22 A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NA FORMAÇÃO DE CUSTOS

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A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NA FORMAÇÃO DE CUSTOS
A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NA FORMAÇÃO DE CUSTOS
RESUMO
Redução de custos passou a ser a diretriz primária das empresas para enfrentar a
acirrada concorrência atual. Diante desse desafio desenvolveram formas de
melhoria de produção, qualidade total já é intrínseca ao produto, resta reduzir
custos em outras áreas. Este ensaio teórico tem como objetivo abordar a
importância da logística na formação de custos, pois das muitas variáveis de uma
comercialização, a logística desponta como a de maior possibilidade como
redutora, já que participa de boa parte do processo. Esta pesquisa foi realizada por
meio de levantamento bibliográfico, a partir de conceitos desenvolvidos por
autores da área, que poderiam demonstrar como obter resultados positivos para a
competitividade, racionalizando o sistema logístico como um todo. Porém, essa
racionalização somente não basta, para obter sucesso é preciso muita informação e
ainda atualização constante de tecnologia. O uso dessas ferramentas poderia
resultar na vantagem competitiva buscada pelas empresas.
Palavras-Chave: custos; competitividade; logística.
Fabio Rosa (G – CESPAR)
Luiz Alberto de Oliveira (G CESPAR)
E-mail:
[email protected]
[email protected]
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INTRODUÇÃO
A expansão do território de atuação e a
entrada no mercado brasileiro de concorrentes
estrangeiros, devido ao advento da abertura de
mercado associado à globalização, induziram as
empresas brasileiras a buscarem formas de
sobrevivência diante da alta competitividade
dos concorrentes externos, que vem com toda
sua experiência e avanço tecnológico para
conquistar o mercado (NOVAES, 2001).
Essa situação praticamente obrigou as empresas
brasileiras a saírem de uma zona de conforto e
buscarem novas tecnologias de produção para
manterem-se no mercado, agora com nova
configuração. Porém somente tecnologia não
basta uma vez que todas têm e terão acesso a
ela. A partir dessa percepção os empresários
passaram a buscar redução de custos de
produção em seu sistema produtivo.
Para tanto lançaram mão de estudos e
pesquisas nas mais diversas áreas da empresa,
até então pouco valorizadas como possíveis
áreas de redução ou aumento de custos, mas
apenas vistas como um serviço agregado.
Dentre elas destaca-se a logística que passou a
ser avaliada em toda sua cadeia, onde se
poderia constatar que estaria ali uma ótima
fonte de redução, tornando-se assim uma etapa
de suma importância para a produção. Diante
de tal constatação justifica-se um estudo dos
componentes logísticos para confirmação ou
não da hipótese dessa área realmente ser fonte
de redução de custos de produção ou ainda de
custo final do produto entregue ao cliente.
Segundo Hong (2001) “a logística exerce a
função de responder por toda a movimentação
de materiais dentro do ambiente externo e
interno da empresa”, certamente uma
modalidade que pode influenciar os ambientes
interno e externo das empresas, conforme
desempenha suas atividades, deve ser
constantemente analisada para obter-se um real
aproveitamento.
Para tanto foi realizada uma pesquisa
exploratória com levantamento bibliográfico
para analisar componentes da cadeia logística,
que, segundo Gil (2002), proporciona
familiaridade com o problema, tornando-o
explícito ou hipotético, aprimorando idéias.
A partir do exposto este ensaio teórico tem
como objetivo pesquisar as etapas em que a
logística tem influência real nos custos e, a
partir disso, oferecer à empresa subsídios para
que ela possa direcionar suas decisões para
redução do preço final de seus produtos e
combater a concorrência em condições mais
próximas à igualdade.
Desta forma, num primeiro momento será
verificada a situação do mercado atual,
seguindo para o estudo da logística e seus
componentes, e finalizando na verificação da
influência da logística sobre os custos.
