Artigo Original Tratamento do câncer de boca no paciente idoso acima de 80 anos Mouth cancer treatment in senior patients above 80 years old RESUMO Introdução: as características da população brasileira têm apresentado mudanças nas últimas décadas. Um aumento da população idosa desde a década de 80 resultou em alteração na incidência e mortalidade das doenças na população. Objetivo: estudar características epidemiológicas, tratamento e prognóstico de pacientes com idade maior ou igual a 80 anos acometidos por carcinoma espinocelular de boca. Pacientes e método: estudo retrospectivo por meio da análise de prontuários de 57 pacientes com idade igual ou maior que 80 anos, tratados por carcinoma espinocelular de boca no Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, Brasil, (INCa/MS), entre janeiro de 1995 e dezembro de 1998. Foram analisados gênero, idade, estadiamento, comorbidade, tratamento realizado e evolução clínica dos pacientes. A análise estatística foi realizada considerando-se o valor de p < 0,05 calculado pelo método qui-quadrado na análise univariada e pela regressão de Cox na análise multivariada. Curva de sobrevida realizada pelo método de Kaplan-Meyer. Resultados: cinquenta e sete pacientes com idade maior ou igual a 80 anos, foram tratados. Destes, 35 (61,4%) eram mulheres e 22 (38,6%) eram homens. A média de idade foi de 84,1 anos (80 – 93 anos). Quarenta e um pacientes (71,9%) apresentaram-se em estádios avançados da doença (EC III e IV). Vinte e três pacientes (40,3%) apresentavam comprometimento linfonodal no momento do diagnóstico. Apenas 36 pacientes (63,1%) foram submetidos a alguma forma de tratamento (cirurgia, radioterapia ou cirurgia e radioterapia associados). A dose média da radioterapia foi de 47,0 Gy. A recidiva ocorreu em 15 pacientes tratados (41,7%), sendo que a maioria dos casos a recidiva foi local. Vinte e quatro pacientes (42,1%) evoluíram a óbito. A única variável que apresentou relação com significância estatística quando comparado à recidiva foi o gênero. O menor tamanho do tumor, doenças com estádio mais precoce e tratamento com cirurgia ou radioterapia tiveram menor relação com a incidência de óbito. A presença de comorbidades não esteve relacionada com o aumento da recidiva ou a mortalidade. A sobrevida média livre de doença foi de 7,2 meses e a sobrevida global média foi de 9,8 meses. Conclusão: o menor tamanho do tumor, doenças com estádio mais precoce e tratamento com cirurgia ou radioterapia tiveram menor relação com a incidência de óbito. O tratamento cirúrgico, isolado ou associado à radioterapia, apresentou melhores resultados nos estágios iniciais da doença, sendo o diagnóstico precoce no doente idoso de fundamental importância para o prognóstico. Em estádios avançados, não observamos diferenças nas curvas de sobrevida, de acordo com o tipo de tratamento instituído. Terence Farias1 Gabriel Manfro2 Fernando Luiz Dias3 André Leonardo de Castro Costa4 Klecius Leite Fernandes4 Rafael Zdanowski4 ABSTRACT Introduction: the characteristics of the Brazilian population have presenting marked changes in recent decades. An increase in the senior population since the eighties has resulted in alteration in the incidence and mortality from diseases in this group. Objective: to study the epidemiological, therapeutic and prognostic characteristics of 80 years or older patients with oral squamous cell cancer. Methods: a retrospective study by analyzing the medical charts of 57 80-year or older patients treated for oral squamous cell carcinoma at the National Institute of Cancer, Rio de Janeiro, Brazil, (INCA/MS) between January, 1995 and December, 1998. The gender, age, stage, comorbidity, treatment undertaken and the patients' clinical evolution were analyzed. The statistical analysis was carried out considering the value of p<0.05 calculated by the qui-square method in the univariate analysis and by the regression of Cox