INSTITUTO AGRONÔMICO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL E SUBTROPICAL ESTIMATIVAS DE FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO EM CANA-DE-AÇÚCAR POR δ15N Cybeli Alves de Oliveira Orientador: Heitor Cantarella Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Agricultura Tropical e Subtropical, Área de Concentração em Gestão de Recursos Agroambientais Campinas, SP Abril 2012 i ii iii DEDICATÓRIA Ao meu esposo Tiago pela paciência e companheirismo; Aos meus pais, Silvio e Angélica, por me instruírem e incentivarem minha busca pelo conhecimento apoiando incondicionalmente. iv AGRADECIMENTOS À Deus, por seu infinito Amor e misericórdia pela minha vida; Ao meu esposo Tiago por todo amor e incentivo; Aos meus pais, Silvio e Angélica, e minha irmã Gabriela pelo amor e apoio incondicional que foram fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho; Ao Instituto Agronômico (IAC), ao Programa de Pós-Graduação pela oportunidade de realização do curso em Agricultura Tropical e Subtropical; Ao Dr. Heitor Cantarella, pesquisador do IAC, pela amizade e orientação profissional; À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pela concessão da bolsa de estudo e reserva técnica; A todos os professores do Programa de Pós-Graduação pelos ensinamentos passados nas disciplinas cursadas; Ao Pós-doutorando Zaqueu Fernando Montezano por toda ajuda e amizade; Aos pesquisadores, funcionários e técnicos de laboratório do IAC da seção de fertilidade do solo pela convivência e auxílio nas atividades realizadas. Aos amigos Vitor, Simone, Johnny, Hélio, Acácio, Rosane, Aline, Thaís, Mariana, Rimena, Geisa e Jéssica pela amizade A todos que diretamente ou indiretamente contribuíram para realização deste trabalho. Muito Obrigada!!! v SUMÁRIO DEDICATÓRIA ........................................................................................................................ iv AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... v RESUMO ................................................................................................................................viii ABSTRACT ............................................................................................................................... x 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 2 2.1 Adubação Nitrogenada da Cana-de-açúcar ..................................................................... 2 2.1.1 Resposta da cana-de-açúcar ao nitrogênio....................................................................... 3 2.2 Fixação Biológica de Nitrogênio ..................................................................................... 5 2.3 Inoculantes ....................................................................................................................... 7 2.4 Avaliações da Contribuição da FBN ............................................................................... 8 2.4.1 Técnicas isotópicas .......................................................................................................... 9 2.4.2 Quantificação da contribuição da FBN em plantas não-leguminosas ........................... 10 3 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 13 3.1 Descrição e Localização das Áreas Experimentais Amostradas ................................... 13 3.2 Método 1 - Determinação do δ 15N em Plantas Invasoras ............................................. 16 3.2.1 Amostragens de folha de cana ....................................................................................... 16 3.3 Método 2 - Determinação do δ 15 N pela distribuição da abundância natural de 15 N disponível as plantas no perfil do solo...................................................................................... 17 3.3.1 Amostragem de solo ...................................................................................................... 17 3.3.2 Instalação do ensaio em casa-de-vegetação com as espécies de referência .................. 21 3.3.3 Colheita dos ensaios e análises químicas ...................................................................... 24 3.4 Quantificação da Contribuição da FBN ........................................................................ 25 3.5 Análise Estatística ......................................................................................................... 26 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 27 4.1 Método 1 - Determinação do δ 15N nas plantas invasoras ............................................. 27 4.2 Método 2 - Determinação do δ 15N de referência de acordo com a distribuição do δ15N disponível as plantas presente no perfil do solo ....................................................................... 28 4.2.1 Análises de N inorgânico no solo dos experimentos ..................................................... 29 vi 4.2.2 Produção de matéria seca e Acúmulo de N na parte aérea das plantas cultivadas em vasos.... ..................................................................................................................................... 31 4.2.3 Efeito da calagem na produção de matéria seca, acúmulo de N, abundância natural de 15 N .......................................................................................................................................39 4.2.4 Valores de δ15N em diferentes profundidades do solo .................................................. 44 4.3 Estimativa da contribuição da FBN em variedades de cana-de-açúcar com e sem inoculação por dois métodos .................................................................................................... 49 4.4 Considerações Finais ..................................................................................................... 66 5 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 66 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 67 7 ANEXOS ....................................................................................................................... 75 7.1 Anexo I .......................................................................................................................... 75 7.2 Anexo II ......................................................................................................................... 76 7.3 Anexo III ....................................................................................................................... 77 7.4 Anexo IV ....................................................................................................................... 78 7.5 Anexo V......................................................................................................................... 79 7.6 Anexo VI ....................................................................................................................... 80 vii Estimativas de Fixação Biológica de Nitrogênio em cana-de-açúcar por δ15N RESUMO As quantidades de nitrogênio aplicadas na cana-de-açúcar geralmente são iguais ou menores do que as exportadas ou perdidas pela queima dos resíduos, porém a cultura consegue produzir grandes quantidades de colmos em cultivos contínuos no Brasil sem aparente degradação da fertilidade do solo. Uma das razões para a baixa resposta à adubação nitrogenada é a possibilidade de ocorrência de fixação biológica de nitrogênio (FBN) na cultura. A determinação da abundância natural de 15 N (δ15N) é uma das técnicas mais empregadas para medir a contribuição da FBN, porém diferentes metodologias existem e precisam ser comparadas na busca de uma maior precisão dos resultados. O estudo, portanto, visou quantificar a contribuição da FBN em cana-de-açúcar em plantas inoculadas e não inoculadas com bactérias diazotróficas endofíticas utilizando dois métodos envolvendo a determinação do δ15N. Para quantificar a contribuição da FBN associada à cultura, um conjunto de experimentos de campo foi instalado nas cidades de Mogi-Mirim, Jaú, Santa Maria da Serra, Piracicaba e Sales Oliveira, com doses contratantes de N e inoculação de bactérias diazotróficas endofíticas em variedades de cana-de-açúcar. No primeiro método, a estimativa da contribuição da FBN em cana-de-açúcar se dá pela diferença da abundância natural de 15 N (δ15N) entre as folhas de cana-de-açúcar e as espécies de plantas invasoras utilizadas como plantas de referência, crescendo juntamente com as variedades de cana-deaçúcar nas parcelas que não receberam N fertilizante. No segundo método, para a estimativa da contribuição da FBN em cana-de-açúcar investigou-se a distribuição da abundância de 15N do N disponível para as planta no perfil do solo nas parcelas que não receberam N fertilizante, por meio da determinação do δ15N em plantas de referência sorgo, repolho e azevém cultivadas em vasos contendo amostras de solo das camadas 0-10, 10-20, 20-40, 40-60 e 6080 cm. No primeiro método, coletaram-se três plantas invasoras por local, com quatro repetições. No segundo método as plantas de sorgo, repolho e azevém foram cultivadas até que as mesmas demostrassem sintomas de deficiência de N. As plantas de referência foram analisadas quanto a matéria seca da parte aérea, teor de N-Total e δ15N. Observou-se que no método que verificou a abundância no perfil do solo, o valor de N-Total diminuiu com a profundidade enquanto que os valores de δ15N aumentaram. A estimativa da contribuição da viii FBN pelo método de determinação do δ15N de espécies de plantas invasoras variou de 0 a 59% do N derivado da fixação atmosférica (Ndfa), enquanto que no método que verifica a contribuição da FBN pela distribuição da abundância de 15N no perfil do solo variou de 21 a 90% de Ndfa dependendo do local. Palavras-chave: abundância natural de 15N, FBN, variedades de cana-de-açúcar. ix Estimation of Biological Nitrogen Fixation in sugar cane using δ 15N ABSTRACT The amounts of nitrogen applied to sugar cane are generally equal to or smaller than those exported or lost by the burning of the plant residues, but the crop can produce large amounts of stems in soils continuously grown with sugarcane culture in Brazil without apparent degradation of soil fertility. One reason for the low response of sugarcane to nitrogen is the possibility of biological nitrogen fixation (BNF). The determination of the 15 N natural abundance (δ15N) is often used to measure the contribution of BNF, but different methodologies exist and need to be compared in the search for greater precision. The study therefore aimed at quantifying the contribution of BNF in sugar cane plants inoculated and non-inoculated with endophytic diazotrophic bacteria using two methods involving the determination of δ15N. To quantify the contribution of BNF to sugarcane, a set of field experiments was installed in Mogi-Mirim, Jau, Itaúna, Piracicaba and Sales Oliveira, São Paulo State, with contrasting levels of N and inoculation of diazotrophic bacteria in sugarcane varieties. In the first method, for the estimate of the contribution of BNF in sugarcane was done based on difference in 15 N natural abundance in the leaves of sugarcane compared to those neighboring plants in plots that did not received N fertilizer. In the second method, for the estimate the contribution of BNF in sugarcane investigated the change in 15 N natural abundance of the plant-available N with depth in the soil in plots that did not received N fertilizer, through the determination of the δ15N using sorghum cabbage and ryegrass as reference plants grown in pots with samples of the soil layers 0-10, 10-20, 20-40, 40-60 and 60-80 cm. In the first procedure, three weeds were collected per site with four replications. In the second procedure, sorghum, cabbage and ryegrass plants were grown until they showed symptoms of N deficiency. The reference plants were analyzed for dry matter of shoots, totalN and δ15N. It was observed that in the method investigating the abundance of 15N in the soil profile, the value of total-N decreased with the depth whereas the δ15N increased. The estimation of the contribution of BNF using species of weeds as reference ranged from 0 to 44% Ndfa, whereas in the method using distribution of the 15N natural abundance in the soil profile ranged from 31 to 78% Ndfa (Nitrogen derived from air) depending on location. x Keywords: BNF, 15N natural abundance, sugarcane varieties. xi 1 INTRODUÇÃO A cana-de-açúcar é uma Poacea (Saccarum spp.) originária do sudeste da Ásia. É cultivada em quase todas as regiões agrícolas brasileiras, sendo o Brasil o maior produtor mundial, com uma área plantada de mais de oito milhões de hectares e uma produtividade média de 68 t ha-1. O Brasil produziu na safra de 2010/2011 624 milhões de toneladas. O Estado de São Paulo continua sendo o maior produtor com 52,2% (4.370 mil hectares) e foi o Estado que apresentou o maior aumento em expansão da área plantada, acrescentando 265.444 hectares a área existente. A importância desta cultura está relacionada à sua múltipla utilização podendo ser empregada sob a forma de forragem ou como matéria prima nas usinas; atualmente, o principal destino é a fabricação de açúcar e álcool. O setor sucroalcooleiro é parte importante do agronegócio brasileiro, além de ser referência para os demais países produtores de canade-açúcar. O Brasil possui 420 usinas de açúcar e etanol. Do total, 248 são mistas, 157 produzem apenas etanol e 15 fabricam somente açúcar. O Estado de São Paulo assume a liderança com 200 usinas. O nitrogênio (N) é requerido em grandes quantidades para a produção de biomassa, em média 1,4 kg de N t-1 de colmo produzido. É dentre os nutrientes minerais aplicados para a produção de cana-de-açúcar no Brasil o mais caro, e as quantidades adubadas de Nfertilizante geralmente são iguais ou menores do que as exportadas pelos colmos ou perdidas com a queima dos resíduos culturais. Contudo, a cultura consegue produzir grandes quantidades de colmo em cultivos contínuos no Brasil sem aparente degradação da matéria orgânica do solo. Esses fatos são considerados evidências indiretas de que a cana-de-açúcar obtém parte do N necessário ao seu desenvolvimento pela fixação biológica do N2 atmosférico (FBN), devido à associação com bactérias diazotróficas. Entretanto, a atual contribuição da FBN é controversa, havendo pouca reprodutibilidade dos resultados, embora seja geralmente reconhecido que este processo apresenta um grande potencial para a nutrição nitrogenada da cana-de-açúcar e para o balanço energético favorável da produção de biocombustível. 1 Na última década, estudos com bactérias diazotróficas endofíticas têm se intensificado graças não só à capacidade de fixar N como também às suas potencialidades como agente de promoção de crescimento e proteção de plantas. Na cultura da cana-de-açúcar, os estudos relacionados com seleção de genótipos da planta e de estirpes bacterianas eficientes para a fixação biológica de N2 têm apontado para contribuição média de 30% do N requerido pela planta. Um dos métodos que mais se adéquam à quantificação da FBN associada à cana-deaçúcar em condições de campo envolve a técnica de abundância natural de 15 N (δ15N). Existem metodologias distintas com vantagens e desvantagens que precisam ser comparadas na busca de um resultado mais preciso em condições de campo. Portanto, há necessidade de quantificar a real contribuição da FBN no campo, em diferentes tipos de solo e variedades de cana-de-açúcar, com ou sem inoculação. Pequenos incrementos derivados da FBN, numa cultura estratégica como a cana-de-açúcar, podem representar para o Brasil ganhos com a economia de recursos gastos com fertilizantes provenientes de fontes não-renováveis. Tem-se por objetivo: Comparar dois procedimentos para determinar a contribuição da FBN em cana-deaçúcar envolvendo a técnica da abundância natural de 15N; Quantificar a contribuição da FBN em cana-de-açúcar devido à inoculação de bactérias diazotróficas endofíticas no campo. O presente estudo fez parte de um Projeto Temático Fapesp nº 08/56147-1, intitulado “Nutrição Nitrogenada de cana-de-açúcar com fertilizantes ou bactéria diazotrófica”. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Adubação Nitrogenada da Cana-de-açúcar O N é um dos nutrientes absorvidos em maior quantidade pela cana-de-açúcar. É o constituinte de proteínas e ácidos nucléicos, participa diretamente ou indiretamente de processos bioquímicos e enzimáticos. Na deficiência deste nutriente ocorre clorose nas folhas mais velhas e diminuição da atividade meristemática da parte aérea resultando em menores perfilhamentos, área foliar e longevidade das folhas (MALAVOLTA et al., 1997). Estudos indicam que do nitrogênio extraído cerca de 50% é exportado com os colmos. 