Situação do Mercado na Atualidade
De acordo com Kotler e Keller (2006, p. 8) “os
economistas descrevem um mercado como um
conjunto de compradores e vendedores que
efetuam transações relativas a determinado
produto ou classe de produto”. Definem ainda
que os principais mercados de clientes são
quatro: Consumidor, onde as empresas
comercializam produtos de consumo em massa;
Organizacional, é aquele em que as empresas
vendem bens e serviços para as outras
empresas; Global, estão inseridas as empresas
que atuam globalmente; e, Sem Fim Lucrativo,
nesse mercado estão as empresas não tem fins
lucrativos, como igrejas, universidades ou
órgãos públicos.
O mercado atual propicia aos clientes, sejam
consumidores diretos ou revendedores, grande
número e facilidade de informações o que os
torna “exigentes e desejosos de fazer negócios
com empresas que ofereçam serviços agregados
a seus produtos, antes, durante e após a
venda”. Em contrapartida as empresas precisam
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A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NA FORMAÇÃO DE CUSTOS
conhecer seus clientes para ofertar produtos e
serviços de acordo com suas exigências, para
isso é necessário criar canais de comunicação
diretos, sejam via telemarketing, internet ou
ainda com marketing direto, pois mesmo com
um sistema de distribuição logístico eficiente
para oferecer mais é preciso saber o que está
sendo exigido (DIAS, 2003, p. 45).
Segundo Dias (2003) encontramos dois tipos
principais de mercado: o mercado de consumo e
o mercado de negócios. Sendo que o mercado
de consumo é formado pelas famílias e pessoas
que adquirem produtos e serviços para
consumo pessoal e o mercado de negócios é
constituído por empresas que adquirem
produtos para transformação ou para serem
revendidos, alugados ou fornecidos a outras
organizações e podem ainda ser divididos em
quatro categorias: empresarial, institucional,
governamental e revendedor.
Já para Philippe (2000, p. 43), “os mercados
mudam
sob
influência
de
produtos,
necessidades de clientes, expectativas de
serviços logísticos, mudanças de localização
geográfica, e assim por diante”. Isso faz com que
as empresas tenham que adaptar suas logísticas
buscando soluções para cada situação.
Este ensaio buscara tratar do mercado de
negócios, especificamente dos mercados
empresarial e revendedor.
Mercado Empresarial Revendedor
Segundo o IBGE, com dados de 1998, o mercado
empresarial brasileiro é formado por 125 mil
indústrias, um milhão de empresas comerciais
formalmente constituídas, e 766 mil empresas
de serviços, como transporte, correios,
telecomunicações e hotéis. Já em relação ao
mercado revendedor, o IBGE não possui dados
exatos, mas consta que é formado por 82.549
empresas comerciais atacadistas e o comércio
varejista e atacadista de veículos e peças
automotivas é formado por 105.945 empresas
24
do total de um milhão de empresas comerciais
formais do Brasil (IBGE apud DIAS, 2003, p. 47).
Concorrência
Para Philippe (2000, p. 43) “a concorrência incita
as companhias a modificar suas cadeias
logísticas de suprimentos de forma contínua”.
Com
as
demais
variáveis
produtivas
praticamente igualadas, a logística passa a ser
um forte ponto de diferenciação entre as
empresas.
Para Hong (2001, p. 58) “diferentes fatores
competitivos implicam diferentes objetivos de
desempenho para a empresa”. Diz ainda, que é
preciso definir quais os fatores que os
consumidores valorizam mais para definir os
objetivos de desempenho para agradá-los. Esses
fatores podem ser: preço baixo, alta qualidade,
entrega rápida e confiável, ampla gama de
produtos, produtos inovadores, quantidades e
prazos de entrega garantidos. A constatação de
falha em algum desses fatores deverá
desencadear uma reação específica para suprir
essa deficiência.
Já para Novaes (2001), o consumidor enfrenta
situações por vezes estressantes para satisfazer
suas necessidades de consumo, por grau de
importância, sendo elas: decisão para uso de
dinheiro ou crédito para as compras; dispêndio
de tempo para pesquisar as condições gerais de
negociação; a energia empregada e a tensão
gerada nas dúvidas encontradas para tomar a
decisão de compra; e, o esforço para o
transporte do produto, sua montagem, as
possíveis avarias ocorridas. Declara ainda que,
entre essas situações, a que sofre interferência
direta da logística será a do transporte, onde
surgem problemas observados em ambos os
lados.
