Paula Rodrigues CAPÍTULO 7. CONSTRUÇÃO DE MARCA. UM ESTUDO DAS PRÁTICAS DE ORGANIZAÇÃO DO VAREJO Paula Rodrigues – Faculdade Flamingo - SP, [email protected] Pesquisa de Campo / Empírica, Estudo de caso. RESUMO Este artigo trata do assunto construção de marca, discussão e prática fundamental para a área de marketing. A marca é e sempre será muito importante para o sucesso de uma empresa, é por meio da imagem que se constrói de uma organização que é possível ocupar a mente dos consumidores, principalmente numa sociedade altamente competitiva. Antigamente o processo de construção e manutenção de marcas podia ser resolvido com algumas estratégias de marketing tradicionais, porém, no contexto de um mundo digitalizado como o de agora, torna-se importante descobrir novas formas de alcançar o share of mind. Para abordarmos o assunto proposto utilizaremos como exemplo a empresa Casas Bahia, que sempre se utilizou da propaganda como mola propulsora para seu crescimento de vendas e relacionamento constante com seus clientes, apresentaremos suas práticas e estratégias na construção desta que é uma das maiores redes varejistas brasileira, virando case para autores como Prahalad, um dos grandes gurus dos negócios, que publicou o livro A riqueza na base da pirâmide, tratando de empresas que construíram fortunas vendendo para as classes sociais menos favorecidas, além de freqüentemente citada como uma empresa que se utiliza do processo de benchmarking. Trataremos dos conceitos de marca e construção de marca, propaganda, estratégias e contaremos um pouco da história da rede para a aplicação dos conceitos discutidos. Palavras chave: Marca, Estratégia, Propaganda, Marketing, Construção de marca. ABSTRACT This article deals with the subject building brand, fundamental discussion and practice marketing. The brand is and always will be very important for the success of a company, is through an image that constructs an organization that is possible to occupy the minds of consumers, especially in a highly competitive society. Once the process of construction and maintenance of trademarks could be solved with some traditional marketing strategies, however, in the context of a world digitized as of now, it is important to find new ways to reach the share of mind. To tackle the subject proposed use as an example the company Casas Bahia, who have always used propaganda as propelling spring for your sales growth and constant relationship with your customers, we will present their practices and strategies in the building of which is one of the largest Brazilian retailers networks, turning case for authors as Prahalad, one of the great business gurus, who published the book the wealth at the base of the pyramid, in the case of companies that have built fortunes selling for less favoured social classes, and frequently cited as a company that uses benchmarking process. We'll discuss the concepts of branding and brand building, advertising, strategy and we are a bit about the history of the network to the application of the concepts discussed. Keywords: Brand Strategy, advertising, Marketing, brand building METODOLOGIA Com o objetivo de compreendermos e fundamentarmos as estratégias utilizadas por empresas para construção e manutenção de uma marca, desenvolvemos uma pesquisa secundária por meio de estudos realizados na área acadêmica (publicações de artigos científicos e livros) e profissional (divulgação de notícias em mídias, dentre outros). Para demonstrar a Rev. Inovação Tecnológica, São Paulo, v. 1, n.1, p. 65-74, jan./jun. 2011 65 Paula Rodrigues teoria abordada analisaremos o histórico de uma empresa que nos servirá como case. ERA DA COMPETITIVIDADE O fenômeno da globalização transformou e vem transformando o capital, a tecnologia, os produtos e as pessoas. A comunicação, as negociações, os relacionamentos ultrapassaram fronteiras por meio da internet e essas mudanças também influenciaram o comportamento do consumidor, que se tornou mais exigente com produtos, serviços e preços. A competição pelos clientes está cada dia mais acirrada, exigindo das empresas estratégias diferenciadas de acordo com o públicoalvo, desta forma, a construção de uma marca forte é condição de sobrevivência no mercado. A construção e gestão de uma marca ou branding deve ser preocupação constante dos profissionais de marketing, pois é o relacionamento com a marca que fará com que os clientes sejam fiéis a ela, sendo assim, o desenvolvimento de estratégias adequadas e o aprofundamento do conhecimento do comportamento do consumidor são fundamentais para o sucesso de qualquer empresa. Neste contexto, Keller e Machado (apud Ries e Trout) defendem a idéia de que ter uma estratégia, conforme o conhecimento do seu público é ocupar um espaço na mente do público-alvo em perspectiva, de forma exclusiva e singular; é acima de tudo, escolha de uma posição de mercado. Para eles isso não significa ser a melhor, mas sim ser