2 TRIVELIN et al. (1995) mencionam que para uma produtividade de 100 t ha- de colmo a cultura extrai cerca de 200 a 300 kg ha-1 de nitrogênio. As quantidades de N exportadas pelos colmos são semelhantes ou até menores do que as doses aplicadas ao longo do ciclo, sem contar as perdas de N do sistema (CANTARELLA et al, 2007). A cana-de-açúcar é uma planta eficiente para aproveitar o N do solo, devido ao longo ciclo e ao sistema radicular abundante. Estudos com fertilizantes marcados com 15 N mostraram que a maior parte do N absorvido pela planta é proveniente do solo, assim a contribuição dos fertilizantes nitrogenados em relação ao N total absorvido varia de 10% a 16% (GAVA et al., 2003; SAMPAIO et al., 1984; TRIVELIN et al, 1995). Os autores mencionam a existência de outras fontes de N para a planta como o solo, FBN, deposição com a água da chuva e de outras fontes; e somente de 10% a 40% corresponderia à porcentagem do N contido nos fertilizantes aplicados e absorvido pela cultura. Logo, parte considerável do N fertilizante é encontrada no solo, onde o nutriente é incorporado a matéria orgânica: 23% a 34% (BASANTA et al, 2002); 25% (CHAPMAN et al, 1992;1994); 36% a 37%(GAVA et al, 2002); 32% (VITTI, 2003) e 13% a 42% (VALLIS et al, 1996). Na maioria das pesquisas, quando se mede o balanço de N com o uso de 15 N no sistema solo-planta em cana-de-açúcar verifica-se que parte do N-fertilizante marcado não é encontrado, e é considerado como perda do sistema solo-planta. Dentre essas perdas, as possibilidades são por volatilização de amônia (NH3) com a aplicação superficial de uréia e por desnitrificação, que são raramente medidas com boa precisão em condições de campo, pois os valores são inferidos por diferença entre o N aplicado e o recuperado nas plantas e no solo (CANTARELLA et al, 2007). Em relação à lixiviação, vários estudos apontam como uma perda pouco relevante no Brasil, pois ocorre em menos que 5% do N aplicado (OLIVEIRA et al, 2002; VITTI et al. 2003), com exceção de solos arenosos e/ou em cultivo de cana-de-açúcar com sistema radicular pouco desenvolvido (CAMARGO et al, 1989). Além disso, as doses de N usadas são geralmente pequenas e aplicadas em épocas de pouca chuva. 2.1.1 Resposta da cana-de-açúcar ao nitrogênio Estudos realizados nas regiões brasileiras há várias décadas mostraram que a resposta da cana-planta ao N é menor e menos freqüente que na cana-soca. (ALBUQUERQUE & MARINHO, 1983; CANTARELLA & RAIJ, 1985; ZAMBELLO & AZEREDO, 1983). Em 3 81 ensaios realizados no Estado de São Paulo com cana-planta menos de 40% mostraram resposta a N (CANTARELLA & RAIJ, 1985). AZEREDO et al. (1986) mostraram percentuais menores ainda, somente 20% dos experimentos compilados mostraram resposta a N. Existem vários fatores para explicar as baixas respostas à N em cana-planta, como a mineralização da matéria orgânica do solo e dos restos culturais da cultura durante o revolvimento do solo na reforma do canavial (CANTARELLA et al., 2007). Outras justificativas para a baixa resposta da cana-planta a N incluem maior vigor do sistema radicular da cana-planta comparado ao da soqueira, a melhoria da fertilidade do solo associada à calagem e à adubação feitas na reforma do canavial, a fixação biológica de N, a menor demanda inicial por nutrientes da cana-planta, as perdas de N fertilizantes por lixiviação e a contribuição do N estocado no tolete do colmo-semente (AZEREDO et al., 1986; CARNEIRO et al., 1995; ORLANDO FILHO et al., 1999; URQUIAGA et al., 1992). Entretanto, dados de ORLANDO FILHO & RODELLA (1995) mostraram que em solos de textura leve as respostas da cana-planta podem ser altas. Outro aspecto da baixa resposta a N da cana-planta seria a incorporação de adubos verdes ou de leguminosas para grãos cultivados na reforma do canavial, porém o aporte de N dos resíduos de cultura depende das condições para produção de matéria seca e para a FBN. AMBROSANO et al. (2003) obtiveram 10,2 t ha-1 de matéria seca de parte aérea e raiz de crotalária, contendo 204 kg ha-1 de N. No Estado de São Paulo, RAIJ et al. (1996) recomendam para cana-planta 30 kg ha-1 de N no sulco de plantio, e 30 a 60 kg ha-1 de N em cobertura, com aplicação no final do período das águas, dependendo da meta de produção de colmos. Porém, existe incerteza na recomendação de adubação nitrogenada devido à falta de método diagnóstico da disponibilidade de N com base na análise de solo no Brasil (RAIJ et al., 1996). Em relação a cana-soca, RAIJ et al. (1996) recomendam para o Estado de São Paulo em cana colhida com queima da palha doses que variam de 60 a 120 kg ha-1 dependendo da produtividade esperada. Contudo, a crescente adoção colheita sem queima traz implicações quanto ao manejo da adubação com N. Os resíduos provenientes de folhas secas e ponteiros variam de 10 a 20 t ha-1 com relação C:N próxima a 100, e conteúdo de N entre 40 e 80 kg ha-1. A taxa de mineralização desta palhada depositada sobre o solo com alta relação C:N é lenta: 40 a 50 % da palhada permanece no solo após um ano (FARONI et al., 2003). Assim, o N absorvido pela cana-de4 açúcar proveniente da palhada varia de 5 a 10% do N presente nos resíduos vegetais (GAVA et al, 2003; VITTI et al., 2003). Logo, o N da palha durante o ciclo agrícola é pouco significativo para a nutrição direta da cana-de-açúcar em relação ao N que está disponível após sua aplicação (VITTI et al., 2003). Entretanto, em curto prazo a alta relação C:N pode aumentar a demanda por N-mineral e a menor evaporação de água devido a cobertura de palha pode favorecer perdas por lixiviação e por desnitrificação (WER et al., 1998), embora modelos de simulação sugiram que a desnitrificação possa não ser afetada devido ao aumento da imobilização do nitrogênio pelo carbono da palha, compensando o excesso de água (THORBURN et al, 1999). THORBURN et al (2002) presumem, em seu modelo, que a dose de N em cana manejada sem queima deva ser 60 kg ha-1 de N superior à cana queimada para se beneficiar da água adicional. 2.2 Fixação Biológica de Nitrogênio Desde os primeiros trabalhos de DOBEREINER (1961) isolando bactérias fixadoras de N2 a partir das raízes de cana-de-açúcar, algumas bactérias diazotróficas têm sido associadas com gramíneas em geral e particularmente com a cana-de-açúcar. Quando se aborda o processo de FBN em plantas não-leguminosas, são comuns relatos de que o genótipo da planta exerce forte influência no processo. Diferenças de contribuição da FBN também estão presentes quando se trata da cultura da cana-de-açúcar (REIS et al., 2000). E uma atenção maior foi dada quando URQUIAGA et al, (1992), conduzindo experimento utilizando o método de diluição isotópica de 15 N e balanço de N para quantificar a contribuição da FBN em dez variedades de cana-de-açúcar, obtiveram valores superiores a 60% de N proveniente da FBN. BODDEY et al. (2001), utilizando da técnica de abundância de 15 N, verificaram que de 11 experimentos avaliados nove apresentaram de 25 a 60% do N assimilado pela planta proveniente da FBN. OLIVEIRA et al. (2006), com a mesma técnica, avaliaram o efeito da inoculação de misturas bacterianas em material micropropagado das variedades SP701143 e SP813250 e verificaram que a fixação biológica de nitrogênio atmosférico contribuiu em média aproximadamente 30% do N acumulado. HERRIDGE, et al (2008) mencionam que a contribuição média brasileira de FBN em cana-de-açúcar seria de 40 kg N ha-1, calculando uma média de 20% do N assimilado pela planta. URQUIAGA et al (2011), avaliando 5 variedades comerciais de cana-de-açúcar, observaram que as mesmas foram capazes de obter pela FBN de 40,2 a 64,0 kg ha-1 de N. Estudos com outros tipos de gramíneas têm sido realizados, como no caso do sorgo e milheto (LEE et al., 1994) e arroz (WATANABE et al., 1987). MORAIS et al. (2009) avaliaram os genótipos de capim-elefante (Cameroon, BAG 02, Gramafante, Roxo e CNPGL F06-3) em solos de baixa fertilidade, e verificaram que a FBN foi responsável em média por 51% do N assimilado pela planta. Em outro estudo, MORAIS et al. (2011) conduziram três experimentos a campo em solos de baixa fertilidade, dois no Rio de Janeiro e um no Espírito Santo, com as variedades Gramafante, Cameroon, BAG 02, CNPGL F06-3, CNPGL F79-2 e Roxo, e quatro dos genótipos avaliados obtiveram de 18 a 70% do N derivado da FBN. Vários estudos demonstraram que a adubação da cana-de-açúcar com fertilizantes nitrogenados pode diminuir o número de bactérias diazotróficas com capacidade de fixar o N2 (BODDEY et al, 2003; FUENTES RAMIREZ et al., 1999; KENNEDY et al., 2004; REIS et al., 2000). Há necessidade de maior aprofundamento em estudos que determinem a real contribuição da FBN com o intuito de promover maior produtividade, assim como, contribuir para a preservação do meio ambiente. Apesar da constância com que as bactérias endofíticas são isoladas, ainda são pouco conhecidas suas potencialidades fisiológicas, que implicam diretamente nas possíveis trocas entre esses microorganismos e plantas (MARTINS et al., 2008). Estudos conduzidos na Austrália e África do Sul indicam que a FBN não é uma fonte significativa de N para a cultura (BIGGS et al., 2002; HOEFSLOOT et al., 2005; THORBURN et al., 2003). Assim, indefinições quanto às interações entre genótipos de plantas, interação entre os organismos fixadores de N e as condições edáficas e ambientais tornam difícil estimar valores de fixação de N2 que ocorrem globalmente devido à grande variação dessa fixação (HERRIDGE et al., 2008). Na última década, além dos benefícios da FBN, estudos com bactérias diazotróficas endofíticas têm se intensificado graças às suas potencialidades como agente de promoção de crescimento e proteção de plantas (MARQUES JR. et al., 2008). FREITAS (2011) avaliou 162 isolados de bactérias diazotróficas endofíticas dos gêneros Burkholderia, Herbaspirillum e Gluconacetobacter diazotrophius presente em colmo e raiz de quatro variedades de cana-de-açúcar (SP 81-3250, RB 5536, IAC 5000 e SP 806 3280) com e sem adubação nitrogenada e verificou que as variedades e adubação nitrogenada não influenciaram na quantificação de bactérias diazotróficas endofíticas. Além disso, os 162 isolados mostraram potencial para a fixação biológica do nitrogênio e 94 apresentaram produção de substâncias indólicas. Trinta e oito isolados das bactérias diazotróficas endofíticas apresentam atividade antagonista a fungos fitopatogênicos. 2.3 Inoculantes Inoculante refere-se aos microrganismos vivos, capazes de promover o crescimento vegetal de forma direta ou indireta, através de diferentes mecanismos, sendo denominados mundialmente como biofertilizantes (REIS, 2007). Levantamento da ocorrência de bactérias diazotróficas associadas a quatro diferentes genótipos da cana-de-açúcar (Kracatau, CB-45-3, SP70-1143 e Chunee), mostra a presença das bactérias Azospirillum lipoferum, A. brasiliense, A. amazonense, Herbaspirillum spp. e Acetobacter diazotrophicus nos quatro genótipos e em todas as partes amostradas (raízes, colmo e folhas), com exceção de A. amazonense, na qual as bactérias não foram isoladas das folhas de nenhuma das três coletas (REIS JR. et al., 2000). Segundo BODDEY (2003) grandes e diversas populações de bactérias fixadoras de N2 estão associadas com cana-deaçúcar. Evidências mostram que várias espécies podem infectar os tecidos internos da planta. Assim a exploração e melhoria da FBN em cana-de-açúcar estão condicionadas ao fato de que não existe uma “candidata clara” observada como única espécie responsável pela fixação de N2. GOVINDARAJAN et al. (2006) observaram, em dois experimentos de campo, um aumento na biomassa de 20% devido à inoculação de Burkhlodeia vietnamiensis. Esses mesmo autores selecionaram uma linhagem de Klebsiella pneumoniae a qual apresentou a maior capacidade de redução do acetileno. A inoculação somente da linhagem de K. pneumoniae, causou um aumento na biomassa nos tratamentos com 50% da dose de N recomendada, maior que o tratamento com 100% da dose de N, embora o mesmo resultado não tenha sido observado quando uma mistura de linhagens foi utilizada. Ao mesmo tempo, a biomassa da planta com inoculação de K. pneumoniae isoladamente ou com Gluconacetobacter diazotrophicus, em uma mistura de espécies, na ausência de N, excedeu ao tratamento controle sem inoculação, na mesma condição (GOVINDARAJAN et al., 2007). 7 Esses autores puderam demonstrar que a inoculação de uma mistura de bactérias diazotróficas pode resultar num efeito negativo no crescimento das plantas por causa da competição entre os microrganismos pela fonte de carbono da planta. Nos últimos anos a Embrapa Agrobiologia vem desenvolvendo um inoculante, uma mistura de cinco bactérias diazotróficas para a cultura da cana-de-açúcar. SCHULTZ, et al. (2010) avaliaram a eficiência deste inoculante nas variedades RB 72454 e RB 867515 com os tratamentos: a) pedaços de colmos originado de cana-de-açúcar micropropagada inoculada in vitro, e re-inoculada em campo no plantio; b) cana inoculada somente in vitro; c) cana adubada com 120 kg ha-1 de N e d) controle. Estes autores avaliaram cana planta e primeira e segunda soca e observaram que, para a variedade RB 72454 não houve diferença significativa nos tratamentos, enquanto que para a variedade RB 867515 somente a primeira e segunda soqueira aumentaram o rendimento em 33,5 e 29,4 Mg ha-1, respectivamente, para os tratamentos re-inoculados quando comparados ao controle, mas não houve aumento significativo em relação ao tratamento com adubação de N. Do mesmo modo, PEREIRA, et al. (2010) verificaram a eficiência agronômica da inoculação e a viabilidade operacional e econômica para variedade SP80-3280 na segunda colheita. Os tratamentos foram duas doses de inoculante (1,25 X 108 e 2,5 X 108 UFC mL-1) em associação com quatro doses de N (0, 50, 100 e 150 kg ha-1 de N). A aplicação de 150 kg ha-1 de N e 50 kg ha-1 + uma dose de inoculante foram as mais econômicas, gerando uma renda de R$660,89 e R$588,56, respectivamente. A dose de 50 kg ha-1 + uma dose de inoculante resultou em maior produtividade do que a aplicação de 100 kg ha-1 de N sem inoculação. Na procura de um melhor veículo para a mistura de inoculantes, SILVA et al. (2009) avaliaram o efeito da utilização de inoculantes compostos pela mistura de estirpes de bactérias diazotróficas e por polímeros carboximetilcelulose e amido sobre a FBN em canade-açúcar em Argissolo distrófico de textura média. Os tratamentos com os inoculantes como mistura de bactérias diazotróficas endofíticas e os polímeros promoveram aumento médio da produtividade das variedades RB72454 e RB867515 de 50 e 30 Mg ha-1, respectivamente, e aumento médio da massa da matéria seca da variedade RB867515 de 18 Mg ha1, em comparação ao controle absoluto, aos 11 meses após a inoculação, não diferindo significativamente do tratamento controle com nitrogênio mineral. 2.4 Avaliações da Contribuição da FBN 8 2.4.1 Técnicas isotópicas A contribuição da FBN nas plantas não-leguminosas é comparativamente menor do que a contribuição nas plantas leguminosas. Nestas últimas, há normalmente a presença de estruturas morfológicas conhecidas como nódulos, que são resultantes da associação da planta com bactérias fixadoras do N2 dos gêneros Rhizobium e Bradyrhizobium (FREIRE, 1992). A contagem e até a coloração dessas estruturas são avaliações indiretas da infecção e atividade do processo de FBN. As características acima são distintivas da associação das bactérias fixadoras com as plantas não leguminosas, condicionando que os métodos de avaliação da contribuição da FBN nestas plantas sejam mais criteriosos do que nas plantas leguminosas. Para avaliar a contribuição da FBN em plantas cultivadas várias técnicas têm sido utilizadas, com destaque para a redução de acetileno, diluição isotópica de 15N e abundância natural de 15 N. A redução de acetileno, técnica não isotópica, também tem sido associada com a FBN, contudo esta técnica apresenta algumas limitações: necessidade de utilização de partes da planta ou a planta inteira viva e o cálculo da estimativa da fixação biológica de nitrogênio durante o ciclo todo da cultura. O isótopo estável do nitrogênio (15N) ocorre na natureza em concentrações mais baixas que seu homólogo 14N. O uso dos isótopos de N é baseado no fato que a proporção 14N/15N ocorre naturalmente numa razão quase constante de 273:1 (0,366% de átomos de 15 N). Técnicas baseadas na mensuração das concentrações relativas desses isótopos são úteis para avaliar vários fenômenos ligados à nutrição nitrogenada das plantas. O método da diluição isotópica de 15 N para medição da FBN tem maior custo e apresenta dificuldades adicionais para emprego em ensaios de campo devido à necessidade de marcação de grande volume de solo. Este procedimento não pode ser considerado como opção para o presente conjunto de experimentos. Já a técnica da abundância natural para avaliação da FBN é baseada no fato que o N no solo é enriquecido com isótopo 15 N, em relação à proporção de 15 N do ar, devido à discriminação isotópica durante as transformações do N no solo (SHEARER & KOHL, 1992). O N presente nas plantas, absorvido do solo, tende a ter enriquecimento em 15 N semelhante ao do solo. Porém, se o N das plantas tiver origem na FBN, o enriquecimento em 15 N será menor, pois este vem da atmosfera (BODDEY et al., 2000). 