Entretanto Novaes (2001) apresenta o lado do
comerciante, que também enfrenta alguns
fatores que devem ser observados para uma
atuação com sucesso: assegurar uma margem
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de lucro suficiente para atender ao cliente com
bom preço; oferecer um bom mix de produtos
para assegurar que o cliente fará a compra em
sua loja; apresentar localização e dimensões do
estabelecimento prevendo alterações na
demanda, novos concorrentes e as condições
sócio-econômicas de seus clientes; conhecer o
tamanho do mercado em que atua; apresentar
vantagens competitivas sobre seus concorrentes
que atraiam os consumidores; e para o
comerciante, a observação ao concorrente é
primordial para manter-se à frente ou, pelo
menos, acompanhá-lo em suas atualizações,
mantendo-se em linha com o mercado.
Como demonstrado por Hong (2001), Philippe
(2000) e Novaes (2001), a forma de atração para
o consumidor visitar uma loja em especial
depende de diversos fatores, tanto por parte
dele mesmo, como do comerciante.
Competitividade
De acordo com Hong (2001), a sobrevivência de
uma empresa depende de sua capacidade de
oferecer produtos em quantidade, variedade,
qualidade, preços e prazos compatíveis com o
mercado. Nesse caso a logística aparece como
um diferencial competitivo. Isso ocorre devido
ao fato de que a logística moderna preocupa-se
com a fábrica, locais de estocagem, níveis de
estoque e sistemas de informação e ainda do
transporte e armazenagem, suas funções
essenciais.
Para Viana (2008, p. 45) a logística faz parte de
um sistema integrado que visa, além do
deslocamento em si, a redução dos custos para
aumento da competitividade, pois:
Logística é uma operação integrada para cuidar de
suprimentos e distribuição de produtos de forma
racionalizada, o que significa planejar, coordenar e
executar todo o processo, visando à redução de
custos e ao aumento da competitividade da
empresa.
Segundo Christopher (2007, p.5) “A condução
eficaz da logística e do gerenciamento da cadeia
de suprimentos pode fornecer importante fonte
de vantagem competitiva.”
Pode-se perceber pelos autores Hong (2001),
Viana (2008) e Cristopher (2007) que a área de
logística realmente torna-se um elemento de
suma importância na busca por competitividade
pelas empresas da atualidade.
Logística
Para logística, encontram-se definições e
conceitos diversos. Ferreira (1999, p. 1231) a
define como sendo um “projeto de
desenvolvimento, obtenção, armazenamento,
transporte, distribuição, reparação, manutenção
e evacuação de material”.
Para Martins e Alt (2006, p. 326), “a logística
responsável pelo planejamento, operação
controle de todo o fluxo de mercadorias
informação, desde a fonte fornecedora até
consumidor”.
é
e
e
o
Novaes (2001) divide o processo de
desenvolvimento da logística nas empresas em
quatro fases: Primeira Fase, as empresas
controlam seus fluxos logísticos através de
estoques e tem seus diversos setores atuando
de forma isolada; Segunda Fase, as empresas
buscam melhor articulação com seus
fornecedores e adotam sistema mais integrado
de suas operações; Terceira fase, as empresas
buscam ligações diretas, via EDI, com seus
fornecedores de forma a possibilitar maior
flexibilização na entrega dos componentes ou
produtos acabados; e
Quarta Fase, as
empresas operam com integração estratégica
otimizada entre os participantes da cadeia de
suprimentos.
Conforme demonstrado, a logística é parte
implícita ao sistema produtivo participando
desde a aquisição da matéria prima até a
entrega ao consumidor final, sendo formada por
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A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NA FORMAÇÃO DE CUSTOS
uma gama de fatores variáveis. Com uma
participação dessa amplitude, poderá influir de
forma expressiva na formação dos custos e
como tal deve ser valorizada e estudada com o
intuito
de
conhecimento
aprofundado,
buscando alternativas para redução de custos.
Histórico
Diversos autores apresentam consenso do
fato de que a logística teve sua origem nas
necessidades militares, em tempos de
guerra, de abastecer suas tropas em terras
cada vez mais distantes de suas bases, o que
promoveu o surgimento de um novo tipo de
oficial militar, o Maréchal de Logis, um novo
conceito à época, pois até então os soldados
tinham que cuidar de sua própria
sustentação de forma improvisada, pelo
caminho. A denominação “logística” tem sua
origem na função desse oficial responsável
por suprir as tropas (DIAS, 2003; NOVAES,
2001; MARTINS; ALT, 2006).
