o uso de plantas medicinais no tratamento da ansiedade

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III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
Local: Centro Universitário São Camilo
Data:
21 a 23 de maio de 2015.
O USO DE PLANTAS MEDICINAIS NO TRATAMENTO DA ANSIEDADE
SANTANA, Gabriela S.¹, SILVA, Alexsandro M.²
¹Estudante Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São
[email protected]
² Docente do Curso de Farmácia - Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP.
Paulo,
SP.
Palavras-Chave: Plantas medicinais. Ansiedade. SUS.
INTRODUÇÃO
A ansiedade é um estado emocional com componentes psicológicos e fisiológicos, podendo
ser benéfica ou prejudicial à saúde do ser humano. Isso depende das circunstâncias ou intensidade,
podendo afetar o funcionamento psíquico e corporal. Acredita-se, que esse tipo de transtorno esta
diretamente relacionada a alguns neurotransmissores. Alguns testes com animais verificou-se que as
drogas que bloqueiam os receptores de serotonina diminuíram o comportamento ansioso. Outro
neurotransmissor envolvido com os processos de ansiedade é o GABA, o principal neurotransmissor
inibitório do SNC. Nos transtornos de ansiedade há uma alteração nesses receptores do GABA,
estando em número reduzido ou a afinidade pelo neurotransmissor está reduzida (BRAGA;
PORDEUS; SILVA, 2010).
A utilização de plantas medicinais vem se destacando nos últimos anos. Em 2006, duas
importantes políticas foram publicadas para a área de plantas medicinais e fitoterápicos, a Política
Nacional de Práticas Integrativas (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS) e a Política Nacional de
Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF). Essas politicas visam ter mais opções terapêuticas com
acesso às plantas medicinais e fitoterápicos, com garantia, segurança e eficácia aos usuários do SUS
(SAÚDE, 2006).
Algumas plantas medicinais podem ser utilizadas no tratamento da ansiedade, como a CavaCava (Piper methysticum G. Forst), Maracujá (Passiflora incarnata) e a Valeriana (Valeriana
officinalis). Essas plantas tem ação ansiolítica e atuam no SNC (FAUSTINO; ALMEIDA;
ANDREATINI, 2010).
OBJETIVO
Realizar levantamento de plantas medicinais no tratamento da ansiedade que podem ser
empregadas no Sistema Único de Saúde (SUS).
METODOLOGIA
Foram realizadas pesquisas na “internet” em sítios institucionais de sociedades científicas,
estabelecimentos de saúde e outras instituições vinculadas a plantas medicinais; bem como em
revistas científicas e livros técnico-científicos. Pesquisaram-se a definição da ansiedade, sinais e
sintomas, os aspectos farmacológicos das plantas e avaliou-se a regularidade na legislação de
fitoterápicos. Como descritores utilizou-se SUS, Cava-cava, Valeriana e Passiflora. A pesquisa foi
realizada durante o mês de março de 2015.
DESENVOLVIMENTO
A fitoterapia é a utilização de plantas medicinais no tratamento e prevenção de doenças,
sendo a forma terapêutica mais antiga. Pode-se ser apresentada de três maneiras: substâncias in
natura, manipuladas ou industrializadas. Atualmente, o tratamento com plantas medicinais tem sido
muito utilizado pela população, pois a maioria das pessoas procura um tratamento que venha da
natureza, que não tenha tanta agressividade no organismo e seja “natural”, porém, muitas pessoas
não sabem que há tantos perigos e interações medicamentosas quanto os medicamentos alopáticos
(CRF, 2015). Devido a isso, o Sistema Único de Saúde (SUS) criou uma política para proteger a
população que deseja utilizar esse tipo de tratamento. Assim, o governo tem como objetivo proteger o
paciente, e fazer um tratamento mais voltado para a criação de hortos (SAÚDE, 2006).
Realização
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Data:
21 a 23 de maio de 2015.