for multivariate analysis. The survival curve employed the Kaplan-Meyer method. Results: fifty-seven patients 80 years or older were treated for oral squamous cell carcinoma. Of these, 35 (61.4%) were women and 22 (38.6%) were men. The average age of these patients was 84.1 years (80–93). Forty-one patients (71.9%) were in advanced stages of the disease (III and IV). Twenty-three patients (40.3%) had compromising lymph nodes at the time of the diagnosis. Only 36 patients (63.1%) underwent some treatment modality (surgery, radiation therapy or surgery and associated radiation therapy). The average dose of radiation therapy was 47.0Gy. There was recurrence in 15 (41.7 %) treated patients, and in most cases the recurrence was local. Twenty-four patients (42.1%) died. The only variable that had any relationship with statistical significance when comparing the recurrence rate was gender related. The smaller tumor size, diseases with more early stages and treatment with surgery or radiotherapy had less relationship with the death rate. The comorbidity rate was not related to the increase of the recurrence or mortality. The average free of disease survival rate was of 7.2 months and the average overall survival rate was 9.8 months. Conclusion: the smaller tumor size, diseases with more early stages and treatment with surgery or radiotherapy had little relationship to the incidence of death. The treatment by surgical, isolated or associated to the radiotherapy, presented better results in the initial stages of the disease, since the precocious diagnosis in the senior patient is of fundamental importance for the prognosis. In advanced stages, there were no differences in the survival rates, according to the type of treatment used. Key words: cancer; elderly patient; cancer Descritores: boca; paciente idoso; câncer. 1) Mestre em Oncologia pelo Instituto Nacional de Câncer (INCa/MS-RJ); Titular da Seção de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional de Câncer (INCa/MS-RJ); Professor Assistente do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ); Coordenador da Residência Médica em Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional de Câncer (INCA/MS-RJ). 2) Ex-residente de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional de Câncer (INCA/MS-RJ). 3) Doutor em Medicina pelo Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Chefe da Seção de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional de Câncer (INCa/MS-RJ);Professor Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). 4) Residente de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional de Câncer (INCa/MS-RJ). Instituição: Seção de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional de Câncer (INCa/MS-RJ) e Curso de Pós-Graduação em Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Correspondência: Dr. Terence Farias, Rua Ministro Artur Ribeiro 98/503, Jardim Botânico, Rio de Janeiro RJ. E-mail: [email protected] Recebido em: 30/04/2007. Aceito para publicação em: 25/05/2007. Publicado on line em: 15/06/2007. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v. 36, nº 2, p. 87 - 90, abril / maio / junho 2007 87 INTRODUÇÃO A população brasileira vem apresentando um aumento da incidência de doenças crônicas e degenerativas, dentre elas o câncer. Isso vem ocorrendo devido a três importantes determinantes sociais: a industrialização, a urbanização e o aumento da expectativa de vida1. O processo de industrialização fez com que aumentasse o número de substâncias naturais ou sintéticas que podem estar relacionadas com a carcinogênese, principalmente em casos de exposição crônica. Juntamente com a industrialização, houve um aumento da taxa de urbanização, resultando em uma alteração importante nos hábitos de vida da população. As características demográficas do brasileiro têm apresentado mudanças nas últimas décadas, existindo duas variáveis biológicas responsáveis