diferente para ser a primeira a ser lembrada e escolhida. Na era da competitividade o poder da marca é tão grande que determina a permanência ou falência das empresas. Conforme Marcondes (2003:15) Existe uma atração muito e paixão entre consumidores e marcas. Não importa a idade: os olhos vêem, há um primeiro impulso de atração, há um segundo impulso e experimentação, há enfim a experiência do convívio e do uso, numa relação que, como na vida, pode ser eterna enquanto dure, ou simplesmente acabar num rompimento definitivo, pleno de frustração e raiva. A estrada na construção de uma marca é longa e dura, mas segundo vários especialistas em marketing vale cada centavo investido na di- reção da criação e manutenção dela, se pesquisarmos teremos vários exemplos, um deles é a Casas Bahia. O QUE É MARCA? Vivemos numa sociedade extremamente capitalista e que promove o consumo exacerbado, sendo assim, para que as empresas possam vender seus produtos e serviços, diante de tanta concorrência é necessário que sejam reconhecidas, lembradas pelo que fabricam, pelo que comercializam e pela sua imagem. Elas precisam, desta forma, de uma identidade, de uma marca. Segundo a definição da American Marketing Association (AMA), “marca é um nome, termo, símbolo, desenho ou uma combinação desses elementos que deve identificar os bens de serviços de um fornecedor ou grupo de fornecedores e diferenciá-los dos da concorrência”. Podemos assim afirmar que, tecnicamente, toda vez que um profissional de marketing juntamente com um publicitário cria um nome, logotipo ou símbolo para um produto, está sendo criada uma marca. Porém, essa seria uma visão antiga do que é marca, já que hoje ela não está mais somente associada ao produto, mas também aos aspectos emocionais. Uma visão mais contemporânea do que é marca pode ser definida, conforme Keller e Machado (2006:4), como um produto que acrescenta outras dimensões que o diferenciam de algum modo de outros produtos desenvolvidos para satisfazer a mesma necessidade. Sendo que essas diferenças podem ser racionais e tangíveis; quando relacionadas com o desempenho de produto da marca, ou mais simbólicas, emocionais e intangíveis; quando relacionadas com aquilo que a marca representa. Partindo dessa nova realidade sobre marca fica claro que ela é um ativo intangível valioso e que precisa de um cuidado especial e é papel do profissional de marketing conhecer os pilares para a construção e a Gestão de Marcas para alcançar o sucesso de suas empresas. IMPORTÂNCIA E PILARES CONSTRUÇÃO DE MARCAS Rev. Inovação Tecnológica, São Paulo, v. 1, n.1, p. 65-74, jan./jun. 2011 66 PARA Paula Rodrigues Para compreender a importância que uma marca tem basta saber que ela pode valer mais que o produto e até mais que a própria empresa, daí o conceito de brand equity (ou patrimônio de marca) tão discutido hoje dentro da Gestão de Marcas. O maior exemplo que temos hoje é o da Coca-Cola, que se tornou financeiramente uma marca imensurável. Segundo levantamento da Digital Darwinism, em 1999, a marca Coca-Cola valia pelo menos dez vezes mais do que todos os ativos físicos da empresa Coca-Cola Company. Essa brutal diferença entre o patrimônio “real” da empresa e aquilo que o mercado atribui a ela – sua capitalização de mercado – é um dos fatos econômicos (brand equity) mais marcantes do mundo dos negócios em todos os tempos. O apelo emocional da marca CocaCola nada tem de abstrato e chegou a 167 bilhões de dólares. (TAVARES, 2003:15) A marca é valiosa tanto para o consumidor quanto para a empresa. Quando se trata do consumidor a marca identifica o fabricante e simplifica suas decisões de produto. Com base no que já conhece da marca, sua qualidade, características do produto, etc, os consumidores podem fazer suposições e desenvolver expectativas sobre o que podem não saber sobre a marca. Além disso, a significação da marca é determinante para o consumidor, conforme Keller e Machado (2006: 7) O significado incorporado em uma marca pode ser profundo e o relacionamento entre ela e o consumidor pode ser visto como um tipo de vínculo ou pacto. Consumidores oferecem sua confiança e fidelidade acompanhadas de um acordo explícito de que a marca se comportará de certa maneira e lhes proverá utilidade por meio do funcionamento consistente do produto, além do preço, promoção, ações e programas de distribuição adequados. Quando se trata da empresa a marca também desempenha várias funções valiosas, dentre elas: cumprem uma finalidade de identificação para simplificar manuseio e monitoramento do produto, ajudam a organizar registros de estoque e de contabilidade, oferece proteção legal à empresa para aspectos ou características do produto e podem sinalizar certo nível de qualidade de modo que compradores satisfeitos possam escolher produtos novamente e isso garante a construção de uma marca forte gerando vantagem competitiva. Enfim, conforme Keller e Machado (2006:8) “as marcas representam