Franciane Corrêa

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS DA TERRA
CENTRO DE ESTUDOS DO MAR
VARIABILIDADE ESPACIAL E TEMPORAL DE BACTÉRIAS AO LOGO DE UM
CICLO DIURNO DE MARÉ, NA GAMBOA DO MACIEL, PARANÁ.
Franciane Corrêa
Monografia apresentada ao Centro de Estudos
do Mar como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Ciências Biológicas.
Orientadora: Profa. Dra. Hedda Elisabeth Kolm
Co-orientadora: MSc. Adriana Siqueira
Pontal do Sul - PR
2004
AGRADECIMENTOS
Agradeço à professora Hedda Elisabeth Kolm pela orientação na minha
pesquisa, pela sua atenção e paciência, por me apresentar à disciplina de
Microbiologia Marinha. À Adriana, que muito me auxiliou nas análises, se
mostrando uma amiga.
Aos professores Erasto, Aranha, Emídio, Idinha, Ida e Araci pelas
ótimas aulas.
À minha mãe e familiares, pela paciência, apoio e dedicação.
Às amigas e amigos que fiz durante a graduação: Mariana, Carla, Ana
Paula, Suzana, Marjorie, Juliana, Naligia, Igor, Guilherme, Carlos e Robert, a
todos os colegas de graduação, e as amigas Ellen e Tatiana. Agradeço a todos
pelo carinho, companheirismo, ajuda e compreensão.
E a todos que, mesmo indiretamente, ajudaram na realização deste
trabalho.
SUMÁRIO
Lista de Figuras ................................................................... ..........................................
I
Lista de Tabelas ............................................................................................................
II
Resumo ...........................................................................................................................
111
1
INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1
1.1
Objetivos .............. ... ......... ......... ..................... ........................ ............ ....... 2
2
ÁREA ESTUDADA ......................................................................................... 3
3
MATERIALEMÉTODOS ............................................................................. 5
3.1
DADOS ABIÓTICOS ........................................................................................ 6
3.1.1
Maré ................................................................................................................... 6
3.1.2
Temperatura ....................................................................................................... 6
3.1.3
Salinidade ........................................................................................................... 6
3.1.4
Potencial hidrogeniônico .................................................................................... 6
3.1.5
Oxigênio dissolvido ........................................................................................... 6
3.1.6
Seston ................................................................................................................
3.1.7
Transparência ..................................................................................................... 7
3.2
DADOS BIÓTICOS ........................................................................................... 7
3.2.1
Clorofila ...... ...... ......... ......... ......... ... ......... ......... ......... ... ......... ... ......... ... ............. 7
3.2.2
Bactérias heterotróficas totais e biomassa bacteriana ........................................ 7
3.2.2
Bactérias heterotróficas aeróbias cultiváveis halófilas e halófobas ................... 8
3.2.3
Coliformes totais e Escherichia coZi .................................................................. 8
3.3
ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................... 9
4
RESULT ADOS.................................................................................................. 10
5
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES...................................................................... 18
6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 19
7
Anexos ............................................................................................................... 22
I
Lista de Figuras
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Figura 10
Figura 11
Figura 12
Figura 13
Figura 14
Figura 15
Figura 16
Figura 17
Mapa da região estudada. A) Gamboa do Maciel com estações de coleta;
B) Complexo Estuarino Baía de Paranaguá com a região de coleta e C)
Brasil com a localização do estuário.
L?calização dos locais de coleta. A) estação 1; B) estação 2 e C) estação
3.
Alturas da maré, em metros, nas estações amostrais.
A) Temperaturas observadas nas estações e períodos de coleta. B)
ANOVA resultante da comparação das temperaturas entre os períodos de
maré.
A) Valores da salinidade observados nas três estações no período
estudados. B) ANOVA resultante da comparação das salinidades entre os
períodos de maré.
A) Valores de pH observados nas três estações nos períodos estudados.
B) ANOVA resultante da comparação do pH entre os períodos de maré.
A) Percentagem de oxigênio dissolvido para as estações nos períodos
estudados. B) ANOVA resultante da comparação da percentagem de
saturação do oxigênio dissolvido entre os períodos de maré.
A) Valores de seston nas três estações nos períodos estudados. B)
ANOVA resultante da comparação dos teores de seston entre os
períodos de maré.
A) Transparência da água (m) nas três estações nos períodos estudados.
B) ANOVA resultante da comparação da transparência da água entre os
períodos de maré.
A) Valores de clorofila nas três estações nos períodos estudados. B)
ANOVA resultante da comparação da clorofila entre os períodos de
maré.
A) Bactérias heterotróficas totais nas três estações e nos períodos
estudados. B) ANOVA resultante da comparação das quantidades de
bactérias heterotróficas totais entre os períodos de maré.
A) Valores absolutos de biomassa bacteriana nas três estações durante o
período estudado.
A) Bactérias halófilas nas três estações e nos períodos estudados.B)
ANOVA resultante da comparação das medias entre os períodos de
maré.
A) Bactérias halófobas nas três estações e nos períodos estudados.B)
ANOVA resultante da comparação dos valores de bactérias entre os
períodos de maré.