O conceito de logística firmou-se com o advento
da segunda guerra mundial, onde as distancias
tornaram-se maiores e a necessidade de
abastecimento com rapidez e eficiência urgia,
isso acelerou o desenvolvimento de técnicas de
distribuição para atingir os terrenos mais
distantes e de difícil acesso, onde se travavam
as batalhas. Essas dificuldades e distâncias
obrigavam ao pessoal de abastecimento obter
informações precisas dos territórios a serem
atendidos para decidirem qual o melhor
caminho e meio a ser utilizado. (DIAS, 2003)
Poderia estar aí a origem da necessidade de
informações para o sucesso de uma atividade
logística, a qual permanece na atualidade,
porém em âmbito de concorrência comercial e
mais elaborada.
Para Ballou (1993, p. 34):
A logística empresarial, como campo de
administração das empresas, entrou na década de
26
1970
em
estado
descrito
como
de
semimaturidade. Os princípios básicos estavam
estabelecidos e algumas firmas estavam
começando a colher os benefícios do seu uso.
Hong (2001, p. 25) diz que a logística passa a
fazer parte importante no circulo produtivo
sendo agora considerada como “a junção entre
a administração de materiais e a distribuição
física”. Apesar de o interesse maior das
empresas ainda estar focalizado nas áreas
produtivas e comerciais, a logística passa a
beneficiar aquelas que buscam adaptar seus
novos conceitos e princípios, os quais dividiam
as atividades logísticas em atividades primárias
e secundárias. Diz ainda, que as atividades
primárias
são
as
responsáveis
pelo
cumprimento da função em sua essência e por
isso são as que originam a maior parte dos
custos logísticos e subdividem-se em:
transportes,
gestão
de
estoques,
processamento de pedidos. Já as atividades
secundárias servem de apoio às primárias e são
elas: armazenagem, manuseio de materiais,
embalagem, programação de produtos, e
manutenção de informação.
Segundo Ballou (1993, p. 35), “controle de
custos, produtividade e controle de qualidade
passaram a ser áreas de interesse, à medida que
as empresas tentavam enfrentar o fluxo de
mercadorias importadas”.
Segundo Hong (2001), a correta e integrada
gestão das atividades primárias e secundárias da
logística,
todas
relacionadas
com
a
movimentação
de
produtos,
poderá
proporcionar redução de diversos fatores tais
como: estoques, tempo de espera e
produtividade os quais influem diretamente na
formação dos custos dos produtos.
Logística no Brasil
A logística no Brasil precisa ser avaliada com
maior interesse, pois:
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Muitas vezes as empresas nacionais, em lugar de
se reestruturarem de forma adequada para
enfrentar
os
novos
desafios
logísticos,
simplesmente lançam mão de pseudo-soluções,
com resultados parciais e incompletos, quando não
contraproducentes (NOVAES, 2001, p. 55).
Novaes (2001, p. 54) assinala que “após a
abertura da economia e a globalização as
empresas brasileiras buscaram novas formas de
atuação onde incluíram estudos para domínio
logístico”.
Segundo Martins e Alt (2006), a logística surgiu
no Brasil na década de 1970 com apenas um de
seus aspectos: a distribuição física. Porém a
grande extensão do Brasil obrigou as empresas
a começarem a mudar sua visão para abastecer
novos e emergentes mercados com uma malha
viária bastante precária. Diz ainda, que hoje as
empresas brasileiras se deram conta da
importância implícita às atividades de logística,
como um todo, na geração de competitividade.
Como poderia ser constatado, as empresas
brasileiras despertaram para o fato de a logística
poder ser o grande diferencial competitivo entre
elas.
Distribuição de Produtos
Dias (2006, p. 126), define distribuição como
sendo:
O fluxo de bens e/ou serviços de um produtor a
um consumidor ou usuário final e que o objetivo
desta distribuição é fazer o produto chegar ao ciclo
final de maneira rápida, segura, pontual e lucrativa
para a empresa vendedora de maneira acessível,
confiável e segura para o cliente.