No transtorno de ansiedade ocorre uma ansiedade ininterrupta, que se caracteriza por ter
uma duração e intensidade desproporcionais às situações, a qual, além de não ajudar, dificulta as
reações de defesa ao perigo. Pode vir acompanhada de irritabilidade, tensões musculares, falta de
sono, taquicardia, tremores, inquietação, entre outros. Três plantas podem ser utilizadas no
tratamento da ansiedade, já que elas têm ações ansiolíticas, com eficácia comprovada e aprovadas
pela legislação de fitoterápicos (BRAGA; PORDEUS; SILVA, 2010).
Cava-Cava (Piper methysticum G. Forst)
Entre os fitoterápicos existentes a Cava-Cava é a espécie com o maior número de estudos
envolvendo pacientes com transtornos de ansiedade. Acredita-se que a cava seja benéfica para a
saúde por acalmar condições nervosas, induzindo ao relaxamento e ao sono (BARBOSA;
LENARDON; PARTATA, 2013).
Dentre os constituintes químicos, podemos encontrar várias substâncias, porém as α- pironas
denominadas cavalactonas é responsáveis pela sua atividade farmacológica. As cavalactonas inibem
diversas isoformas do citocromo P450 (CYP450), e essas isoformas causam inúmeras interações,
pois, diminui a metabolização podendo induzir a toxicidade (BARBOSA; LENARDON; PARTATA,
2013). Muitos casos de toxicidade hepática já foram relatados ao uso de produtos contendo extratos
de rizoma. Os danos hepáticos poderão ocorrer se a planta for administrada com drogas como
esteróides anabolizantes, amiodarona, metotrexato, paracetamol e medicamentos antifúngicos
administrados por via oral como o cetoconazol. A OMS (Organização Mundial de Saúde) orienta que
a Cava-Cava não seja utilizada sem orientação médica por mais de três meses, pois a utilização da
mesma pode afetar os reflexos motores (NICOLETTI, 2007).
A cava-cava é contraindicada em casos de hipersensibilidade aos constituintes químicos
presente na planta, pacientes que apresentam problemas hepáticos, que fazem consumo de álcool já
que a planta potencializa a ação de drogas que atuam no sistema nervoso central. Em relação à
posologia o Rizoma seco é utilizado de 1,5 a 3 gramas ao dia. Formulações padronizadas: 100 a 20
mg de cavalactonas ao dia. 60 mg de cavalactonas de 2 a 4 vezes ao dia na forma de comprimido.
Alguns estudos relataram muitos efeitos adversos em pessoas que utilizaram a planta, associadas a
transtorno hepático e do sistema biliar, incluindo três casos de falência hepática. (GÁRCIA; SOLÍS,
2007)
Maracujá (Passiflora incarnata)
A Passiflora é muito utilizada no tratamento da ansiedade, por ter ação ansiolítica e agir como
um depressor inespecífico do sistema nervoso central. Em seus constituintes é possível encontrar
alcalóides, flavonóides, glicosídeos cianogênicos, fração de esteroides e saponinas. A partir do
extrato seco da planta, geralmente suas folhas e partes áreas, pode-se ser aplicado como tintura e
infusão. No caso da ansiedade, recomendam-se as infusões, sendo que alguns livros fitoterápicos
indicam de 0,5 a 2 g. Algumas das contraindicações da planta são em pessoas com
hipersensibilidade e grávidas até três meses (GÁRCIA; SOLÍS, 2007).
Devido a sua ação sedativa e tranquilizante, há grandes probabilidades de interagir com
hipnóticos e ansiolíticos, intensificando suas ações. O uso da planta com álcool ou outras drogas
sedativo-hipnóticas poderá aumentar a intensidade de sonolência, como benzodiazepínicos,
lorazepam ou diazepam. Se for administrado junto com aspirina, varfarina ou heparina,
antiplaquetários como clopidogrel, ou ainda, com antiinflamatórios não esteroidais podem apresentar
interações (GÁRCIA; SOLÍS, 2007).