ativos extremamente valiosos, capazes de influenciar o comportamento do consumidor, ser compradas e vendidas e dar a seus proprietários a segurança de receitas futuras constantes”. A partir deste contexto torna-se fundamental que os profissionais de marketing se atualizem e antenem-se quanto à Gestão de estratégias de brand (marca), pois esse é o grande desafio das empresas. Para atingir o objetivo de construir e gerir marcas fortes é imprescindível que se conheça os pilares para construção de marca. As quatro etapas do modelo CBBE (Consumer Based Brand Equity) da construção de brand equity, segundo Keller e Machado são: 1. Assegurar a identificação da marca junto aos clientes e uma associação de marca com uma categoria específica de produto/ serviço ou com a necessidade do cliente. 2. Estabelecer firmemente o significado da marca na mente dos clientes, ligando um conjunto de associações de marca tangíveis e intangíveis com determinadas propriedades. 3. Estimular as respostas adequadas de clientes/ consumidores e essa identificação e significado da marca. 4. Converter a resposta da marca em um relacionamento de fidelidade intenso entre os clientes e a marca. Para que uma empresa consiga ser identificada e associada a uma marca é necessário que haja proeminência, ou seja, que ela seja lembrada com freqüência e facilidade. Segundo Keller e Machado (2006: 49) “a lembrança de marca envolve mais do que os clientes apenas conhecerem o nome da marca e já a terem visto”, é necessário ligá-la a um nome, logo, símbolo, slogan, entre outros, a certas associações na memória. Outro fator importante é o desempenho da marca, que diz respeito à experiência que o consumidor tem com ela e o que outros dizem à respeito dela. Segundo Keller e Machado Rev. Inovação Tecnológica, São Paulo, v. 1, n.1, p. 65-74, jan./jun. 2011 67 Paula Rodrigues (2006: 51) “elaborar e entregar um produto que satisfaça completamente as necessidades e os desejos do consumidor é um pré-requisito para o sucesso”. A marca produz imagens, isto é, conforme afirma Keller e Machado (2006: 53) “o conjunto de imagens de uma marca reflete como as pessoas pensam na marca abstratamente, e não o que pensam que a marca realmente faz”, desta forma, esse conjunto refere-se a aspectos intangíveis da marca. As associações de marca podem ser formadas diretamente; ou seja, formadas pelas próprias experiências do consumidor, e indiretamente, mediante experiências por meio da propaganda ou por alguma outra fonte de informação, como a propaganda boca-boca, ou ainda atualmente pelas redes sociais. Dentro do processo de construção de uma marca há que se levar em consideração os julgamentos da marca. As opiniões e avaliações pessoais dos clientes envolvem o modo como eles reúnem todas as diferentes associações de desempenho e imagem de marca. (KELLER, MACHADO, 2006: 54), sendo assim, levam-se em consideração nesses julgamentos, a qualidade, credibilidade, consideração e superioridade da marca. As respostas e reações emocionais dos clientes com relação à marca devem ser analisadas a todo o momento na construção e gestão de brand, os sentimentos sobre a marca. Eles podem ser evocados a partir dos programas de marketing, pelo relacionamento, e outro meios de interação. Dentre os sentimentos de marca mais importantes Keller e Machado destacam: a ternura, diversão, entusiasmo, segurança, aprovação social e auto-estima. A etapa final do processo/ modelo proposto pelos autores no que tange os pilares de construção de brand equity trata da ressonância da marca que focaliza o principal vínculo e nível de identificação que o cliente tem com a marca. A ressonância refere-se à natureza desse relacionamento e quanto mais os clientes sentem que estão em sintonia com a marca mais se sentem próximos a ela. Para se criar a ressonância é necessário fidelidade, ligação de atitude, senso de comunidade e adesão ativa. O modelo de brand equity CBBE, tem muita importância já que oferece orientação à cons- trução de marcas, esse modelo permite que haja um instrumento de medida pelo qual as marcas podem avaliar seu progresso nos esforços de construção de marca, também servindo de guia de pesquisa de marketing. Também fornece um diagrama para as etapas que envolvem a construção de uma marca forte, porém para operacionalizar o modelo é preciso tomar várias decisões estratégicas. Para orientar essas decisões é necessário definir o posicionamento, ou seja, definir o conjunto de valores centrais da marca. Segundo Tavares (2003: 139) posicionar a marca seria “dar uma direção à ela, fixá-la na mente do cliente com um posicionamento estratégico criativo (e uma proposta de valor) e sustentá-la de forma competitiva, de maneira que nenhum concorrente consiga copiar”; para ele ser uma marca pioneira, criar uma categoria, e entrar na mente como número um são questões definitivas na visão do marketing estratégico de marca. No processo de construção de marca é