A Psiquiatria e seu olhar Marcus André Vieira Material preparado com auxílio de Cristiana Maranhão e Luisa Ferreira Substâncias Psicoativas Fonte: http://www.brasil.gov.br/enfrentandoocrack/publicacoes/materialinformativo/serie-por-dentro-do-assunto/glossario.pdf Professor Marcus André Vieira 2 Professor Marcus André Vieira 3 Dados do Início do uso de Álcool A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o álcool como sendo a substância psicoativa mais consumida por crianças e adolescentes. A média de idade, no Brasil, para o primeiro uso de álcool é de 12,5 anos. A forma mais comum de uso do álcool por adolescentes é o binge (abuso episódico e em grandes quantidades). Além disso, estudos epidemiológicos têm mostrado que o início do consumo de álcool, cigarro e outras drogas ocorre predominantemente durante a adolescência. Fonte: Tratamento da dependência de crack, álcool e outras drogas: aperfeiçoamento para profissionais de saúde e assistência social. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Ministério da Justiça. Professor Marcus André Vieira 4 Contexto Global – OMS 2004 O consumo de substâncias e as farmacodependências representam uma importante fardo para indivíduos e sociedades em todo o mundo. O Relatório sobre a Saúde no Mundo de 2002 indicava que 8,9% da carga global das doenças resultam do consumo de substâncias psicoativas. O mesmo relatório mostrava que, em 2000, o tabaco representava 4,1%, o álcool 4% e as drogas ilícitas 0,8% da carga global das doenças. Uma grande parte dessa carga, que se pode atribuir ao consumo de substâncias e as farmacodependências, resulta de vários problemas sanitários e sociais, incluindo HIV/AIDS, que em muitos países e causado pelo uso de drogas injetáveis. Fonte: Organização Mundial da Saúde. Neurociência de consumo e dependência a substâncias psicoactivas : resumo, 2004. Professor Marcus André Vieira 5 Cocaína e Crack Brasil A cocaína e o crack são consumidos por 0,3% da população mundial. A maior parte dos usuários concentrase nas Américas (70%). No Brasil, nas salas de emergência, a cocaína é responsável por 30% a 40% das admissões relacionadas a drogas ilícitas, 10% entre todos os tipos de drogas e 0,5% das admissões totais. A população de usuários é extremamente jovem, variando dos 15 aos 45 anos, com predomínio da faixa etária dos 20 aos 30 anos. Cocaína em pó Pedra de crack Fonte: Tratamento da dependência de crack, álcool e outras drogas: aperfeiçoamento para profissionais de saúde e assistência social. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Ministério da Justiça. Professor Marcus André Vieira 6 “Crack é possível vencer !” Visando à ampliação e ao fortalecimento do Plano Integrado, em dezembro de 2011, já no Governo Dilma Rousseff, foi lançado o Programa “Crack, é possível vencer!” que propõe ações em três eixos: prevenção,cuidado e autoridade. Tabela 1: Uso na vida de cocaína e crack Região Brasil Centro-oeste Sul Sudeste Norte Nordeste Cocaína 2,90% 2,20% 3,10% 3,70% 1,30% 1,20% Crack 0,70% 0,30% 1,10% 0,90% 0,70% Fonte: II Levantamento Domiciliar sobre o uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil 2005. Fonte: Tratamento da dependência de crack, álcool e outras drogas: aperfeiçoamento para profissionais de saúde e assistência social. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Ministério da Justiça. Professor Marcus André Vieira 7 Quando se trata das patologias decorrentes do uso de drogas a psiquiatria tende a ser convocada a atuar no plano da articulação entre clínica e política, pois o fenômeno é complexo e sempre envolve a Lei e suas margens. A hipótese neurológica, aqui, predomina, especialmente com relação à organização dos fenômenos clínicos e a mecanismos causais. No entanto, no plano, do tratamento a restrição da liberdade, seja sob a forma de internação seja da penalização do uso ou da participação no tráfico ilícito estão sempre presentes. Hipótese neurológica: a partir das mudanças observadas nos receptores sinápticos neuronais após uso contínuo de dada substância em ratos, assume-se que os fenômenos clínicos observados são resultados de uma mudança análoga. A tônica passa a ser: é impossível resistir ao impulso de busca e absorção da droga, pois a dependência seria uma doença do cérebro e não do sujeito. É preciso, portanto, buscar ajuda medicamentosa ou comportamental. Fonte: Tratamento da dependência de crack, álcool e outrasMarcus drogas:André aperfeiçoamento para profissionais de saúde e Professor Vieira assistência social. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Ministério da Justiça. 8 Professor Marcus André Vieira 9 Professor Marcus André Vieira 15 Mecanismos cerebrais: neurobiologia e neuroanatomia O cérebro está altamente organizado em várias regiões distintas com funções especializadas. Uma destas regiões, o tronco cerebral, contém estruturas que são vitais, tais como os centros de controle da respiração e da vigilância. O mesencéfalo é uma região que contém muitas zonas de importância para a dependência de substâncias psicoativas por estarem implicadas na motivação e na aprendizagem de importantes estímulos ambientais, e no reforço de comportamentos que produz consequências agradáveis e essenciais para a vida, tal como comer e beber. O prosencéfalo é mais complexo, e nos seres humanos o seu córtex é muito desenvolvido permitindo pensamentos abstratos e planejamento, e associações de pensamentos e lembranças. Foi demonstrado com técnicas de imagem do cérebro que regiões específicas do prosencéfalo são ativadas por estímulos que induzem, na pessoa dependente, uma necessidade imperiosa («craving») de consumir uma dada substância, e que outras regiões funcionam de maneira anormal depois da ingestão aguda ou crônica de substâncias e da dependência instalada. Professor Marcus André Vieira 16 Prosencéfalo e mesencéfalo Professor Marcus André Vieira 17 Áreas do cérebro Professor Marcus André Vieira 18 Transmissão neuronal Professor Marcus André Vieira 19 Cocaína ligando-se às bombas de captação Professor Marcus André Vieira A ativação aumentada dos receptores do Dopamina causa a produção aumentada da eletricidade na região pós-sináptica. Isto causa muitas mudanças nesta região causando alterações nos testes padrões. Com uso continuado da cocaína, o corpo confia nesta droga para manter sentimentos recompensando. A pessoa pode uma não mais sentir os estímulos que estão aumentados, assim como os sentimentos de prazer causado pelas recompensas naturais (alimento, água, sexo). 20 Critérios de patologia Apesar do consenso em torno da hipótese neurológica não existem marcadores biológicos para comprovação a cada caso, portanto os critérios para diagnóstico são clínicos e envolvem variações dos seguintes temas: abuso, tolerância, abstinência, dependência físicapsicológica e prejuízos em áreas familiares, sociais, e profissionais, consequentes ao uso de algum tipo de substância. Professor Marcus André Vieira 21 Professor Marcus André Vieira 22 Professor Marcus André Vieira 23 Professor Marcus André Vieira 24 Professor Marcus André Vieira 25 Professor Marcus André Vieira 26 Professor Marcus André Vieira 27 Tradicionalmente se distinguem Impulsão e Compulsão (ambas definidas por um apagamento ou encurtamento significativo das etapas de planejamento, julgamento e elaboração que normalmente intervém entre o desejo e a ação. A compulsão seria ainda distinguida por associar-se à repetição dos atos e a um objeto também repetido. A literatura anglo-saxã não distigue entre as duas. Desta forma, os transtornos em que a compulsão está presente no quadro clínico se distribuem em: TOC, Transtornos de personalidade, Transtornos do impulso, Transtornos decorrentes do uso de substância. Professor Marcus André Vieira 28 F50-F59 Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisiológicas e a fatores físicos F50 Transtornos da alimentação F51 Transtornos não-orgânicos do sono devidos a fatores emocionais F52 Disfunção sexual, não causada por transtorno ou doença