por essas alterações: a mortalidade e a fecundidade, estando a primeira baixa e a segunda gradualmente decrescente, em nosso país1. Com o aumento da expectativa de vida, houve aumento da população idosa em nosso país. A idade avançada é um dos maiores fatores de risco para grande parte das doenças neoplásicas, entre elas o câncer do trato aerodigestivo superior. Devido a esse grupo etário apresentar uma menor expectativa de vida comparado aos pacientes mais jovens, os benefícios do tratamento radical da doença neoplásica no idoso é questionável. Um dos grandes desafios é identificar o quanto esse paciente se beneficiará com o tratamento. O objetivo deste trabalho é estudar as características epidemiológicas, tratamento e prognóstico de pacientes com idade maior ou igual a 80 anos acometidos por câncer de boca. 47,0 Gy, variando de 6 Gy nos casos de dose paliativa até 68 Gy nos casos de dose radical. Em sete (7/15 – 46,6%) casos de tratamento radioterápico exclusivo houve resposta completa do tumor. Em dois desses casos, havia comprometimento linfático (T3N2a e T3N1), em dois casos o tumor foi estadiado como T2N0, dois casos T3N0 e um caso T4N0. A recidiva ocorreu em 15 pacientes tratados (41,7%), sendo em oito casos (53,3%) recidiva local, em três casos (20%) locoregional, em outros três casos (20%) regional e em um caso (6,7%), recidiva à distância. Dos pacientes que apresentaram recidiva, oito (42,2%) foram submetidos à cirurgia, sete (36,8%) à radioterapia e quatro (21%) à cirurgia associada à radioterapia. A sobrevida média livre de doença foi de 7,2 meses, não havendo diferença estatisticamente significativa comparando a sobrevida livre de doença com o tipo de tratamento realizado (log rank = 0,29). Vinte e quatro pacientes (42,1%) evoluíram a óbito. Em um caso (1,7%), o óbito ocorreu devido a cardiopatia, nos outros 98,3% foi secundário à doença oncológica. A sobrevida global média foi de 9,8 meses. Não houve diferença estatisticamente significativa comparando a sobrevida global com o tipo de tratamento realizado e com o grupo de pacientes que não foram submetidos a nenhuma forma de tratamento (log rank = 0,17). Tabela 1 – Estádio dos pacientes idosos (≥80 anos). Estadiamento T PACIENTES E MÉTODO Estudo retrospectivo por meio da análise de prontuários de 57 pacientes com idade igual ou maior que 80 anos tratados por câncer de cabeça e pescoço no Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, (INCa/MS) entre janeiro de 1995 e dezembro de 1998. Foram analisados gênero, idade, estadiamento, presença de comorbidade, sítio do tumor primário, tratamento realizado e evolução clínica dos pacientes. O estudo estatístico foi realizado considerando o valor de p significante quando menor que 0,05 no teste qui-quadrado e regressão de Cox para a análise uni e multivariada respectivamente. As curvas de sobrevida foram analisadas através do método de Kaplan-Meyer e comparadas pelo teste de log rank. N M T1 8 T2 16 28,1% N1 14,0% N0 6 T3 14 24,5% N2 11 19,3% T4 19 33,3% N3 6 Total 57 100% 34 59,7% 10,5% M0 57 100% M1 0 Total 57 100% Total 57 100% Tabela 2 – Estadiamento dos pacientes idosos (≥80 anos). Estágio Nº de pacientes % RESULTADOS I 5 8,8 Cinqüenta e sete pacientes com idade maior ou igual a 80 anos, foram tratados por carcinoma espinocelular de boca, sendo 35 mulheres (61,4%) e 22 homens (38,6%). A maioria tinha como hábito o tabagismo (40 pacientes – 70,2%) e o etilismo (21 pacientes – 36,8%). A média de idade foi de 84,1 anos (80 – 93 anos), sendo que 44 pacientes (77,2%) encontravam-se na faixa etária entre 80 e 85 anos, 7 pacientes (12,3%) entre 86 e 90 anos e seis pacientes (10,5%) com idade maior que 90 anos. A maioria desse grupo de pacientes apresentou-se em estádios avançados ao procurar nossa instituição, principalmente devido ao tumor primário avançado. Nenhum paciente apresentava metástase à distância no momento do diagnóstico (tabelas 1 e 