fundamental que se desenvolva programas de marketing e estratégias de marketing que contribuam ao brand equity. Os programas de marketing surgiram da necessidade das empresas adaptarem-se ao desejo do consumidor de maior personalização e também às pressões da concorrência, para isso passaram a utilizarse de conceitos como marketing de experiência (baseado no seguinte: A idéia não é vender algo, mas demonstrar como uma marca pode enriquecer a vida do cliente), marketing oneto-one (tratar diferentes consumidores de diferentes maneiras por causa de suas diferentes necessidades) e marketing de permissão (promover o marketing junto aos consumidores somente após a obtenção de sua permissão expressa). Segundo Keller e Machado (2006:130) essas novas abordagens de marketing ajudam a reforçar diversos conceitos e técnicas de marketing e do ponto de vista do branding, elas são uma forma de provocar respostas positivas de marca e construir ressonância de marca, ao contrário do conceito tradicional de mix de marketing que não descreve totalmente modernos programas de marketing que inspiram atividades que não se encaixam muito bem em uma dessas designações. Rev. Inovação Tecnológica, São Paulo, v. 1, n.1, p. 65-74, jan./jun. 2011 68 Paula Rodrigues Embora os programas de marketing sejam fundamentais no processo de construção de marca não há como abrir mão das estratégias de produto/ preço e canais de distribuição, peças chave para a marca. Conforme Tavares (2003:141) “a escolha de uma estratégia para a marca depende da investigação e da análise das forças do ambiente competitivo”. Estudar o mercado e a mente do consumidor são tarefas indispensáveis para o sucesso da marca. A construção de marca deve ser orientada pelo modelo CBBE, pelos programas de marketing e pelas estratégias que permeiam o mix de marketing, mas vale ressalltar que o elemento final do mix, a comunicação integrada, é imprescindível para o sucesso do brand equity. O programa de comunicação desenvolvida por uma empresa na construção de sua marca é fator determinante para a fixação dessa marca, seus valores, conceitos na mente do consumidor. Esse programa envolve a propaganda/ publicidade, a promoção de vendas, merchandising, internet, venda pessoal ou qualquer outro meio que exponha, propague e promova relacionamento entre marca e consumidor. A propaganda para Tavares (2003: 144) é a principal ferramenta da comunicação para a construção da marca: Através da propaganda/ publicidade, o conceito da marca é potencializado e consegue alcançar a massa de consumidores/ clientes desejados por uma empresa. A propaganda é a força da marca. É considerada a principal atividade de push-marketing (empurrar consumidores para a compra de marca), uma técnica utilizada, principalmente, pelas novas marcas ou marcas robustas. A comunicação constante da marca com o consumidor/ cliente permite que haja informação constante, relacionamento, esclarecimento e conhecimento aumentando a credibilidade, a confiabilidade para com a marca. CONSTRUÇÃO DA MARCA CASAS BAHIA: UMA TRAJETÓRIA HISTÓRICA Tomemos como exemplo de construção de brand equity a Rede de lojas Casas Bahia, maior varejista da atualidade, e para isso in- troduziremos alguns aspectos históricos que nos permitirão entender melhor o processo de construção de marca, que envolve desde a identidade da marca até a comunicação dela. A história que levou a antiga Casa Bahia, de Aarão Wasserman, ao sucesso teve início em 1957, quando Samuel Klein a comprou. O novo dono da Casa Bahia iniciou suas atividades comerciais como mascate na cidade de São Caetano, transformou uma relação de 200 clientes em 5000, no período de cinco anos. A partir do momento que comprou a loja não mascateou mais, mas tinha uma equipe de vendedoras que exerciam sua função e isso permaneceu até meados de 1984, quando o empresário decidiu comprar um ponto comercial. A Casa Bahia, primeira loja da rede, passou a se chamar “Casa Bahia” de Samuel Klein, esse nome foi a maneira encontrada de dizer àqueles que o conheciam que, embora não estivesse exercendo mais a função de mascate, ele estava lá à espera de seus clientes. Podemos dizer que aqui começou a construção da marca Casas Bahia, já que seus clientes de tantos anos já sabiam seu nome, sua atividade e os produtos que vendia. Com seu tino comercial, seu espírito empreendedor e sua experiência como mascate é que Samuel Klein começou a história de uma rede que hoje é a marca, no ramo varejista, mais vista nos meios de comunicação e mais lembrada pela população, nas pesquisas realizadas de share of mind (espaço na mente do consumidor). No final do primeiro ano de atividade da loja, os resultados já demonstravam que a Casa Bahia ia de “vento em popa”. O faturamento mensal equivalia a 2.000 dólares, o que representava muito dinheiro para a época. A loja vendia produtos com alto valor agregado, tais como, móveis para sala, dormitório, copa e cozinha. Klein passou