orgânica F53 Transtornos mentais e comportamentais associados ao puerpério, não classificados em outra parte F54 Fatores psicológicos ou comportamentais associados a doença ou a transtornos classificados em outra parte F55 Abuso de substâncias que não produzem dependência F59 Síndromes comportamentais associados a transtornos das funções fisiológicas e a fatores físicos, não especificadas F60-F69 Transtornos da personalidade e do comportamento do adulto F60 Transtornos específicos da personalidade F61 Transtornos mistos da personalidade e outros transtornos da personalidade F62 Modificações duradouras da personalidade não atribuíveis a lesão ou doença cerebral F63 Transtornos dos hábitos e dos impulsos F64 Transtornos da identidade sexual F65 Transtornos da preferência sexual F66 Transtornos psicológicos e comportamentais associados ao desenvolvimento sexual e à sua orientação F68 Outros transtornos da personalidade e do comportamento do adulto F69 Transtorno da personalidade e do comportamento do adulto, não especificado Professor Marcus André Vieira 29 F63 Transtornos dos hábitos e dos impulsos Esta categoria compreende certos transtornos do comportamento que não podem ser classificadas sob outras rubricas. São caracterizados por atos repetidos, sem motivação racional clara, incontroláveis, e que vão em geral contra os interesses do próprio sujeito e aqueles de outras pessoas. O sujeito indica que seu comportamento está associado a impulsos para agir. A causa para estes transtornos não é conhecida. Estão aqui reagrupados em razão de certas semelhanças grandes nas suas descrições e não em função de outras características comuns importantes conhecidas. Exclui: consumo abusivo habitual de álcool ou de substâncias psicoativas (F10-F19) transtorno dos hábitos e impulsos relacionados com o comportamento sexual (F65.-) F63.0 Jogo patológico Transtorno que consiste em episódios repetidos e freqüentes de jogo que dominam a vida do sujeito em detrimento dos valores e dos compromissos sociais, profissionais, materiais e familiares. Jogo compulsivo Exclui: jogo: · e apostas SOE (Z72.6) · em personalidades dissociais (F60.2) · excessivo em pacientes maníacos (F30.-) F63.1 Piromania Comportamento caracterizado por atos ou tentativas múltiplas visando a pôr fogo em objetos e bens sem motivo aparente, associado a preocupações persistentes com relação a fogo ou incêndio. Este comportamento se acompanha freqüentemente de um estado de tensão crescente antes do ato e uma excitação intensa imediatamente após sua realização. Exclui: piromania (no curso de) (por): · adultos que apresentam uma personalidade dissocial (F60.2) · como razão para comprovação diagnóstica (observação) por suspeita de transtorno mental (Z03.2) · esquizofrenia (F20) · intoxicação alcoólica ou por substâncias psicoativas (F10-F19, com quarto caractere comum .0) Professor Marcus André Vieira · transtornos de conduta (F91.-) · transtornos mentais orgânicos (F00-F09) 30 F63.2 Roubo patológico [cleptomania] Transtorno caracterizado pela impossibilidade repetida de resistir aos impulsos de roubar objetos. Os objetos não são roubados por sua utilidade imediata ou seu valor monetário; o sujeito pode, ao contrário, quer descartá-los, dá-los ou acumulá-los. Este comportamento se acompanha habitualmente de um estado de tensão crescente antes do ato e de um sentimento de satisfação durante e imediatamente após sua realização. Exclui: roubo de loja como razão para observação por suspeita de transtorno mental em seguida (Z03.2) roubo no curso de um transtorno depressivo (F31-F33) transtornos mentais orgânicos (F00-F09) F63.3 Tricotilomania Transtorno caracterizado por uma perda visível dos cabelos, causada por uma impossibilidade repetida de resistir ao impulso de se arrancar os cabelos. O arrancamento dos cabelos é precedido em geral de uma sensação crescente de tensão e seguido de uma sensação de alívio ou de gratificação. Não se fará este diagnóstico quando o sujeito apresenta uma afecção inflamatória