PREFÁCIO | V Prefácio O prefácio que o Tom fez a uma selecção anterior dos seus artigos publicados, A Tensão Essencial, publicada em 1977, era apresentado como a narrativa de uma viagem de investigação – em direcção a e a partir de A Estrutura das Revoluções Científicas, publicada quinze anos antes. Tom explicava que era necessário algum enquadramento autobiográfico, uma vez que os seus artigos publicados não contavam a história de uma viagem que ia da física à historiografia e à filosofia. O prefácio a esse volume rematava com as questões filosóficas/meta-históricas que “actualmente (...) mais me preocupam e espero que em breve tenha algo mais a dizer sobre elas”. Na introdução a esta nova obra, os editores colocam cada artigo em perspectiva relativamente a estas questões em aberto, apontando de novo em frente: desta vez, para o trabalho que estão a preparar para publicação e que representará não o objectivo da viagem do Tom, mas a fase em que ele a deixou. O título deste livro invoca, uma vez mais, a metáfora da viagem e a sua parte final, que regista uma extensa entrevista que decorreu na Universidade de Atenas, corresponde a uma outra narrativa, mais longa e mais pessoal. Fiquei muito satisfeita por os entrevistadores e o corpo editorial da revista Neusis, na qual a entrevista foi publicada pela primeira vez, terem concordado com a sua republicação neste livro. Estive presente durante a entrevista e admirei o conhecimento, a perspicácia e a agradável candura dos três colegas, que foram também os nossos anfitriões em Atenas. O Tom estava excepcionalmente à-vontade com estes três amigos e falou livremente, partindo do princípio de que iria rever a transcrição da entrevista. O tempo, porém, esgotou-se e essa tarefa coube-me a mim, em consulta com os outros participantes. Sei que o Tom não se teria coibido de intervir substancialmente na transcrição – nem por discrição, que não era uma das suas maiores virtudes, nem por cortesia. Na sua parte da conversa, tal como aqui surge, há algumas expressões de sentimentos e de juízos de valor que estou razoavelmente segura de que ele teria atenuado ou talvez omitido. Não me pareceu, todavia, que me coubesse – nem a qualquer outra pessoa – atenuá-las ou omiti-las em seu nome. Por essa razão, muitas das inconsistências gramaticais e frases inacabadas características da conversa informal foram deixadas intactas, para recordar ao leitor o estatuto de entrevista não revista pelo entrevistado. Estou VI | THOMAS S. KUHN – O PERCURSO DESDE A ESTRUTURA grata a colegas e amigos, em particular a Karl Hufbauer, que detectaram erros pontuais de cronologia ou ajudaram a decifrar nomes. As circunstâncias em que Jim Conant e John Haugeland aceitaram a tarefa de editar este volume são descritas na sua introdução. Devo apenas acrescentar que a total confiança do Tom é a melhor recomendação que eles poderiam ter. Estou-lhes imensamente grata, assim como a Susan Abrams, pela sua amizade e, de forma inseparável, pela sua opinião profissional, tanto durante este projecto como no passado. Sarah, Liza e Nathaniel Kuhn são participantes essenciais nesta minha tarefa de executora do testamento literário do seu pai. Jehane R. Kuhn* * Segunda mulher de Thomas S. Kuhn. O autor casou duas vezes: em 1948, com Kathryn Muhs, de quem teve três filhos (Sarah, Elizabeth e Nathaniel) e se divorciou em 1978, e, em 1981, com Jehane Barton (Jehane R. Kuhn), com quem viveu até morrer, em 1996. (N. T.)