a ganhar prestígio entre os fornecedores por ser bom pagador e demonstrar potencial para crescimento e, por esse motivo, as empresas passaram a disputar os espaços existentes na Casa Bahia, algumas chegavam a colocar placas indicando que seus produtos poderiam ser encontrados lá. Diante disso, o empresário percebeu uma grande oportunida- Rev. Inovação Tecnológica, São Paulo, v. 1, n.1, p. 65-74, jan./jun. 2011 69 Paula Rodrigues de de negociar tanto os produtos em quantidades maiores, como também as propagandas que as empresas faziam em seu estabelecimento por meio da concessão de descontos na aquisição dos produtos. Podemos dizer que a partir desse momento a marca Casas Bahia passou a ser conhecida. No final da década de 1960, o volume do movimento dos negócios das Casas Bahia demonstrava que a empresa seria obrigada a crescer ainda mais, mas isso não seria possível somente com recursos próprios, era necessário mais capital. Em 1968, foi implementada a venda financiada e a negociação era realizada com três financeiras ao mesmo tempo, o problema é que cobravam percentuais muito altos, encarecendo os produtos comprados a prazo. Outro problema é que o crédito era limitado. A estratégia encontrada pela presidência foi a de comprar quantidades maiores de mercadorias para trabalhar com preços mais baixos, diminuir o tempo de permanência dos produtos na loja e automaticamente aumentar o volume de vendas. Mas o crescimento almejado necessitava de muito mais investimento, e foi então que Samuel Klein resolveu comprar uma financeira, a Intervest, fato ao qual atribui até hoje papel determinante para o crescimento da rede. Nessa época, o Brasil estava sob o regime da ditadura militar e era presidido pelo general Emílio Garrastazu Médici. Embora seu governo tenha ficado conhecido como "os anos negros da ditadura", o endurecimento político foi respaldado pelo que foi chamado de “milagre econômico”1, conjunto de medidas, algumas bastante discutíveis, que resultaram no aumento do PIB, na diversificação das atividades produtivas, concentração de renda e aparecimento de uma nova classe social, a classe média com alto poder aquisitivo. Esses acontecimentos favoreceram sobremaneira o 1 crescimento econômico do país e, conseqüentemente, o da empresa. Em 1979, 40% da população economicamente ativa, a maioria, recebia até três salários mínimos e necessitava de financiamento para efetuar compras. Foi esse cenário que possibilitou uma expansão da Casas Bahia. Segundo Awad (2005: 119), “bastava querer um eletrodoméstico, roupa, relógio ou qualquer outro produto que tudo poderia ser pago em pequenas e suaves prestações, de acordo com o tamanho do bolso e as condições financeiras do cliente”, ou seja, a Casas Bahia podia financiar o sonho dos seus fregueses. Na década de 1970, José Elias foi contratado para dirigir o departamento de propaganda das Casas Bahia e com isso a rede só teve a ganhar, já que ele detectou que a empresa necessitava de um símbolo, afinal as empresas são lembradas pelos produtos que vendem, pelos serviços oferecidos, e acima de tudo pela sua logotipia e pelo seu slogan, esse conjunto cria a identidade da marca. De início, os diretores sugeriram a utilização da imagem do proprietário, mas o publicitário contratado foi contra e apresentou aquele que se tornou um dos mais conhecidos símbolos da publicidade no Brasil, o boneco baianinho, que apresentava um traje diversificado: chapéu de pernambucano, roupa esporte e bombachas gaúchas, representando a integração do Brasil dentro das Casas Bahia. Até hoje o baianinho já sofreu seis alterações e ganhou uma imagem mais moderna e muitas vezes até 3D. Além disso, juntamente com o logotipo, também foi criado o slogan e o jingle da rede “Dedicação Total a Você”, utilizado até hoje. Logotipo e slogan das Casas Bahia Crescimento econômico no período do regime militar conquistado as custas de empréstimos estrangeiros e que deixou como herança a dívida externa, a inflação, a cartelização, um parque industrial estatal ineficiente e uma indústria privada dependente dos favores do estado. Os resultados de investimento em propaganda começaram a aparecer e a partir daí a Casas Bahia passou Rev. Inovação Tecnológica, São Paulo, v. 1, n.1, p. 65-74, jan./jun. 2011 70 Paula Rodrigues a investir cada vez mais em comunicação, tinha os produtos, o atendimento, a forma de pagamento e precisava se comunicar com o público interessado, desta forma é que foi construindo sua marca. Os anúncios publicitários da década de 1970 eram feitos com a finalidade de mostrar que a Casas Bahia existia e que sempre punha alguns produtos em oferta, mas era feita de forma regionalizada, esta época marcou a expansão acelerada das Casas Bahia e seu estabelecimento nos bairros da cidade de São Paulo, tais como Pinheiros e Santo Amaro. Outra estratégia da empresa foi a aquisição da Fábrica de Móveis Bartira, que abasteceria a rede, permitindo um controle de