9 As técnicas isotópicas de 15 N são muito úteis para quantificar a contribuição da FBN associadas as não-leguminosas, e englobam a contribuição da FBN no ciclo completo das culturas. Especificamente, a técnica baseada na abundância natural de 15N é mais apropriada para avaliações em sistemas agrícolas e, quando aplicadas adequadamente, os resultados são mais precisos (BALDANI et al., 2009). De acordo com SHEARER & KOHL (1986) o uso da técnica de abundância natural de 15 N não antecede da aplicação de fertilizantes marcados com 15 N, o que diminui o tempo de trabalho devido à dificuldade de aplicação destes; não ocorre a diminuição da abundância de 15 N com o passar do tempo como ocorre com a aplicação de fertilizantes marcados com 15 N devido à diluição com o N da abundância natural do N orgânico do solo que é mineralizado; a técnica fornece uma estimativa da fixação de N2 por todo o ciclo da cultura e pode ser mensuradas em tecido vegetal morto. Contudo, a maior desvantagem desta técnica é a diferença de abundância entre plantas fixadoras de N2 e não-fixadoras que são muito pequenas. E para tratar com esses pequenos valores convencionou a utilização das unidades chamadas δ15N expressando em partes por mil (‰) e determinado pela equação (1), tal que a abundância natural de 15N do ar seja igual a 0,00 ‰: δ15N (‰) = 1000 × (% átomo15N amostra - 0,3663) / 0,3663 A técnica de abundância natural de 15 (Equação 1) N exige equipamentos de muita sensibilidade e tornou-se uma técnica largamente aplicada para avaliar a fixação biológica de N2 no campo devido ao aumento da precisão dos espectrômetros de massa de fluxo continuo (BODDEY, et al., 2001). A espectrometria de massa é utilizada em análise de isótopos estáveis e baseia-se no princípio de separação de moléculas gasosas ionizadas de acordo com suas massas quando essas passam por um campo magnético (BOARETTO, et al., 2004). 2.4.2 Quantificação da contribuição da FBN em plantas não-leguminosas A abundância natural de 15 N tem sido empregada para calcular a contribuição da fixação de N2 por associação de bactérias com arroz (WATANABE et al., 1987), cana-deaçúcar (YONEYAMA et al., 1997) e capim-elefante (MORAIS, et al., 2009; MORAIS, et al., 2011 ) 10 A estimativa da FBN é realizada pela técnica da abundância natural de 15 N (δ 15 N). Esta técnica é baseada na diferença da abundância natural de 15N entre as plantas fixadoras e as plantas que obtém N somente do solo, consideradas como plantas de referência. A proporção de N nas plantas fixadoras de N2 provenientes do ar (%Ndfa) pelo processo da FBN pode então ser calculada pela equação de SHEARER & KOHL (1986) (eq. 2). %Ndfa = 100 × (δ 15 fixadora N referência − δ 15 N cana - de - açúcar 15 δ N referência − B ) (Equação. 2) Onde; %Ndfa = porcentagem de N proveniente da FBN na planta fixadora; δ 15N referência = Abundância natural de 15N na planta de referência; δ 15N fixadora = Abundância natural de 15N na planta fixadora. O valor de B é uma estimativa da abundância natural de 15 N das plantas fixadoras quando essas crescem totalmente dependentes do processo de FBN. Existe valor B estimado para as plantas leguminosas. No caso das gramíneas, ainda não foi possível fazer crescer uma planta cujo fornecimento de N dependa exclusivamente da FBN, por isso, a magnitude do valor B não é conhecida e atualmente, em vários trabalhos sobre a FBN em cana-de-açúcar, arroz e capim-elefante, o valor de B é considerado igual a zero (BODDEY et al., 2001) Assumir um valor zero para B pode subestimar a contribuição da FBN. A importância do valor B é menos significativa no caso especifico desse projeto, pois a finalidade é avaliar a contribuição da FBN entre as variedades de cana-de-açúcar crescendo em experimentos de campo. A planta de referência apresenta uma abundância natural de 15N muito semelhante ao do N disponível do solo, enquanto a planta fixadora de N2 apresenta geralmente valores de abundância de 15N muito menores. Na medida em que a FBN aumenta, o valor de δ 15N tende a zero (Equação 3) (BALDANI et al., 2009). (δ %Ndfa = 100 × 15 fixadora N referência − δ 15 N cana - de - açúcar 15 δ N referência ) (Equação 3) Logo, conhecendo-se o δ 15N acumulado pela planta teste, será possível calcular o total de N da planta derivado do solo e da FBN; porém segundo YONEYAMA et al (1997), se as 11 plantas de referência, que no caso desse autor foram plantas invasoras, tiver valores de δ15N menores do que da cana-de-açúcar, a %Ndfa será considerada zero. Atualmente, existem dois métodos para avaliar o enriquecimento do δ15N no solo. O primeiro utiliza plantas invasoras como planta de referencia. Este método foi utilizado por YONEYAMA et al. (1997) em pesquisas sobre a FBN através da técnica do δ15N no Brasil, Filipinas e Japão e que mostraram que a contribuição da fixação de N2 para o conteúdo total de N nas plantas variou de zero a 72% (média de 30%) (YONEYAMA et al., 1997); no Brasil de zero a 60% (média de 32%) (POLIDORO et al., 2001). O segundo método avalia a distribuição da abundância natural de 15N no perfil do solo, de acordo com LEDGARD et al., (1984), que avaliaram a variabilidade no enriquecimento de 15 N no perfil de solos de diferentes profundidades (0-5, 5-10, 10-20, 20-40, 40-50 e 50-60 cm) verificando um aumento no δ15N com a profundidade. Segundo BODDEY et al. (2001) o 15N enriquecido pode variar com a profundidade do solo e caso as plantas invasoras não explorem a mesma profundidade do solo da cana-de-açúcar isso poderá refletir em diferenças no δ 15N. Então, URQUIAGA et al. (2007) aperfeiçoaram este método coletando amostras de solo em diferentes profundidades, cultivando três espécies de plantas não fixadoras. O δ referencia é calculado com a média ponderada do δ 15 15 N de N. URQUIAGA et al. (2011) verificaram a contribuição da FBN para nove variedades de cana-de-açúcar balanço de N e técnica de abundância natural de 15 utilizando N em experimentos a campo em Seropédica-RJ, e mostraram um balanço positivo de N (acima de 60 kg N ha-1.ano-1), observaram que os valores de δ15N das amostras de folha de cana-de-açúcar foram menores do que o das plantas de referências, e que houve uma contribuição de N derivado da FBN variando de 29 a 68% nas variedades comerciais. . BAPTISTA et al. (2009) avaliaram a variação da abundância de 15N no perfil de solo e sua influência na estimativa de FBN na cultura de cana-de-açúcar através da técnica de abundância natural de 15 N utilizando como plantas de referência plantas invasoras coletadas em campo e plantas não fixadoras de N2 cultivadas em vaso com solo de diferentes profundidades. Estes autores mencionam que a contribuição da FBN em cana-de-açúcar crescendo no campo, baseada nos valores da abundância natural de 15N de espécies de plantas invasoras podem subestimar significativamente os valores de FBN, pois representavam a abundância de 15 N da camada mais superficial do solo (0-10 cm) onde os valores de abundância natural de 15N são sensivelmente menores do que as outras camadas do perfil. 12 Os métodos desenvolvidos para determinar a fixação de N2 por associação de bactérias não foram exaustivamente testados em condições de campo. E estudos da distribuição da abundância natural de 15N do perfil do solo são também necessários. Há vantagens e desvantagens associadas aos diferentes procedimentos usados. A metodologia utilizada por YONEYAMA et al. (1997) na quantificação da FBN através da técnica isotópica da abundância natural de 15 N tem as vantagens do uso de plantas de referência crescendo nas mesmas condições em que a cana-de-açúcar e maior rapidez na avaliação. Porém a variação da contribuição da FBN nas plantas de referência e as diferentes profundidades ocupadas pelo sistema radicular entre essas plantas e a cana-de-açúcar são pontos negativos do método. Por outro lado, no procedimento aperfeiçoado por URQUIAGA et al. (2007) há maior controle das variáveis externas que afetam o desenvolvimento vegetal; contudo, esta não reproduz as mesmas condições ambientais de campo e demanda maior tempo para a avaliação. Há poucos dados disponíveis utilizando está metodologia. Ensaios instalados em cinco locais localizados no Estado de São Paulo adubados ou não com N, cultivados com três variedades por local, inoculadas e não-inoculadas com bactérias diazotróficas endofíticas fornecerão importantes informações sobre a nutrição nitrogenada da cana-de-açúcar. Assim, o projeto visou quantificar a contribuição da FBN em cana-de-açúcar comparando dois procedimentos envolvendo a determinação da abundância natural de N (δ15N). 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Descrição e Localização das Áreas Experimentais Amostradas Na avaliação da contribuição da FBN para a nutrição nitrogenada da cana-de-açúcar foram utilizados dois procedimentos em cinco locais de experimentação. Em quatro municípios do Estado de São Paulo (Jaú, Santa Maria da Serra, Piracicaba e Sales Oliveira) foram instalados cinco experimentos (dois experimentos instalados em Sales Oliveira I e II). O delineamento experimental foi em blocos casualizados com esquema de parcela subdividida e quatro repetições. Estes experimentos fazem parte de uma rede de ensaios relacionados ao projeto temático Bioen/Fapesp nº 08/56147-1. Estão sendo testadas 13 variedades de cana-de-açúcar (parcela) (Tabela 1) e tratamentos com N (subparcela) envolvendo doses e inoculação de bactérias diazotróficas endofíticas. Detalhes desses experimentos com as variedades de cana-de-açúcar testadas e a descrição dos tratamentos constam dos anexos I, II, III, IV e V O quinto local de amostragem localizado no município de Mogi Mirim-SP, correspondeu a um experimento de campo que faz parte de um projeto de pesquisa da Fundação Agrisus (PA 719/10 intitulado “Avaliação de resposta a N em cana-de-açúcar queimada não adubada por três anos” (Tabela 1). Trata-se de um estudo adicional, não previsto no plano inicial. Este experimento foi instalado na Fazenda Aparecida onde foram retiradas também amostras de solo e planta para estimar a contribuição da FBN pelos dois procedimentos aqui testados (Anexo VI). Os experimentos foram instalados em Jaú-SP, latitude 22o17´47" sul e longitude: 48o33´28" oeste, altitude de 522 m e precipitação pluviométrica entre 1200 a 1500mm ao ano; Santa Maria da Serra-SP, latitude 22º34'02" sul e a longitude 48º09'38" oeste, altitude de 495 m e precipitação pluviométrica de 1467mm ao ano; Piracicaba, latitude 22º43'31" sul e longitude 47º38'57" oeste, altitude de 547 m e precipitação pluviométrica 1273mm ao ano; Sales Oliveira-SP, latitude 20º46'19" sul e longitude 47º50'17" oeste, altitude de 730m e precipitação pluviométrica média de 1426,80 mm ao ano; Mogi Mirim-SP, latitude 22º25'55" sul e longitude 46º57'28" oeste, altitude de 590m e precipitação pluviométrica média de 1583mm. Os tipos de solo desses campos experimentais são os seguintes: Jaú/SP, LATOSSOLO VERMELHO textura média; Santa Maria da Serra/SP, NEOSSOLO QUARTZARÊNICO; Piracicaba/SP, ARGISSOLO VERMELHO AMARELO textura argilosa; Sales de Oliveira/SP, LATOSSOLO VERMELHO textura argilosa e Mogi Mirim/SP, NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico (EMBRAPA, 2006). 14 Tabela 1. Variedade de cana-de-açúcar utilizadas nos experimentos com doses de N e inoculação de bactérias diazotróficas. Variedade Códigos para Características das variedades adaptação ambiental Faz. Aparecida/Mogi Mirim-SP RB 72-454 B2-D1 Rústica e estável em diferentes ambientes Polo Centro Oeste da APTA/Jaú-SP SP 81-3250 B2-D1 Rústica e estável em diferentes ambientes IACSP 95-5000 A1-C2 Responsiva ao N RB 85-5536 A1-C2 Responsiva ao N Faz. Itaúna/Santa Maria da Serra-SP SP 81-3250 B2-D1 Rústica e estável em diferentes ambientes RB 93579 B2-D1 Rústica e estável em diferentes ambientes RB 86-7515 B2-D1 Rústica e estável em diferentes ambientes Polo Centro Sul da APTA/Piracicaba-SP SP 81-3250 B2-D1 Rústica e estável em diferentes ambientes IAC 87-3396 B2-D1 Rústica e estável em diferentes ambientes CTC 14 A1-C2 Responsiva ao N Faz. Nova Aliança/1º Experimento/Sales Oliveira-SP SP 81-3250 B2-D1 Rústica e estável em diferentes ambientes RB 85-5536 A1-C2 Responsiva ao N IACSP 95-5000 A1-C2 Responsiva ao N Faz. Nova Aliança/2º Experimento/Sales Oliveira-SP SP 81-3250 B2-D1 Rústica e estável em diferentes ambientes RB 86-7515 A1-C2 Rústica e estável em diferentes ambientes IACSP 93-3046 A1-C2 Rústica e estável em diferentes ambientes As áreas experimentais foram tratadas com herbicidas. No experimento de Piracicaba foi utilizado a mistura de Gamit (clomazone) + Goal (oxyfluorten) aplicado em pré-plantio incorporado (ppi); em Jaú e Itaúna foi aplicado 2,4 D em pré-plantio, em Mogi-Mirim Hexaron (Hexazinona+Diuron) logo após a colheita, em área total. 15 3.2 Método 1 - Determinação do δ 15N em Plantas Invasoras As amostras das plantas de referência (plantas invasoras) foram colhidas em todos os locais de experimentação de acordo com a idade da cana-de-açúcar, entre 10 e 14 meses na cana-planta (experimentos de Jaú, Santa Maria da Serra, Piracicaba e Sales Oliveira I e II) e entre 8 e 10 meses na cana-soca (Mogi Mirim). A parte aérea de três espécies de plantas invasoras foi amostrada em cada bloco, dentro das parcelas do tratamento sem aplicação de N via fertilizante. As plantas coletadas foram: Cyperus esculentus L., Digitaria sanguinalis (L.) Scop e Euphorbia heterophylla L., em Mogi-Mirim; Digitaria sanguinalis (L.) Scop, Eleusine indica (L.) Gaertn e Commelina benghalensis L., em Jaú; Digitaria sanguinalis (L.) Scop, Chamaesyce hyssofolia (L.) Small e Cyperus esculentus L., em Santa Maria da Serra; Digitaria sanguinalis (L.) Scop, Ipomoea triloba L. e Chamaesyce hyssofolia (L.) Small, em Piracicaba; Chamaesyce hyssofolia (L.) Small, Conyza spp e Digitaria sanguinalis (L.) Scop, em Sales Oliveira (experimentos I e II). As amostras do material vegetal foram secas em estufas de circulação forçada de ar (60ºC/ 72 horas) e posteriormente moídas em moinho tipo Wiley e passadas em peneira com malha de 0,853 mm (20 mesh ABNT). As plantas de referência foram submetidas à análise da concentração total de N (BATAGLIA et al, 1983). A amostra restante do material vegetal foi moída em moinho tipo bola e passada em peneira com malha de 0,150 mm (100 mesh ABNT) para determinação do δ 15N em espectrômetro de massa ANCA-SL (Europa Scientific, Crewe, UK) no laboratório do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) utilizando de 3 a 5 mg do material vegetal. Por ser a ordem de grandeza dos valores de δ15N muito pequena, os resultados das amostras de material vegetal foram expressos em valor de átomos de 15 N em excesso por mil (δ ‰), utilizando N2 atmosférico como o padrão (SHEARER & KOHL, 1992). 3.2.1 Amostragem de folha de cana-de-açúcar A amostragem de folha foi realizada na fase de maior acumulo de N, entre 10 e 14 meses na cana-planta (experimentos de Sales Oliveira I e II, Jaú, Santa Maria da Serra e Piracicaba) e entre 8 e 10 meses na cana-soca (Mogi Mirim). Foram coletadas de 20 a 30 16 folhas por parcela nos tratamentos controle com e sem inoculação (N0 e N0+I) em cada um dos seis experimentos. A folha diagnóstica considerada foi à folha +1, primeira folha de cima para baixo com lígula visível (RAIJ et al., 1996). Essas folhas foram cortadas em três partes, e o terço médio sem a nervura central foi usado na análise. As amostras foram secas em estufa com circulação forçada de ar a 65 ºC até atingirem peso constante. Foram então moídas em moinho tipo Wiley e passadas em peneira com malha de 0,853 mm (20 mesh ABNT). A amostra foi então analisada para determinação da concentração total de N (BATAGLIA et al, 1983). A amostra restante do material vegetal das folhas diagnóstica foi moída em moinho tipo bola e passadas em peneira com malha de 0,150 mm (100 mesh ABNT) para determinação do δ 15 N em espectrômetro de massa como mencionado anteriormente. 