Diagnóstico Diferencial de Sintomas Oculares

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CAPÍTULO
1
Diagnóstico Diferencial de
Sintomas Oculares
ALUCINAÇÕES (IMAGENS FORMADAS)
Olhos cegos, curativos oclusivos oculares bilaterais, síndrome de Charles Bonnet, psicose, lesões
na área parietotemporal, outras causas no SNC, diversas drogas.
CEFALEIA
Ver Seção 10.26, Cefaleia.
CEGUEIRA NOTURNA
Mais comum. Erro de refração (em particular,
miopia parcialmente corrigida), atrofia óptica ou
glaucoma avançados, pupilas pequenas (especialmente por colírios mióticos), retinite pigmentosa,
cegueira noturna estacionária congênita, drogas (p.
ex., fenotiazinas, cloroquina, quinina).
Menos comum. Deficiência de vitamina A, atrofia girata, coroideremia.
CROSTAS NAS PÁLPEBRAS
Mais comum.
Blefarite, meibomite, conjuntivite.
Menos comum. Canaliculite, obstrução do ducto
nasolacrimal, dacriocistite.
DISTORÇÃO DA VISÃO
Mais comum. Erro de refração [incluindo presbiopia, miopia adquirida (por catarata, diabete, espasmo ciliar, cirurgia para descolamento da retina),
astigmatismo adquirido (por cirurgia de segmento
anterior, calázio)], doença macular [p. ex., coriorretinopatia serosa central, edema macular, DMRI e
outras doenças associadas com membranas neovas-
culares coroidais (MNVCs)], irregularidade corneana, intoxicação (por etanol, metanol), farmacológica (p. ex., adesivo de escopolamina).
Menos comum. Ceratocone, colírios tópicos (mióticos, cicloplégicos), descolamento da retina, enxaqueca (transitória), hipotonia, anormalidade do
SNC (incluindo papiledema), não-fisiológica.
DOR
1. Ocular
–Tipicamente leve a moderada: Síndrome
do olho seco, blefarite, conjuntivite infecciosa,
episclerite, pinguécula ou pterígio inflamados,
corpo estranho (corneano ou conjuntival), distúrbios corneanos (p. ex., ceratopatia punctata
superficial), ceratoconjuntivite límbica superior, toxicidade por medicação ocular, problemas relacionados a lentes de contato, pós-operatório, síndrome isquêmica ocular.
–Tipicamente moderada a severa: Distúrbios corneanos (abrasão, erosão, infiltrado/
úlcera, queimadura por luz ultravioleta), conjuntivite química, trauma, uveíte anterior, esclerite, endoftalmite, glaucoma agudo de ângulo fechado.
2. Periorbital: Trauma, hordéolo, celulite préseptal, dacriocistite, dermatite (de contato,
química, herpes-zóster/simples), dor referida
(dental, sinusal).
3. Orbital: Sinusite, trauma, miosite/pseudotumor orbital, massa/tumor orbital, neurite óptica, abscesso ou celulite orbital, dacrioadenite
aguda, enxaqueca/cefaleia em salvas, paralisia
de nervo craniano diabética.
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Justis P. Ehlers e Chirag P. Shah
4. Astenopia: Erro de refração parcialmente
corrigido, foria/tropia, insuficiência de convergência, espasmo acomodativo, farmacológica
(mióticos).
EDEMA PALPEBRAL
1. Associado com inflamação (geralmente eritematoso).
Mais comum. Hordéolo, blefarite, conjuntivite,
celulite pré-septal ou orbital, trauma, dermatite de
contato, dermatite por herpes simples/zóster.
Menos comum. Ectrópio, anormalidade corneana, urticária/angioedema, blefarocalaze, picada de
inseto, dacrioadenite, erisipela, massa palpebral ou
em glândula lacrimal.
2. Não-inflamatório: Calázio, dermatocalaze,
prolapso de gordura orbital (a retropulsão do
globo aumenta o prolapso), flacidez da pele
palpebral, doença cardíaca, renal ou tireóidea,
síndrome da veia cava superior, massa palpebral ou em glândula lacrimal.
ESTRABISMO EM CRIANÇAS
Ver Seção 8.4, Esodesvios em Crianças (olhos desviados para dentro), ou Seção 8.5, Exodesvios em
Crianças (olhos desviados para fora).
FASCICULAÇÃO PALPEBRAL
Fadiga, excesso de cafeína, hábito, irritação corneana ou conjuntival (especialmente devido a um
cílio, cisto ou corpo estranho conjuntival), olho
seco, blefaroespasmo (bilateral), espasmo hemifacial, albinismo (fotossensibilidade), anormalidade
eletrolítica sérica, mioquimia orbicular, anemia
(raramente).
FLASHES DE LUZ
Mais comum. Ruptura ou descolamento da retina, descolamento vítreo posterior, enxaqueca,
movimentos rápidos dos olhos (especialmente em
ambiente escuro), estimulação oculodigital.
Menos comum. Distúrbios do SNC (em particular,
do lobo occipital), retinite, fenômenos entópticos.
