15/02/2008 Teoria da Terapia Cognitiva Aaron T. Beck Brad A. Alford Teoria A teoria cognitiva (TC) articula a maneira através da qual os processos cognitivos estão envolvidos na psicopatologia e na psicoterapia efetiva. Embora a estrutura “biopsicossocial” seja reconhecida como útil na conceitualização de sistemas complexos, o foco da teoria cognitiva incide primariamente sobre os fatores cognitivos da psicopatologia e da psicoterapia. Além disso, os conceitos cognitivos complementam idéias como “motivação inconsciente” na teoria psicanalítica, e “reforço” ou “condicionamento” no behaviorismo. Teoria A natureza e a função do processamento de informação (i.e. a atribuição de significado) constitui a chave para entender: O comportamento maladaptativo, e Os processos terapêuticos positivos. A TC da psicopatologia descreve a natureza de conceitos que, quando ativados em certas situações, são maladaptativos ou disfuncionais. A conceitualização da TC fornece estratégias para corrigir esses conceitos. 1 15/02/2008 Teoria Para a eficácia do tratamento é necessário a colaboração do paciente. Esta colaboração permite que o terapeuta entre no mundo do paciente. Usando sua linguagem, Seu contexto cultural, e Compartilhando a perspectiva cognitiva. Desta maneira, a TC permite que a pessoa teste a teoria cognitiva no contexto de seu ambiente natural e de seu sistema de crenças. Isto através de exercícios para casa conjuntamente desenvolvidos Teoria Para que haja colaboração é necessário haver estrutura. Os pacientes devem aprender como a melhora é conseguida a fim de verem a si próprios como parceiros colaboradores no empreendimento terapêutico. A Terapia Cognitiva é a aplicação da Teoria Cognitiva de psicopatologia ao caso individual. Desenvolvimento Inicial da TC A Terapia Cognitiva – surge em 1956 com Aaron Beck. Buscava apoio empírico para formulações psicodinâmicas de depressão. “Masoquismo”, “necessidade de sofrer”. A atribuição de tarefas graduais, em laboratório, pareciam conduzir a melhoras, ao invés de resistência. 2 15/02/2008 Desenvolvimento Inicial O resultado, de Beck, foi que a depressão era um transtorno caracterizado por uma profunda tendência negativa. Expectativas de resultados negativos (consequências) Foram feitas tentativas de modificar o conteúdo e as distorções cognitivas negativas, resultando em desenvolvimento e avaliação de estratégias terapêuticas. O modelo foi aplicado a outros transtornos. Apresentação Formal da TC Para a TC a cognição é a chave para os transtornos psicológicos. Cognição é definida como aquela função que envolve deduções sobre nossas experiências e sobre a ocorrência e o controle de eventos futuros. A TC sugere a importância da percepção fenomenológica das relações entre os eventos. Os 10 Axiomas da TC Os axiomas (postulados ou proposições primitivas) da TC são: 1. O principal caminho do funcionamento ou da adaptação psicológica consiste de estruturas de cognição com significado, denominadas esquemas. • “Significado” refere-se à interpretação da pessoa sobre um determinado contexto e da relação daquele contexto com o self. 3 15/02/2008 Os 10 axiomas da TC 2. A função da atribuição de significado (tanto a nível automático como deliberativo) é controlar os vários sistemas psicológicos (p. ex., comportamental, emocional, atenção e memória). • Portanto, o significado ativa estratégias para adaptação. Os 10 axiomas da TC 3. As influências entre sistemas cognitivos e outros sistemas são interativas. 4. Especificidade do conteúdo cognitivo. Consiste de cada categoria de significado ter implicações que são traduzidas em padrões específicos de emoção, atenção, memória e comportamento. • Cada conjunto de significados levam a determinado padrão de funcionamento psicológico. Os 10 axiomas da TC 5. Quando ocorre distorções cognitivas ou preconcepção, os significados são disfuncionais ou maladaptativos (em termos de ativação do sistema). • • • Distorções cognitivas incluem erros no conteúdo cognitivo (significado), Erros no processamento cognitivo (elaboração de significado), ou Ambos. 4 15/02/2008 Os 10 axiomas da TC 6. Vulnerabilidades cognitivas – são predisposições a distorções cognitivas específicas. • Os indivíduos são predispostos a fazer construções cognitivas falhas. As vulnerabilidades cognitivas específicas predispõem as pessoas a síndromes específicas. • Os 10 axiomas da TC 7. A psicopatologia resulta de significados maladaptativos construídos em relação ao self, ao contexto ambiental (experiência), e ao futuro (objetivos), que juntos são denominados de a tríade cognitiva. • • • Depressão: os três componentes são interpretados negativamente. Ansiedade: o indivíduo vê self - inadequado, contexto - perigoso e o futuro - incerto. Raiva e Transt. Paranóide: o indivíduo vê self maltratado ou abusado, contexto - injusto e em oposição. Os 10 axiomas da TC 8. Há dois níveis de significado: a) O significado público ou objetivo de um evento – pode ter poucas implicações significativas para um indivíduo. b) O significado pessoal ou privado de um evento – inclui implicações, significação, ou generalizações extraídas da ocorrência do evento – está relacionado com o conceito de “ domínio pessoal”. 