A) Valores absolutos de coliformes totais nas três estações durante o
período estudado. B) Resultados da ANOVA dos dois períodos de maré.
A) Valores absolutos de E. coZi nas três estações durante o período
estudado.
Representação gráfica dos dois primeiros componentes da Análise dos
Componentes Principais.
4
5
10
10
11
11
12
12
13
14
14
15
15
16
16
17
17
II
Lista de Tabelas
Tabela I
Tabela II
Meio de cultura ZoBell 2216E modificado.
Valores absolutos dos parâmetros estudados
8
23
III
RESUMO
Apesar de ocorrerem em todos os ambientes marinhos, a importância das bactérias é maior
nas regiões próximas à costa (deltas, estuários, baías e desembocaduras de rios) devido, por
um lado ao "input" de matéria orgânica e nutrientes provenientes da terra firme, por outro
às influências antrópicas (cidades, povoados, portos, etc.) que as alteram, quantitativa e
qualitativamente, de forma direta ou indireta Foi objetivo da presente pesquisa: 1) avaliar
espacial- e temporalmente o quantitativo de bactérias heterotróficas totais, biomassa
bacteriana, bactérias heterotróficas aeróbicas halófilas e halófobas, coliformes totais e
Escherichia coli, 2) avaliar sua interrelação com parâmetros bióticos (clorofila) e abióticos
(temperatura, salinidade, pH, oxigênio dissolvido, seston, transparência da água e
pluviosidade) com a alternância da maré na Gamboa do Maciel. A Gamboa do Maciel está
localizada entre a cidade de Paranaguá e a Ilha do Mel, no setor euhalino do Complexo
Estuarino de Paranaguá. Na sua desembocadura ocorre uma depressão com profundidade
máxima estimada em 20 m. O sedimento desta área é estruturalmente complexo, com 16
classes texturais distintas, desde finos até grânulos. Os valores de carbonato de cálcio são
intermediários (6,7%) e os de matéria orgânica elevados. Suas margens são bordeadas por
manguezais com pouca influência antrópica. Segundo fotografias aéreas recentes a região
mais interna da gamboa encontra-se interligada com o Rio Guaraguaçu. Os resultados
mostraram que, com exceção da biomassa bacteriana e da Escherichia coli, houve variação
significativa de todos os parâmetros estudados com a alternância da maré. Por outro lado,
não pode ser observada variação significativa dos fatores bióticos e abióticos estudados ao
longo da gamboa. Concluiu-se que a água, durante o período estudado apresentou padrões
satisfatórios de balneabilidade e insatisfatórios para o cultivo de organismos a serem
ingeridos crus e sem prévia depuração.
1) INTRODUÇÃO
No ambiente aquático, tanto limnico, quanto marinho, as bactérias podem ocorrer
livres ou aderidas a partículas orgânicas e inorgânicas. Podem ser encontradas em todo o
ambiente marinho, inclusive nas fossas abissais e ventos termais. Na coluna d'água, seu
número é maior na zona fótica, devido a um acúmulo maior de fitoplâncton, assim como na
região localizada logo acima do sedimento, devido a ressuspensão do mesmo (Rheinheimer,
1985).
Apesar de ocorrerem em todos os ambientes marinhos, sua importância é maior nas
regiões próximas à costa (deltas, estuários, baías e desembocaduras de rios) devido, por um
lado ao "input" de matéria orgânica e nutrientes provenientes da terra firme (Gunkel, 1966;
Gocke, 1977; Rheinheimer, 1985), por outro às influências antrópicas (cidades, povoados,
portos, etc.) que as alteram, quantitativa e qualitativamente, de forma direta ou indireta (Kolm
& Andretta, 2003).
Em regiões costeiras, principalmente em baías e estuários, ocorrem, além das bactérias
marinhas, adaptadas à ambientes de alta salinidade, bactérias halotolerantes, adaptadas a
regiões de salinidades intermediárias, e halófobas, trazidas principalmente através dos rios.
Estas últimas se desenvolvem melhor em meios de cultura de água doce e no mar só
sobrevivem por tempo limitado.
Poucos são os estudos bacteriológicos efetuados no Complexo Estuarino Baía de
Paranaguá e regiões adjacentes. Kolm & Corrêa (1994) analisaram o número de bactérias
saprófitas no sedimento de um perfil vertical à linha da maré em uma praia arenosa em frente
a Pontal do Sul. Os autores concluíram que o maior número de saprófitas ocorrem na região
da última maré alta. Kolm & Absher (1995) estudaram o número de saprófitas ao longo das
baías de Paranaguá e Antonina e sua inter-relação com os fatores ambientais. Kolm & Lesnau
(1997), estudando a variação de bactérias saprófitas em duas colunas d'água, uma próxima e
outra distante de manguezais; concluíram que, apesar de ambas serem influenciadas por águas
da plataforma continental, existem variações quanto aos hábitos bacterianos. Schoenenberger
(1998) efetuou os primeiros estudos bacteriológicos das baías de Guaraqueçaba e Laranjeiras.
