ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: UMA ANÁLISE SOBRE A CONCEPÇÃO DO LETRAMENTO DOS PROFESSORES DE 1ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL Irene Barbosa Kovalczyk – (Pedagogia – Unicentro), Profª. Ms. Michele Fernandes Lima (Orientadora – Deped – Departamento de Pedagogia). Palavras-chave: letramento, alfabetização, educação. Resumo Esta pesquisa em processo de elaboração teve como ponto de partida a necessidade de compreender as concepções de alfabetização e letramento e os reflexos destas na prática dos professores da 1ª série do Ensino Fundamental. Pretende-se com este estudo contribuir com as discussões e reflexões acerca dos problemas relacionadas à apropriação da língua escrita, e ainda verificar os aspectos teóricos e práticos que envolvem esta concepção. Introdução A realidade da educação em nosso país encontra-se em uma grave situação e muito se tem discutido sobre alternativas e propostas para reverter este quadro, mas, as necessidades e carências persistem com o passar dos anos.Dados estatísticos alarmantes demonstram que os índices de repetência, de evasão escolar, de alunos que freqüentam séries sem terem a idade certa para a mesma estão altos em nosso país. Outra constatação é a de que: dos jovens que conseguem finalizar os estudos no Ensino Fundamental, Ensino Médio e iniciam os estudos no Ensino Superior, um número considerável de alunos ainda encontra dificuldades para redigir uma simples redação, por exemplo. Isso ocorre por diversos fatores, dentre eles o processo de apropriação da língua escrita nas séries iniciais, temática central desta pesquisa. O conceito de alfabetização funde-se com o conceito de um novo termo: “letramento”, mas o que significa este processo de letramento, e por ser uma “palavra nova” dentro do âmbito educacional, será que os professores estão sabendo lidar com ela? Será que realmente conhecem a proposta desta palavra? Qual é a diferença entre alfabetização e letramento? Essa diferença realmente existe ou não? Estas questões são o norte para a elaboração desta pesquisa, que visa compreender os conceitos de alfabetização e letramento, bem como, verificar como estes termos estão sendo concebidos e praticados pelos professores na 1ª série do Ensino Fundamental. Materiais e Métodos A presente pesquisa realizar-se-á através de um estudo sobre as concepções de alfabetização e letramento e reflexões destes termos na prática dos professores de 1ª série do Ensino Fundamental no Município de Ivaí. O caminho escolhido foi o materialismo dialético, que busca o confronto da teoria e da prática num processo marcado por diversas determinações. O olhar sobre o objeto de estudo será fundamentado pelo estudo dos diferentes aspectos que dão concretude à questão. Buscaremos centralizar a temática num contexto histórico a fim de compreender as continuidades e rupturas sobre as concepções de alfabetização e letramento, pois só assim poderemos compreender e analisar as concepções dos professores acerca da alfabetização e letramento. Será feito o uso de entrevistas para conhecer a visão dos professores sobre o letramento. Os dados coletados serão analisados a partir das concepções estudadas no decorrer da pesquisa e a partir da leitura e análise das obras que tratam da questão.Entendemos que o pesquisador precisa de elementos teóricos consistentes para refletir a prática, que é o processo teórico-prático. Neste sentido, a pesquisa buscará inicialmente entender as diferentes concepções de alfabetização, pesquisar o termo “letramento” nos seus aspectos conceituais e históricos e as diferentes práticas de letramento propostas pelos estudiosos da área. A busca de dados sobre as concepções dos professores tem por objetivo elucidar as diferentes interpretações e ações no que se refere as práticas de letramento. Resultados e discussões Num primeiro levantamento bibliográfico tivemos acesso a alguns aspectos essenciais para o desenvolvimento da pesquisa. A palavra “letramento” surgiu pela primeira vez no livro No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística (1986) de Mary Kato que enfatizou a importância da aprendizagem da língua escrita para a formação do cidadão. Esta palavra também coincidiu com o surgimento de termos senão iguais, ao menos, parecidos em outros países: “(...) Assim, em meados dos anos de 1980 que se dá, simultaneamente, a invenção do letramento no Brasil, do illesttrime, na França, da literacia, em Portugal, para nomear fenômenos distintos daquele denominado alfabetização, alphabétisation”. (SOARES, 2004, p. 6). Esse fenômeno já havia ocorrido nos Estados Unidos e na Inglaterra no final do século XIX, com os termos literacy / illiteracy, que ajudam a diferenciar os dois níveis de dificuldade freqüentes neste processo de aprendizagem da leitura e da escrita. Porém, foi também na década de 80 que surgiram novas discussões e novos estudos sobre o tema. Illiteracy significa “não saber ler nem escrever” e literacy é não possuir o domínio destas habilidades apesar delas já terem sido adquiridas, e essa é a realidade que os professores encontram em suas salas de aula, ao se depararem alunos que não compreendem aquilo que escrevem, por exemplo. No Brasil, a palavra letramento surge então para propor a passagem de um conhecimento maior sobre ler e escrever. Conclui-se a partir daí que, enquanto os outros países (aqueles que são Primeiro Mundo) mantêm a fase inicial do ensino da linguagem escrita em seus respectivos sistemas de educação, o Brasil, questiona não só como é aprendido o domínio das habilidades de leitura e escrita, mas como se dá a aprendizagem destas e alfabetização e letramento acabam mesclando-se, ficando indivisíveis. É como se uma vertente estivesse enraizada na outra. Verifica-se que, dentro do contexto em que estamos inseridos, de acordo com a realidade do nosso país, devemos manter alfabetização e letramento unidos, pois, a importância de se alfabetizar letrando é muito grande, e cada uma destas funções exerce um papel determinante para na aprendizagem do educando. REFERÊNCIAS KATO, Mary A. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística. 7. ed. São Paulo: Ática, 1999. SOARES, Magda, Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, 2004.