3.3 Método 2 - Determinação do δ 15 N pela distribuição da abundância natural de 15N disponível as plantas no perfil do solo 3.3.1 Amostragem de solo A amostragem de solo nas parcelas do tratamento controle (sem aplicação de N via fertilizante) em cada um dos quatro blocos foi realizada em Sales Oliveira em 27/01/2010 e 29/05/2009, no Experimento I e no Experimento II, respectivamente. Em Jaú, Santa Maria da Serra, Piracicaba e Mogi Mirim as datas de amostragem de solo foram, na sequencia, 19/10/2010, 20/10/2010, 09/11/2010 e 30/11/2010. Assim, o procedimento segundo LEDGARD et al. (1984) foi adotado para analisar a mudança da abundância natural 15 N disponível para as plantas com a profundidade do solo. Em Sales Oliveira nos dois experimentos a coleta de solo foi feita próximo as parcelas com tratamento controle através da abertura de uma pequena trincheira de 80 cm de profundidade no carreador, de onde se retiraram monólitos de solo com quantidade necessária para preencher três vasos com capacidade de 1,5 dm3 de cada uma das seguintes camadas 010; 10-20; 20-40; 40-60 e 60-80 cm nos quatro bloco. Esse esquema de amostragem pressupõe que a área experimental seja homogênea, e que a área do carreador, não adubada, seja representativa da parcela do tratamento controle para a determinação da abundância natural de δ 15N. 17 Nos demais locais optou-se por amostrar o solo com o auxílio de uma cavadeira nas três entrelinhas centrais de cada parcela do tratamento controle. As camadas foram as mesmas de 0-10, 10-20, 20-40, 40-60 e 60-80 cm de profundidade. Novamente coletou-se solo suficiente para preencher três vasos com capacidade para 1,5 dm3 em cada uma das camadas e em cada um dos quatro blocos. As quantidades de solo coletado nos seis campos experimentais foram secas, destorroadas e passadas em peneira de 2,00 mm (10 mesh ABNT) para compor a terra fina seca ao ar (TFSA). Uma subamostra de mais ou menos 300 g de TFSA de cada profundidade, e de cada experimento foi retirada e analisada quimicamente segundo metodologia descrita em RAIJ et al. (2001) (Tabela 2). 18 Tabela 2 – Resultados da análise de solo para avaliação da fertilidade nos experimentos de Piracicaba, Santa Maria da Serra, Jaú, Mogi Mirim e Sales Oliveira em diferentes profundidades (Continuação). Experimento Profundidade N-NH4+ N-NO3- M.O. pH P K Ca Mg H+Al S.B. C.T.C. V S Mogi Mirim Mogi Mirim Mogi Mirim Mogi Mirim Mogi Mirim Jaú Jaú Jaú Jaú Jaú Sta Maria da Serra Sta Maria da Serra Sta Maria da Serra Sta Maria da Serra Sta Maria da Serra Piracicaba Piracicaba Piracicaba Piracicaba Piracicaba cm 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 mg kg-1 8,2 9,9 6,8 7,4 5,3 3,8 6,3 2,0 5,0 1,2 2,6 10,3 2,1 7,6 4,2 5,6 6,2 11,6 3,8 9,5 6,3 2,9 4,5 3,8 3,5 3,5 4,4 1,2 4,4 1,9 8,4 18,1 10,3 13,5 6,8 13,1 7,1 11,5 7,2 6,9 g dm-3 36 32 23 22 17 21 14 18 12 11 13 13 11 10 8 27 25 23 16 13 4,7 4,9 5,2 5,3 5,6 5,0 4,4 4,6 4,0 4,0 5,0 5,0 5,2 4,7 4,2 5,7 5,7 5,2 4,5 4,5 mg dm-3 ----------------mmolc dm-3-------------57 2,7 20 4 47 28 74 35 1,2 22 6 42 29 71 5 1,0 24 5 31 30 61 2 0,2 14 3 31 17 48 3 < 0.1 10 4 25 14 39 11 1,1 20 8 20 29 50 8 1,3 13 4 22 18 40 20 1,3 17 5 22 23 46 3 0,7 7 2 28 10 38 3 1,4 16 3 31 20 51 9 0,8 13 6 15 20 35 28 1,1 19 6 15 26 41 12 1,2 15 7 13 24 37 17 0,4 8 3 18 12 30 3 0,3 5 2 18 7 25 10 3,0 42 24 25 69 94 9 2,5 40 26 22 68 91 6 2,1 31 18 31 51 82 2 0,8 18 8 42 27 69 1 1,0 19 6 38 26 64 % 37 41 49 36 35 59 44 51 26 39 58 64 64 40 26 73 75 62 38 40 mg dm-3 61 61 108 200 157 5 12 14 21 29 7 11 14 15 15 7 8 21 30 28 N-NH4+ e N-NO3- - nitrogênio inorgânico – Bremner e Keeney (1966); MO – matéria orgânica – Walkley e Black (1934); pH em CaCl2 – Schofield e Taylor (1955); P, K, Ca e Mg – Extrator Resina – Raij e Quaggio (1983); H+Al – acidez total – estimada pelo pHSMP – Quaggio et al. (1985); SB – soma de bases – SB=K+Ca+Mg; CTC – capacidade de troca de cátions - CTC=SB+(H+Al); V – saturação por bases – V=(SB/T)*100; S-SO42- – enxofre na forma de sulfato – Hoeft, et al. (1973). * 19 Tabela 2 - ......Continuação. Experimento Profundidade N-NH4+ N-NO3- M.O. Sales Sales Sales Sales Sales OLiveira OLiveira OLiveira OLiveira OLiveira Cm 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 mg kg-1 8,9 25,3 7,0 12,9 4,7 7,6 3,2 2,9 3,9 1,8 g dm-3 32 30 25 20 19 pH P 5,2 5,2 5,2 5,6 6,0 mg dm-3 18 5 5 1 2 K 2,3 0,5 0,6 0,4 0,3 Ca 34 21 15 9 8 Mg H+Al mmolc dm-3 9 42 5 42 4 38 2 31 2 25 S.B. C.T.C. 46 26 19 11 10 88 69 57 42 35 V S % 73 75 62 38 40 mg dm-3 * * * * * N-NH4+ e N-NO3- - nitrogênio inorgânico – Bremner e Keeney (1966); MO – matéria orgânica – Walkley e Black (1934); pH em CaCl2 – Schofield e Taylor (1955); P, K, Ca e Mg – Extrator Resina – Raij e Quaggio (1983); H+Al – acidez total – estimada pelo pHSMP – Quaggio et al. (1985); SB – soma de bases – SB=K+Ca+Mg; CTC – capacidade de troca de cátions - CTC=SB+(H+Al); V – saturação por bases – V=(SB/T)*100; S-SO42- – enxofre na forma de sulfato – Hoeft, et al. (1973). * 20 3.3.2 Instalação do ensaio em casa-de-vegetação com as espécies de referência Para cada um dos experimentos de campo foi instalado um ensaio de casa-devegetação. A incubação do solo com calcário foi realizada durante 20 dias visando corrigir a saturação de bases a 60 % (nas profundidades com V<60% segundo a Tabela 2) para cultivo do sorgo (Sorghum bicolor), azevém (Lolium perenne) e repolho (Brassica oleracea capitata) (Figura 1). Foram semeadas as seguintes quantidades por vaso: 14 sementes de sorgo (0,57 g vaso-1), 24 sementes de repolho (0,12 g vaso-1) e 2,0 g vaso-1 de azevém. A adubação de semeadura das espécies vegetais cultivadas nos vasos foi composta de 200 mg dm-3 de P, 150 mg dm-3 de K (K2SO4), 40 mg dm-3 de Ca (Ca(HPO4)), 30 mg dm-3 de Mg (MgSO4.7H2O), 70 mg dm-3 de S, 1 mg dm-3 de B(H3B03), 5 mg dm-3 de Cu (CuSO4.5H2O), 3 mg dm-3 de Mn (MnSO4.H2O) e 2 mg dm-3 de Zn (ZnSO4.7H2O). Depois de uma semana foi retirado o excesso de plantas por vaso. As adubações com potássio foram parceladas no plantio e aos 15 e 30 dias com K2HPO4 após a emergência das plantas (Figura 2). Figura 1 - Incubação do solo com calcário. 21 Figura 2 - Visão Geral do experimento. Como a correção do solo geralmente aumenta a disponibilidade de N para as plantas, um teste adicional foi realizado para avaliar se a adição de calcário interferia na abundância natural de 15 N do N disponível. Para tal, foi instalado um ensaio com amostras de solo sem correção da acidez (quando a saturação por bases era menor que 40% da CTC) e nessas mesmas amostras corrigidas com calcário até atingir a saturação de bases de 60 %. Este teste foi realizado somente com o sorgo como planta de referência e nas amostras coletadas em Mogi Mirim nas profundidades de 0-10 e 10-20 cm, em Jaú nas profundidades de 40-60 e 6080 cm, e em Santa Maria da Serra nas profundidades de 40-60 e 60-80 cm. No ensaio com o solo coletado no 2º Experimento em Sales Oliveira, o período de cultivo das espécies foi superior a 40 dias tendo as plantas apresentado forte sintoma de deficiência de N, este experimento foi conduzido num período anterior ao início desse trabalho. Para o solo coletado no 1º Experimento de Sales Oliveira, o ensaio foi instalado em 05/06/2011 e conduzido por um período de 40 dias, quando as plantas mostraram sintomas de deficiência de N, e colhido em 15/08/2011. Para os ensaios conduzidos com os solos coletados nos experimentos de Jaú, Santa Maria da Serra, Piracicaba e Mogi Mirim o período de cultivo foi em torno de 62 dias (Figura 3 a Figura 5), correspondendo o período de 01/02/2011 a 03/04/2011. 22 Sta. Maria Figura 3 - Cultura do repolho semeada em solo das localidades Mogi Mirim, Jaú, Santa Maria da Serra e Piracicaba em 60-80 cm de profundidade. Sta. Maria Figura 4 - Cultura do azevém semeada em solo das localidades Mogi Mirim, Piracicaba, Santa Maria da Serra e Jaú em 60-80 cm de profundidade. Sta. Maria Figura 5 - Cultura do Sorgo semeada em solo das localidades Mogi Mirim, Jaú, Santa Maria da Serra e Pracicaba em 60-80 cm de profundidade. Observação: Vaso de Piracicaba com 14 dias a menos. 23 Amostras de semente das três espécies de plantas de referência cultivadas nestes ensaios foram retiradas para análise da concentração total de nitrogênio (BATAGLIA et al, 1983). Os resultados são apresentados na Tabela 3 e mostram que as sementes de repolho apresentaram teor maior de nitrogênio do que as demais, porém como são sementes pequenas (peletizadas para facilitar o plantio) a quantidade acumulada de N fornecida foi a menor. Tabela 3 - Teor de N nas sementes de sorgo, repolho e azevém. Sementes N-Total g kg-1 Sorgo Repolho Azevém 3.3.3 17,0 51,1 15,6 N máximo adicionado com as sementes mg vaso-1 9,7 6,1 31,2 Colheita dos ensaios e análises químicas A colheita dos ensaios foi realizada após as plantas apresentarem sintoma de deficiência de N na parte aérea, mostrando que o teor de N disponível do solo em cada uma das profundidades havia praticamente exaurido. O número de plantas por vaso foi contado e a parte aérea cortada rente a superfície do solo. As raízes foram também separadas do solo e coletadas. As amostras do material vegetal das plantas foram secas em estufas de circulação forçada de ar até atingirem peso constante (60 ºC/72 horas). As partes das plantas foram pesadas para obter a massa seca da parte aérea (MSPA) e da raiz (MSRaiz). Posteriormente as amostras de material vegetal foram moídas em moinho tipo Wiley e passadas em peneira com malha de 0,853 mm (20 mesh). As amostras da parte aérea das plantas foram analisadas para concentração total de N (Bataglia et al, 1983). A quantidade de N extraído foi calculada em função da MSPA para o sorgo, repolho e azevém. A amostra restante do material vegetal foi moída em moinho tipo bola e passada em peneira com malha de 0,150 mm (100 mesh) para determinação do δ 15N em espectrômetro de massa. 24 Segundo método proposto por BREMNER & KEENEY (1966) o solo de cada vaso foi analisado para N-NH4+ e N-NO3- no final do período de cultivo das plantas (CANTARELLA & TRIVELIN, 2001). 3.4 Quantificação da Contribuição da FBN Nos seis experimentos de campo estimou-se a contribuição da FBN em variedades de cana-de-açúcar inoculadas ou não com bactérias diazotróficas endofíticas (Gluconacetobacter diazotrophicus, Herbaspirillum seropedicae, Herbaspirillum rubrisubalbicans, Azospirillum amazonense e Burkholderia tropica) utilizando dois métodos: 1) o que utiliza os valores de δ15N das plantas invasoras como referência para estimativa da FBN (Método 1) e, 2) o que utiliza a distribuição da abundância de 15N disponível as plantas no perfil do solo (Método 2). No método 2 é realizado o cultivo em vaso com plantas de referência em diferentes camadas do solo. No método 2 que leva em consideração a distribuição da abundância natural de 15 N disponível as plantas no perfil do solo, utilizou-se dois procedimentos para estimar o peso relativo do δ15N nas camadas do solo, simulando as raízes que removeram todo N disponível as plantas numa profundidade de 80 cm. No primeiro procedimento, calculou-se uma média para o δ15N de referência levando em consideração abundância natural 15N (δ15Np) e o N-Total acumulado (NTp) pelas plantas de referência crescendo em cada camadas de solo (Equação 4), segundo URQUIAGA et al. (2011) δ15N de referência = Σ (δ15Np* NTp)/Σ(NTp) (Equação 4) Onde: p indica a profundidade das camadas; NTp, N-Total acumulado obtido pela quantidade da matéria seca multiplicada pelo teor de N-total. No segundo procedimento, optou-se por ponderar o valor de δ15N de cada camada em relação à porcentagem de raiz de cana-de-açúcar presente nas diferentes camadas do perfil do solo (0-80 cm) para determinação do δ15N de referência (Equação 5). A porcentagem do sistema radicular em cada camada de solo foi estimada com base na média dos valores obtidos 25 nos trabalhos de OTTO (2007), VASCONCELLOS et al. (2003) e VASCONCELLOS et al. (2007) (Tabela 4). δ15N de referência = (δ15Nrp* %R0-10)+ (δ15Nrp* %R10-20)+ (δ15Nrp* %R20-40)+ (δ15Nrp* %R40-60)+ (δ15Nrp* %R60-80) (Equação 5). Onde %R indica a % do sistema radicular da cana-de-açúcar que ocupa a camada especificada de solo. O subscrito após %R indica a profundidade considerada (Tabela 4). Tabela 4 – Porcentagem da distribuição do sistema radicular em cada camada do solo com base na média dos valores obtidos nos trabalhos de OTTO (2007), VASCONCELLOS et al. (2003) e VASCONCELLOS et al. (2007) Profundidade Distribuição do sistema radicular cm % 0-10 29 10-20 24 20-40 24 40-60 13 60-80 10 A proporção de N nas plantas fixadoras de N2 provenientes do ar (%Ndfa) pelo processo da FBN pode então ser calculada pela equação de Shearer & Kohl (1986) (Equação 6). %Ndfa = 100 × (δ 15 N referência − δ 15 N cana - de - açúcar δ 15 N referência − B ) (Equação 6) Onde; %Ndfa = porcentagem de N proveniente da FBN na planta de cana-de-açúcar; δ 15N referência = Abundância natural de 15N na planta de referência; δ 15N cana-de açúcar = Abundância natural de 15N na planta de cana-de-açúcar. 3.5 Análise Estatística 26 Os resultados foram analisados quanto à normalidade da distribuição de freqüência usando os testes Shapiro-Wilk e Kolmogorov-Smirnov. A análise de variância foi realizada para testar os efeitos das variedades de cana-de-açúcar dos tratamentos (com em sem inoculação) e da interação entre eles. Utilizou-se o pacote estatístico SAS (2004). Para o teste de comparação de médias foi utilizado o teste Tukey ao nível de 10% de significância somente para o efeito significativo de variedades, pois para os tratamentos e a interação (tratamentos dentro de variedades) o teste F foi suficiente. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Método 1 - Determinação do δ 15N nas plantas invasoras Neste método as plantas de referência são as próprias plantas invasoras coletadas nos experimentos para estimar a abundância de 15N do N do solo disponível às plantas, já que as mesmas encontram-se sujeitas às mesmas condições ambientais que a cana-de-açúcar. Assim, o valor de δ15N observado em plantas que utilizam somente o N do solo pode ser usado como referência para comparar com o δ15N da cana-de-açúcar. Por esse procedimento, também testaram variedades de cana-de-açúcar com e sem inoculação de bactérias diazotróficas endofíticas para verificar a contribuição das mesmas ao processo de FBN. O teor total de N nas amostras do material vegetal das plantas invasoras foi menor no experimento de Santa Maria da Serra (Tabela 5), por se tratar de um Neossolo quartzarênico com teor de argila de 6,7 e 7,1% e teor de areia de 91,3 e 90,4%, nas camadas de 0-20 e 20-40 cm, respectivamente. Além disso, o teor de MO desse local variou entre as profundidades de 8 a 13 g dm-3 (Tabela 2), portanto apresenta um baixo estoque natural de N. Em termos de média do valor de δ15N das três espécies de plantas invasoras coletadas em cada local foram encontrados os seguintes resultados: no município de Mogi-Mirim 2,83‰, no município de Jaú 4,56‰, no município de Santa Maria da Serra 1,74‰, no município de Piracicaba 6,47‰ e no município de Sales Oliveira, os experimentos I e II foram 1,34‰ e 1,58‰, respectivamente (Tabela 5). Os valores médios de δ15N da cana-de-açúcar com e sem inoculação foram: 2,6‰ em Mogi-Mirim, 4,7‰ Jaú, 1,6‰ em Santa Maria da Serra, 6,4‰ em Piracicaba e 7,6‰ e 9,7‰ em Sales Oliveira nos experimentos I e II, respectivamente. 