Kolm & Andretta (2003) efetuaram as primeiras pesquisas bacteriológicas na Gamboa do
Perequê estudando a influência da maré sobre o bacterioplâncton da mesma. Os resultados
2
obtidos nesta pesqUisa mostram que, durante o período estudado, as marés de sizígia,
principalmente depois de períodos de chuvas intensas, influenciaram os valores de bactérias
heterotróficas aeróbias e de coliformes totais e fecais. Por sua vez, as marés de quadratura
influenciaram as bactérias heterotróficas totais e a biomassa bacteriana. Em 1999 Kolm &
Siqueira efetuaram estudos sobre a influência da dragagem de um canal de acesso ao Porto de
Paranaguá sobre o quantitativo da bacteriofauna. As autoras concluíram que, em conseqüência
da dragagem, o número de bactérias heterotróficas totais aumentou nos sedimentos arenolodosos em regiões internas da baía. Ao contrário, nas regiões externas, de alta energia e com
sedimentos arenosos, não puderam ser verificadas alterações no quantitativo bacteriano.
Resultados semelhantes puderam ser observados pelas autoras em 2000, quando da dragagem
do Canal da Ponta do Félix, que liga a cidade de Paranaguá à cidade de Antonina. Strapasson
(2000) efetuou pesquisas bacteriológicas na região do Rio Guaraguaçu, que desemboca no
setor euhalino do estuário, influenciada pelas marés. A autora concluiu que as altas
pluviosidades dos meses de verão influenciaram as bactérias heterotróficas aeróbias halófilas
e halófobas, principalmente nas estações internas, enquanto os valores de bactérias
heterotróficas totais e os de coliformes fecais, foram mais altos nas regiões próximas ao
estuário no período de secas. Os valores de coliformes totais foram mais elevados nas regiões
internas do rio durante os meses de pouca pluviosidade. Kolm et a/. (2002) publicaram, para
as Baías de Paranaguá e Antonina, os primeiros dados de bactérias heterotróficas totais, de
biomassa bacteriana e de coliformes totais e fecais, e sua interrelação com dados abióticos.
Não existem estudos microbiológicos efetuados ao longo da gamboa do Maciel.
Entretanto Kolm & Absher (1995) efetuaram, entre 1985 e 1986, um estudo de bactérias
heterotróficas aeróbias cultiváveis em águas superficiais ao longo das Baías de Paranaguá e
Antonina e concluíram que os valores bacterianos registrados na entrada da Gamboa do
Maciel não diferiam significativamente dos observados nas demais regiões externas do
estuário.
1.1)
OBJETIVOS
A presente pesquisa tem como objetivos estudar, em águas superficiais, em um ciclo
de marés diurno, as seguintes variações ao longo da Gamboa do Maciel:
3
a) Bactérias heterotróficas totais e biomassa bacteriana;
b) Bactérias heterotróficas aeróbias cultiváveis halófilas e halófobas;
c) Coliformes totais e Escherichia coZi;
d) Inter-relacionar os microorganismos acima citados com os seguintes parâmetros bióticos e
abióticos: clorofila, maré, temperatura, salinidade, pH, oxigênio dissolvido, seston,
transparência da água e precipitação.
2) ÁREA ESTUDADA
o Complexo Estuarino Baía de Paranaguá (25°16'34"S; 48°17'42"W) é o maior estuário
do Estado do Paraná e estende-se por aproximadamente 50 km continente adentro. É dividido,
em base no sistema de drenagem terrestre, em dois setores principais: a) setor norte, formado
pelas baías das Laranjeiras, de Guaraqueçaba, dos Pinheiros e pelas enseadas do Benito e de
Itaqui e b) setor oeste, formado pelas Baías de Paranaguá e Antonina (Fig. lB) (Müller, 1984;
Absher, 1989).
Em todo o complexo estuarino podem ser encontrados baixios e ilhas de médio e
pequeno porte. Grandes quantidades de rios desembocam principalmente na parte interna do
estuário. Ao longo das suas margens e nas ilhas, podem ser encontradas ainda gamboas ou
"marigots". Por definição, gamboas são pequenos esteiros, que se enchem com o fluxo da
maré e ficam em seco na vazante (Magliocca, 1987).
Toda a orlado estuário, assim como os rios e gamboas, são margeados por manguezais
constituídos de Rhizophora mangle, Laguncularia racemosa e Avicennia schaueriana. Nas
regiões mais calmas do estuário ocorrem bancos de Spartina alterniflora. Segundo Rebello &
Brandini (1990) essas formações floristicas propiciam o enriquecimento da região por detritos
orgânicos.
Na entrada do Complexo Estuarino Baía de Paranaguá encontram-se as Ilhas do Mel e
da Galheta. As vias de interligação mais importantes do estuário com a plataforma continental
são o Canal da Galheta, constantemente dragado que permite o acesso dos navios ao porto de
Paranaguá, e o Canal Sueste formado pela união dos canais Norte e Sueste, provenientes do
mar aberto.
Os rios mais importantes que desembocam na Baía de Paranaguá são o Guaraguaçú, o
Itiberê e o Nhundiaquara. Além deles, podem ser encontrados vários "rios", tais como o das
4
Pedras, o Embocui, o Emboguaçú, o Maciel, o Baguaçú e o Perequê. Estas confluências de
água, na realidade, não são "rios", mas sim "gamboas", "rios de marés" ou "marigots".
c
FIGURA 1. Mapa da região estudada. A) Gamboa do Maciel com estações de coleta; B)
Complexo Estuarino Baía de Paranaguá com a região de coleta e C) Brasil com a
localização do estuário. - Estações de coleta.