HALOS AO REDOR DE LUZES
Catarata, glaucoma agudo de ângulo fechado ou
edema corneano de outra causa (p. ex., ceratopatia bolhosa afácica/pseudofácica, uso excessivo de
lentes de contato), distrofias corneanas, opacidade
ou muco corneano, síndrome de dispersão pigmentar, opacidades vítreas, drogas (p. ex., digitálicos e
cloroquina).
INCAPACIDADE DE FECHAR AS PÁLPEBRAS
(LAGOFTALMO)
Proptose severa, quemose severa, cicatrizes palpebrais, cicatrizes no músculo retrator da pálpebra,
paralisia do sétimo nervo craniano, estado pós-operatório de cirurgia facial cosmética/reconstrutiva.
LACRIMEJAMENTO
1. Adultos
– Dor presente: Anormalidade corneana (p.
ex., abrasão, corpo estranho/rust ring∗, erosão
recorrente, edema), uveíte anterior, distúrbios
dos cílios ou das pálpebras (p. ex., triquíase,
entrópio), corpo estranho conjuntival, dacriocistite, trauma.
– Dor mínima ou ausente: Síndrome do olho
seco, blefarite, obstrução do ducto nasolacrimal, oclusão do ponto lacrimal, canaliculite,
massa em saco lacrimal, ectrópio, conjuntivite (especialmente alérgica e tóxica), estados
emocionais, lágrimas de crocodilo (congênita
ou paralisia de Bell).
2. Crianças: Obstrução do ducto nasolacrimal,
glaucoma congênito, corpo estranho corneano/
conjuntival ou outro distúrbio irritativo.
MANCHAS NA FRENTE DOS OLHOS
1. Transitórias: Enxaqueca.
2. Permanentes ou duradouras
Mais comum. Descolamento vítreo posterior,
uveíte posterior, hemorragia vítrea, debris/condensações vítreas.
Menos comum. Ruptura/descolamento da retina,
corpo estranho/opacidade corneana.
Nota: Alguns pacientes referem-se a uma mancha
cega em seu campo visual causada por distúrbio retiniano do nervo óptico ou do SNC.
MOSCAS VOLANTES
Ver Manchas na Frente dos Olhos neste capítulo.
∗ N. de T. Espécie de halo ferruginoso causado por corpo estranho metálico na córnea.
Manual de Doenças Oculares do Wills Eye Hospital
OFUSCAMENTO (GLARE)
Catarata, opacidade ou edema corneanos, estrutura
ou resposta pupilar alteradas, estado pós-cirurgia
refrativa, descolamento vítreo posterior, farmacológico (p. ex., atropina).
OLHOS “OSCILANDO” (OSCILOPSIA)
Nistagmo adquirido, oftalmoplegia internuclear,
miastenia grave, perda de função vestibular, opsoclono/flutter ocular, mioquimia do oblíquo superior, distúrbios variados do SNC.
OLHOS SALIENTES (PROPTOSE)
Ver Seção 7.1, Doença da Órbita.
OLHOS SECOS
Ver Seção 4.3, Síndrome do Olho Seco.
OLHOS VERMELHOS
1. Causas dos anexos oculares: Triquíase, distiquíase, síndrome da pálpebra frouxa, entrópio/
ectrópio, lagoftalmo (incapacidade de fechar as
pálpebras), blefarite, meibomite, acne rosácea,
dacriocistite, canaliculite.
2. Causas conjuntivais: Oftalmia neonatal em
lactentes, conjuntivite (bacteriana, viral, química, alérgica/atópica/vernal, toxicidade medicamentosa), hemorragia subconjuntival, pinguécula inflamada, ceratoconjuntivite límbica
superior, conjuntivite papilar gigante, corpo estranho conjuntival, penfigoide cicatricial, síndrome de Stevens-Johnson, neoplasia conjuntival.
3. Causas corneanas: Ceratite infecciosa/inflamatória, erosão corneana recorrente, pterígio,
ceratopatia neurotrófica, problemas relacionados a lentes de contato, corpo estranho corneano, queimadura por luz ultravioleta.
4. Outras: Trauma, pós-operatório, síndrome do
olho seco, endoftalmite, uveíte anterior, episclerite, esclerite, farmacológicas (p. ex., análogos das prostaglandinas), glaucoma de ângulo
fechado, fístula carótido-cavernosa (vasos conjuntivais em saca-rolhas), cefaleia em salvas.
PERDA DE CÍLIOS
Trauma, doença tireóidea, síndrome de VogtKoyanagi-Harada, infecção/inflamação palpebral,
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radiação, doença cutânea crônica (p. ex., alopecia
areata), neoplasia cutânea.
PRURIDO OCULAR
Conjuntivite (em especial, alérgica, vernal e viral),
blefarite, síndrome do olho seco, dermatite de contato ou alergia medicamentosa tópica, conjuntivite
papilar gigante ou outro problema relacionado a
lentes de contato.
QUEDA DAS PÁLPEBRAS (PTOSE)
Ver Seção 6.1, Ptose.