2) . Devido às más condições clínicas do pacientes (36,8% dos pacientes apresentavam comorbidade) ou pelo estádio avançada da doença, 11 pacientes (19,2%) foram considerados fora de possibilidades de tratamento curativo antes de iniciar qualquer tipo de terapia. Apenas 36 pacientes (63,1%) foram submetidos a alguma forma de tratamento, sendo a cirurgia isolada utilizada em 13 casos (36,1%), a radioterapia exclusiva em 15 casos (41,7%) e cirurgia associada a radioterapia em oito casos (22,2%). A dose média da radioterapia foi de II 11 19,3 III 16 28,1 IV 25 43,8 Total 57 100 88 0% 10,5% A única variável que apresentou relação com significância estatística quando comparado à recidiva foi o gênero. As mulheres apresentaram recidiva mais freqüente que os homens (p = 0,04) – tabela 3. Quando relacionadas as variáveis ao óbito, o menor tamanho do tumor (p = 0,03), doenças com estádio mais precoce (p = 0,009) e tratamento com cirurgia ou radioterapia (p = 0,01) tiveram menor relação com a mortalidade. Na análise multivariada, a ausência de tratamento foi um fator de impacto prognóstico na mortalidade neste grupo de pacientes (tabela 4). Tabela 3 – Análise univariada comparando o tamanho do tumor (T), metástase linfática (N), estágio da doença (E), idade, gênero e tratamento realizado com a recidiva da doença nos 25 pacientes que foram tratados e que apresentaram resposta completa ao tratamento. Tabela 4 – Análise uni e multivariada comparando o tamanho do tumor (T), metástase linfática (N), estágio da doença (E), idade dos pacientes, gênero e tratamento realizado com a incidência de óbito nos pacientes idosos (≥80 anos). Recidiva Óbito sim não total p sim não total p univariada / multivariada T 1 5 1 6 2 5 5 10 T 1 2 6 8 2 5 11 16 0,30 0,03 / 0,14 3 5 3 8 3 5 9 14 4 0 1 1 4 12 7 19 0 14 20 34 1 3 3 6 2 5 6 11 3 2 4 6 I 0 5 5 N N 0 10 9 19 1 2 1 3 0,84 0,15 2 3 3 0 0 0 3 Estágio 0 Estágio I 2 2 4 II 3 6 9 II 4 2 6 III 5 11 16 IV 16 11 27 feminino 14 21 35 masculino 10 12 22 21 23 44 0,009 / 0,26 0,88 III 6 3 9 Sexo IV 3 3 6 0,68 Sexo feminino 13 4 17 Idade 0,04 masculino 2 6 8 9 9 18 80 – 85 0,12 Idade 80 – 85 0,14 DISCUSSÃO O crescimento da população idosa em nosso país fez com que aumentasse o interesse no estudo do comportamento diferenciado de doenças neoplásicas e de respostas terapêuticas diferentes nessa faixa etária da população. O desenvolvimento do câncer de cabeça e pescoço em pacientes com idade inferior a 40 anos é incomum. Esse risco aumenta drasticamente entre os 60 e 70 anos2. O câncer em pacientes idosos é bastante freqüente e em crescimento, porém, ainda é pouco estudado3 e vem-se tornando um problema emergencial4. Há uma diferença entre a idade biológica e cronológica em vários pacientes, podendo uma pessoa com 70 anos apresen- tar condições cárdio-vasculares ou respiratórias melhores que uma de 60 anos. Por esse motivo, que o tratamento do paciente idoso deve ser individualizado, respeitando as características de cada paciente2. Na tentativa de reduzir esse viés, optamos pelo estudo de pacientes com idade maior que 80 anos, onde mais raramente encontraremos doentes oncológicos com reserva funcional próxima a de pacientes 10 ou 20 anos mais jovens. Grande parte dos trabalhos opta por considerar pacientes idosos aqueles com idade superior a 70 anos. No nosso grupo de estudo, a idade dos pacientes variou entre 80 e 94 anos, com uma média de idade de 84,5 anos. Nos Estados Unidos, pessoas com idade de 65 anos têm, em média, expectativa de 89 vida de mais 16 anos (mulheres: 19 anos; homens: 17 anos). Quando alcançam a idade de 85 anos, essa expectativa de vida diminui para seis anos5. Nesse momento, deve-se pesar o benefício de submeter um paciente com uma curta expectativa de vida a um tratamento que poderá alterar significativamente a qualidade dessa vida. Uma característica muito importante da doença oncológica no idoso e que, na maioria das vezes, é