27 Tabela 5 - Teor de N-Total e abundância natural de (média de 4 repetições) em diferentes localidades. Localidade Nome Científico 15 N na parte aérea de plantas invasoras Nome Comum δ15N tiririca capim-colchão amendoim-bravo ‰ g kg -1 (2) 12,0 3,16±0,39 2,74±0,31 21,4 2,58±0,13 21,8 capim-colchão pé-de-galinha trapoeraba 22,4 22,8 24,3 5,09±0,21 4,84±0,52 3,74±0,28 capim-colchão erva de santa Chamaesyce hyssopifolia (L.) Small luzia tiririca Cyperus esculentus L. 12,3 1,96±0,15 1,21±0,04 10,5 10,6 capim-colchão corda-de-viola erva de santa Chamaesyce hyssopifolia (L.) Small luzia 28,7(1) 6,35±0,29 7,24±0,26 31,2 5,81±0,28 22,4(1) 0,94±0,08 Sales I erva de santa Chamaesyce hyssopifolia (L.) Small luzia buva Conyza spp capim-colchão Digitaria sanguinalis (L.) Scop 16,3 20,9 12,6 Sales II erva de santa Chamaesyce hyssopifolia (L.) Small luzia buva Conyza spp capim-colchão Digitaria sanguinalis (L.) Scop 20,7 32,3 17,2 Mogi Mirim-SP Cyperus esculentus L. Digitaria sanguinalis (L.) Scop Euphorbia heterophylla L. Jaú-SP Digitaria sanguinalis (L.) Scop Eleusine indica (L.) Gaertn Commelina benghalensis L. Digitaria sanguinalis (L.) Scop Sta Maria da Serra-SP Digitaria sanguinalis (L.) Scop Piracicaba-SP Ipomoea triloba L. (1) N-Total média de três repetições; (2) média±erro padrão. 4.2 Método 2 - Determinação do δ 15 2,07±0,51 1,79±0,23 1,28±0,12 0,94±0,08 1,95±0,55 1,85±0,19 N de referência de acordo com a distribuição do δ15N disponível as plantas presente no perfil do solo Os resultados da avaliação do N inorgânico do solo, produção de massa de matéria seca, N total, acúmulo de N e δ 15 N nas plantas de referência em função da profundidade foram discutidos separadamente nos subtopicos abaixo. 28 4.2.1 Análises de N inorgânico no solo dos experimentos As plantas cultivadas nos vasos foram colhidas quando mostraram sintomas nítidos de deficiência de N na parte aérea; além disso, as amostras de solo dos vasos foram analisadas para N inorgânico (N-NH4+ e N-NO3-) após o cultivo das plantas (Tabela 6 e Tabela 7). Esses dados mostram que o solo foi praticamente esgotado em sua disponibilidade de nitrogênio após o cultivo e indicam que o objetivo de fazer com que as plantas de referência absorvessem o N disponível no solo foi atingido. 29 Tabela 6 - Teores de N inorgânico em amostra de solo dos experimentos de Mogi-Mirim, Jaú, Santa Maria da Serra, Piracicaba e Sales Oliveira (I e II) após cultivo em casa-devegetação com três plantas de referência. Sorgo Azevém Repolho +(1) -(1) + Profundidade N-NH4 N-NO3 N-NH4 N-NO3 N-NH4+ N-NO3cm 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 1,2±0,8(1) 1,2±0,9 2,5±0,8 2,6±0,8 0,0±2,5 0,0±0,3 0,0±0,5 0,0±0,3 0,0±0,9 0,0±0,4 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 0,0±1,3 0,1±0,5 0,0±2,8 0,0±1,8 4,4±0,2 0,0±0,6 0,0±0,7 0,0±0,4 0,0±1,6 0,5±0,2 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 4,7±1,0 5,3±0,4 3,1±0,6 4,6±1,3 2,4±0,8 1,0±0,2 0,8±0,4 0,5±0,2 0,9±0,2 0,4±0,3 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 0,0±0,7 0,0±0,8 1,4±0,6 0,0±0,4 0,0±0,4 0,0±0,4 0,7±0,3 0,0±0,2 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 3,2±2,7 5,8±1,0 5,0±0,8 6,8±0,9 6,8±0,5 0,0±1,5 1,6±0,2 0,9±0,2 1,9±0,4 1,9±0,4 mg kg-1 Mogi-Mirim 2,8±0,6 0,8±0,7 3,1±0,6 0,6±0,2 3,1±1,4 1,3±0,2 5,7±2,0 1,2±0,3 3,4±0,3 0,6±0,3 Jaú-SP 0,0±0,5 0,0±0,2 0,0±0,3 0,0±0,4 0,0±0,5 0,0±0,2 1,3±0,9 0,0±0,3 2,4±0,9 0,0±0,3 Santa Maria da Serra-SP 0,2±1,1 0,0±0,2 0,0±0,3 0,0±0,1 0,0±1,1 0,0±0,2 0,0±0,7 0,0±0,2 0,6±0,6 0,0±0,2 Piracicaba-SP 1,5±0,2 0,5±2,2 2,1±0,2 1,3±0,2 3,8±0,7 0,9±0,6 2,9±0,3 0,6±0,3 3,3±0,4 1,2±0,1 Sales Oliveira I 7,0±0,7 0,8±0,4 5,8±0,4 3,4±1,2 9,5±0,5 0,9±0,3 7,4±0,3 1,6±0,2 8,5±0,6 2,3±0,3 0,0±0,5 0,4±0,3 0,5±0,5 1,2±0,3 0,0±0,3 0,0±0,2 0,0±0,3 0,0±0,1 0,0±0,5 0,0±0,2 0,0±0,6 0,0±0,5 0,0±0,6 0,0±0,2 0,0±0,1 0,0±0,3 0,0±0,2 0,0±0,3 0,4±0,3 0,4±0,5 1,7±0,3 0,0±0,3 0,0±0,4 0,0±0,2 0,0±0,3 0,0±0,1 0,0±0,2 0,0±0,2 3,2±1,0 1,0±0,5 0,0±0,4 0,5±0,4 0,0±0,6 0,0±0,5 0,0±0,2 0,0±0,2 0,0±0,2 0,0±0,3 7,8±0,7 7,9±0,9 6,5±3,1 7,2±1,0 3,6±0,7 1,3±1,4 3,1±2,3 0,8±0,3 1,7±0,5 1,2±0,4 - dados não obtidos; (1) média de quatro repetições; (2) média de quatro repetições±erro padrão 30 Tabela 7 - Teor de N inorgânico em solos corrigidos e não corrigidos após cultivo em casade-vegetação com sorgo. Sorgo Local Profundidade Tratamento N-NH4+(1) N-NO3-(1) cm mg kg-1 Mogi Mirim 0-10 com calagem 1,2±0,8 0,0±0,3 0-10 sem calagem 0,0±1,0 0,0±0,5 10-20 com calagem 1,2±0,9 0,0±0,5 10-20 sem calagem 1,5±0,4 0,0±0,4 Jaú 40-60 40-60 60-80 60-80 com calagem sem calagem com calagem sem calagem 0,0±1,3 3,2±0,5 4,4±0,5 4,3±1,2 0,0±0,6 0,3±0,4 0,5±0,7 0,9±0,3 Santa Maria da Serra 40-60 40-60 60-80 60-80 com calagem sem calagem com calagem sem calagem 4,6±1,0 1,6±0,7 2,4±0,4 3,0±0,8 0,9±0,2 0,0±0,3 0,4±0,4 0,6±0,4 (1) média de quatro repetições; (2) média de quatro repetições±erro padrão 4.2.2 Produção de matéria seca e acúmulo de N na parte aérea das plantas cultivadas em vasos Os dados de matéria seca da parte aérea (MSPA), matéria seca de raiz (MSRaiz), matéria seca total (MST), concentração e quantidade de N acumulado foram analisados para cada local (Tabela 8 a Tabela 13), com exceção aos experimentos de Sales Oliveira que não foram determinados a MSRaiz por terem sido conduzidos num período anterior ao início desse trabalho. No solo de Santa Maria da Serra, as espécies cultivadas azevém, repolho e sorgo apresentaram uma menor produção de matéria seca (Tabela 10), provavelmente por tratar-se de um Neossolo quatzarênico com baixo estoque de N (Tabela 2). No solo dos experimentos de Sales Oliveira houve uma maior produção de MSPA, principalmente o repolho em Sales Oliveira I (Tabela 12) e o sorgo no experimento de Sales Oliveira II (Tabela 13). Houve uma diminuição nos valores das variáveis em relação à profundidade das camadas de solo coletada, principalmente no solo de Sales Oliveira (experimentos I e II) (Tabela 12 e Tabela 13, respectivamente) devido à redução da quantidade de N do solo disponível as plantas. 31 Nos experimentos de Mogi-Mirim (Tabela 8), Jaú (Tabela 9), Santa Maria da Serra (Tabela 10) e Piracicaba (Tabela 11) a coleta de solo para a instalação do experimento em casa-de-vegetação foi realizado quando as plantas de cana-de-açúcar estavam crescendo, porém não se atentou para a possibilidade das áreas apresentarem efeito residual da aplicação de herbicida. O efeito na redução da produção de matéria seca e o atraso no cultivo não afetaram a determinação da abundância natural de 15 N do N disponível das plantas, pois as quantidades de matéria seca obtidas com o experimento foram suficientes para realizar a determinação do δ15N. A limitação no crescimento das plantas teste foi mais intensa na camada 0-10 cm nas amostras de solo de Mogi Mirim cultivado com repolho (Tabela 8) e nas amostras de Piracicaba cultivados com sorgo (Tabela 11). Nesses casos, as culturas foram replantadas posteriormente, quando o efeito do herbicida diminuiu, contudo, não houve produção de matéria seca suficiente para a determinação do δ15N somente nesta camada. Nos experimentos de Mogi Mirim, Jaú, Santa Maria da Serra e Piracicaba (Tabela 8 a Tabela 11) a produção de matéria seca das culturas azevém e do repolho foram inferiores à do sorgo, provavelmente devido à presença de herbicida nas camadas superficiais, mostrando uma tendência a maiores produções de matéria seca em profundidade. 32 Tabela 8 - Quantidade de matéria seca da parte aérea (MSPA), matéria seca da raiz (MSRaiz), matéria seca total (MST), teor de N-total e N acumulado na parte aérea para as culturas sorgo, repolho e azevém cultivadas em casa-de-vegetação em solo do experimento de Mogi-Mirim . Profundidade MSPA cm 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 Média F prof Pr > F CV (%) (1) 1,2 AB(1) 1,7 A 1,7 A 1,2 AB 1,0 B 1,36 5,29 0,01 17,97 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 Média 1,5 2,4 1,7 0,9 1,6 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 Média F prof Pr > F CV (%) 2,8 B 4,8 A 4,5 A 4,0 A 2,5 A 3,73 6,31 0,01 14,39 MSRaiz MSTotal g vaso -1 Azevém 0,8 A 1,4 A 1,4 A 1,1 A 1,1 A 1,18 1,97 0,17 30,50 Repolho 0,5 0,8 0,6 0,3 0,6 Sorgo 1,3 BC 2,8 A 2,5 A 2,1 AB 1,3 C 1,99 6,06 0,01 20,54 2,1 A 3,1 A 3,1 A 2,3 A 2,0 A 2,53 3,15 0,05 22,24 1,9 3,2 2,3 1,2 2,2 4,2 B 7,6 A 7,0 A 6,1 A 3,8 A 5,72 6,58 0,01 16,01 N N acumulado na parte aérea g kg -1 mg vaso -1 25,8 A 13,5 B 13,8 B 14,4 B 10,8 B 15,65 13,47 0,00 20,03 30,1 A 22,6 B 23,4 AB 17,6 B 10,2 C 20,8 14,8 0,00 16,53 22,5 13,6 19,6 21,3 19,3 32,4 32,3 28,8 19,4 28,2 13,6 A 4,6 B 4,2 B 4,3 B 4,4 B 6,21 12,25 0,00 36,04 35,5 A 22,1 B 19,0 B 17,2 B 10,9 C 20,94 45,80 0,00 12,96 Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra não diferem significativamente (Teste Tukey , P<0,1). - dados não obtidos. 33 Tabela 9 - Quantidade de matéria seca da parte aérea (MSPA), matéria seca da raiz (MSRaiz), matéria seca total (MST), teor de N-total e N acumulado na parte aérea para as culturas sorgo, repolho e azevém cultivadas em casa-de-vegetação em solo do experimento de Jaú. Profundidade MSPA cm (1) 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 Média F prof Pr > F CV (%) 1,4 BC(1) 1,8 A 1,6 AB 1,5 B 1,2 C 1,5 10,47 0,00 8,55 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 Média F prof Pr > F CV (%) 1,8 A 1,5 A 2,4 A 2,6 A 2,1 A 2,1 0,97 0,46 27,51 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 Média F prof Pr > F CV (%) 3,85 AB 4,3 AB 4,5 A 4,2 AB 3,4 B 4,0 2,39 0,11 12,54 MSRaiz g vaso -1 Azevém 1,1 AB 1,3 B 1,2 A 1,0 BC 0,9 C 1,1 11,06 0,00 8,61 Repolho 0,1 C 0,2 BC 0,3 AB 0,4 A 0,3 AB 0,2 5,54 0,01 30,03 Sorgo 1,5 A 1,8 A 1,5 A 1,5 A 1,2 A 1,5 1,75 0,21 21,38 MSTotal N N acumulado na parte aérea g kg -1 mg vaso -1 2,5 B 3,0 A 2,7 AB 2,4 BC 2,1 C 2,6 13,73 0,00 7,36 16,5 A 15,9 A 14,5 AB 12,6 B 12,0 B 14,3 5,52 0,01 11,51 23,6 AB 28,1 A 22,7 AB 18,8 BC 14,7 C 21,6 10,48 0,00 14,66 1,9 AB 1,7 B 2,7 AB 2,9 A 2,3 AB 2,3 1,10 0,41 26,24 31,2 A 31,2 A 16,7 B 12,2 B 11,6 B 20,6 2,87 0,07 26,09 55,3 A 40,9 B 36,2 BC 31,0 CD 23,1 D 31,2 17,19 0,00 11,41 5,4 AB 6,1 A 6,0 AB 5,7 AB 4,6 B 5,6 2,64 0,09 13,26 5,7 A 5,5 A 5,4 A 5,0 AB 4,4 B 5,2 5,74 0,01 8,16 21,8 A 22,9 A 24,2 A 20,9 A 15,0 B 21,0 8,54 0,00 11,64 Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra não diferem significativamente (Teste Tukey , P<0,1). 34 Tabela 10 - Quantidade de matéria seca da parte aérea (MSPA), matéria seca da raiz (MSRaiz), matéria seca total (MST), teor de N-total e N acumulado na parte aérea para as culturas sorgo, repolho e azevém cultivadas em casa-de-vegetação em solo do experimento de Santa Maria da Serra. Profundidade MSPA cm (1) 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 Média F prof Pr > F CV (%) 0,9 A(1) 0,7 A 0,7 A 0,7 A 0,6 A 0,7 0,67 0,63 22,50 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 Média F prof Pr > F CV (%) 0,7 C 0,7 C 1,1 B 1,5 A 1,6 A 1,1 10,55 0,00 17,90 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 Média F prof Pr > F CV (%) 1,9 A 2,4 A 2,2 A 2,1 A 2,2 A 2,2 1,42 0,29 10,75 MSRaiz MSTotal g vaso -1 Azevém 0,8 A 1,6 A 0,9 A 1,6 A 0,7 A 1,4 A 0,7 A 1,4 A 0,6 A 1,2 A 0,7 1,5 0,85 0,60 0,52 0,67 22,40 20,80 Repolho 0,1 B 0,8 C 0,1 B 0,9 C 0,3 A 1,3 B 0,3 A 1,8 A 0,3 A 1,9 A 0,2 1,3 2,39 13,20 0,11 0,00 36,36 16,09 Sorgo 0,82 A 2,8 A 1,0 A 3,4 A 0,9 A 3,1 A 0,9 A 3,0 A 1,0 A 3,1 A 0,9 3,1 0,79 1,21 0,55 0,36 11,98 10,59 N N acumulado na parte aérea g kg -1 mg vaso -1 13,5 A 10,6 BC 8,9 C 10,3 BC 11,7 AB 11,0 6,89 0,01 12,11 11,8 A 7,6 AB 6,5 B 7,4 AB 7,4 AB 8,1 2,38 0,12 32,64 23,5 A 22,2AB 15,4 ABC 14,4 BC 9,9 C 17,1 4,87 0,01 25,21 14,9 B 14,7 B 15,4 B 20,9 A 15,1 B 16,2 4,16 0,02 15,96 5,4 A 4,7 B 4,5 B 4,6 B 4,3 B 4,7 2,09 0,15 7,50 10,3 A 11,0 A 9,6 A 9,7 A 9,3 A 10,0 1,71 0,21 11,53 Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra não diferem significativamente (Teste Tukey , P<0,1). 35 Tabela 11 - Quantidade de matéria seca da parte aérea (MSPA), matéria seca da raiz (MSRaiz), matéria seca total (MST), teor de N-total e N acumulado na parte aérea para as culturas sorgo, repolho e azevém cultivadas em casa-de-vegetação em solo do experimento de Piracicaba. Profundidade MSPA cm (1) 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 Média F prof Pr > F CV (%) 1,7 BC(1) 2,6 A 1,9 B 1,9 B 1,4 C 1,9 3,61 0,04 14,15 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 Média F prof Pr > F CV (%) 3,6 AB 5,2 A 4,6 AB 4,0 AB 2,9 B 4,0 3,91 0,03 22,01 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 Média 1,9 3,3 17,1 2,3 6,2 MSRaiz g vaso -1 Azevém 0,9 C 1,7 A 1,5 AB 1,3 B 0,9 C 1,3 11,16 0,00 14,81 Repolho 0,3 B 0,4 AB 0,6 A 0,5 A 0,3 B 0,4 7,90 0,00 22,07 Sorgo 0,5 1,1 5,4 0,7 1,9 MSTotal N N acumulado na parte aérea g kg -1 mg vaso -1 2,6 CD 4,4 A 3,4 B 3,2 BC 2,2 D 3,2 8,79 0,00 11,97 28,1 A 13,3 B 11,7 B 13,1 B 10,5 B 15,3 13,03 0,00 27,35 41,7 A 35,2 AB 22,3 C 26,1 BC 14,4 C 27,9 2,96 0,06 22,30 3,9 AB 5,6 A 5,2 A 4,5 AB 3,2 B 4,5 4,28 0,02 20,59 17,5 A 8,8 B 8,7 B 7,8 B 7,0 B 10,0 12,05 0,00 14,80 59,3 A 44,9 AB 39,1 BC 31,0 BC 20,4 C 39,0 4,14 0,02 24,90 2,5 4,4 22,6 2,9 8,1 21,5 13,3 4,6 11,5 12,7 41,7 42,8 78,5 26,2 47,3 Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra não diferem significativamente (Teste Tukey , P<0,1). - dados não obtidos 36 Tabela 12 - Quantidade de matéria seca da parte aérea (MSPA), teor de N-total e N extraído para as culturas sorgo, repolho e azevém cultivadas em casa-de-vegetação em solo do experimento de Sales Oliveira I. N acumulado na Profundidade MSPA N parte aérea cm 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 Média F prof Pr > F CV (%) 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 Média F prof Pr > F CV (%) (1) 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 Média F prof Pr > F CV (%) g vaso -1 Azevém (1) 5,6 A 4,5 B 4,1 BC 3,7 CD 3,5 D 4,3 46,6 0,0001 5,6 Repolho 8,1 A 7,0 AB 6,9 B 5,6 C 5,2 C 6,6 17,8 0,0001 8,35 Sorgo 4,8 Aa 4,3 B 4,7 AB 3,1 C 2,6 D 3,9 60,7 0,0001 6,61 g kg -1 mg vaso -1 13,3 A 11,8 B 9,9 C 9,3 C 8,9 C 10,7 24,6 0,0001 6,7 73,7 A 52,8 B 41,2 C 32,9 D 32,6 D 46,7 74,3 0,0001 8,6 10,9 A 9,5 AB 8,8 BC 8,3 BC 7,9 C 9,0 11,0 0,0005 7,9 87,5 A 66,7 B 60,4 B 46,5 C 40,9 C 60,4 32,7 0,0001 10,63 14,8 B 12,2 AB 9,8 B 14,7 A 13,6 A 13 4,9 0,0001 14,5 70,7 A 52,0 B 45,7 B 45,7 B 34,9 C 49,8 34,8 0,0001 9,0 Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra não diferem significativamente (Teste Tukey , P<0,1). 37 Tabela 13 - Quantidade de matéria seca da parte aérea (MSPA), teor de N-total e N extraído para as culturas azevém, repolho e sorgo cultivadas em casa-de-vegetação em solo do experimento de Sales Oliveira II. Profundidade cm 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 Média F prof Pr > F CV (%) 0-10 out/20 20-40 40-60 60-80 Média F prof Pr > F CV (%) (1) 0-10 10-20 20-40 40-60 60-80 Média F prof Pr > F CV (%) MSPA g vaso -1 Azevém 1,7 A(1) 1,4 AB 1,5 AB 1,1 AB 1,0 B 1,35 3,45 0,0735 21,8 Repolho 1,6 AB 2,0 A 2,0 A 1,5 BC 1,2 C 1,65 11,31 0,0005 11,7 Sorgo 4,5 A 4,2 A 4,3 A 2,7 A 2,3 A 3,6 10,94 0,0006 17,3 N N acumulado na parte aérea g kg -1 mg vaso -1 19,5 AB 21,9 A 15,7 AB 17,8 AB 12,7 AB 17,5 B 3,29 0,0812 18,1 33,3 A 32,0 A 24,5 A 18,7 A 12,7 A 24,2 2,87 0,1063 36,2 34,4 A 25,5 AB 19,7 B 18,1 B 15,2 B 22,57 4,83 0,0149 30,7 55,2 A 49,6 AB 39,0 ABC 27,0 BC 17,8 C 37,72 6,61 0,0047 32 8,2 A 8,15 AB 5,8 B 6,2 AB 6,5 AB 6,99 3,46 0,0423 17,1 37,0 A 34,6 A 25,2 AB 16,6 B 14,8 B 25,63 10,37 0,0007 24,6 Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra não diferem significativamente (Teste Tukey , P<0,1). 38 4.2.3 Efeito da calagem na produção de matéria seca, acúmulo de N, abundância natural de 15N Plantas de sorgo foram cultivadas em solos dos experimentos de Mogi Mirim, Jaú e Santa Maria da Serra, com e sem correção da acidez para avaliar a influencia da calagem na disponibilidade de N às plantas e, portanto, na medida da abundância natural de 15 N do N disponível do solo. A correção da acidez proporcionou maior produção de matéria seca da parte aérea (MSPA), raíz (MSR) e total (MST) para as duas profundidades em Santa Maria da Serra. Para as produções de matéria seca nas profundidades de amostragem de solo para os outros dois locais não houve efeito da correção da acidez, à exceção da produção de MSPA de Mogi-Mirim e Jaú, que aumentou e diminuiu com a correção da acidez na camada de solo de 10-20 e de 60-80 cm, respectivamente (Tabela 14). A concentração de N na parte aérea das plantas de sorgo aumentou com a correção da acidez nas duas profundidades da camada de solo coletada para os locais Jaú e Santa Maria da Serra. Segundo SOUZA et al. (2007) a correção da acidez estimula a atividade e a mineralização da matéria orgânica do solo. A quantidade de N acumulado pela parte aérea aumentou com a correção da acidez em ambas as camadas de solo em Santa Maria da Serra e em Mogi Mirim na camada de 10-20 cm e em Jaú na camada de 40-60 cm. As exceções foram as outras duas profundidades desses dois locais nas quais as quantidades de N extraído com a correção da acidez não variaram (Tabela 15) De maneira geral, as diferenças de produção de matéria seca e de conteúdo de N acumulado nas plantas foram pequenas e um tanto variáveis: os valores de δ15N foram maiores nos solos com acidez corrigida em Mogi-Mirim (0-10 e 10-20 cm) (Figura 6) e Jaú (60-80 cm) (Figura 7), e menores em Jaú (40-60 cm) e em Santa Maria da Serra (40-60 e 6080 cm) (Figura 8) (Tabela 16). O solo de Mogi-Mirim, que teve a acidez corrigida nas profundidades 0-10 cm e 10-20 cm foi o único a apresentar uma diferença de valores de FBN significativa entre as plantas cultivadas. Assim, a adição de calcário não afetou de modo consistente os cálculos de FBN, pois a produção de MSPA e a absorção de N nas plantas cultivadas em solos ácidos foram adequadas para quantificar o δ15N. Além disso, as raízes de cana-de-açúcar, no campo, exploram um solo de acidez não corrigida. 