QUEIMAÇÃO
Mais comum. Blefarite, meibomite, síndrome do
olho seco, conjuntivite (infecciosa, alérgica, mecânica, química).
Menos comum. Problemas corneanos (coloração da córnea com fluoresceína, normalmente),
pterígio/pinguécula inflamados, episclerite, ceratoconjuntivite límbica superior, toxicidade ocular
(medicação, maquiagem, soluções para lentes de
contato).
SECREÇÃO
Ver Olhos Vermelhos neste capítulo.
SENSAÇÃO DE CORPO ESTRANHO
Síndrome do olho seco, blefarite, conjuntivite,
triquíase, anormalidade corneana (p. ex., abrasão
ou corpo estranho corneano, erosão recorrente,
ceratopatia punctata superficial), problema relacionado a lentes de contato, episclerite, pterígio,
pinguécula.
SENSIBILIDADE À LUZ (FOTOFOBIA)
1. Exame ocular anormal
Mais comum. Anormalidade corneana (p. ex.,
abrasão ou edema), uveíte anterior.
Menos comum. Conjuntivite (fotofobia leve),
uveíte posterior, albinismo, cegueira total para cores, aniridia, drogas (p. ex., atropina), glaucoma
congênito em crianças.
2. Exame ocular normal: Enxaqueca, meningite, neurite óptica retrobulbar, hemorragia subaracnoide, nevralgia do trigêmeo ou olho pouco
pigmentado.
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Justis P. Ehlers e Chirag P. Shah
VISÃO DIMINUÍDA (DIMINUIÇÃO DA
ACUIDADE VISUAL)
1. Perda visual transitória (a visão volta ao
normal em 24 horas, geralmente dentro de 1
hora).
Mais comum. Poucos segundos (em geral bilateral): Papiledema. Poucos minutos: Amaurose fugaz
(ataque isquêmico transitório; unilateral), insuficiência arterial vertebrobasilar (bilateral). Dez a 60
minutos: Enxaqueca (com ou sem cefaleia subsequente).
Menos comum. Oclusão iminente de veia central
da retina, neuropatia óptica isquêmica, síndrome
isquêmica ocular (doença oclusiva carotídea), glaucoma, alteração súbita na pressão arterial, lesão no
sistema nervoso central (SNC), drusas do disco
óptico, arterite de células gigantes.
2. Perda visual com duração >24 horas
– Perda súbita, indolor
Mais comum. Oclusão arterial ou venosa retiniana, neuropatia óptica isquêmica, hemorragia vítrea,
descolamento da retina, neurite óptica (geralmente
dor aos movimentos oculares), descoberta súbita de
perda visual unilateral preexistente.
Menos comum. Outras doenças retinianas ou do
SNC [p. ex., acidente vascular cerebral (AVC), envenenamento por metanol.
– Perda gradual, indolor (ao longo de semanas, meses ou anos).
Mais comum. Catarata, erro de refração, glaucoma de ângulo aberto, doença crônica da retina
[p. ex., degeneração macular relacionada à idade
(DMRI), retinopatia diabética].
Menos comum. Doença crônica da córnea (p. ex.,
distrofia corneana), neuropatia/atrofia óptica (p. ex.,
tumor do SNC).
– Perda dolorosa: Glaucoma agudo de ângulo fechado, neurite óptica (dor aos movimentos
oculares), uveíte, endoftalmite, hidropsia corneana (ceratocone).
3. Perda visual pós-traumática: Edema palpebral, irregularidade corneana, hifema, ruptura
de globo, catarata traumática, luxação do cristalino, comoção da retina, descolamento da
retina, hemorragia retiniana/vítrea, neuropatia
óptica traumática, lesão do SNC.
Nota:
Lembrar sempre de perda visual não-fisio-
lógica.
VISÃO DUPLA (DIPLOPIA)
1. Monocular (a diplopia permanece quando o
olho não-envolvido é ocluído).
Mais comum. Erro de refração, alinhamento incorreto dos óculos, opacidade ou irregularidade
corneana (incluindo cirurgia corneana/refrativa),
catarata.
Menos comum. Luxação do cristalino ou de lente
implantada, orifícios pupilares extras, doença macular, descolamento da retina, causas no SNC (raras), não-fisiológica.
2. Binocular (a diplopia é eliminada quando um
dos olhos é ocluído).
–Tipicamente intermitente: Miastenia grave, descompensação intermitente de uma foria
existente.
–Constante: Paralisia isolada do sexto, terceiro ou quarto nervo, doença da órbita [p. ex.,
oftalmopatia tireóidea, inflamação orbital idiopática (pseudotumor orbital), tumor], síndrome
do seio cavernoso/fissura orbitária superior;
pós-cirurgia ocular (p. ex., anestesia residual,
deslocamento de músculos, correção insuficiente ou demasiada após cirurgia muscular);
estado pós-trauma (p. ex., fratura da parede orbital com encarceramento de músculo extraocular, edema orbital); oftalmoplegia internuclear; insuficiência arterial vertebrobasilar; outras
lesões no SNC; problemas com óculos.
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