A Gamboa do Maciel tem uma extensão de aproximadamente 13 Km e encontra-se
localizada entre a Ilha do Mel e a cidade de Paranaguá no setor euhalino do estuário. Na sua
desembocadura ocorre uma depressão com profundidade máxima estimada em 20 m. Segundo
Lana (1986), o sedimento desta área é estruturalmente complexo, com 16 classes texturais
distintas, desde finos até grânulos. Os valores de carbonato de cálcio são intermediários
(6,7%) e os de matéria orgânica elevados. Suas margens são bordeadas por manguezais com
pouca influência antrópica. Segundo fotografias aéreas recentes a região mais interna da
gamboa encontra-se interligada com o Rio Guaraguaçu. (Fig. IA).
5
3) MATERIAIS E MÉTODOS
No dia 02 de abril de 2004 foram efetuadas coletas de água de superficie, na baixa-mar
e na preamar em três estações ao longo da Gamboa do Maciel (Fig. 2). Durante a baixa-mar a
água foi coletada de jusante para montante e na preamar no sentido inverso. Todas as
amostras foram recolhidas com o auxílio de um "pegador", constituído por uma vasilha
plástica acoplada a um cabo de madeira, desenvolvido por Andretta (1999). A temperatura e a
transparência da água foram obtidas no próprio local da coleta. Os demais parâmetros foram
analisados nos laboratórios de Biogeoquímica e de Microbiologia Ambiental Marinha do
Centro de Estudos do Mar da UFPR. Os dados de pluviosidade foram fornecidos pelo
Laboratório de Física Marinha do CEM.
B
A
C
FIGURA 2. Localização dos locais de coleta. A) estação 1; B) estação 2 e C) estação 3.
6
Para cada amostra foram feitas as seguintes análises:
3.1) DADOS ABIÓTICOS
3.1.1) Maré
Para obter os valores de marés foi consultada a Tábua de Marés, fornecida pelo
Laboratório de Física Marinha do CEM, com os horários de baixa-mar e de preamar, e feita
uma estimativa entre Galhetas e Paranaguá (uma vez que a Gamboa do Maciel se encontra
entre as duas).
3.1.2) Temperatura
Os valores foram obtidos com termômetro padrão, escala 1/40 oCo
3.1.3) Salinidade
A salinidade foi medida com refratômetro ATAGO modelo SIMILL com escala de
0/40%0.
3.1.4) Potencial hidrogeniônico
Verificou-se o pH com auxílio de pHmetro portátil digital Atago.
3.1.5) Oxigênio dissolvido
Conforme procedimento descrito por Winkler, as amostras foram colocadas em frascos
esmerilhados com volume conhecido, evitando a formação de bolhas. No local da coleta
foram adicionados 1,0 mL de Cloreto de Manganês II e 1,0 mL de Iodeto de Potássio (para
precipitação de matéria orgânica). Os frascos foram agitados suavemente e acondicionados
em uma caixa de isopor com água.
No Laboratório de Biogeoquímica Marinha as amostras foram tituladas com
tiossulfato de sódio.
7
3.1.6) Seston
Para a avaliação do seston foram filtrados 400 mL de cada amostra, em filtros GF 52C (Schleicher & Schuell) previamente pesados. Em seguida os filtros foram secos em estufa a
60°C até a constância de peso. Através da diferença entre os pesos obteve-se o valor do
seston.
3.1.7) Transparência
Os dados foram obtidos no campo com auxílio de um Disco de Secchi.
3.2) DADOS BIÓTICOS
3.2.1) Clorofila
Para cada amostra de água foram filtradas 60 mL, em filtros de fibra de vidro Whatman
GF/C de 27 mm, estocadas em envelopes de papel alumínio a -18°C. A análise quantitativa de
clorofila foi realizada pelo método fluorimétrico, como descrito por Strickland & Parsons
(1968).
Para extração de clorofila, foi utilizada como solvente acetona a 90% e a leitura foi
realizada em fluorímetro Tumer lO-AU.
3.2.2) Bactérias heterotróficas totais e biomassa bacteriana
Amostras de 15mL de água foram coletadas, formalizadas in loco e transportadas para
o laboratório.
Filtros de membrana Nucleopore (0.22 J..lm de poro), previamente escurecidos, foram
utilizados para filtrar 0,5 mL de cada amostra. A contagem de bactérias foi realizada por
microscopia de epifluorescência (Microscópio Nikon, modo Labophot), utilizando-se o
fluorocromo laranja de acridina segundo metodologia descrita por Parsons et ai (1984).
Para o cálculo da biomassa bacteriana as bactérias de seis campos óticos foram
quantificadas em cocos, bacilos pequenos e bacilos grandes (aproximadamente 0.5 x 0.5 J..l,
0.5 x 1.0 J..l e acima de 1.0 J..l respectivamente); O biovolume foi determinado a partir do
volume de figuras geométricas aproximadas com um fator de conversão de 0.4pgC.J..lm-3
(Bj0ffisen & Kuparinen, 1991).