pré-existente do couro cabeludo, ou quando ele prática o arrancamento dos cabelos em resposta a delírios ou a alucinações. Exclui: movimentos estereotipados com arrancamento dos cabelos (F98.4) F63.8 Outros transtornos dos hábitos e dos impulsos Esta categoria é utilizada para outras variedades de comportamento inadaptado persistente e repetido não secundário a uma síndrome psiquiátrica reconhecida. A pessoa repetidamente não consegue resistir a impulsos que a levam a adotar este comportamento. Há um período prodrômico de tensão seguido de uma sensação de alívio quando da realização do ato. Transtorno explosivo intermitente F63.9 Transtorno dos hábitos e impulsos, não especificado Professor Marcus André Vieira 31 Critérios para dependência de substância CID-10 Presença de três ou mais dos seguintes sintomas em qualquer momento durante o ano anterior: 1) Um desejo forte ou compulsivo para consumir a substância; 2) Dificuldades para controlar o comportamento de consumo de substância em termos de início, fim ou níveis de consumo; 3) Estado de abstinência fisiológica quando o consumo é suspenso ou reduzido, evidenciado por: síndrome de abstinência característica; ou consumo da mesma substância (ou outra muito semelhante) com a intenção de aliviar ou evitar sintomas de abstinência; 4) Evidência de tolerância, segundo a qual há a necessidade de doses crescentes da substância psicoativa para obter-se os efeitos anteriormente produzidos com doses inferiores; 5) Abandono progressivo de outros prazeres ou interesses devido ao consumo de substâncias psicoativas, aumento do tempo empregado em conseguir ou consumir a substância ou recuperar-se dos seus efeitos; 6) Persistência no consumo de substâncias apesar de provas evidentes de consequências manifestamente prejudiciais, tais como lesões hepáticas causadas por consumo excessivo de álcool, humor deprimido consequente a um grande consumo de substâncias, ou perturbação das funções cognitivas relacionada com a substância. Devem fazer-se esforços para determinar se o consumidor estava realmente, ou poderia estar, consciente da natureza e da gravidade do dano. Marcus André Vieira Fonte: Organização Mundial da Saúde. NeurociênciaProfessor de consumo e dependência a substâncias psicoactivas : resumo, 2004. 32 Professor Marcus André Vieira 33 F10-F19 - Classificação CID 10 F10-F19 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substância psicoativa F10 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool F11 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de opiáceos F12 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de canabinóides F13 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de sedativos e hipnóticos F14 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso da cocaína F15 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de outros estimulantes, inclusive a cafeína F16 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de alucinógenos F17 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de fumo F18 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de solventes voláteis F19 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas e ao uso de outras substâncias psicoativas Professor Marcus André Vieira 34 Professor Marcus André Vieira 35 F55 Abuso de substâncias que não produzem dependência Uma ampla variedade de substâncias medicamentosas e da medicamentos populares podem estar aqui compreendidos, entretanto os grupos particularmente importantes são: a) drogas psicotrópicas que não produzem dependência, tais como os antidepressivos, b) laxantes e c) analgésicos que podem ser adquiridos sem prescrição médica, tais como a aspirina e o paracetamol. O uso persistente destas substâncias pode freqüentemente incluir contatos desnecessários com profissionais médicos ou paramédicos e acompanha-se por vezes de efeitos físicos prejudiciais das substâncias. As tentativas para dissuadir ou proibir o uso dessas substâncias são recebidas freqüentemente com resistência; tal