente da UTI como lugar fechado e com muita aparelhagem e tecnologia foi citado por um paciente, mas em contrapartida a equipe lhe transmitiu segurança: “Me senti um pouco presa, não gosto muito de ficar em ambiente fechado, era um lugar muito fechado, só via aparelhos. Me senti segura com os trabalhadores, eles são bem legais, me falaram para eu me cuidar” (P4). Área física restrita; planta física comum – o que faz com que o paciente visualize e ouça tudo o que ocorre ao seu redor; presença de equipamentos sofisticados; dinâmica ininterrupta de trabalho da equipe; sons monótonos e constantes dos monitores e respiradores; iluminação e aeração artificiais permanentes; falta de janelas para visualização do meio externo; e ausência de relógio, o que impossibilita o paciente se localizar no tempo. (NASCIMENTO e CAETANO, 2003, p.12). Um paciente referiu a UTI como um lugar seguro, apesar da preocupação em relação à internação: “Tem muita gente que não gosta da UTI, mas se fosse para ficar internado mais uma vez eu prefiro ficar na UTI, pela segurança, atenção. Claro que se for analisar o melhor mesmo seria não precisar, mas como precisei, me senti bem. É claro que ficamos preocupados, mas é normal”(P7). Em estudos com clientes coronariopatas internados em Unidade Intensiva Coronariana, Barbato et al (1982), comentam que grande parte desses clientes percebia a unidade como um elemento tranqüilizador, em virtude da atenção contínua recebida e da tecnologia ali existente. As vantagens são os equipamentos e materiais centralizados e alta tecnologia e monitorização por 24 horas. A UTI é caracterizada pelo atendimento qualificado e especializado é uma área do hospital destinado a receber clientes em estado crítico com um ou vários comprometimentos de órgãos ou sistemas. (RABELO et al, 2002, p.124). Foi referido por um paciente que a fé e a oração também fazem parte da recuperação: “É uma experiência que ninguém gosta, mas a gente sabe que tem que passar por várias situações na vida que ninguém escapa. Mas orei muito e saí de lá. Agora quero ir pra casa” (P11). Talvez por não ter conhecimento da gravidade do caso foi citado por um paciente que a sua situação não era tão difícil: “Pois agora, dentro de uma UTI se sente o quê? Às vezes sente, ou sai bom ou não sai, mas como meu caso eu não achei uma coisa tão difícil. Eu nem me assustei muito não” (P9.) Apenas um dos pacientes entrevistado citou que não sentiu nada: “Sentimento nenhum, são coisas obrigatórias que têm que fazer. As coisas aparecem e têm que ser “feito”, não senti nada” (P2). O conjunto de todas as falas permite desmistificar o que freqüentemente é encontrado na bibliografia e no imaginário coletivo sobre “estar na UTI”. É freqüente encontrarmos, por exemplo, segundo Bessuti (2002), que a situação de internação em uma UTI é marcada fortemente por emoções perturbadoras, o paciente sente-se ameaçado, é afastado de tudo o que o caracteriza como indivíduo, perde sua identidade. Além disso, é identificado por um número ou patologia, permanece longe das pessoas amadas, cercada por aparelho, pessoas estranhas, que falam de seu estado de saúde através de uma linguagem desconhecida, assustadora, muitas vezes sente dor, e esta é intensificada pela preocupação com seu estado de saúde, com a situação financeira, com o trabalho, com as pessoas que lhe são queridas. Enfim, com tudo aquilo que lhe caracteriza como indivíduo e de alguma forma foi abalado pela situação de internação na UTI. Frente aos estressores físicos, o que mais tem perturbado o paciente em uma UTI é a dor, que desencadeia a intensificação dos estressores psicossociais como o medo da morte, e a insegurança devido à ausência de familiares ou a incerteza de um diagnóstico. Diante dessa realidade, percebe-se a necessidade do conhecimento, pela comunidade em geral, do funcionamento da UTI. Durante as entrevistas muitos parentes e pacientes que não participaram da entrevista por não fazerem parte dos critérios de inclusão comentaram que antes de conhecer a UTI tinham impressão totalmente diferente da que estavam presenciando, ficaram impressionados com o atendimento. Até mencionaram que se fossem para ser internados em algum lugar escolheriam a UTI, pois sabiam que ali estariam seguros e que não iria lhes faltar nada. Portanto, se observado o coletivo das falas é possível afirmar que a maior parte dos aspectos positivos são decorrentes da forma da equipe atuar: preparada tecnicamente, segura, preocupada, interessada pelo cuidado. Da mesma forma, as fontes de estressores podem ser minimizadas pela equipe, desde que se proponha a ouvir o paciente sobre os fatores que lhes causam desconforto e insegurança. A escuta cuidadosa é, sem dúvida, uma ferramenta de trabalho que pode ajudar na identificação e no controle de tais fatores. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O interesse despertado em desnudar a percepção do paciente, vendo-o não apenas como um ser submetido aos cuidados de enfermagem, fizeram perceber os conflitos, as necessidades, as angústias, as expectativas e as sensações que permeiam o dia-a-dia de um paciente, durante sua internação em uma UTI. Compartilhou-se, por alguns momentos, do seu mundo-vida, uma vez que, a partir do instante em que o paciente se propõe a colaborar, passa a se mostrar para o interlocutor, e este, por sua vez, para o paciente, inserindo-se ambos em uma realidade comum. Os resultados apontaram um emaranhado de sentimentos com os quais os pacientes internados na UTI convivem desde o momento da admissão até a sua internação. As principais percepções quanto à internação foi de aceitação, recuperação, segurança, bom atendimento e acolhimento em relação a equipe de trabalho e ao próprio ambiente de internação, uma vez que os indivíduos estavam vivendo um momento único e desconhecido à sua realidade. Entretanto, o período de internação foi uma oportunidade que gerou concomitantemente, satisfação e insatisfação, mostrando que, no convívio dentro de uma UTI, podem ser experienciados sentimentos de satisfação, proporcionando ao paciente maior aceitação da dinâmica da unidade, como também sentimentos de insatisfação, que variam de acordo com as vivências e as informações recebidas anteriormente de amigos, de familiares e da equipe de saúde. Assim, fica clara a necessidade de manter o paciente informado e de estar atento as suas crenças e percepções. O que para a equipe é normal, familiar e cotidiano, para ele pode ser um universo totalmente desconhecido, como o qual nunca teve percepção real e prévia. (GUIRARDELLO, 1999). Os resultados deste estudo sugerem que o indivíduo, ao internar-se em uma UTI, sente-se ameaçado diante desta nova realidade que vivencia. A ansiedade por ele vivida tende a diminuir após a internação, porém, para a maioria dos pacientes, as dificuldades impostas por este ambiente continuam a expressar-se na dificuldade de lidar com o sofrimento, com o desconforto causado pelos artefatos terapêuticos que trazem maiores preocupações aos pacientes, que, isolados dos familiares, sentem-se sós, apesar de estarem acompanhados pelos profissionais de saúde. Acredita-se que os pacientes internados na UTI sentem, possivelmente, de forma ainda mais intensa, certos problemas peculiares ao ambiente. O repasse de orientações sobre a rotina da unidade e sobre dúvidas porventura existentes também é uma maneira de diminuir os anseios desenvolvidos em função da causa da internação e ao ambiente. A percepção da UTI como um ambiente hostil é minimizada quando o cuidado é realizado de forma humanizada, porém os cuidadores necessitam sentirse bem neste ambiente para perceber as necessidades dos pacientes. Como podemos ver através dos resultados do estudo os pacientes entrevistados ficaram muito satisfeitos com o cuidado a eles disponibilizado. Muitos elogiaram os serviços prestados pela equipe de enfermagem, pelos médicos e pelos técnicos. Pois a qualidade no serviço está no equilíbrio entre as tarefas e cuidado direto ao paciente, onde o profissional, além de competência técnica, demonstra interesse ao ser humano a quem presta seus cuidados. Quando o trabalho é reconhecido pelos usuários dos serviços de saúde, o profissional de saúde compreende a sua importância como cidadão e como profissional. Percebe o quanto é grandioso e importante seu trabalho. Reconhece a importância da energia despendida cotidianamente. Apesar da freqüência com que hoje se discute a importância e a necessidade do cuidado direto ao cliente, percebe-se relutância por parte de alguns profissionais na aceitação dessa assistência. Sem dúvida, assistir o paciente significa compreender o fato de que toda ação tem uma reação, por vezes favoráveis (aumentando o empenho do profissional no desenvolvimento de sua assistência), por vezes frustrantes (conduzindo o profissional a refletir) na busca do equilíbrio e do aperfeiçoamento, como diretrizes fundamentais no desempenho de sua profissão. A hospitalização para muitas pessoas representa a separação da família, de tudo àquilo que se conhece e se compreende. Significa estar em um ambiente hostil e ser cuidado por pessoas desconhecidas e, para muitos, um mundo amedrontador. Se o profissional não tiver essa questão bem