3.2.3) Bactérias heterotróficas aeróbias cultiváveis halófilas e halófobas (saprófitas ou
unidades formadoras de colônias - UFC)
8
Amostras de água foram cultivadas utilizando-se a metodologia descrita por Kolm &
Corrêa (1994) e Kolm & Absher (1995). O meio de cultura utilizado foi o ZoBell 2216E,
modificado por Gunkel (1964), mostrado na tabela a seguir:
Tabela I: Meio de cultura ZoBe1l2216E modificado.
Extrato de levedura
1g
Peptona de carne
5g
Fosfato de Ferro III
Ágar
0.01 g
13g
Água *
1000 mL
pH
7.5 a 7.6
*
Para bactérias halófobas utilizou-se água destilada, e para halófilas água envelhecida na proporção de 3 partes
de água salgada para 1 parte de água destilada.
Para a contagem de bactérias halófobas foram preparadas placas ide Petri com meio de
cultura e as seguintes diluições: 1 e 1: 10 para as halófobas e 1: 1O e 1: 100 para as halófilas.
Para avaliação dos resultados foram selecionadas as diluições de 1 e 1: 10 para halófobas e
halófilas respectivamente.
3.2.4) Análise de coliformes totais e Escherichia coZi
As amostras de água foram diluídas na proporção de 1: 10 com água destilada
previamente autoclavada. Para a análise foi utilizados um substrato cromogênico, composto
basicamente
por
sais
orto-nitrofenil--d-galactopiranosideo
(ONPG),
específico para
coliformes totais, e 4-metil-umberifenil glucoronídeo (MUG), específico para Escherichia
coZi, conforme descritos nos "Standard Methods for the Examination of Water and
Westwater" (1995). Os produtos utilizados foram os Colilert em acordo com a metodologia
sugerida pela empresa Idexx Laboratories Inc.
Para análise o material foi acondicionado em cartelas e incubado por 18 horas a 36°C.
Os coliformes totais foram contados sob iluminação natural e E. coZi sob luz ultravioleta de
365 nrn. Para obtenção do número mais provável dos coliformes (NMP) foi utilizada uma
tabela fornecida pela própria empresa.
9
3.3) ANÁLISE ESTATÍSTICA
Todos os resultados obtidos foram analisados com auxílio do pacote STATISTICA
(StatSoft Inc., 1997 e 2001).
Com a finalidade de comparação entre as variáveis analisadas foi utilizada a Análise de
Variância (ANOVA). Os resultados foram apresentados na forma de gráficos com os valores
de "F", dos graus de liberdade e de "p" inseridos nos textos. O nível de significância adotado
foi de 95%.
Para identificação da distribuição temporal e espacial dos parâmetros estudados foi
utilizada a Análise dos Componentes PrinGipais - PCA (Bouroche & Saporta, 1982; Legendre
& Legendre, 1983, Klarck e Warwick, 1994).
10
4) RESULTADOS
Os valores dos parâmetros estudados (n=2) encontram-se na tabela 11. Para a confecção dos
gráficos e análise estatística foi calculada a média aritmética dos resultados obtidos.
4.1.VALORES ABIÓTICOS
4.1.1. Maré
Os picos, tanto da baixa-mar (0,205 m) quanto da preamar (1,455 m), ocorreram na
estação 1 (1B e 1P).
1,6
1,"
1.2
1,0
E
i
cu
~
0,8
0,6
O,"
0,2
0,0
18
2B
38
lP
2P
3P
Estações de coleta
Preamar
FIGURA 3. Alturas da maré, em metros, nas estações amostrais.
4.1.2.Temperatura da água
A temperatura mais alta foi observada durante a preamar na estação 3 (27°C) e a mais
baixa foi observada na estação 1 durante a baixa-mar (25°C). Ao longo do período de coleta
as médias das temperaturas da baixa-mar foram significativamente menores que a das
preamares (F(l,10) = 8,72; p<0,0145) (Fig. 4B). Entre as estações não foram observadas
variações significativas (F (2,9) = 0,38; p < 0,6951).
28
28
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27
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2P
3P
±l.96"SId. Eno JBIrio.
CJ ±UlO'SId. Eno padrIo.
o Médio
22
Preamar
Maré
FIGURA 4. A) Temperaturas observadas nas estações e períodos de coleta. B) ANOVA
resultante da comparação das temperaturas entre os períodos de maré.
11
4.1.3. Salinidade
Os menores valores de salinidade foram observados na estação 1 tanto na preamar (31
u.p.s.) quanto na baixa-mar (18 u.p.s.) (Fig. 5A). As diferenças observadas entre as médias da
salinidade da baixa-mar e da preamar foram significativas (F (1,10) = 12,82; p < 0,0050), ao
longo do período de coleta, com valores mais elevados na preamar (Fig. 5B). As variações
observadas entre as estações a variação não foram significativas (F (2,9) = 2,81 ; P < 0,1124).