fato pode ocorrer com os laxantes e analgésicos, apesar das advertências sobre (ou mesmo ocorrência de) danos físicos tais como disfunções renais ou transtornos eletrolíticos. Em que pese estar usualmente claro que o paciente apresenta uma forte motivação para a ingestão da substância, os sintomas de dependência ou de abstinência não se desenvolvem do mesmo modo como nos casos das substâncias psicoativas especificadas em F10-F19. Abuso de: · antiácidos · ervas ou remédios populares · esteróides ou hormônios · vitaminas Hábito laxativo Exclui: abuso de substâncias psicoativas (F10-F19) Professor Marcus André Vieira 36 Consumo de substâncias psicoativas: Fatores de risco e de proteção Fatores de risco Ambientais . Disponibilidade de drogas; . Pobreza; . Mudanças sociais; . Cultura do círculo de amigos; . Profissão; . Normas e atitudes culturais; . Políticas sobre drogas, Tabaco e álcool. Individuais . Pré-disposição genética . Vítima de maus-tratos quando criança; . Transtornos da personalidade; . Problemas de ruptura familiar e dependência; . Fracos resultados escolares; . Exclusão social; . Depressão e comportamento Suicida; . . . . . Fatores de proteção Ambientais Situação econômica; Controle de situações; Apoio social; Integração social; Acontecimentos positivos da vida. Individuais . Capacidade de resolução de dificuldades; . Eficácia; . Percepção dos riscos; . Otimismo; . Comportamento favorecendo a saúde; . Capacidade de resistência à pressão social; . Comportamento geral saudável. Professor Marcus André Vieira Fonte: Organização Mundial da Saúde. Neurociência de consumo e dependência a substâncias psicoactivas : resumo, 2004. 37 Psicofarmacologia da dependência de diferentes classes de substâncias As substâcias psicoativas mais comuns podem ser divididas em Depressores (por exemplo, álcool, sedativos/hipnóticos, solventes voláteis), Estimulantes (por exemplo, nicotina, cocaína, anfetaminas, ecstasy), opióides (por exemplo, morfina e heroína) e Alucinógenos (por exemplo, PCP, LSD, canábis). As diferentes substâncias psicoativas têm maneiras diferentes de agir no cérebro para produzir os seus efeitos. Ligam-se a tipos diferentes de receptores, e podem aumentar ou diminuir a atividade dos neurônios graças a vários mecanismos diferentes. Em consequência, têm diferentes efeitos sobre o comportamento, diferentes taxas de desenvolvimento de tolerância, diferentes sintomas de abstinência, e diferentes efeitos a curto e a longo prazo. Contudo, as substâncias psicoativas têm similaridades na maneira em que afetam regiões importantes do cérebro ligadas a motivação, e isto é um aspecto importante em relação às teorias do desenvolvimento da dependência. Professor Marcus André Vieira 38 Álcool e Hipnóticos Substância Mecanismo de ação primário Tolerância e Abstinência Consumo prolongado Etanol Aumenta os efeitos inibitórios de GABA ( depressor do SNC) e diminui os efeitos de excitação do glutamato. Efeitos de reforço provavelmente relacionados com maior atividade na via mesolímbica da dopamina Desenvolvimento de tolerância devido a maior metabolismo no fígado, e alterações nos receptores do cérebro. Abstinência de consumo crônico pode incluir tremores, transpiração, fraqueza, agitação, cefaléias, náuseas, võmitos, convulsões, delirium tremens Alteração da função e da estrutura cerebral, especialmente do córtex pré-frontal; perturbações cognitivas; diminuição do volume do cérebro Hipnóticos e sedativos Facilitam a ação de neurotransmissores inibitórios endógenos Desenvolvimento rápido de tolerância para a maior parte dos efeitos (exceto anticonvulsivantes) devido a alterações nos receptores do cérebro. Abstinência caracterizada por ansiedade, aumento do estado de vigílância, inquietação, insônia, excitabilidade, convulsões. Perturbações da memória. Professor Marcus André Vieira Fonte: Organização Mundial da Saúde. Neurociência de consumo e dependência a substâncias psicoactivas : resumo, 2004. 