Ainda de acordo com Dias (2006) a distribuição
pode ser direta ou indireta. No caso da
distribuição ser direta, ela será realizada sem a
participação de uma outra pessoa jurídica, indo
direto ao consumidor, em contra partida, a
indireta será quando forem utilizadas no
processo de distribuição outras pessoas
jurídicas, por exemplo, os mercados atacadistas
e varejistas.
Segundo Viana (2008, p. 363), distribuição é “a
atividade por meio da qual a empresa efetua as
entregas
de
seus
produtos,
estando
intimamente ligada a movimentação e a
transportes”.
Desta forma devemos levar em consideração
alguns tópicos importantes em relação à
distribuição de produtos, tais como estoques,
centros de distribuição e modais de transporte,
visando “atingir o consumidor de forma rápida e
eficiente com o menor custo possível” (HONG,
2001, p. 62).
Para Martins e Alt (2006), a distribuição é a
última fase da logística e envolve todas as
etapas entre o produto pronto para despacho e
a entrega ao consumidor para seu uso. A
distribuição física gera custos significativos,
influindo diretamente na competitividade, uma
vez que depende de variáveis de difícil controle,
tais como: velocidade, confiabilidade e
controlabilidade para entregas dentro de prazos
determinados.
Novaes (2001) declara que a logística tem um
papel muito importante na disseminação de
informações podendo ajudar ou prejudicar
seriamente os esforços mercadológicos quando
mal formulada e ainda que a logística é o setor
que dá condições práticas de realização das
metas definidas pelo setor de marketing.
Segundo Gaither (2005, p. 440), “um sistema de
distribuição é a rede de pontos de embarque e
recebimento que se inicia com a fábrica e se
encerra com os clientes” e ainda que é uma
tendência mundial as empresas terceirizarem a
administração de parte de sua logística para
provedores independentes, principalmente
armazenamento e distribuição final e ainda que
esses provedores podem projetar sistemas
logísticos específicos para cada empresa.
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Philippe (2000, p. 316) constata que “Com o
crescente reconhecimento da logística como
uma fonte de vantagem competitiva potencial
por parte das empresas, há um rápido
crescimento da indústria de serviços de
logística”,.
Parte integrante da logística, os estoques devem
ser analisados constantemente, buscando-se a
menor equação possível entre produção e
demanda.
Centro de Distribuição – CD
Aqui se poderia perceber que o sistema de
distribuição é um ponto importante no processo
mercantil e deve ser avaliado como tal,
buscando soluções para cada empresa em
particular.
Estoques
Christopher (2007) chama a atenção para o fato
de que a manutenção de estoques é um dos
fatores de aumento de custos, porém
geralmente não é contabilizado pelos gestores.
No entanto esses custos podem chegar a 25%
ao ano sobre o valor nominal dos produtos
estocados, devido ao fato de que são muitas as
variáveis envolvidas na formação do custo de
estocagem, tais como: custo de capital,
armazém e manuseio, obsolescência, danos e
deteriorização, pequenos furtos e perdas,
seguro e custos de gestão de estoques.
Para Martins e Alt (2006), o estoque é
considerado um recurso produtivo e de
competitividade que criará valor para o
consumidor final, com vantagem competitiva
sobre a concorrência e por isso sempre foi alvo
da atenção dos gerentes das áreas
manufatureira e comercial, sendo que os
estoques têm a função de regular o fluxo dos
negócios uma vez que as unidades produzidas e
vendidas geralmente não seguem o mesmo
padrão de tempo, ou seja, produzir, estocar e
entregar no menor tempo, com o menor
estoque é o grande desafio e objetivo das
empresas.
Já para Ballou (1993, p. 153), “os custos de
armazenagem e do manuseio de materiais são
justificáveis, pois eles podem ser compensados
com os custos de transporte e de produção”.
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Segundo Novaes (2001), é uma modalidade de
estocagem logística adotada por empresas de
atuação em grandes regiões ou ainda que
possuam muitas filiais a serem servidas, sendo
que esses estoques serviriam de reserva
estratégica de abastecimento para as lojas.