fundamental para que seja feita a opção terapêutica mais adequada, é o estádio em que a doença apresenta-se. O câncer em pacientes geriátricos costuma ser diagnosticado em estádios mais avançados6, talvez pela pouca valorização das queixas nesse grupo. Vários estudos relacionaram as condições clínicas dos pacientes, estádio tumoral e o tipo de tratamento com a resposta terapêutica, o tempo livre de doença e a sobrevida, não havendo diferença entre o grupo de pacientes jovens e pacientes idosos7-11. A individualização do tratamento é fundamental na abordagem da doença oncológica no idoso12, pois esse grupo não necessariamente apresenta um prognóstico mais reservado que as faixas etárias mais jovens13 nem diferença na qualidade de vida e taxa de complicações cirúrgicas ou clínicas14,15. No nosso estudo, a recidiva da doença só apresentou significância estatística quando relacionado ao gênero (p = 0,04), sendo o feminino responsável por 86,7% das recidivas. Dos 57 pacientes, apenas 16 (28,1%) encontravam-se nos estádios I e II, resultado controverso ao descrito por outros autores13, em que mais que dois terços dos pacientes encontravam-se em estádios iniciais. Pacientes com carcinoma espinocelular de boca em estádios mais avançados apresentaram maior mortalidade (p = 0,009), mostrando que a doença em estádios iniciais pode ser controlada mesmo em grupo etário mais avançado. O óbito também foi mais incidente em pacientes com câncer de boca de maior tamanho (p = 0,03) e que não foram submetidos a nenhum tipo de tratamento (p = 0,03), sendo essa última variável relacionada com a mortalidade de maneira independente. Comparando-se a sobrevida em pacientes com câncer de boca em diferentes faixas etárias, demonstrou-se que em pacientes com estádio avançado não há diferença na sobrevida global em pacientes idosos ou numa faixa etária mais precoce, havendo pouca influência na evolução de doenças neoplásicas avançadas independente das diferentes abordagens terapêuticas realizadas13. Quando a doença encontra-se em fase inicial, é possível a abordagem com intenção curativa e menor morbidade em pacientes de qualquer faixa etária. No nosso grupo, a cirurgia isolada foi utilizada em 13 pacientes, com apenas dois deles evoluindo a óbito no período de estudo, mostrando a efetividade desse tratamento nas fases iniciais da doença. CONCLUSÃO O gênero feminino apresentou maior incidência de recidiva do câncer de boca comparado aos homens (p = 0,04). A mortalidade por câncer de boca foi maior em pacientes com tumores de maior tamanho (p = 0,03), estádio mais avançado (p = 0,009) e em pacientes não submetidos a tratamento (p = 0,03). Esta última variável apresentou significância de maneira independente (p = 0,02). Em estádios avançados, não observamos diferenças nas curvas de sobrevida de acordo com o tipo de tratamento instituído (p = 0,17). Os dados deste trabalho mostram a importância do diagnóstico precoce do câncer de boca, pois se esta neoplasia for tratada em estágios iniciais, possibilita um tratamento radical mais efetivo, com melhor controle oncológico e menor morbimortalidade, podendo a terapia ser indicada para qualquer paciente, independente da faixa etária. 90 REFERÊNCIAS 1. Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria Nacional de Assistência à Saúde, Instituto Nacional de Câncer. Controle do Câncer: Uma Proposta de Integração Ensino – Serviço. 3ª ed. Rio de Janeiro: Brasil; 1999. 2. Monson K, Litvak DA, Bold RJ. Surgery in the aged population: surgical oncology. Arch Surg. 2003;138(10):1061-7. 3. Hunter CP, Johnson KA, Muss HB. Cancer in the Elderly. N Engl J Med. 2000;343(4):306-7. 3. Hunter CP, Johnson KA, Muss HB. Cancer in the elderly. N Engl J Med. 2000;343(4):306-7. 4. Repetto L, Ausili-Cefaro G, Gallo C, Rossi A, Manzione L. Quality of life in elderly cancer patients. Ann Oncol. 2001;12 Suppl 3:S49-52. 5. 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