39 Tabela 14 - Quantidade de matéria seca da parte aérea (MSPA), raiz (MSRaiz) e total (MST) para a cultura de sorgo cultivada em casa-devegetação em solo dos experimentos Mogi Mirim, Jaú e Santa Maria da Serra não corrigidos e corrigidos a acidez. Produção de Matéria Seca nos Locais e Profundidades Variável Calagem Mogi Mirim Jaú Santa Maria da Serra 0-10 cm 10-20 cm 40-60 cm 60-80 cm 40-60 cm 60-80 cm (1) com 2,8 A 4,8 A 4,1 A 3,4 B 2,1 A 2,2 A MSPA -1 sem 2,9 A 4,3 B 4,1 A 4,1 A 1,9 B 2,0 B (g vaso ) 0,84 3,6 0,3 26,8 12,4* 143,19 F cal 17,1 5,3 5,4 8,6 6,4 3,4 CV (%) MSRaiz (g vaso -1) MSTotal (g vaso -1) (1) com sem F cal CV (%) 1,5 A 1,3 A com sem F cal CV (%) 4,8 A 4,2 A 2,6 A 2,4 A 1,5 A 1,4 A 0,3 18,2 1,3 A 1,3 A 0,9 A 0,8 B 3,7 12,1 6,7 A 6,7 A 5,6 A 5,5 A 0,3 15,4 1,2* 9,6 4,8 A 5,4 A 3,0 5,0 1,0 A 0,9 B 3,0 A 2,7 B 3,3 A 2,9 B 4,8* 5,3 Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra não diferem significativamente (*Teste Tukey , P<0,1). 40 Tabela 15 - Quantidade de matéria seca da parte aérea (MSPA), teor de N-total e N extraído para a cultura de sorgo cultivada em casa-devegetação em solo dos experimentos Mogi Mirim, Jaú e Santa Maria da Serra não corrigidos e corrigidos a acidez. Variável (1) Calagem Mogi Mirim 0-10 cm 10-20 cm (1) 4,8 A 2,8 A 2,9 A 4,3 B 0,84 3,6 0,4 0,1 17,1 5,3 Jaú 40-60 cm 4,1 A 4,1 A 0,3 0,6 5,4 60-80 cm 3,4 B 4,1 A 26,8 <0,001 8,6 Sta. Maria da Serra 40-60 cm 60-80 cm 2,1 A 2,2 A 1,9 B 2,0 B 12,4* 143,19 <0,001 <0,001 6,4 3,4 MSPA (g vaso -1) com sem F cal Pr>F CV (%) N (g kg-1) com sem F cal Pr>F CV (%) 13,6 A 12,7 A 1,32 0,29 19,4 4,6 A 4,7 A 2,0 0,2 1,76 4,9 A 4,2 B 96,7 <0,001 3,9 4,4 A 4,1 B 250,0 <0,001 1,5 4,6 A 4,0 B 60,9* <0,001 5,3 4,3 A 3,7 B 69,8 <0,001 4,5 N acumulado (mg vaso-1) com sem F cal Pr>F CV (%) 35,5 A 35,5 A 0,01 0,9 5,7 22,1 A 20,4 B 3,8 0,09 3,9 19,9 A 17,4 B 37,1 <0,001 6,7 15,0 B 16,9 A 9,5 0,004 7,5 9,7 A 7,7 B 109,3* <0,001 6,0 9,3 A 7,5 B 1084,7 <0,001 2,4 Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra não diferem significativamente (Teste Tukey , P<0,1). 41 Tabela 16 – Abundância natural de 15N (δ15N) no sorgo cultivado em casa-de-vegetação e estimativa da FBN em cana-de-açúcar dos experimentos Mogi Mirim, Jaú e Santa Maria da Serra não corrigidos e corrigidos a acidez. Variável (1) Calagem Mogi Mirim δ15N (‰) com sem F cal Pr > F CV (%) 0-10 cm 4,6 A(1) 3,4 B 14,38 0,006 16,3 Ndfa (%) com sem F cal Pr > F CV (%) 45 A 30 B 12,91 0,008 25,1 10-20 cm 5,1 A 4,8 B 341,7 <0,001 1,5 51 A 48 B 30,9 0,0008 4,8 Jaú Abundância natural de 15N 40-60 cm 60-80 cm 6,4 B 6,5 A 7,5 A 6,3 B 48,6 1011,6 <0,001 <0,001 7,7 0,5 FBN 27 B 28 A 38 A 28 A 25,6 7,1 <0,0001 0,01 21,1 15,8 Santa Maria da Serra 40-60 cm 4,8 B 5,1 A 19,2* <0,001 11,8 67 A 67 A 0,9 0,3 26,3 60-80 cm 3,9 B 5,3 A 327,63 <0,001 4,9 63 A 67 A 3,0 0,09 28,6 Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra não diferem significativamente (Teste Tukey , P<0,1). 42 Figura 6 - Média de N acumulado e abundância de 15N em sorgo cultivado em casa-devegetação em duas diferentes profundidades (0-10 e 10-20 cm) em solos corrigidos e não corrigidos com calcário do município de Mogi-Mirim. Os valores de δ15N em cana-de-açúcar se referem à planta, não estão relacionados com a profundidade. Figura 7 - Média de N acumulado e abundância de 15N em sorgo cultivado em casa-devegetação em duas diferentes profundidades (40-60 cm e 60-80 cm) em solos corrigidos e não corrigidos do município de Jaú. Os valores de δ15N em cana-de-açúcar se referem à planta, não estão relacionados com a profundidade. 43 Figura 8 - Média de N acumulado e abundância de 15N em sorgo cultivado em casa-devegetação em duas diferentes profundidades (40-60 e 60-80 cm) em solos corrigidos e não corrigidos do município de Santa Maria da Serra. Os valores de δ15N em cana-de-açúcar se referem à planta, não estão relacionados com a profundidade. 4.2.4 Valores de δ15N em diferentes profundidades do solo De modo geral, as quantidades de N absorvido, uma estimativa do N disponível no solo, diminuiram com a profundidade após o cultivo com as plantas de referência, refletindo o decréscimo do estoque de N no solo em profundidade (Figura 9 a Figura 14). Os teores iniciais de matéria orgânica variaram em profundidade de 36 a 17 g dm-3 em Mogi-Mirim, 21 a 11 g dm-3 em Jaú, 13 a 8 g dm-3 em Santa Maria da Serra, 27 a 13 g dm-3 em Piracicaba e 32 a 19 g dm-3 em Sales Oliveira (Tabela 2). Os valores de δ15N aumentaram com a profundidade nos experimentos de Mogi-Mirim (Figura 9), Jaú (Figura 10), Piracicaba (Figura 12), e Sales Oliveira I (Figura 13) e II (Figura 14), atingindo o valor máximo em torno de 40-60 cm. A exceção foi o experimento de Santa Maria da Serra, em Neossolo quartzarênico, no qual o δ15N foi maior na camada de 0-10 cm (Figura 11), possivelmente pelo baixo teor de matéria orgânica (Tabela 2). Frações mais finas do solo (argila, óxidos, etc) são importantes para estabilizar a matéria orgânica. É provável que frações mais envelhecidas e antigas do estoque de matéria orgânica do solo estejam ligadas principalmente à fração argila. A matéria-orgânica mais antiga tem possibilidade de passar por mais reações que provocam o fracionamento do 15 N/14N, ocorrendo o enriquecimento. Assim, o aumento dos valores de δ15N no perfil do solo, 44 possivelmente seja porque a matéria orgância é mais velha em profundidade, e em solos mais arenosos, como no caso do experimento de Santa Maria da Serra por tratar-se de um Neossolo quartzarênico, a matéria orgânica não seja tão antiga. As diferenças de enriquecimento de 15 N em profundidade colocam um problema adicional para a técnica da determinação da FBN pelo método da abundância natural de 15N, pois as plantas indicadoras podem estar absorvendo N de diferentes profundidades e, portanto, em diferentes marcações (BODDEY et al., 2001). As plantas cultivadas no solo amostrado do experimento de Mogi-Mirim (Figura 9), em Nitossolo Vermelho Eutroférrico, apresentaram na camada de 0-10 cm de profundidade valores de δ15N de 4,56 a 7,58 ‰, enquanto na camada 60-80 cm esses variaram de 5,39 a 7,63‰. No experimento de Jaú (Figura 10), com Latossolo Vermelho textura média, na camada de 0-10 cm os valores de δ15N foram de 4,81‰ a 7,31‰, e na camada 60-80 cm estes valores foram de 6,53‰ a 8,5‰. No experimento de Piracicaba (Figura 12), com Argissolo Vermelho Amarelo textura argilosa, a camada de 0-10 cm de profundidade os valores de δ15N foram de 7,94‰ a 9,61‰ e na camada 60-80 cm estes valores foram de 6,89‰ a 9,2‰, respectivamente. No experimento de Sales Oliveira, com Latossolo Vermelho textura argilosa, na camada de 0-10 cm de profundidade os valores de δ15N foram em Sales I de 3,69‰ a 4,46‰ (Figura 13) e em Sales II de 3,33‰ a 5,27‰ (Figura 14), enquanto na camada 60-80 cm estes valores foram de 7,42‰ a 9,79‰ (Sales I) e de 6,41‰ a 9,41‰ (Sales II). Estes resultados concordam com os obtidos pelos autores LEDGARD et al. (1984), BAPTISTA et al. (2009) e URQUIAGA et al. (2011) que mostraram também menores valores nas camadas superficiais do solo. LEDGARD et al. (1984) sugere que esses menores valores nas camadas superficiais ocorrem devido a acumulação e transformação de N orgânico. Além disso, nas camadas superiores, há um aporte mais frequente de N de fertilizantes ou recém fixados por meios naturais, que trazem a marcação do N do ar. 45 Figura 9 - Média de abundância de 15N em cana-de-açúcar, N acumulado e abundância de 15N em plantas de referência azevém repolho e sorgo cultivado em casa-de-vegetação em solo de diferentes profundidades (0-80 cm) do município de Mogi-Mirim. Os valores de δ15N em cana-deaçúcar se referem à planta, não estão relacionados com a profundidade. Figura 10 - Média de abundância de 15N em cana-de-açúcar, N acumulado e abundância de 15N em plantas de referência azevém repolho e sorgo cultivado em casa-de-vegetação em solo de diferentes profundidades (0-80 cm) do município de Jaú. Os valores de δ15N em cana-de-açúcar se referem à planta, não estão relacionados com a profundidade. 46 Figura 11 - Média de abundância de 15N em cana-de-açúcar, N acumulado e abundância de 15N em plantas de referência azevém repolho e sorgo cultivado em casa-de-vegetação em solo de diferentes profundidades (0-80 cm) do município de Santa Maria da Serra. Os valores de δ15N em cana-de-açúcar se referem à planta, não estão relacionados com a profundidade. Figura 12 - Média de abundância de 15N em cana-de-açúcar, N acumulado e abundância de 15N em plantas de referência azevém repolho e sorgo cultivado em casa-de-vegetação em solo de diferentes profundidades (0-80 cm) do município de Piracicaba. Os valores de δ15N em cana-deaçúcar se referem à planta, não estão relacionados com a profundidade. 47 Figura 13 - Média de abundância de 15N em cana-de-açúcar, N acumulado e abundância de 15N em plantas de referência azevém repolho e sorgo cultivado em casa-de-vegetação em solo de diferentes profundidades (0-80 cm) do município de Sales Oliveira I. Os valores de δ15N em cana-deaçúcar se referem à planta, não estão relacionados com a profundidade. Figura 14 - Média de abundância de 15N em cana-de-açúcar, N acumulado e abundância de 15N em plantas de referência azevém repolho e sorgo cultivado em casa-de-vegetação em solo de diferentes profundidades (0-80 cm) do município de Sales Oliveira II. Os valores de δ15N em canade-açúcar se referem à planta, não estão relacionados com a profundidade. 48 4.3 Estimativa da contribuição da FBN em variedades de cana-de-açúcar com e sem inoculação por dois métodos As estimativas de FBN pelo método que utiliza plantas invasoras (Método 1) apresentaram valores menores do que o método que considera a distribuição da abundância natural de 15N disponível as plantas no perfil do solo (Método 2). No experimento de Mogi-Mirim, a estimativa da FBN pelo método1 foi até 12%, enquanto que pelo método 2 foi até 66% (Tabela 17). No experimento de Jaú, a estimativa da FBN pelo método1 foi até 4%, enquanto que pelo método 2 foi até 46% (Tabela 18). No experimento de Santa Maria da Serra, a estimativa da FBN pelo método1 foi até 59%, enquanto que pelo método 2 foi até 90% (Tabela 20). No experimento de Piracicaba, a estimativa da FBN pelo Método1 foi até 12%, enquanto que pelo Método 2 foi até 46% Resultados semelhantes de estimativa de FBN foram obtidos pelos dois procedimentos utilizados no método 2: i) ponderação do δ15N em relação ao N disponível no solo e ii) ponderação do δ15N de cada camada em relação a média da porcentagem de raiz de cana-deaçúcar nas diferentes camadas do perfil do solo (0-80 cm) segundo os trabalhos dos autores OTTO (2007), VASCONCELLOS et al. (2003) e VASCONCELLOS et al. (2007). No município de Mogi Mirim, a estimativa da FBN foi estatisticamente maior quando a variedade RB 72-454 no ciclo de cana-soca foi inoculada com bactérias diazotróficas endofíticas (Tabela 17), enquanto, que nos experimentos dos municípios de Santa Maria da Serra (Tabela 19) e Piracicaba (Tabela 20) na variedade SP 81-3250 no ciclo de cana-planta, a estimativa da FBN foi estatisticamente maior quando não inoculada com bactérias diazotróficas endofíticas A estimativa da FBN nos experimentos de Santa Maria da Serra (Tabela 19) e Piracicaba (Tabela 20) foi estatisticamente maior quando as variedades não foram inoculadas com bactérias diazotróficas endofíticas. E não houve efeito das variedades para estimativa média de FBN (Tabela 17 a Tabela 20). Nos experimentos avaliados no município de Sales Oliveira (Sales I e II), a abundância natural de 15N do N disponível do solo sugerida pela análise das folhas de canade-açúcar foi muito maior do que a obtida pelo método que utiliza como referência as plantas invasoras ou o método que utiliza as plantas cultivadas em vaso (Figura 13 e Figura 14), 49 conseqüentemente as variedades avaliadas neste local (Tabela 1) não apresentaram FBN. Não está clara a razão para as diferentes marcações isotópicas do N absorvido pela cana e pelas plantas de referência. Esses dados sugerem que as plantas de cana nos ensaios de Sales Oliveira estão absorvendo N de diferentes frações do N do solo. 50 Tabela 17- Estimativa da proporção de N da parte aérea derivado da FBN (%Ndfa) de variedades de cana-de-açúcar com e sem inoculação de bactérias diazotróficas endofíticas no município de Mogi-Mirim estimado pela técnica da abundância natural de 15N de amostras de folhas de cana-de-açúcar. Estimativa realizada por dois métodos: 1) utilizando a média de três plantas invasoras e 2) considerando a abundância natural de 15 N em cada camada de solo cultivado em vasos. No método 2, as estimativas foram por dois procedimentos: i) ponderação do δ15N em relação ao N disponível no solo e ii) ponderação do δ15N de cada camada em relação a porcentagem de raiz de cana-de-açúcar nas diferentes camadas do perfil do solo (0-80 cm) segundo os autores OTTO (2007), VASCONCELLOS et al. (2003) e VASCONCELLOS et al. (2007). Inoculação Variedade sem com RB 72454 RB 72454 F inoculação CV(%) (1) - Invasoras 9 b(1) 12 a 0,8* 41,1 FBN em cana-de-açúcar: Ponderação por % de raiz Ponderação por δ15N e N acumulado Azevém Repolho Sorgo Média Azevém Repolho Sorgo Média Ndfa (%) 62 b 57 b 60 b 63 b 56 b 59 b 66 a 61 a 63 a 66 a 60 a 63 a 9,9* 2,6 - 3,2 2,8 2,6 - 3,3 2,9 Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra não diferem significativamente (Teste Tukey , P<0,1); - dados não obtidos. 51 Tabela 18 - Estimativa da proporção de N da parte aérea derivado da FBN (%Ndfa) de variedades de cana-de-açúcar com e sem inoculação de bactérias diazotróficas endofíticas no município de Jaú estimado pela técnica da abundância natural de 15N de amostras de folhas de cana-deaçúcar. Estimativa realizada por dois métodos: 1) utilizando a média de três plantas invasoras e 2) considerando a abundância natural de 15N em cada camada de solo cultivado em vasos. No método 2, as estimativas foram por dois procedimentos: i) ponderação do δ15N em relação ao N disponível no solo e ii) ponderação do δ15N de cada camada em relação a porcentagem de raiz de cana-de-açúcar nas diferentes camadas do perfil do solo (0-80 cm) segundo os autores OTTO (2007), VASCONCELLOS et al. (2003) e VASCONCELLOS et al. (2007). FBN em cana-de-açúcar: Inoculação Variedade Invasoras Ponderação por % de raiz Ponderação por δ15N e N acumulado Azevém Repolho Sorgo Média Azevém Repolho Sorgo Média Ndfa (%) sem IAC 5000 (1) 3 a(4) 38 a 45 a 24 a 36 a 39 a 45 a 26 a 37 a com IAC 5000 4a 39 a 46 a 26 a 37 a 41 a 46 a 27 a 38 a sem RB 5536 1a 38 a 44 a 24 a 35 a 39 a 44 a 25 a 36 a com RB 5536 2a 36 a 42 a 21 a 33 a 37 a 42 a 23 a 34 a sem SP 81-3250 1a 37 a 44 a 23 a 35 a 39 a 44 a 25 a 36 a com SP 81-3250 1a 36 a 43 a 21 a 33 a 37 a 42 a 23 a 34 a média sem inoculação (2) 3A 38 A 44 A 24 A 35 A 39 A 44 A 25 A 36 A média com inoculação 4A 37 A 44 A 23 A 34 A 38 A 43 A 24 A 35 A média IAC 5000 (3) 4A 39 A 45 A 25 A 36 A 40 A 45 A 27 A 37 A média RB 5536 3A 37 A 43 A 23 A 34 A 38 A 43 A 24 A 35 A média SP81-3250 3A 37 A 43 A 22 A 34 A 38 A 43 A 24 A 35 A F variedade F inoculação F var*inoc CV(%) (1) - 2,0 1,2 0,9 39 0,5 0,2 0,3 13 10 25 14 12 10 23 14 Média da variedade com e sem inoculação; (2) Média das variedades com e sem inoculação; (3) Média das variedades; e (4) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra não diferem significativamente (Teste Tukey , P<0,1). 