produção de qualidade e oferecendo os produtos a preço de custo, melhorando, assim, os preços praticados. Nessa época, a marca Casas Bahia tornou-se mais conhecida e respeitada. Nos anos 80, a Casas Bahia continuava a crescer e necessitava de um acréscimo de capital, que permitisse financiar ainda mais as compras da freguesia. Porém, com o país ainda sob o comando dos militares, a abertura de empresas financeiras continuava sob controle do Banco Central e isso dificultava o potencial de vendas da rede. A única alternativa era comprar uma financeira já estabelecida e conhecida no mercado, a Símbolo. As aquisições para a expansão da rede não pararam por aí, foram incorporadas à empresa a Fábrica de Móveis Bela Vista e, em 1981, uma rede de lojas chamada Colúmbia, que se espalhava pela capital e região da Grande São Paulo. Com isso a Casas Bahia passou a ter aproximadamente 40 lojas. Em 1984, houve a necessidade de readaptar a propaganda da rede. O objetivo era tornar a Casas Bahia conhecida nacionalmente e mostrar suas ofertas especiais. Para isso, foram colocados anúncios em todos os veículos de comunicação: rádio, televisão, jornal, além da impressão de um milhão de exemplares de tablóides. A propaganda, nessa época, tinha um caráter testemunhal, ou seja, figuras de personalidades ilustres foram incorporadas nas campanhas da rede, e a mais forte delas foi a de Pelé. Durante muitos anos o Rei do Futebol foi garoto-propaganda das Casas Bahia, embora outros também aparecessem nas peças publicitárias, entre eles Ari Fontoura, Augusto Liberato e Chitãozinho e Xororó. Para tornar a rede conhecida por todos e demonstrar credibilidade e confiança, a estratégia utilizada com relação às personalidades e figuras públicas foi de suma importância. Financiar e realizar sonhos não basta: é também de extrema importância para uma empresa divulgar as possibilidades que tem a oferecer a seus clientes. Com essa estratégia, a idéia era levar o nome das Casas Bahia onde o cliente estivesse. Nesse período, consolidou-se o investimento do proprietário em comunicação, pois ele afirmava que o momento era de ser agressivo, já que os resultados almejados, naquele momento, não correspondiam aos anteriores. Segundo Awad (2005: 148) “em meados da década de 80, mais especificamente entre 1982 e 1984, tempos em que a economia do país era dirigida pelo ministro Delfim Neto, o Brasil passou por uma forte recessão”, com isso a maioria das redes varejistas se retraiu. Com a redemocratização ocorrida nos anos 1980, uma nova fase política começou a ser vivida pelo Brasil, e a Casas Bahia enxergou mais uma vez uma oportunidade de crescer e aumentar seu potencial de vendas. Na época, o país era presidido por José Sarney, e nessa fase foram implementados vários planos econômicos entre eles o Plano Cruzado, instituído pelo ministro Dílson Funaro. O plano determinava o congelamento dos preços, previa o “gatilho salarial”, e o efeito imediato esperado era conter a inflação e melhorar o poder aquisitivo da população. Em função da nova fase política e econômica, o povo foi às compras, as pessoas tinham mais dinheiro no bolso. Para as Casas Bahia isso representava o aumento das vendas e clientes podendo pagar prestações. A década de 1990 talvez tenha sido a mais difícil para o varejo, e não foi diferente para a Casas Bahia, em função do plano econômico que chegava, o Plano Collor, que tinha como objetivo o confisco dos ativos financeiros, o congelamento temporário de preços e salários e a reformulação dos índices de correção monetária. Como marco da mudança, tivemos a Rev. Inovação Tecnológica, São Paulo, v. 1, n.1, p. 65-74, jan./jun. 2011 71 Paula Rodrigues alteração do nome da moeda, que passou a se chamar cruzeiro. Algumas medidas foram tomadas no intuito de diminuir os gastos públicos e acabar com as autarquias, fundações e empresas públicas. Juntamente com essas medidas, outras providências também foram tomadas com relação à política de importações e aportes de capital, tais como, a abertura do mercado interno aos produtos estrangeiros e ao capital internacional. A diretoria das Casas Bahia, após o anúncio dessas medidas, entendeu que os preços dos produtos estavam inflacionados, em decorrência da situação econômica anterior, e, para que pudesse continuar vendendo, já que o dinheiro da população estava confiscado, resolveu vender em três vezes sem juros, entendendo que o dinheiro iria voltar a girar rapidamente no mercado. A estratégia revelou-se um sucesso e a empresa vendeu muito mais do que o esperado. Indo contra todos os analistas econômicos, a direção das Casas Bahia, diferentemente da concorrência, resolveu estocar mercadorias. Logo o povo passou a ter dinheiro e foi às compras; os concorrentes não tinham estoques para vender e mais uma vez a rede se beneficiou da situação. Como já havia acontecido em anos anteriores, o Plano Collor também ruiu e todo o mercado passou por um momento de crise e a