5 15/02/2008 Os 10 axiomas da TC 9. Há três níveis de cognição: a) O pré-consciente, o não-intencional, o automático (“pensamentos automáticos”); b) O nível consciente; c) O nível metacognitivo – que inclui respostas “realísticas” ou “racionais” (adaptativas). Os 10 axiomas da TC 10. Estruturas teleonômicas - os esquemas evoluem para facilitar a adaptação da pessoa ao ambiente. Portanto, determinado estado psicológico (constituído pela ativação de sistemas) só é adaptativo ou maladaptativo em relação a/ou no contexto. Processamento Cognitivo Automático “Pensamentos automáticos” (PAs) – na prática clínica se observa que estes pensamentos são facilmente admitidos à percepção consciente. Esta percepção consciente é um pré-requisito lógico para o controle consciente. Por isto os PAs são melhor denominados de “pré-consciente” O terapeuta cognitivo: Emprega técnicas para tornar estes PAs conscientes. Orienta a evitar tentativas diretas de “controlar” os pensamentos. Uma vez que tal tentativa produz efeito inverso. 6 15/02/2008 A natureza construtivista do significado Segundo Meichenbaum (1993, p. 203) – o construtivismo é “uma terceira metáfora que está orientando o atual desenvolvimento de terapias cognitivas-comportamentais. Perspectiva construtivista – “os seres humanos constroem ativamente suas realidades pessoais e criam seus próprios modelos representativos do mundo”. A natureza construtivista do significado O significado que uma pessoa atribui a uma situação, ou a forma como um evento é estruturado (ou construído) por uma pessoa, teoricamente determina como aquela pessoa se sentirá e se comportará. O comportamento humano normal depende, teoricamente, da capacidade de a pessoa compreender a natureza do ambiente social e físico dentro do qual ela está situada. A natureza construtivas do significado Mahoney faz uma diferença entre “construtivista críticos” e “construtivistas radicais”. Construtivistas críticos – não negam a existência de um mundo real. Construtivistas radicais – defendem que não há realidade além da experiência pessoal. A Teoria Cognitiva apresenta a posição “construtivista crítico”. 7 15/02/2008 A natureza construtivista do significado Em contextos sociais onde as realidades fenomenológicas se cruzam, há múltiplas realidades pessoais bem como uma realidade ou contexto físico objetivo dentro do qual residem as realidades subjetivas. As realidades subjetivas são igualmente reais, no sentido de que são parte do que existe. A natureza construtivista do significado Supondo a mesma entrada de dados, o estado psicopatológico moldará as interpretações muito mais sistematicamente do que o estado não-psicopatológico. Uma pessoa com um transtorno psicológico está em um estado puramente construtivista. Entretanto, no estado mais normal, uma pessoa é tanto um construtivista, quanto um empirista/realista. A natureza construtivista do significado O terapeuta cognitivo, oscila entre dois estados: 1. Empatia compreensiva envolve um estado construtivista. 2. Como realista/empirista, o terapeuta leva o paciente a focalizar-se mais no que está acontecendo, a buscar mais informações, e a gerar explicações alternativas para um evento particular. – Desse modo livra o paciente da dominância dos esquemas disfuncionais. 8 15/02/2008 Teoria (e Estilos) da Personalidade: Definição de personalidade Personalidade vista como comportamento biológico complexo. Ross (1987, p. 7) sugeriu a seguinte definição: “ um constructo composto que representa a soma total das ações, dos processos de pensamento, das reações emocionais, e das necessidades motivacionais da pessoa, através dos quais ela, como organismo biológico geneticamente programado, interage com seu ambiente, influenciando-o e sendo influenciada por ele.” Portanto, “personalidade” é o termo que aplicamos a padrões específicos de processos sociais, motivacionais e cognitivos-afetivos. Teoria (e Estilos) da Personalidade: Teoria Cognitiva de Personalidade Beck e Cols. (1990) – sugerem que os processos cognitivos, afetivos e motivacionais são determinados pelas estruturas ou esquemas, idiossincráticos, que constituem os elementos básicos da personalidade. O conceito de esquema foi adaptado como uma estrutura em torno da qual se organiza e entende a operação dos vários sistemas psicológicos. Teoria (e Estilos) da Personalidade: Teoria Cognitiva de Personalidade A definição cognitiva da personalidade inclui processos esquemáticos individuais, que teoricamente determinam a operação dos principais sistemas de análise psicológica (ex.motivação, cognição, emoção, etc.) Estes sistemas de esquemas especializados são conceitualizados como os componentes básicos da personalidade. Estilos (de personalidade) são suborganizações específicas destes esquemas. 9 15/02/2008 Teoria (e Estilos) da Personalidade: Teoria Cognitiva de Personalidade Flanagan (1992, p. 222) – observa que a personalidade (ou self) “é a produção conjunta do organismo e do mundo social complexo no qual ela vive sua vida”. Em outras palavras – a personalidade não pode de forma alguma ser entendida por sua redução ao nível fisiológico, uma vez que o significado intrínseco destes padrões pode apenas ser descoberto dentro da experiência fenomenológica pessoal. Teoria (e Estilos) da Personalidade: Teoria Cognitiva de Personalidade Em resumo A teoria cognitiva considera que a personalidade baseia-se na operação coordenada de sistemas complexos (esquemas) que foram selecionados ou adaptados parar assegurar sobrevivência biológica. Os vários sistemas apresentam continuidade através do tempo e das situações de vida e foram descritos em escritos psicológicos como os inúmeros “traços” ou “transtornos” da personalidade. Esses atos coordenados consistentes são controlados por processos ou estruturas genética e ambientalmente determinados, denominados esquemas. A Teoria Cognitiva e a Prática Clínica A Teoria Cognitiva especifica que a melhora sintomatológica no transtorno psicológico resulta da modificação do pensamento disfuncional, E que a melhora durável (redução de relapso) resulta da modificação de crenças maladaptativas. 10