Treinamento em aconselhamento em DST/HIV/Aids: uma estratégia de sensibilização da abordagem das DST/HIV/Aids Débora Fontenelle dos Santos; Maristela Bernardi; Sérgio Teixeira de Aquino1; Betina Durovni; Cláudia Sá; Marly Cruz; Cristiane Rapparini; Vitória Vellozo Coordenação de Doenças Transmissíveis. Gerência de DST/AIDS Introdução Durante a evolução da epidemia da aids contatou-se a importância do diagnóstico precoce da infecção pelo HIV. A prática evidenciou que a introdução do aconselhamento durante o momento do diagnóstico facilita a aceitação da soropositividade e, consequentemente, a tomada de consciência sobre o processo saúde-doença. No município de Rio de Janeiro a prática do aconselhamento tem sido estimulada através de treinamentos para profissionais de saúde oferecidos pela Gerência de DST/aids da Secretaria Municipal Saúde. Constituem um momento solene de reflexão e discussão da prática oferecida à população. Descrição do tema A prática do aconselhamento pressupõe a escuta ativa, que facilita que o paciente exerça um papel ativo frente ao seu processo saúde-doença. Esta prática não pode ser reduzida a “dar conselhos”. Deve, portanto, ser entendida como uma tecnologia de cuidado a ser implementada na prática cotidiana dos profissionais de saúde. O aconselhamento nos serviços de saúde que atendem DST/HIV/aids pode ajudar na prevenção primária e secundária do HIV, na adesão do paciente ao tratamento proposto e na abordagem do (s) parceiro (s). O aconselhamento é fundamental para a solicitação do exame anti-HIV, uma vez que possibilita ao cliente avaliar suas reais possibilidades de risco de uma infecção sexualmente transmissível, refletindo sobre medidas preventivas viáveis, buscando melhor qualidade de vida, independente de sua condição sorológica. Resultado Na perspectiva de possibilitar aos profissionais de saúde uma sensibilização para esta prática, foram realizados 10 treinamentos em Aconselhamento em DST/HIV/aids. A metodologia utilizada é a participativa, com discussões de casos e dramatização. No total participaram destes treinamentos 171 profissionais, de várias categorias. 1 [email protected] A enfermagem foi a categoria com maior número de profissionais nos treinamentos (n=82), seguida de médicos (n=41) e assistentes sociais (n=24). Durante as dramatizações os profissionais de saúde tiveram oportunidade de vivenciar experiências do cotidiano da clientela que procura as unidades de saúde. Este tipo de abordagem, de “estar no papel do outro”, facilita a reflexão sobre a prática. Profissionais treinados por categoria profissional O estabelecimento de novos grupos de parceria e troca; Metodologia que facilita o trabalho de sensibilização, tanto do profissional, quanto do cliente; A necessidade de treinamento para mais profissionais das equipes, principalmente o médico; Abordagem de problemas reais do cotidiano, que podem ser vivenciados na prática por qualquer profissional, possibilidade de colocar-se no lugar do paciente portador do vírus e do profissional de saúde que solicita o exame e/ou entrega o resultado. Conclusão O treinamento em aconselhamento envolvendo diversos profissionais de saúde promove a troca de saberes, respeitando a especificidade de cada um. Facilita o estabelecimento de parceiras entre os profissionais da mesma unidade de saúde e entre as unidades de uma mesma área programática. Percebem-se dificuldades para a abordagem de pacientes com DST/HIV/aids, uma vez que assuntos tão íntimos da pessoa, como os relacionados à sexualidade, vêm à tona, expondo tanto o profissional quanto o paciente. Constata-se que os profissionais de saúde chegam às unidades de saúde geralmente desprovidos de experiências que os amparem para uma abordagem isenta de julgamentos e acolhedora das questões relacionadas às DST/HIV/aids. É fato que as unidades formadoras costumam não prepará-los para estas questões. Assim, vemos muitos profissionais relatarem receio e ansiedade diante destas situações. Cabe a nós, profissionais envolvidos com a prevenção e assistência das DST/HIV/aids, favorecer um espaço que torne possível o encontro de saberes e a sensibilização para uma prática voltada para a pessoa que procura uma unidade de saúde, e não apenas um olhar direcionado para um diagnóstico clínico-laboratorial. Afinal, assistir é muito mais do que simplesmente oferecer prescrições e recomendações. Assistir é cuidar, é estar junto, é acolher.