32
g
32
r--
30
28
A
-
30
28
B
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18
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"O
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20
18
1P
2P
3P
16
Baixa-mar
Preamar
Baixa-mar
Preamar
Maré
Estações de coleta
FIGURA 5. A) Valores da salinidade observados nas três estações no período estudados. B)
ANOVA resultante da comparação das salinidades entre os períodos de maré.
4.1.4. Potencial hidrogeniônico
O pH variou entre 8,42, na estação 1 durante a preamar, e 7,4 na estação 3 durante a
baixa-mar (Fig. 6A). Foram significativas as diferenças entre as médias das baixa-mares e
preamares (F (1 ,10) = 13,54; p < 0,0043) (Fig. 6B).
8,6
8,4
8,6
A
8,4
8,2
g
B
8,2
8,0
8,0
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a. 1,8
:t:
a.
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1,6
1,6
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1,4
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18
28
1P
3B
Baixa-mar
2P
Preamar
Estações de coleta
3P
1,2
Baixa-mar
Preamar
Maré
FIGURA 6. A) Valores de pH observados nas três estações nos períodos estudados. B)
ANOVA resultante da comparação do pH entre os períodos de maré.
12
4.1.5. Oxigênio dissolvido
O oxigênio dissolvido atingiu o máximo de 106,35% na estação 2P e manteve-se próximo ao
ponto de saturação durante a preamar. Valores mais baixos, com um mínimo de 53,4% na
estação 3B, foram observados durante a baixa-mar (Fig. 7A). As variações de oxigênio
dissolvido, observadas entre as estações de coleta não foram significativas (F (2,9) = 0,27; p <
0,7665). Para as marés ao contrário a variabilidade foi altamente significativa (F (1,10) =
88,93; p < 0,0000) (Fig. 7B).
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Estações de coleta
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FIGURA 7. A) Percentagem de oxigênio dissolvido para as estações nos períodos estudados.
B) ANOVA resultante da comparação da percentagem de saturação do oxigênio
dissolvido entre os períodos de maré.
4.1.6. Seston
A maior quantidade de seston encontrada na água foi de 60,61 mg.L-1 (estação 2P) e a
menor 42,13 mg.L- 1 (estação 3B) (Fig. 8A). As variações entre as médias do seston foram
significativas entre os períodos de coleta (F (1 ,10) = 11 ,51; P < 0,0069) (Fig. 8B).
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FIGURA 8. A) Valores de seston nas três estações nos períodos estudados. B) ANOVA
resultante da comparação dos teores de seston entre os períodos de maré.
13
4.1.7. Transparência da água
A maior transparência da água foi observada na estação 1P (4,22m) e a menor nas
estações 2 e 3B (0,90 m) (Fig.9A). As variações na transparência da água com a variação da
maré foram significativas e não podem ser atribuídas ao erro de amostragem (F (1,10) = 6,18;
P < 0,0322) (Fig. 9B). Não foram significativas entre as estações de coleta (F (2,9) = 3,65 ; p
< 0,0691).
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Maré
FIGURA 9. A) Transparência da água (m) nas três estações nos períodos estudados. B)
ANOVA resultante da comparação da transparência da água entre os períodos
de maré.
4.1.8. Precipitação
Foram registradas precipitações de 1 e 4 mm respectivamente três e nove dias antes da
coleta. Nos demais dias, incluindo o dia da coleta, não foi registrada chuva.
4.2. VALORES BIÓTICOS
4.2.1. Clorofila
O maior valor de clorofila (6,67 Jlg.L- 1) foi observado na estação 1P. Os menores
valores, com um mínimo de 4,84 Jlg.L -1, ocorreram nas estações 2 e 3B (Fig. 10A). As médias
de clorofIla foram significativamente diferentes entre os períodos de maré (F (1,10) = 12,58; P
< 0,0069), com valores mais elevados durante a preamar (Fig.10B). Entre as estações de
coleta, ao contrário, as diferenças observadas não foram significantes (F (2,9)
0,3471).
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FIGURA 10: A) Valores de clorofila nas três estações nos períodos estudados. B) ANOV A
resultante da comparação da clorofila entre os períodos de maré.
4.2.2. Bactérias heterotróficas totais
O máximo de bactérias heterotróficas totais foi observado na estação 3P e o mínimo na
estação 2P (2.333 e 1.158 cel.1 03.mL- 1 respectivamente), ambos durante a preamar (Fig.
lIA). As diferenças nas quantidades de bactérias heterotróficas totais entre as duas marés
foram significativamente diferentes (F (1,10)
=
24,90; p < 0,0005) (Fig. lIB). Isto não
ocorreu entre as estações de coleta (F (2,9) = 0,02; P < 0,9823).
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FIGURA 11. A) Bactérias heterotróficas totais nas três estações e nos períodos estudados. B)
ANOVA resultante da comparação das quantidades de bactérias heterotróficas
totais entre os períodos de maré.
4.2.3. Biomassa bacteriana
Assim como observado para as bactérias heterotróficas totais os maiores (132,251
flg. C .L-1) e menores (81,01flg.C.L- 1) valores de biomassa bacteriana foram observados,
respectivamente, nas estações 3P e 2P (Fig. 12A). Entretanto, ao contrário do observado para
o quantitativo bacteriano, as diferenças das médias da biomassa não foram significativas entre
os períodos de maré.