52 Tabela 19 - Estimativa da proporção de N da parte aérea derivado da FBN (%Ndfa) de variedades de cana-de-açúcar com e sem inoculação de bactérias diazotróficas endofíticas no município de Santa Maria da Serra estimado pela técnica da abundância natural de 15N de amostras de folhas de cana-de-açúcar. Estimativa realizada por dois métodos: 1) utilizando a média de três plantas invasoras e 2) considerando a abundância natural de 15N em cada camada de solo cultivado em vasos. No método 2, as estimativas foram por dois procedimentos: i) ponderação do δ15N em relação ao N disponível no solo e ii) ponderação do δ15N de cada camada em relação a porcentagem de raiz de cana-de-açúcar nas diferentes camadas do perfil do solo (0-80 cm) segundo os autores OTTO (2007), VASCONCELLOS et al. (2003) e VASCONCELLOS et al. (2007). FBN em cana-de-açúcar: Inoculação Variedade Invasoras Ponderação por % de raiz Ponderação por δ15N e N acumulado Azevém Repolho Sorgo Média Azevém Repolho Sorgo Média Ndfa (%) sem RB 93579 (1) 13 a(4) 76 a 78 a 69 a 75 a 76 a 78 a 68 a 74 a com RB 93579 15 a 68 a 71 a 59 a 66 a 84 a 85 a 79 a 83 a sem RB 86-7515 24 a 84 a 86 a 79 a 83 a 88 a 89 a 85 a 87 a com RB 86-7515 37 a 78 a 80 a 72 a 77 a 68 a 71 a 58 a 66 a sem SP 81-3250 59 a 88 a 90 a 85 a 88 a 78 a 80 a 71 a 76 a com SP 81-3250 1b 64 b 67 b 53 b 61 b 64 b 66 b 52 b 61 b média sem inoculação (2) 41 A 83 A 85 A 78 A 82 A 83 A 85 A 78 A 82 A média com inoculação 10 B 70 B 73 B 62 B 68 B 70 B 72 B 60 B 68 B média RB 93579 (3) 22 A 72 A 75 A 64 A 70 A 80 A 82 A 74 A 78 A média 86-7515 28 A 81 A 83 A 76 A 80 A 78 A 80 A 71 A 77 A média SP81-3250 27 A 76 A 78 A 69 A 75 A 71 A 73 A 61 A 69 A F variedade 0,9 1,9 F inoculação 4,1* 11,5* F var*inoc 3,9* 2,5* CV(%) 34,3 12,1 10,6 17,0 13,1 12,0 10,9 17,9 13,4 (1) Média da variedade com e sem inoculação; (2) Média das variedades com e sem inoculação; (3) Média das variedades; e (4) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra não diferem significativamente (Teste Tukey , P<0,1). 53 Tabela 20 - Estimativa da proporção de N da parte aérea derivado da FBN (%Ndfa) de variedades de cana-de-açúcar com e sem inoculação de bactérias diazotróficas endofíticas no município de Piracicaba estimado pela técnica da abundância natural de 15N de amostras de folhas de canade-açúcar. Estimativa realizada por dois métodos: 1) utilizando a média de três plantas invasoras e 2) considerando a abundância natural de 15N em cada camada de solo cultivado em vasos. No método 2, as estimativas foram por dois procedimentos: i) ponderação do δ15N em relação ao N disponível no solo e ii) ponderação do δ15N de cada camada em relação a porcentagem de raiz de cana-de-açúcar nas diferentes camadas do perfil do solo (0-80 cm) segundo os autores OTTO (2007), VASCONCELLOS et al. (2003) e VASCONCELLOS et al. (2007). FBN em cana-de-açúcar: Inoculação Variedade Invasoras Ponderação por % de raiz Ponderação por δ15N e N acumulado Azevém Repolho Sorgo Média Azevém Repolho Sorgo Média Ndfa (%) sem CTC 14 (1) 4 a (4) 30 a 36 a 33 a 30 a 36 a 33 a com CTC 14 8a 33 a 39 a 36 a 32 a 39 a 35 a sem IAC 87-3396 12 a 41 a 46 a 43 a 40 a 46 a 43 a com IAC 87-3396 4b 34 a 39 a 37 a 33 a 39 a 36 a sem SP81-3250 4a 32 a 37 a 35 a 31 a 37 a 34 a com SP81-3250 0b 25 a 31 a 28 a 24 a 31 a 27 a média sem inoculação (2) 3A 34 A 40 A 37 A 34 A 40 A 37 A média com inoculação 2B 31 B 36 B 33 B 30 B 36 B 33 B média CTC 14 (3) 2A 32 A 37 A 35 A 31 A 37 A 34 A média CTC 87-3396 5A 37 A 42 A 40 A 37 A 42 A 40 A média SP81-3250 1A 28 A 34 A 31 A 28 A 34 A 31 A F variedade F inoculação F var*inoc CV(%) (1) - 1,3 4,1* 3,0 * 41 (2) 7,9 3,9* 3,1 14 11 - Média da variedade com e sem inoculação; Média das variedades com e sem inoculação; não diferem significativamente (Teste Tukey , P<0,1). - dados não obtidos. (3) 13 Média das variedades; e 15 (4) 11 - 13 Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra 54 O primeiro estudo a estimar a contribuição da FBN pelo método da abundância natural de 15 N através da amostragem de folhas de cana-de-açúcar e plantas invasoras foi realizado por YONEYAMA et al. (1997) em diferentes plantações no Brasil, Filipinas e Japão. Nesse estudo as estimativas de FBN foram em média de 30%. No estudo de URQUIAGA et al, (1992) a estimativa da FBN foi até 60% pelo método de diluição isotópica de 15N em dez variedades de cana-de-açúcar. Em outro estudo, utilizando plantas invasoras e o método da 15 abundância natural de N (BODDEY et al., 2001) em um levantamento realizado nas principais áreas produtoras do Brasil, as estimativas de FBN variaram de 25% a 60% em 9 de 11 locais amostrados. URQUIAGA et al. (2011) avaliaram variedades de cana-de-açúcar no ciclo de 2000-2004 através da técnica de abundância natural de 15 N por dois métodos. No método que utiliza plantas invasoras, as estimativas da FBN nas variedades comerciais variaram de 23% a 44%, enquanto que pelo método que considera a distribuição da abundância natural de 15 N disponível as plantas no perfil do solo, as estimativas da FBN variaram de 29% a 68%. A técnica de abundância natural de 15N também foi utilizada em trabalhos com capimelefante para a estimativa da FBN. MORAIS et al. (2009) verificaram que a estimativa da FBN nas variedades de capim-elefante variou de 21 a 52% em cinco genótipos de capimelefante durante três cortes crescendo em dois tipos de solo de baixa fertilidade (ARGISSOLO e PLANOSSOLO). Em outro estudo, MORAIS et al. (2011) instalaram três experimentos em campo (dois no estado do RJ e um no ES) avaliando cinco diferentes genótipos de capim-elefante em solos de baixa fertilidade. No primeiro experimento os autores utilizaram o método que usa plantas invasoras como referência apenas nas duas últimas das seis colheitas realizadas e a estimativa da FBN variou de 47% a 70%. No segundo e terceiro experimentos, os autores utilizaram o método que usa plantas invasoras como referências e o método que considera a distribuição da abundância natural de 15N disponível as plantas no perfil do solo. Utilizando as plantas invasoras como referência, as estimativas de FBN no segundo experimento foram entre 21% e 44% e no terceiro experimento de 32% a 55%, enquanto que pelo método que considera a distribuição da abundância natural de 15N disponível às plantas no perfil do solo, as estimativas da FBN no segundo experimento foram de 18% a 50% e no terceiro experimento de 52% a 68%. No presente estudo, que inclui seis experimentos em campo no Estado de São Paulo, nos municípios de Mogi-Mirim (Tabela 17), Jaú (Tabela 18), Santa Maria da Serra (Tabela 55 19) e Piracicaba (Tabela 20) a estimativa da FBN pelo método que utiliza as plantas invasoras como referência variou de 0% a 59%, e pelo método que considera a distribuição da abundância natural de 15 N disponível as plantas no perfil do solo variou de 21% a 90%, dependendo do local e da variedade. Contudo, nos experimentos em Sales Oliveira não houve contribuição da FBN pelos dois métodos. A resposta à adubação nitrogenada da cana-de-açúcar nos vários locais ajudou em parte explicar a FBN (Tabela 22 e Tabela 23). Em locais que não houve resposta a N (Tabela 26) tais como Jaú e Piracicaba, a estimativa da FBN utilizando o método que considera a distribuição da abundância natural de 15N disponível as plantas no perfil do solo foi em média 36% em Jaú (Tabela 18), e 35% em Piracicaba (Tabela 20). Entretanto, nos Experimentos I e II instalados no município de Sales Oliveira, apesar desses apresentarem resposta a N, não houve contribuição significativa do N proveniente do ar atmosférico. Autores como BIGGS et al. (2002) e HOEFSLOOT et al. (2005) em estudos conduzidos na Austrália e África do Sul, indicaram que a FBN não foi uma fonte significativa de N para a cultura, assim como nos experimentos no município de Sales Oliveira. Sabe-se que existem alguns fatores que influenciam a ocorrência da FBN em cana-de-açúcar: variedade de cana-de-açúcar, interação microrganismo-planta e condições edafoclimáticas. Talvez um destes fatores esteja influenciando negativamente o processo da FBN nos experimentos de Sales Oliveira. Não houve diferença significativa entre as variedades avaliadas nos municípios de Jaú, Santa Maria da Serra e Piracicaba (Tabela 18 a Tabela 20) pelo método que considera a distribuição da abundância natural de 15N disponível as plantas no perfil do solo. Não houve consistência entre os valores estimados de FBN pelos diferentes métodos. Nos experimentos de Mogi-Mirim (Tabela 17), Jaú (Tabela 18), Santa Maria da Serra (Tabela 19) e Piracicaba (Tabela 20) os resultados estimados de FBN pelo método que utiliza plantas invasoras como referências foram inferiores em relação ao método que considera a distribuição da abundância natural de 15 N disponível às plantas no perfil do solo, possivelmente porque as plantas invasoras não conseguiram explorar o mesmo volume de solo apresentando marcações isotópicas menores do N absorvido do que as plantas cultivadas em vaso e do que a cana-de-açúcar (Tabela 17 a Tabela 20). Segundo BODDEY et al. (2001) plantas que exploram diferentes volumes de solo podem absorver N em proporções diferentemente da cana-de-açúcar. Diferenças semelhantes entre os métodos foram encontrados por BAPTISTA et al. (2009) que apresentaram estimativas de FBN de 3% pelo 56 método que utiliza as invasoras como referência e de 31% pelo método que utiliza o cultivo em vaso. Esses autores mencionaram que o uso de plantas invasoras como referência pode subestimar significativamente a FBN. URQUIAGA et al. (2011) observaram que as raízes das plantas invasoras não excederam 20 cm, enquanto que as de cana-de-açúcar excederam 50 cm de profundidade. Possivelmente extraíram mais N em profundidade do que as plantas invasoras, assim o uso da média ponderada da abundância natural de 15N no perfil do solo obtida por meio das plantas indicadoras cultivadas em vasos pode ser mais adequado para estimar a marcação isotópica do N absorvido pela cana-de-açúcar, uma vez que a marcação de 15N aumentou em profundidade. Além disso, URQUIAGA et al. (2011) observaram que no ciclo de cana-planta, utilizando plantas invasoras como referência, os valores de δ15N da cana-de-açúcar (6,4 deltas) foram maiores do que os valores das plantas invasoras (5,7 deltas) indicando que não houve contribuição significativa ao processo de FBN; porém, a partir das colheitas seguintes, os valores de δ15N da cana-de-açúcar diminuíram enquanto os valores de δ15N das plantas invasoras permaneceram praticamente constantes. No sistema produtivo de cana-de-açúcar, a taxa de crescimento destas plantas é muito maior do que o das plantas invasoras, havendo rapidamente o sombreamento das entrelinhas de plantio, inibindo com isso o crescimento das invasoras, além do controle químico das plantas invasoras com o uso de herbicida. Com isso, as plantas invasoras crescem pouco e, portanto, provavelmente exploram um volume pequeno do solo, concentrando o sistema radicular nas camadas superficiais do solo. Em relação ao método que verifica a distribuição da abundância de 15 N no perfil do solo, o cultivo em vaso com plantas de referência que consigam extrair o N disponível no solo possivelmente dão uma melhor idéia da distribuição da abundância natural de 15 N do N disponível a planta em cada camada do solo, entretanto exige maior tempo para condução do experimento e a obtenção dos dados está relacionada a condições edafoclimáticas diferentes do ambiente produtivo da cana-de-açúcar. Algumas estimativas de FBN neste estudo, como no caso de Santa Maria da Serra (Tabela 19), que chegaram a 90% de contribuição do N atmosférico, talvez estejam superestimadas. Para condução do experimento em casa-de-vegetação, a amostra de solo de cada localidade foi seca e peneirada, e este processo possivelmente proporcionou a mineralização da matéria orgânica não-lábil aumentando a disponibilidade de N (Tabela 21), 57 que foi praticamente exaurido do solo pelas plantas de referência. Além disso, não houve nenhum impedimento radicular o que não ocorre em campo com a cana-de-açúcar. Não houve diferença significativa em relação à estimativa da FBN analisando os dois procedimentos proposto no método 2: i) ponderação do δ15N em relação ao N disponível no solo nas diferentes camadas do perfil do dolo (0-80 cm) e ii) o que pondera o valor de δ15N de cada camada em relação a porcentagem de raiz de cana-de-açúcar nas diferentes camadas do perfil do solo (0-80 cm) (Tabela 17 a Tabela 20). A inoculação com a mistura de cinco espécies de bactérias diazotróficas endofíticas aparentemente não causou aumento significativo da estimativa da contribuição da FBN pelo método da abundância natural de 15N nos experimentos deste estudo em variedades de canade-açúcar rústicas, estáveis em diferentes ambientes de produção e responsiva ao N. A exceção foi o experimento em Mogi-Mirim (Tabela 17) conduzido com a variedade RB 72454 inoculada, no qual a estimativa da FBN pelo método que usa plantas invasoras como referência foi 12% para inoculada e de 9% para a não inoculada, e pelo método considera a distribuição da abundância natural de 15N disponível as plantas no perfil do solo foi em média 63% para a inoculada e 60% para a não inoculada. A variedade RB 72454 é uma variedade rústica e estável em diferentes ambientes. O canavial de Mogi-Mirim, em Nitossolo Vermelho Eutroférrico, estava no 13º ano (ciclo cana-soca queimada) e não vinha sendo adubado por três anos consecutivos. Entretanto, não se observou diferença entre a produtividade de colmos em função da inoculação de bactéria (Tabela 22). . 58 Tabela 21 - Abundância natural de 15N (δ15N) em plantas invasoras e em plantas cultivadas em vaso na camada (0-10 cm) do solo (Continuação). Média Desvio Padrão Erro Padrão Média Desvio Padrão Erro Padrão Média Desvio Padrão Erro Padrão Média Desvio Padrão Erro Padrão Média Desvio Padrão Erro Padrão Abundância Natural de 15N Plantas Invasoras δ15N (‰) Mogi-Mirim Cyperus esculentus Digitaria sanguinalis Euphorbia heterophylla 3,16 2,74 2,58 0,78 0,63 0,25 0,39 0,31 0,13 Jaú Digitaria sanguinalis Eleusine indica Commelina benghalensis 5,09 4,84 3,74 0,42 1,05 0,56 0,21 0,52 0,28 Santa Maria da Serra Digitaria sanguinalis Chamaesyce hyssopifolia Cyperus esculentus 1,96 1,21 2,07 0,30 0,07 1,02 0,15 0,04 0,51 Piracicaba Digitaria sanguinalis Ipomoea triloba Chamaesyce hyssopifolia 6,35 7,24 5,81 0,59 0,52 0,56 0,29 0,26 0,28 Sales I Chamaesyce hyssopifolia Digitaria sanguinalis Conyza spp 0,94 1,79 1,28 0,16 0,46 0,23 0,08 0,23 0,12 Plantas cultivadas em vaso Média 2,83 0,47 0,23 Sorgo Repolho Azevém Média 4,90 5,86 5,38 0,88 1,05 0,15 0,44 0,52 0,08 Média 4,56 0,67 0,34 Sorgo Repolho Azevém Média 4,81 7,31 6,11 5,46 0,21 0,33 0,85 0,37 0,10 0,16 0,43 0,18 Média 1,74 0,40 0,20 Sorgo Repolho Azevém Média 4,60 6,89 6,02 5,31 0,77 0,69 0,80 0,56 0,38 0,34 0,40 0,28 Média 6,47 0,45 0,22 Sorgo Repolho Azevém Média 9,61 7,94 8,77 1,41 1,47 1,37 0,70 0,73 0,69 Média 1,34 0,22 0,11 Sorgo Repolho Azevém Média 4,46 3,91 3,69 4,08 0,28 0,17 0,23 0,23 0,14 0,08 0,11 0,12 59 Tabela 21- ......Continuação. Média Desvio Padrão Erro Padrão Abundância Natural de 15N Plantas Invasoras δ15N (‰) Sales II Chamaesyce hyssopifolia Digitaria sanguinalis Conyza spp Média 0,94 1,95 1,85 1,58 0,16 1,09 0,38 0,48 0,08 0,55 0,19 0,24 Plantas cultivadas em vaso Sorgo Repolho Azevém Média 3,33 5,27 4,43 3,88 0,23 0,39 0,82 0,50 0,11 0,19 0,41 0,25 Tabela 22 - Resposta a N para produtividade de colmos em cana-de-açúcar em ciclo de cana-soca na dose N0 (0 kg ha-1 de N) com e sem inoculação (inoc.) e na dose máxima N150 (kg ha-1 de N) no município de Mogi-Mirim. Produção de colmos Local Variedade N0 sem inoc. com inoc. N 150 CV (%) 84,4 7,4 Resposta à adubação mineral F Pr<F Produção f (N) R² t ha-1 Mogi-Mirim RB 72454 70,4 68,9 8,5 0,0016 TCH=66,1+0,09N 0,60 Coeficiente de variação (CV), Teste F, Pr>F, Equação de resposta a N e R² estimados para o efeito das doses de N (0, 50, 100 e 150 kg ha-1) no ciclo de cana-soca 60 Tabela 23 - Resposta a N para produtividade de colmos em cana-de-açúcar em ciclo de cana-planta na dose N0 (0 kg ha-1 de N) com e sem inoculação (inoc.) e dose máxima N90 ( 90kg ha-1 de N) no município de Jaú, Santa Maria da Serra, Piracicaba, Sales Oliveira ( I e II). Produção de colmos Local Variedades N0 sem inoc. com inoc. N 90 CV (%) F Resposta à adubação mineral Pr<F Produção f (N) R² 133,7 120,4 134,4 t ha-1 141,0 121,1 121,1 136,8 120,2 137,9 5,6 9,4 10,2 0,6 0,6 0,8 0,6480 0,6333 0,5008 - Santa Maria da Serra RB 86-7515 RB 93579 SP 81-3250 61,4 65,8 46,4 61,7 66,1 46,4 87,2 98,1 74,2 7,0 9,4 10,4 39,5 23,3 22,3 <0,0001 <0,0001 <0,0001 TCH=92,8+1,28N-0,010N² TCH=96,7+1,09N-0,006N² TCH=70,0+1,24N-0,009N² Piracicaba CTC 14 IACSP 87-3396 SP 81-3250 118,7 107,5 100,5 115,3 115,3 100,8 117,0 103,9 115,0 12,6 7,5 8,5 0,2 1,4 1,9 0,8908 0,2852 0,1732 - Sales I IACSP 95-5000 RB 85-5536 SP 81-3250 110,4 100,5 100,9 114,8 98,7 98,1 140,9 116,0 115,1 6,2 7,1 9,2 14,9 6,1 4,0 <0,0001 0,0061 0,0278 TCH=113,0+0,32N TCH=100,0+0,18N TCH=101,2+0,45N-0,003N² 0,96 0,99 0,98 Sales II IACSP 93-3046 RB 86-7515 SP 81-3250 94,2 108,3 92,0 90,2 98,3 87,3 112,4 102,5 99,2 9,4 12,5 7,8 5,2 0,5 2,6 0,0119 0,6715 0,0874 TCH=96,5+0,20N TCH=92,8+0,21N-0,002N² 0,89 Jaú IACSP 95-5000 RB 85-5536 SP 81-3250 Coeficiente de variação (CV), Teste F, Pr>F, Equação de resposta a N e R² estimados para o efeito das doses de N (0, 30, 60 e 90 kg ha-1) no ciclo de cana-planta. 