esclarecida, limita a sua assistência ao cliente, a sua família, aos cuidados técnicos necessários e à manutenção das funções vitais. É importante que o profissional que atua em uma UTI defina uma filosofia para prestar essa assistência baseada na visão holística. O plano de cuidados deve considerar as necessidades do cliente, (emocionais, ou não). Muitas vezes ações simples podem resolver grandes problemas. Saber avaliar e ter criatividade nas ações são a essência do atendimento. Assim, a sistematização da assistência de enfermagem vem ao encontro dos princípios fundamentais do exercício da profissão, permitindo aos profissionais exercerem sua atividade com competência e responsabilidade em toda sua plenitude. A sensação de perceber o reconhecimento do trabalho dos profissionais enfermeiros e equipe em cada olhar dos pacientes entrevistados, bem como a identificação de sentimentos positivos, ainda que em paralelo com os negativos, mostrou que o desempenho desses profissionais, no momento em que lhes é dado prestarem uma assistência intensiva de qualidade, será sempre reconhecido por aqueles que viveram nesse ambiente de cuidado, que compreenderam não ser tão agressivo e frio quanto à literatura costuma referir ficar em uma Unidade de Terapia Intensiva. REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Teresa Soy. Cuidados Intensivos. 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Sou aluna regular do Curso de Pós Graduação Condutas de Enfermagem ao Paciente Crítico da UNESC. O objetivo do trabalho é que através de entrevistas com Pacientes Conscientes pós alta da Unidade de Terapia Intensiva, possa colher informações para o meu estudo, cujo tema é “A Percepção e o Sentimento dos pacientes acerca da internação na Unidade de Terapia Intensiva”. Asseguro o compromisso com a ética e o sigilo neste trabalho, respeitando a privacidade e valores de cada paciente. Anexo cópia do projeto de pesquisa. Elizabeth Minatto de Souza Enfermeira/ UNESC APÊNDICE B TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO PARTICIPANTE UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM Pelo presente termo de consentimento, declaro minha concordância em participar nesta pesquisa, que tem como título “A Percepção e o sentimento dos Pacientes acerca da internação na Unidade de Terapia Intensiva com objetivo de” identificar a percepção e o sentimento dos pacientes acerca da internação na Unidade de Terapia Intensiva, com a finalidade de fornecer subsídios para realização do trabalho de conclusão de curso (monografia), e também para que a enfermagem possa interagir no bem estar e conforto do paciente. Estando também ciente de que será mantido sigilo, o anonimato, e que não há qualquer tipo de risco, pois as entrevistas repassadas por escrito sem uso de fotografias ou filmagens e na apresentação do trabalho os pacientes serão identificados por códigos, mantendo a ética profissional e o respeito ao ser humano. Também fui informado (a) que tenho o direito de interromper a pesquisa se for de minha vontade. Neste sentido, pelo presente consentimento, também autorizo a divulgação dos resultados desta pesquisa. Responsável pela pesquisa Elizabeth Minatto de Souza Enfermeira/ UNESC Local e Data: Assinatura do entrevistado: , de 2007. APENDICE C INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS Identificação Idade: Sexo: Religião: Escolaridade: Naturalidade: Profissão: Motivo da Internação: Data da internação: Pergunta específica: • Fale as situações que mais lhe impressionaram durante o período de internação na UTI? ........................................................................................................................... ........................................................................................................................... ........................................................................................................................... ........................................................................................................................... • Fale de seus sentimentos quanto a esta experiência? ........................................................................................................................... ........................................................................................................................... ........................................................................................................................... ........................................................................................................................... .