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FIGURA 12. A) Valores absolutos de biomassa bacteriana nas três estações durante o período
estudado.
4.2.4. Bactérias heterotróficas aeróbicas halófilas
A maior quantidade de bactérias heterotróficas aeróbicas halófilas foi encontrada na
estação 3B (3.935 UFC.mL- 1), e a menor (592 UFC.mL- 1) na estação 1P (Fig. 13A). As
diferenças obtidas nas quantidades médias de bactérias foram significativamente diferentes
entre as marés (F (1,10)
=
7,97; p < 0,0181) (Fig. 13B). Contudo, não foram
significativamente diferentes entre as estações de coleta (F (2,9) = 1,68; P < 0,2404).
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FIGURA 13. A) Bactérias halófilas nas três estações e nos períodos estudados.B) ANOVA
resultante da comparação das medias entre os períodos de maré.
4.2.5. Bactérias heterotróficas aeróbicas halófobas
As bactérias heterotróficas aeróbicas halófobas foram encontradas em maior número
na estação 3B (1.190 UFC.mL- 1) (Fig.14A). Ao contrário, na estação 1P elas ocorreram em
menor quantidade (145 UFC.mL- 1). As diferenças observadas nas quantidades foram
significativas entre os períodos de maré (F (1,10)
=
7,23; P < 0,0227) (Fig. 14B), e não
significativa entre as estações de coleta (F (2,9) = 2,41; P < 0,1455).
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Maré
FIGURA 14. A) Bactérias halófobas nas três estações e nos períodos estudados.B) ANOV A
resultante da comparação dos valores de bactérias entre os períodos de maré.
4.2.6. Coliformes totais
Durante a baixa-mar foram observados valores mais elevados de coliformes totais,
com máximos acima de 2419,2 NMP.I00rnL- 1 nas estações 2B e 3B. Durante a baixa-mar os
valores foram significativamente (F (1,10) = 60,71; p < 0,0000) menores com o mínimo
(770,1 NMP.100rnL-l) observado na estação lP (Figs. 15A e B).
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FIGURA 15: A) Valores absolutos de coliformes totais nas três estações durante o período
estudado. B) Resultados da ANOVA dos dois períodos de maré.
4.2.7. Escherichia co/i
Os menores e os maiores valores de E. co/i, foram obtidos nas estações 1B e 2B (344,8
NMP.100rnL- 1 e 866,4 NMP.I00rnL- 1 respectivamente) (Fig.16A). Entretanto a variação nas
quantidades não foi significativamente diferente entre as marés e tampouco nas estações de
coleta.
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FIGURA 16. A) Valores absolutos de E. coZi nas três estações durante o período estudado.
4.2.8. Análise dos Componentes Principais
Na figura 17 o diagrama resultante de ACP. O primeiro componente da Análise dos
Componentes Principais explicou 61,28% da variabilidade e mostrou correlação positiva entre
coliformes totais, bactérias heterotróficas aeróbicas cultiváveis halófilas e halófobas, e
negativa de maré, oxigênio dissolvido, seston, clorofila, pH, salinidade e transparência nas
estações 2B e 3B. Nas estações 1P e 2P ocorreú correlação negativa. O segundo componente
explicou 18,86% da variabilidade e apresentou correlação positiva entre temperatura,
bactérias heterotróficas totais, biomassa bacteriana e E. coZi na estação 3P e negativa em
relação à estação 1B.
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M= maré; T= temperatura; S= salinidade; pH= potencial hidrogeniônico; 00= oxigênio dissolvido; Se= seston;
Tr= transparência; CI= clorofila; HT= bactérias heterotróficas totais; BB= biomassa bacteriana; HS= bactérias
heterotróficas cultiváveis halófilas; HD= bactérias heterotróficas cultiváveis halófobas; CT= coliformes totais e
EC= Escherichia coli.
FIGURA 17. Representação gráfica dos dois primeiros componentes da Análise dos
Componentes Principais.
18
5) DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
A Gamboa do Maciel está situada entre a cidade de Paranaguá e a Ilha do Mel, no
setor euhalino da baía. Durante a baixa-mar suas águas drenam de montante para jusante, e as
originárias da Baía de Paranaguá para a plataforma continental.. Durante a preamar, ao
contrário, recebe águas que drenaram na baixa-mar, misturadas com águas da plataforma
continental interna. Tais características influenciam os parâmetros fisico-químicos e
biológicos da região.
Rebello e Brandini (1990) observaram máximos de clorofila no setor mediano da Baía
de Paranaguá. Segundo os autores esta região possui valores mais elevados de transparência
que a interna da baía e valores mais elevados de matéria orgânica que o setor externo do
estuário, beneficiando assim o desenvolvimento do fitoplâncton. Resultados semelhantes
puderam ser observados na preamar, nas estações lP e 2P.
Da mesma forma os valores de salinidade, pH e oxigênio dissolvido, foram mais
elevados nestas estações e período de coleta, influenciados pela maré. Tais resultados
coincidem com os encontrados por Joucoski (2001) e Kolm & Andretta (2003), que
encontraram resultados semelhantes para a Gamboa do Perequê, que também está situada no
setor euhalino da baía.