0,99 0,95 0,99 0,66 61 Em estudos com trigo, SALA et al. (2007) avaliaram em condições de campo, o efeito e a viabilidade econômica da inoculação de bactérias diazotróficas endofíticas (IAC-AT-8, Azospirillum brasilense; IAC-HT-11, Achromobacter insolitus; IAC-HT-12, Zoogloea ramigera), em dois genótipos de trigo (ITD-19 e IAC-370), sob diferentes doses de nitrogênio (0, 60 e 120 kg ha-1) em duas localidades. Essas autoras verificaram que a inoculação promoveu maior produção de matéria seca e acúmulo de N e aumentou a produtividade de grãos, principalmente na presença de adubo nitrogenado, sendo que o maior aumento na produtividade de grãos foi obtido nas plantas do genótipo IAC-370, com o emprego do isolado IAC-HT-12 na ausência de N, superando em 45% o tratamento testemunha. Entretanto, SALA et al. (2007) observaram que no genótipo ITD-19, sem adição de N, as plantas que não receberam inóculo apresentaram maior produção de matéria seca da parte aérea e acúmulo de N do que os tratamentos inoculados, demonstrando influência negativa da inoculação. DIDONET et al. (2000) verificaram que a ausência de adubação nitrogenada junto a inoculação em trigo pode causar decréscimo na matéria seca da parte aérea em comparação com a testemunha, possivelmente pelo aumento do sistema radicular em relação a parte aérea. FREITAS (2011), avaliando 162 isolados de bactérias diazotróficas endofíticas presente em colmo e raiz de quatro variedades de cana-de-açúcar, verificou que 94 apresentaram produção de substâncias indólicas. Além disso, as bactérias são extremamente dependentes das fontes de carbono disponibilizadas pelas plantas e a ausência de N pode representar um alto custo da associação para planta. O que poderia explicar o fato de que no município de Mogi-Mirim mesmo ocorrendo um aumento significativo da FBN pela inoculação em cana-de-açúcar (Tabela 17), o teor de N na folha +1 foi igual à cana-de-açúcar não inoculada (Tabela 24), e a produtividade de colmos foi semelhantemente à da cana-deaçúcar não inoculada (Tabela 22). Nos outros experimentos, o teor de N na folha +1 da canade-açúcar inoculada foram iguais ou ligeiramente maiores do que as não inoculadas (Tabela 25) Em estudo com cana-de-açúcar, OLIVEIRA et al. (2006) avaliaram o efeito da inoculação de misturas bacterianas em material micropropagado das variedades SP 70-1143 e SP 81-3250 pela técnica de abundância natural de 15N em diferentes tipos de solo. Os autores verificaram que a FBN contribuiu com até 38% do nitrogênio, contudo houve casos em que a FBN foi muito menor ou nula em função da inoculação de misturas bacterianas, do tipo de solo e da adubação. Os autores observaram que as variedades no ciclo de cana-planta 62 conduzida em Latossolo não mostraram efeito significativo da inoculação com as misturas bacterianas e a adubação nitrogenada, e no ciclo de cana-soca as variedades conduzidas em ARGISSOLO e LATOSSOLO também não houve efeito significativo da inoculação com as misturas bacterianas e a adubação nitrogenada. GOVINDARAJAN et al. (2006) observaram também um aumento da matéria seca em duas variedades de cana-de-açúcar associados à inoculação de estirpes de bactérias diazotróficas endofíticas. Mas, esses autores demonstraram que a inoculação de uma mistura de bactérias diazotróficas pode resultar num efeito negativo no crescimento das plantas por causa da competição entre os microrganismos pela fonte de carbono da planta. Os motivos para essas variações referentes à inoculação não foram ainda totalmente esclarecidas, entretanto, sugere-se que a interação com os microrganismos nativos do solo, genótipo da planta e condições edafoclimáticas estão relacionados. Nas parcelas dos tratamentos avaliados neste estudo (N0 e N0+I), apesar do nitrogênio ser um dos nutrientes absorvidos em maior quantidade pela cana-de-açúcar, não houve aplicação de N fertilizante, as quantidade de N acumulado foram apresentados na Tabela 26. Trabalhos sobre a eficiência de uso de N fertilizantes em cana-de-açúcar mencionam que esta seja da ordem de 40% (TRIVELIN et al., 1995), 13% a 22% (GAVA et al., 2003) e que cerca de 70% do N absorvido pela cana-de-açúcar venha do solo, FBN e deposição com a água da chuva (CANTARELLA et al., 2007). Nos dois experimentos em que a FBN foi alta (Mogi-Mirim e Santa Maria da Serra) as condições de suprimento de N pelo solo eram baixas: em Mogi-Mirim a área não era adubada há três anos; em Santa Maria da Serra o solo arenoso tinha baixo estoque de matéria orgânica (Tabela 2). Assim, é possível dizer que, nesses casos, a contribuição da FBN possa ter sido importante. 63 Tabela 24 – Teor de N na folha +1 de cana-de-açúcar em ciclo de cana-soca em função das doses N0 (0 kg ha-1 de N) com e sem inoculação (inoc.) e dose máxima N150 (150kg ha-1 de N) no município de Mogi-Mirim. Local Teor médio de N na folha +1 N0 N 150 sem inoc. Mogi-Mirim (1) 14,8 Resposta a adubação mineral CV (%) F com inoc. g kg-1 14,8 16,0 4,4 * inoc. = inoculação; *significativo a 10% de probabilidade; Coeficiente de variação (CV), Teste F estimados para o efeito das doses de N (0, 50, 100 e 150 kg ha-1) no ciclo de cana-soca Tabela 25 – Teor de N na folha +1 de cana-de-açúcar em ciclo de cana-planta (média das três variedades) em função das doses N0 (0 kg ha-1 de N) com e sem inoculação (inoc.) e dose máxima N90 (90 kg ha-1 de N) no município de Jaú, Santa Maria da Serra, Piracicaba e Sales Oliveira (I e II), média das três variedades. Local Teor médio de N na folha +1 N0 N 90 Resposta a adubação mineral CV (%) F sem inoc.(1) com inoc. Jaú 18,9 g kg-1 19,5 Santa Maria da Serra 15,4 15,5 17,1 6,7 * Piracicaba 18,7 19,3 19,6 11 ns Sales I 13,8 13,8 14,8 9,1 * Sales II 14,7 15,2 15,3 7,4 ns (1) 19,0 7,3 ns inoc. = inoculação; *significativo a 10% de probabilidade; Coeficiente de variação (CV) e Teste F estimados para o efeito das doses de N (0, 30, 60 e 90 kg ha-1) no ciclo de cana-planta. 64 Tabela 26 - N acumulado em cana-de-açúcar (kg ha-1) na dose N0 (0 kg ha-1 de N) com e sem inoculação (inoc.) e dose máxima (Nmáx.). No ciclo de cana-planta a dose máxima foi 90 kg ha-1 de N no município de Jaú, Santa Maria da Serra, Piracicaba, Sales Oliveira ( I e II). No ciclo de cana-soca a dose máxima foi 150 kg ha-1 de N no município de Mogi-Mirim. Local N0 colmo ponteiro folhas secas MSPA N acumulado N0+inoc. colmo ponteiro folhas secas MSPA Nmáx. colmo Ponteiro folhas secas MSPA kg ha-1 Mogi-Mirim Jaú Santa Maria da Serra Piracicaba Sales I Sales II 23,7 90,0 19,2 74,3 62,6 75,5 25,3 32,4 17,3 41,8 18,4 22,2 14,6 27,3 12,3 12,0 11,0 13,3 63,6 149,7 48,9 128,2 92,0 111,1 12,1 105,2 18,6 83,6 66,9 64,9 26,2 43,3 16,6 46,3 19,7 19,1 12,7 28,5 13,9 11,1 11,8 11,4 51,0 177,0 49,1 141,1 98,4 95,4 29,0 91,0 34,2 85,7 99,0 82,2 36,8 32,2 17,4 42,9 29,1 24,2 22,9 25,8 15,0 13,4 17,5 14,5 88,7 149,0 66,6 142,0 145,6 120,9 65 4.4 Considerações Finais O método que utiliza os valores de δ15N das plantas invasoras como referência para estimativa da FBN tem a vantagem de usar plantas que estão localizadas no mesmo ambiente produtivo da cana-de-açúcar; contudo a baixa marcação de 15N dessas plantas provavelmente reflete a exploração da camada mais superficial do solo, ao passo que a cana-de-açúcar pode explorar (e absorver N) de camadas mais profundas. Em relação ao método que verifica a distribuição da abundância de 15 N no perfil do solo, o cultivo em vaso com plantas de referência que consigam extrair o N disponível no solo possivelmente dão uma melhor idéia da distribuição da abundância natural de 15 N do N disponível a planta em cada camada do solo, entretanto exige maior tempo para condução do experimento e a obtenção dos dados está relacionada a condições ambientais diferentes do ambiente produtivo da cana-de-açúcar. Assim, ambos os métodos possuem algumas limitações. 5 CONCLUSÃO • As estimativas de FBN por meio da técnica de abundância natural de 15 N variaram consideravelmente quando avaliadas pelo método que utiliza plantas invasoras como referência em comparação com o método que considera a distribuição da abundância natural do 15N no perfil do solo; • O Método que leva em consideração a distribuição da abundância natural do 15 N no perfil do solo possivelmente fornece uma melhor estimativa da FBN, variando de 21% a 90% de Ndfa. 66 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, G.A.C.; MARINHO, M.L. Adubação na região Norte-Nordeste. In: ORLANDO FILHO, J. (Coord.). Nutrição e adubação da cana-de-açúcar no Brasil. Piracicaba: Instituto do Açúcar e do Álcool, 1983. P.267-286. AMBROSANO, E. A.; TRIVELIN, P. C. O.; CANTARELLA, H.; ROSSETTO, R.; MURAOKA, T.; BENDASSOLLI, J. A. AMBROSANO, G. M. B.;; TAMISO, L. G.; VIEIRA, F. C.; PRADA NETO, I. Nitrogen-15 labeling of Crotalária juncea Green manure. 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alta controle N0+I controle + inoculação N30 dose baixa N60 N60+I N90 dose média dose média + inoculação dose alta 31 25 19 var.B var.A var.C N6 0 N6 0 18 N0 N0 17 N9 0 N6 0 N0 +I 2 sulcos N6 0 +I 14 5 N6 0 10 N3 0 15 4 N0 9 N6 0 3 7 sulcos N9 0 8 2 N0 +I N6 0 +I N3 0 1,5 m BLOCO II 6 11 N9 0 16 N6 0 +I 12 13 var.C 7 1 var.B var.A N3 0 N0 +I N6 0 +I canal BLOCO I carreador 75 7.2 Anexo II Croqui do 2º Experimento na Fazenda Nova Aliança em Sales Oliveira, SP 72 66 60 N6 0 +I N0 +I N6 0 +I 71 N9 0 70 N6 0 69 N3 0 68 N0 65 N6 0 64 N0 59 N3 0 58 Parcela: N6 0 63 N3 0 62 N9 0 5 sulcos 57 N0 56 10 m N9 0 67 61 55 var.B var.A var.C N0 +I N6 0 +I N0 +I 54 N0 +I 53 N3 0 52 N9 0 51 48 BLOCO IV 1,5 m 42 7,5 m N0 +I N6 0 +I 47 N3 0 46 N0 41 Variedade N0 N9 0 45 N9 0 Carreador 50 N6 0 44 N6 0 39 var.A N3 0 38 49 43 37 var.A var.C var.B 36 30 BLOCO III 24 RB 86-7515 N9 0 35 N6 0 34 N0 N6 0 29 N9 0 28 N0 33 23 N3 0 22 N0 27 32 N3 0 21 N9 0 26 20 N6 0 +I N0 +I N0 +I controle + inoculação N30 dose baixa N60 dose média var.C dose média + inoculação N90 dose alta N0 controle N0+I controle + inoculação N30 dose baixa N60 dose média N60+I IACSP 93-3046 N3 0 var.B N6 0 Descrisão controle N0+I N60+I N6 0 N6 0 +I N6 0 +I N0 +I Tratamento N0 SP 81-3250 N0 Código 40 dose média + inoculação N90 dose alta N0 controle N0+I controle + inoculação N30 dose baixa N60 dose média N60+I N90 dose média + inoculação dose alta 31 25 19 var.B var.A var.C N0 +I N6 0 +I N6 0 +I 18 12 BLOCO II 6 N6 0 +I N6 0 +I N0 +I 17 N9 0 16 N6 0 11 N9 0 10 N3 0 15 7 sulcos N0 9 N6 0 14 N3 0 canal 1,5 m 5 N6 0 8 N0 4 N0 3 N9 0 2 sulcos 2 N3 0 13 var.C 7 1 var.B var.A N0 +I N0 +I N6 0 +I BLOCO I carreador 76 7.3 Anexo III Croqui do Experimento no Polo Centro Oeste da APTA em Jaú, SP. 34 N9 0 N6 0 31 N6 0 N0 N3 0 N6 0 +I N6 0 +I 33 67 N9 0 30 N6 0 27 61 N9 0 23 N3 0 24 N0 +I N6 0 +I N6 0 +I N0 +I 16 17 N0 BLOCO II N9 0 N9 0 10 65 N0 Orlândia, SP N6 0 +I 69 Parcela: N3 0 N0 +I N3 0 59 63 8m N0 10 m 60 1,5 m N9 0 N6 0 +I N0 +I 53 54 N0 +I 49 B6 0 N3 0 12 N3 0 47 7,5 m BLOCO III Variedade N6 0 +I 50 46 55,5 m N3 0 7 N0 N0 8 N6 0 4 N3 0 N9 0 9 43 N9 0 5 N0 N0 6 40 N3 0 N6 0 1 2 3 var.C var.B var.A N0 +I N0 +I N6 0 +I 1,5 m N0 N0 48 var.A N9 0 44 N9 0 41 N6 0 N6 0 +I N6 0 +I 45 42 N6 0 BLOCO IV IACSP 95-5000 var.B controle + inoculação N30 dose baixa N60 dose média estrada RB 85-5536 var.C dose média + inoculação N90 dose alta N0 controle N0+I controle + inoculação N30 dose baixa N60 dose média N60+I 22,5 m Descrisão controle N0+I N60+I N3 0 N0 +I Tratamento N0 37 38 39 var.A var.C var.B BLOCO I Código 51 SP 81-3250 N6 0 5 sulcos 66 N6 0 62 52 15 11 N6 0 N9 0 N0 +I 18 14 68 72 55 56 57 var.B var.A var.C N6 0 +I N6 0 +I N0 +I 13 N0 +I 58 19 20 21 var.B var.A var.C N0 +I 71 64 N0 26 N3 0 22 70 N3 0 29 N0 25 36 N6 0 32 N9 0 28 carreador 35 dose média + inoculação N90 dose alta N0 controle N0+I controle + inoculação N30 dose baixa N60 dose média N60+I N90 dose média + inoculação dose alta 77 7.4 Anexo IV Croqui do Experimento no Polo Centro Sul da APTA em Piracicaba, SP estrada 63 N0 34 N9 0 N6 0 N0 N3 0 N3 0 22 N6 0 +I N6 0 +I 33 67 N9 0 30 N6 0 27 61 N9 0 23 N3 0 24 N0 +I N6 0 +I N0 16 17 BLOCO II N9 0 N9 0 10 N0 +I N0 62 10 m N3 0 59 10 m 60 1,5 m N9 0 N6 0 +I N0 +I 53 54 N0 +I 49 B6 0 N3 0 12 N3 0 47 Variedade N6 0 +I 50 46 7,5 m BLOCO III canal 67,5 m N3 0 7 N0 N0 8 N6 0 4 N3 0 N9 0 9 43 N9 0 5 N0 N0 6 40 N3 0 N6 0 1 2 3 var.C var.B var.A N0 +I N0 +I N6 0 +I 1,5 m N0 N0 48 var.A N9 0 44 N9 0 41 N6 0 N6 0 +I N6 0 +I 45 42 N6 0 BLOCO IV IAC 87-3396 var.B controle + inoculação N30 dose baixa N60 carreador CTC 14 var.C dose média dose média + inoculação N90 dose alta N0 controle N0+I controle + inoculação N30 dose baixa N60 N60+I 22,5 m Descrisão controle N0+I N60+I N3 0 N0 +I Tratamento N0 37 38 39 var.A var.C var.B BLOCO I Código 51 SP 81-3250 N6 0 5 sulcos 65 52 15 11 Parcela: N6 0 N9 0 N0 +I 18 14 68 55 56 57 var.B var.A var.C N6 0 +I N6 0 +I N0 +I 13 Orlândia, SP N0 +I carreador N6 0 +I N0 +I 71 58 19 20 21 var.B var.A var.C N0 +I N6 0 +I 64 N0 26 72 70 N3 0 29 N0 25 N3 0 36 N6 0 32 N9 0 28 69 N6 0 35 N6 0 31 66 dose média dose média + inoculação N90 dose alta N0 controle N0+I controle + inoculação N30 dose baixa N60 N60+I N90 dose média dose média + inoculação dose alta 78 7.5 Anexo V Croqui do Experimento na Fazenda Itaúna em Santa Maria da Serra, SP N9 0 N6 0 31 N6 0 N0 N3 0 N6 0 +I N6 0 +I 33 67 N9 0 30 N6 0 27 61 N9 0 23 N3 0 24 N0 +I N6 0 +I N6 0 +I N0 +I 16 17 N0 BLOCO II N9 0 N9 0 10 65 N0 Orlândia, SP N6 0 +I 69 Parcela: N3 0 N0 +I N3 0 59 63 15 m N0 10 m 60 N9 0 N6 0 +I N0 +I 53 54 N0 +I 49 B6 0 N3 0 12 N3 0 47 1,0 m 5,0 m BLOCO III Variedade N6 0 +I 50 46 97,5 m N3 0 7 N0 N0 8 N6 0 4 N3 0 N9 0 9 43 N9 0 5 N0 N0 6 40 N3 0 N6 0 1 2 3 var.C var.B var.A N0 +I N0 +I N6 0 +I 1,5 m N0 N0 48 var.A N9 0 44 N9 0 41 N6 0 N6 0 +I N6 0 +I 45 42 N6 0 BLOCO IV IACSP 94-2094 var.B controle + inoculação N30 dose baixa N60 dose média estrada RB 86-7515 var.C dose média + inoculação N90 dose alta N0 controle N0+I controle + inoculação N30 dose baixa N60 dose média N60+I 15 m Descrisão controle N0+I N60+I N3 0 N0 +I Tratamento N0 37 38 39 var.A var.C var.B BLOCO I Código 51 SP 81-3250 N6 0 5 sulcos 66 N6 0 62 52 15 11 N6 0 N9 0 N0 +I 18 14 68 72 55 56 57 var.B var.A var.C N6 0 +I N6 0 +I N0 +I 13 N0 +I 58 19 20 21 var.B var.A var.C N0 +I 71 64 N0 26 N3 0 22 70 N3 0 29 N0 25 36 N6 0 32 N9 0 28 carreador 35 carreador 34 dose média + inoculação N90 dose alta N0 controle N0+I controle + inoculação N30 dose baixa N60 dose média N60+I N90 dose média + inoculação dose alta 79 7.6 Anexo VI Croqui do experimento na Fazenda Aparecida em Mogi Mirim, SP ÁREA SEM APLICAÇÃO DE NITROGÊNIO ÁREA COM APLICAÇÃO DE NITROGÊNIO Doses de N e Inoculação de bactérias endofíticas Inoculação de bactérias endofíticas QUADRANTE 251 27 N50+I 28 8 N50 25 N50 QUADRANTE 251 Bloco IV 26 7 N0+I Inoc. 23 N150 24 N100 21 N0+I 6 22 N50+I Bloco III 5 BLOCO III BLOCO IV 19 20 N100 Inoc. N100+I 4 17 18 Inoc. N100+I N0 15 N0 Bloco II 16 3 N150 13 N0 14 2 N0 11 N100 Bloco I 12 1 N100 Inoc. 9 N150 10 N50+I 7 N100+I 8 N150 BLOCO I BLOCO II 5 6 N0+I N0+I 3 N50+I RB 72-454 Faixa com aplicação de N (12 linhas de plantio) 4 Detalhe da parcela: N100+I 1 N50 Variedade de cana-de-açúcar plantada: 2 10 m N50 1,4 m carreador 7.0 m 80 Nome do arquivo: Diretório: Modelo: Dissertação final 18-06 C:\Users\Cybeli\Desktop\Impressão C:\Users\Cybeli\AppData\Roaming\Microsoft\Modelos\N ormal.dotm Título: Assunto: Autor: Cybeli Palavras-chave: Comentários: Data de criação: 20/06/2012 11:05:00 Número de alterações:2 Última gravação: 20/06/2012 11:05:00 Salvo por: Cybeli Tempo total de edição: 1 Minuto Última impressão: 20/06/2012 11:06:00 Como a última impressão Número de páginas: 91 Número de palavras: 23.590 (aprox.) Número de caracteres: 127.392 (aprox.)