Casas Bahia também sofreu seus efeitos. Mas com o Plano Collor II propondo novos reajustes, principalmente nos financiamentos, a Casas Bahia sofreu um impacto positivo, porém muito distante daquele período em que a rede alcançou alta lucratividade. A situação do país só foi melhorar em 1993 e, mais uma vez, a moeda mudou de nome e teve três zeros cortados, passando a se chamar cruzeiro real. Para que os erros anteriores não se repetissem, houve um esforço fiscal e monetário. Em 1º de julho, novo batismo da moeda, que passou a se chamar real, como é até hoje. O resultado foi a queda da inflação e, conforme Awad (2005: 165), “cerca de 45%, registrados em junho, para 6% em julho”, a situação promoveu uma melhora nas condições financeiras e, a partir do momento que a inflação deixou de ser um problema, o consumo da população aumentou. Em julho de 1994, com a adoção de um novo plano de financiamento, a Casas Bahia faturou três vezes o montante alcançado no mês anterior. Nessa época, a empresa fazia aniversário e a ampliação de prazos para pagamento e aumento do parcelamento motivaram os clientes a comprar, e até um novo slogan foi criado “A Casas Bahia faz anos e quem ganha o presente é você”. Um fator importante para o sucesso das Casas Bahia foi o fato de os planos econômicos procurarem privilegiar um maior poder de compra e condições de consumo para a população carente, segmento no qual o grupo atua. A década de 1990 foi decisiva na consolidação das Casas Bahia, que apresentou um crescimento acima da expectativa, segundo Awad (2005: 167), “o faturamento subiu cerca de 393 milhões de dólares no ano anterior para mais de 841 milhões”. Nesse período, novas lojas foram abertas, agora no Rio de Janeiro. Entre 1994 e 1996 a rede investiu também em tecnologia e logística, melhorando ainda mais a abertura de crédito, o atendimento e entregas, valorizando ainda mais a marca. Em 1997, o número de lojas das Casas Bahia chegava a 256, distribuídas por todo o Brasil. Com a ascensão da empresa, em 1999, a direção resolveu dar um passo muito importante na área de comunicação e propaganda e para isso contratou uma agência, a Newcommbates, transformando-a no que se chama no mercado publicitário de house. A partir desse momento, todos os anúncios publicitários e a comunicação visual da empresa tornaram-se responsabilidade da agência dirigida por Roberto Justus, cuja estratégia adotada, a partir de sua contratação, foi a de transformar a marca Casas Bahia na mais lembrada pelo mercado. A primeira medida de destaque, para aproximar a marca Casas Bahia do público, foi contar a história da rede por meio de um comercial de televisão, no qual o protagonista era o próprio Samuel Klein. A partir daí, a rede Casas Bahia tornou-se por vários anos consecutivos, a empresa no ramo varejista que mais investe em propaganda. Samuel Klein acredita que seu sucesso, e conseqüentemente o das Casas Bahia, deu-se pela grande virtude de falar a linguagem do Rev. Inovação Tecnológica, São Paulo, v. 1, n.1, p. 65-74, jan./jun. 2011 72 Paula Rodrigues povo, seja face a face ou por meio dos meios de comunicação. Desde a época de mascate, até os dias atuais acredita ser fundamental falar com seu público-alvo, assim cria-se um elo de “amizade” entre a empresa e o cliente, e desta forma valoriza-se a imagem da marca. O presidente da rede afirma, segundo Awad (2005: 200), que: Para se ter sucesso na vida é preciso conhecer e entender bem a linguagem do seu cliente. Quando você consegue isso, pode falar com ele. Independentemente da forma da comunicação, ele entenderá o que você quer dizer. E a recíproca também é verdadeira. Nós, da Casas Bahia, conhecemos isso a fundo. A maior prova é que com palavras, ações ou propagandas estamos sempre conversando com os fregueses. Até 2004, a Casas Bahia possuía 408 lojas em 8 estados brasileiros: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Goiás, além do Distrito Federal, e tinha uma carteira de clientes de 16 milhões cadastrados e 13 milhões ativos. Neste mesmo ano, a rede inaugurou sua maior loja, situada no antigo prédio da Loja de Departamentos Mappin e a aquisição do ponto comercial foi um grande passo para aumentar o faturamento e para consolidar ainda mais o nome da empresa. Um momento de reviravolta na comunicação das Casas Bahia foi a introdução do garotopropaganda Fabiano Augusto, que se tornou o rosto mais visto na mídia. Uma figura marcante, bastante lembrado pela campanha que apresentava o bordão “Quer pagar quanto?”