Os valores mais elevados de seston, apesar da alta transparência, indicam a presença
de grandes quantidades de matéria orgânica dissolvida nas estações internas, principalmente
durante a baixa-mar. É importante ressaltar ainda que as estações 2B e 3B constituíam
ambientes rasos com a lâmina d'água atingindo uma profundidade de 0,90 metro e com isto a
luz penetrou até o fundo, alcançando o sedimento.
A relação inversa do seston e das bactérias heterotróficas aeróbicas halófilas e
halófobas e dos colifoÍmes totais, com valores mais elevados nas estações 2B e 3B, permitem
supor que estes microorganismos estejam se alimentando prioritariamente da matéria orgânica
dissolvida. Além disto, várias espécies dos chamados coliformes totais podem se desenvolver
normalmente na natureza. A falta de relação dos últimos com a E. colí reforça esta
possibilidade. Kolm et aI. (2002) observaram resultados semelhantes, em águas superficiais
das baías de Paranaguá e Antonina.
Os altos valores de bactérias heterotróficas totais, de biomassa bacteriana e
principalmente de E. colí observados na estação 3P (preamar) mostraram que, ao contrário
dos demais grupos bacterianos que ocorreram com maiores freqüências durante a baixa-mar,
19
estes microorganismos podem ter sido carreados, à montante pela força da maré, de locais
próximos da cidade de Paranaguá e/ou do povoado na entrada da gamboa. Além disso, a
relação observada com a com a temperatura indica que foram influenciados pelo horário do
dia. Observações feitas principalmente na Gamboa do Perequê indicam que há uma relação
entre o número de E. coZi e o horário do dia. A coleta da água durante a baixa-mar foi feita
entre as 7:00 e 9:00 horas da manhã e a da preamar entre as 13:00 e as 14:30 horas. O ser
humano possui hábitos prioritariamente diurnos. Neste período aumentam os dejetos nos
esgotos que são lançados e acumulam-se nos cursos d' água à medida que o dia avança. Isto
pode justificar o aumento destes organismos no período da tarde.
Embora não tenham sido realizadas análises com o intuito de verificar padrões de
balneabilidade, os valores de E. coZi obtidos, mostraram que, de acordo com a Resolução 274
do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), a água da estação 1B seria
classificada, apesar da baixa-mar, como "muito boa" para balneabilidade. Na estação 2B seria
considerada insatisfatória e na 3B satisfatória. Durante a preamar as águas de todas as
estações de coleta teriam sido satisfatórias.
De acordo com a Resolução n° 20, Art. 8° do CONAMA todas as águas analisadas
seriam consideradas impróprias para uso de criação natural e/ou intensiva de espécies
destinadas à alimentação humana e que serão ingeridas cruas.
Desta forma conclui-se os parâmetros estudados não variaram significativamente entre
as estações de coleta. Ao contrário, com exceção da biomassa bacteriana e da E. calí, todo os
demais parâmetros variaram significativamente com a alternância da maré. Conclui-se ainda
que as águas apresentam padrões satisfatórios de balneabilidade e insatisfatórios para cultivos
de organismos a serem ingeridos crus e sem prévia depuração.
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22
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4,70
4,73
4,89
4,89
(%)
OD
1,60
1,60
0,90
0,90
0,90
0,90
4,22
4,22
2,38
2,38
1,15
1,15
(m)
Tr.
6,38
6,05
4,84
4,84
4,68
5,10
7,16
6,18
6,47
6,83
5,95
6,60
44,30
136,47
102,33
98,26
27,15
158,43
100,44
112,98
76,50
85,52
129,18
135,32
(mg.L'I)
45,77
47,78
44,91
42,37
43,88
40,39
53,07
54,24
55,97
65,25
48,45
46,73
HT
(cel.10 3 mL,I)
CI
Ülg.L,I)
Seston
BB
547.1
1914.1
1815.1
1296.1
634.1
2815.1
1683.1
1877.1
1111.1
1206.1
2317.1
2350.1
(/-lg.C.L,I)
HS
1430
3220
2503
1710
2783
5087
717
467
870
670
1183
2470
(UFC.mL,l)
HD
263
375
681
660
905
1475
220
70
178
211
349
370
(UFC.mJ'I)
CT
1732,9
1732,9
2419,2
2419,2
2419,2
2419,2
770,1
770,1
980,4
980,4
1119,9
1119,9
(NMP.IOOmL,I)
EC
~--
344,8
344,8
866,4
866,4
547,5
547,5
686,7
686,7
579,4
579,4
547,5
547,5
NMP.1 OOmL,I)
Est = estação; T = temperatura; Salino = salinidade; OD = oxigênio dissolvido; Tr. = transparência; Cl = clorofila; HT = bactérias heterotróficas totais; BB = biomassa
bacteriana; HS = bactérias heterotróficas cultiváveis halófilas; HD = bactérias heterotróficas cultiváveis halófobas; CT = coliformes totais; EC - Escherichia coZi.
1B
1B
2B
2B
3B
3B
1P
1P
2P
2P
3P
3P
Est
Tabela lI: Valores absolutos dos parâmetros estudados.
23
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