Valeriana (Valeriana officinalis)
A Valeriana é eficaz contra ansiedade, angústia, leves desequilíbrios do sistema nervoso e
não tem contraindicações. Por não ter contraindicação é uma das primeiras plantas em que se deve
pensar para ansiedade. Ainda não determinaram exatamente quais constituintes são responsáveis
pela ação sedativa. Pode ser que a Valeriana atue sobre o neurotransmissor GABA, já que o
aumento da concentração desse neurotransmissor está associado à diminuição da atividade do SNC
e essa ação pode estar implicada na atividade sedativa (GÁRCIA; SOLÍS, 2007).
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Por ter ação sedativa, esta propriedade poderá ser potencializada quando utilizada com
benzodiazepínicos, barbitúricos, narcóticos, alguns antidepressivos, álcool e anestésicos
promovendo, assim, maior tempo de sedação. As soluções extrativas apresentam álcool, o que
poderá causar náuseas ou vômitos quando administrada com metronidazol ou dissulfiram. A
valeriana poderá interagir com certos fármacos que utilizam metabolismo hepático. Os efeitos
adversos relatados foram: reações alérgicas, tontura, indisposição gastrintestinal, dor de cabeça e
midríase. Sua parte utilizada é o rizoma e raiz seco de 1 a 3 g na forma de infusão até 3 vezes ao dia
(GÁRCIA; SOLÍS, 2007).
CONCLUSÃO
A ansiedade em excesso pode ser prejudicial, tornando o convívio social e sua relação
consigo mesmo difícil, porém, o tratamento pode ser simples. Ao utilizar plantas medicinais, como as
já citadas, o paciente que vai ao SUS a procura de um tratamento, poderá ter seu estado patológico
revertido em saúde e bem estar. A partir das informações das plantas o profissional que tiver um caso
de psicopatologia, ou apenas uma ansiedade pontual, pode designar o melhor tratamento, sempre
tendo em vista a melhora rápida das atividades normais do paciente. Logo, plantas medicinais são
fáceis de utilizar, podendo ser encontradas por infusão. Sendo assim, o trabalho feito pelo SUS teria
um índice de sucesso no tratamento muito elevado, sendo um grande incentivo ao uso dessas
práticas.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Diomara Resende; LENARDON, Layane; PARTATA, Anette Kelsei. KAVA-KAVA (Piper
methysticum): UMA REVISÃO GERAL. Revista Científica do Itpac, Araguaína, v. 6, n. 3, p.3-10, jul.
2013. Disponível em: <http://www.itpac.br/arquivos/Revista/63/3.pdf>. Acesso em 21 mar. 2015.
BRAGA, João Euclides Fernandes; PORDEUS, Liana Clébia; SILVA, Ana Tereza Medeiros
Cavalcanti da. Ansiedade Patológica: Bases Neurais e Avanços na Abordagem Psicofarmacológica.
Revista Brasileira de Ciências da Saúde, Paraíba, v. 14, n. 2, p.90-100, 2010. Disponível em:
<http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/rbcs/article/viewFile/8207/5320>. Acesso em: 22 mar. 2015.
FAUSTINO, Thalita Thais; ALMEIDA, Rodrigo Batista de; ANDREATINI, Roberto. Plantas medicinais
no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada: uma revisão dos estudos clínicos
controlados. Revista Brasileira de Psiquiatria, Curitiba, v. 32, n. 4, p.429-436, 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbp/v32n4/a17v32n4.pdf>. Acesso em: 24 mar. 2015.
GÁRCIA, Encarna Castillo; SOLÍS, Isabel Martínez. Manual de Fitoterapia. 2. ed. Barcelona: Elsevier
Masson, 2007. Pgs 169-177.
NICOLETTI, Maria Aparecida. PRINCIPAIS INTERAÇÕES NO USO DE MEDICAMENTOS
FITOTERÁPICOS.
São
Paulo:
Infarma,
v.
19,
2007.
Disponível
em:
<http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/10/infa09.pdf>. Acesso em 20 mar. 2015.
SAÚDE, Ministério da. A Fitoterapia no SUS e o Programa de Pesqiosas de Plantas Medicinais
da Central de Medicamentos. Brasília: Série B. Textos Básicos de Saúde, 2006. Pgs 7-13.
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