De acordo com Martins e Alt (2006), as
necessidades geradas pelas exigências logísticas,
como estoque no lugar, hora, tamanho e
proteção de conteúdo certos e entrega final ao
consumidor ou revendedor no menor tempo,
justificam, em alguns casos, a existência e até
mesmo criação de CDs, apesar do alto custo
gerado por más administrações. Diz ainda, que
encontramos três tipos de entregas via CDs:
entrega centralizada com estocagem no CD,
nela o material permanece em estoque no CD
até a liberação dos pedidos regionais, então o
material é separado por cliente e entregue;
entrega centralizada simples no CD, nela os
produtos vem separado por quantidade da
fábrica e o CD faz a separação por cliente e a
posterior entrega, não mantendo estoque; e
entrega centralizada avançada, nela os pedidos
vem separados por cliente da fábrica e o CD
serve apenas como entreposto para entrega ao
cliente final, sem manter estoques.
Já para Ballou (1993), algumas alternativas
possíveis são: providenciar transporte através
de frota própria ou contratar serviços
terceirizados. De qualquer forma, haverá
sacrifício da parte financeira, pois a companhia
deverá investir em equipamentos de transporte
ou comprometer-se com contratos de serviço
de longo prazo.
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De acordo com Martins e Alt (2006), a
distribuição realizada com qualidade e presteza
até a entrega no cliente final é fundamental
para um incremento de competitividade para as
empresas
perante
seus
concorrentes,
potencializando suas chances de venda e
recompra por parte de seus consumidores.
Modais de Transporte
De acordo com Ferreira (1999), modal significa
“relativo ao modo particular de execução de
algo”, desta forma modais de transporte é a
maneira relativa do modo particular de efetuar
o transporte.
melhores resultados para a empresa, para tanto
poder-se-ia realizar pesquisa específica.
Uma Discussão Sobre Custos
Kotler e Keller (2006, p. 438) definem custos
como sendo os valores que constituem o piso de
um determinado produto, onde estes custos
podem ser divididos em fixos e variáveis, sendo
que os “custos fixos são aqueles que não variam
segundo a produção ou a receita de vendas”, já
os custos variáveis “oscilam em proporção
direta ao nível de produção”. Somando-se os
custos fixos com os custos variáveis temos o
custo total.
Viana (2008) enumera vários tipos de
transportes de acordo com sua principal
exigência, ou seja, o tempo de entrega dos
produtos, tais como: Rodoviário, destinado a
cargas que exigem prazos rápidos de entrega;
Ferroviário, destinado a cargas maiores, cujo
tempo para a entrega não será preponderante;
Hidroviário e Marítimo: destinado a cargas cujo
tempo de entrega não seja fator preponderante
no encarecimento do produto; Aeroviário:
destinado a cargas cujo prazo de entrega seja
preponderante; e Intermodal, que requer
tráfego misto, envolvendo várias modalidades.
Novaes (2001, p. 35) observa que a logística
empresarial evoluiu muito, agregando valores à
cadeia produtiva. A logística moderna procura
eliminar do processo tudo que acarrete
somente custos e perda de tempo.
Segundo Martins e Alt (2006, p. 406), o principal
modo de transporte brasileiro é o rodoviário –
“que é o menos produtivo dos modais” – o qual
dispõe de expressiva frota de caminhões
rodando em rodovias que, em grande parte,
encontram-se em condições precárias o que
acaba elevando o custo de frete do transporte.
Segundo Novaes (2001), o congestionamento de
tráfego cada vez mais freqüente, até mesmo em
rodovias, tem contribuído para o aumento de
custos de transporte, refletindo nos produtos.
Hong (2001, p. 23) apresenta uma relação de
participação de custos logísticos na qual a
logística consta com um percentual médio de
21% do total dos custos da empresas. Desses
21% os transportes representam 46 %, a
armazenagem 28%, a estocagem 18% e a
administração 6%, sendo que poderá haver
grande variação de uma para outra devido a
fatores de individualidade, uma indústria
alimentícia poderá ter custos de até 32%,
enquanto uma indústria de máquinas cerca de
10%. Constata ainda que o valor final dos
produtos é o fator principal na participação dos
Para Ballou (1993), quando não existe um bom
sistema de transporte, a extensão do mercado
fica limitada às cercanias do local de produção,
porém, com serviços de transporte melhores, os
custos podem ser competitivos com o dos
produtores concorrentes.