. Essa personagem ao mesmo tempo que agradou alguns, tornou-se odiada por outros, mas de uma forma ou de outra, nesta época, a Y&R, agência da empresa, conseguiu transformar a Casas Bahia em uma referência de compra no varejo. Uma das ações comerciais mais arrojadas da rede, em 2004, foi locar pelo segundo ano consecutivo o espaço de 152 mil m² do Palácio das Convenções do Anhembi, para montar no local a Super Casas Bahia. Com ingresso e estacionamento gratuito a rede conseguiu atingir um público visitante de aproximadamente 1,2 milhão de pessoas e faturou em torno de 50 milhões de reais. Um terço do espaço locado foi destinado à venda de produ- tos e o restante foi distribuído em área de lazer e entretenimento, com essa estratégia a empresa passou a atingir públicos que até o momento não faziam parte do seu públicoalvo, tornando-se mais respeitada dentre as classes A e B. Buscando sempre aumentar o crédito de seus clientes a Casas Bahia tornou-se parceira de uma dos maiores bancos, o Bradesco, e durante um bom período comunicou em suas propagandas essa parceria. Para não entrar de imediato na era das vendas digitais fez uma experiência vendendo seus produtos no Shopping virtual do banco e percebendo que o mercado estava mudando passou a pensar no e-commerce. Já consolidada, também alcançando um público com maior poder aquisitivo a empresa diminuiu o investimento em propaganda nos últimos anos. Também passou a investir na abertura de lojas em Shoppings e estendeu seus negócios para o e-commerce, demonstrando ser uma empresa atual e que acompanha as mudanças do mercado e, acima de tudo preocupada com seu maior patrimônio: sua marca. A história de crescimento da Casas Bahia é fruto de visão de mercado, de empreendedorismo e, sem dúvida alguma, de liberação de crédito e investimento em propaganda para a construção de sua marca. CONSIDERAÇÕES FINAIS Num mercado altamente competitivo sobrevive a empresa que investe e conhece aprofundadamente o comportamento do consumidor, suas necessidades e expectativas para transformas essas necessidades em produtos e serviços com marcas fortes. O processo de construção de marca é duro e o de gestão mais difícil ainda, cabe aos profissionais de marketing se atualizar constantemente e conhecer novas práticas e modelos para alcançar o sucesso de suas empresas e estar a par das discussões sobre brand equity, branding tão importantes entre os profissionais do mundo dos negócios. Além disso, é fundamental que conheçam e desenvolvam programas integrados de comunicação que ultrapassem as práticas tradicio- Rev. Inovação Tecnológica, São Paulo, v. 1, n.1, p. 65-74, jan./jun. 2011 73 Paula Rodrigues nais de marketing e foquem o novo consumidor da era tecnológica. Empresas como a Casas Bahia devem ser seguidas como benchmark (processo contínuo de comparação dos produtos, serviços e práticas empresarias entre os mais fortes concorrentes ou empresas reconhecidas como líderes) e ela pode ser um exemplo a ser seguido como construção de marca. A construção e consolidação da marca Casas Bahia é resultado da preocupação em atender bem, de uma logística bem planejada, de investimento em tecnologia (sistema de informação), da venda de produtos das mais diversas marcas e, sem dúvida alguma, de Planejamento de Comunicação. A comunicação com o público em geral e com o público-alvo foi um dos fatores mais importantes para a ascensão da Rede Varejista Casas Bahia. Podemos notar isso na essência que a marca sempre projetou por meio do discurso publicitário, ou seja, a idealização de uma empresa que realiza o sonho da compra de produtos almejados pelas classes menos favorecidas. Essa idéia é reforçada em cada um dos anúncios publicitários veiculados pela empresa que repete, na maioria das vezes, o slogan Dedicação Total a você. Vale apenas um adendo a respeito da Casas Bahia, qual será o destino de sua marca, após uma fusão com uma empresa com valores e públicos tão diferentes? Esperamos que tanto trabalho durante tantos anos seja visto com carinho e profissionalismo pelo profissionais de marketing que assumirão a responsabilidade pela marca e que os dirigentes consigam se entender para conseguirem manter estratégias que reflitam o posicionamento de mercado que é sempre reforçado com o slogan “Dedicação Total a você”. Segundo a diretoria de marketing da Casas Bahia, a qual foi submetido este artigo, as estratégias já estão sendo traçadas e a empresa continuará preservando seu público e sua identidade, direcionando suas ações de acordo com seu posicionamento. KELLER, Kevin Lane, MACHADO Marcos. Gestão Estratégica de Marcas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. MARCONDES, Pyr. Uma história da propaganda brasileira. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. ________________. Marcas: Uma história de amor mercadológica. 1 Ed, São Paulo: Ed Meio & Mensagem, 2003. PEREZ, C. 2004. Signos da Marca: Expressividade e Sensorialidade. São Paulo: Thomson Learning. PRAHALAD, C. K. A riqueza na base da pirâmide: como erradicar a pobreza com o lucro. Porto Alegre: Bookman, 2005. TAVARES, Fred. Gestão da Marca: Estratégia e Marca. Rio de Janeiro: E-papers Serviços Editoriais Ltda, 2003. REFERÊNCIAS AWAD, Elias. Samuel Klein e Casas Bahia: uma trajetória de sucesso. 2. ed. São Paulo: Novo Século, 2005. Rev. Inovação Tecnológica, São Paulo, v. 1, n.1, p. 65-74, jan./jun. 2011 74