39 Opióides e Carabinóides Substância Mecanismo de ação primário Tolerância e Abstinência Consumo prolongado Opióides Ativam os receptores Mu e delta abundantes em zonas do cérebro implicadas em respostas a substâncias psicoativas, tais como na via mesolímbica da dopamina. A tolerância ocorre devido a alterações a curto e longo prazo do receptor, e adaptações nos mecanismos de sinalização intracelular. A abstinência pode ser grave e caracteriza-se por lacrimejamento, coriza, bocejos, transpiração, inquietação, arrepios, câibras, dores musculares. Alterações a longo prazo em receptores de opióides e peptídeos; adaptação as respostas de recompensa, aprendizado e estresse. Canabinóides Ativam os receptores de canabinóides. Também aumentam a atividade da dopamina na passagem mesolímbica Desenvolvimento rápido de tolerância a maior parte dos efeitos. Abstinência rara, talvez devido a meia-vida dos canabinóides A exposição a longo prazo ao canabis pode produzir incapacidade cognitiva durável. Também existe o risco de agravamento de doença mental. Professor Marcus André Vieira Fonte: Organização Mundial da Saúde. Neurociência de consumo e dependência a substâncias psicoactivas : resumo, 2004. 40 Cocaína e Anfetaminas Substância Mecanismo de ação primário Tolerância e Abstinência Consumo prolongado Cocaína A cocaína impede a recaptura de transmissores como a dopamina, prolongando assim os seus efeitos. É possível que ocorra tolerância aguda a curto prazo. Não há muitas provas de abstinência, mas a depressão é comum entre pessoas dependentes que deixam de consumir a droga. Foram encontradas deficiências cognitivas, anomalias em regiões específicas do córtex, insuficiências na função motora, e diminuição do tempo de reação. Anfetaminas Aumentam a liberação de dopamina dos nervos terminais e inibe a recaptura de dopamina e transmissores relacionados. A tolerância se desenvolve rapidamente em relação a efeitos comportamentais e fisiológicos. A abstinência se caracteriza por fadiga, depressão, ansiedade e necessidade imperiosa da droga. Perturbações do sono, ansiedade, perda de apetite, alterações em receptores cerebrais de dopamina, alterações metabólicas regionais, insuficiências motoras e cognitivas (13,14). Professor Marcus André Vieira Fonte: Organização Mundial da Saúde. Neurociência de consumo e dependência a substâncias psicoactivas : resumo, 2004. 41 Ecstasy, Substâncias Voláteis e Alucinógenos Substância Mecanismo de ação primário Tolerância e Abstinência Consumo prolongado Ecstasy Aumento da liberação de serotonina e bloqueio da sua recaptura. Pode desenvolver-se tolerância em certas pessoas. Os sintomas mais comuns de abstinência são depressão e insônia. Dano a sistemas serotonérgicos cerebrais, Complicações comportamentais e fisiológicas Problemas psiquiátricos e físicos a longo prazo, tais como perturbações da memória, da tomada de decisões e do autocontrole, paranóia, depressão e ataques de pânico (15,16). Substâncias voláteis Afetam muito provavelmente os transmissores inibidores, da mesma maneira que outros sedativos e hipnóticos. Ativação da dopamina mesolímbica. Desenvolve-se uma certa tolerância difícil de avaliar. Durante a abstinência, aumento da vulnerabilidade a convulsões Alterações da ligação e da função dos receptores de dopamina; diminuição da função cognitiva; problemas psiquiátricos e neurológicos. Alucinógenos Substâncias diferentes atuam sobre diferentes receptores do cérebro tais como receptores de serotonina, glutamato e acetilcolina. A tolerância se desenvolve rapidamente a efeitos físicos e psicológicos. Não há provas de abstinência. Episódios psicóticos agudos ou crônicos, revivescência ou renovação de efeitos da substância muito depois do seu consumo. Professor Marcus André Vieira Fonte: Organização Mundial da Saúde. Neurociência de consumo e dependência a substâncias psicoactivas : resumo, 2004. 42 Usuários Álcool Crack 43 Professor Marcus André Vieira Maconha Terapias de Tratamento Professor Marcus André Vieira 44 Terapias de Tratamento Professor Marcus André Vieira 45