Decidir qual o melhor modal depende também
de estudos regionais para descobrir qual trará
Sejam fixos ou variáveis, os custos devem ser
constantemente
analisados,
buscando-se
redução em todas as etapas mercantis visando
aumento da lucratividade e ganho de mercado.
Peso do Custo da Logística no Custo Final dos
Produtos.
Maringá Management: Revista de Ciências Empresariais, v. 7, n.1, - p. 22-31, jan./jun. 2010
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A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NA FORMAÇÃO DE CUSTOS
custos da logística, pois produtos mais caros
terão fretes e estocagens mais baratos e vice
versa, pela relação percentual.
Para Martins e Alt (2006), “estoques geram
custos diretamente proporcionais que crescem
de acordo com o nível de estocagem”, ou seja,
quanto maior o estoque maior a área
necessária, maior o custo de aluguel ou
depreciação e maior o custo de capital
investido, além do que estoques altos geram
diversos tipos de custos que devem ser
previstos, tais como: aumento de avaria ou
vencimento, aumento das chances de roubo e
aumento do número de pessoas necessárias
para manutenção e manuseio.
Gaither (2005) afirma que os estoques de
segurança, um dos componentes logísticos,
geram aumento de custos de manutenção “pois
são considerados estoques mortos e, em média,
nunca são usados”.
Segundo Ballou (1993) “custos de transporte e
de estoque são geralmente os mais
importantes, sob a visão da logística”.
É preciso avaliar esses custos agregados
buscando a real importância da sua participação
na formação dos custos de logística para tomar
uma decisão. Com a logística participando de
diversos pontos da cadeia produtiva mercantil,
ela apresenta custos expressivos que, sendo
bem
administrados,
poderiam
alterar
positivamente o nível de competitividade das
empresas.
Conclusão
Como se pode perceber ficou comprovado pelos
autores apresentados que a área de logística,
como um todo, influi de modo incisivo nos
custos finais dos produtos. Essa percepção
poderá orientar planejamentos e ações que as
empresas poderão direcionar aos diversos
pontos de atuação da logística.
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Certamente
cada
empresa
tem
suas
particularidades e o ponto gerador de custos
para uma poderá não ser o que gera custos para
a outra, isso demonstra a necessidade de
estudos profundos e detalhados de cada setor
que envolva a logística na empresa. A partir dos
resultados desses estudos se poderiam definir
qual o melhor meio para distribuição, se direto,
via atacados, via CDs e ainda qual o melhor
modal para atingir uma região específica.
Um ponto que merece total atenção é a
armazenagem de estoques. O estoque pode ser
uma alternativa viável desde que não gere
aumento de custos para o cliente final, que é o
objetivo principal de uma comercialização, que
sabe o que quer e está muito bem informado
com os níveis de informação acessíveis a todos,
atualmente.
Calcular e descobrir qual o nível de estoques
ideal para suprir o mercado sem gerar perdas,
seja por avarias ou tempo, pode ser algo
utópico, entretanto deve ser buscado
incessantemente, pois é um dos pontos da
logística com maior poder como gerador ou
redutor de custos.
Porém, de todos os componentes logísticos,
verificou-se que o de maior custo é o transporte
em si, uma vez que envolve diversos custos
sobre os quais as empresas não dispõem de
controle, tal como as más condições da malha
viária brasileira.
As necessidades das empresas em reduzir
custos
propiciaram
o
surgimento
e
fortalecimento de empresas especializadas em
sistemas logísticos, com isso a terceirização
desponta como uma alternativa. Mas, terceirizar
ou não, dependerá de uma análise completa
para detectar a real situação de cada empresa.
Após essa análise, seja qual for a decisão ou
ação tomada será com base na certeza de que a
logística influi com alto grau de importância na
formação dos custos, além de ajudar as
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empresas a encontrar soluções para aumentar
sua competitividade e se sobressair no mercado.
Referências
BALLOU, Ronald H. Logística empresarial:
transportes, administração de materiais e
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