doi: 10.4025/10jeam.ppeuem.03026 INSTITUIÇÕES ROMANAS FRANÇA, Tiago (PPH/UEM-GTSEAM) VENTURINI, Renata Lopes Biazotto (DHI/PPH/UEM-GTSEAM) No presente artigo pretendemos discutir o conceito de instituição romana, mais voltada para o período imperial. Essa definição de período se dá devido ao interesse de podermos estudar a figura do Imperador romano, que em Roma detinha diversos poderes, e muitos desses poderes proviam de instituições romanas anteriores a esse regime. Vinham desde a formação do povo romano, no momento histórico em que Roma era chamada de monarquia. É importante ressaltar que o poder detido pelo imperador era de caráter pessoal, isso quer dizer que ele será o Estado romano. A figura máxima do império detinha o papel de ser representante das instituições romanas. Nessa ideia o imperador se assemelha muito a teoria Peter L. Beger e Thomas Luckmann, quando eles dizem que os papéis ainda representam as instituições ao mesmo tempo em que também são aparelhos legitimadores da sociedade. Tendo em vista que as instituições requerem e determinam um conjunto de papéis para os indivíduos. Esses papéis têm a função primordial de controlar a institucionalização, representando a instituição e sua conduta. Outra ideia dos autores que aparece no presente tema que estudamos é que toda a instituição tem uma história e vamos ver que isso acontece em Roma, mesmo que por muita vezes elas se alterem com o tempo, sendo moldadas conforme a necessidade. Inclusive segundo Beger e Luckmann isso seria uma coisa que ocorreria nas instituições, conforme elas são interiorizadas pelas pessoas. Segundo eles, a nova geração (nova geração, pois, são gerações sucessoras do grupo institucionalizante) vai interiorizar a instituição primária e, quando forem capazes, vai também modificar aquela instituição de modo a realizar a tarefa de alcançar os seus objetivos e suprir as suas necessidades. Para exemplificar as mudanças das instituições e suas alterações iremos utilizar o exemplo do general Júlio César e posteriormente o de seu filho adotivo Otavio, mais tarde 1 denominado Augusto(um título de divinização, que será utilizado por todos os outros imperadores, se tornando uma instituição imperial). E também utilizaremos fontes da época para mostrar como os homens, no caso Otavio e César, eram retratados. Para este estudo a fonte principal será a obra “As vidas dos doze césares” de Caio Suetônio Tranquilo, uma biografia do I século depois de Cristo, que falará sobre 12 governantes de Roma, de César ao imperador Domiciano. Em nossos estudos ficou claro que o general romano Júlio César da às bases ao que seria o Império Romano, mas o poder pessoal que ele detém não é visto primeiro em sua pessoa, ele apenas soube como utilizar esse poder em benefício próprio. A historiografia faz menção a este tipo de poder pessoal bem antes de Júlio César, Léon Homo(1927) demonstra que sempre existiu pessoas com poder pessoal na sociedade romana, nos irmãos Graco pode-se notar a presença do poder. Tendo em vista que o poder pessoal se sobrepõem sobre à autoridade imposta na sociedade, Homo cita três sintomas para a decadência da constituição romana e o estabelecimento definitivo do poder pessoal no período de 133 à 31 a.C., segundo ele: “La décadence de la constituion romaine, au cours du siècle que s’étend dês Gracques à l’établissement définitif du regime personnel (133-31 av. J.-C.), et la crise constitutionnelle qui em est la conséquence immédiate, se manifestent essentiellement par trois symptômes fondamentaux et paralléles: 1º Plus de majorité gouvernementale; 2º La constitution est faussée par la prépondérance exclusive des comices tributes; 3º Ruine dês moeurs publiques,[...]” (Homo, 1927, p.180-181) Como podemos ver as estrutura constitucionais romanas estão ultrapassadas a máquina estatal romana, depois do II séc. a.C. está obsoleta, segundo Homo, a queda das instituições romanas tradicionais tem um ponto positivo: “La ruine des institutions traditionnelles de la cité a une contre-partie, positive celle-là: la naissance d’une idée nouvelle, l’idée monarchique, obscure et enveloppée d’abord, mais qui, au cours d’um siècle de dissensions civiles, va se dégager graduellement pour prendre avec lê clair génie de César la forme d’une conception systématique et d’um programme concret.” (HOMO, 1927, p.192) 2 No contexto da história romana, chegamos a conclusão que devido a anarquia em que Roma vivia ela teve que alterar seus meios de governo, para tanto a melhor resposta para acabar com está anarquia seria dar o poder a uma pessoa, na idéia de vários autores que falam da antiguidade romana, principalmente da transição da República romana para o Império, somente o poder pessoal poderia fazer as reformas que necessitava Roma. Isso fica explícito em Homo: “Le regime de la cité antique, tel que l’avait conçu et pratique l’oligarchie du second siècle avec sés príncipes surannés, ses cadres étriqués et ses moyens administratifs embryonnaires, n’avait pas su opérer sur lui-même les réformes indispensables;[...] Or cette formule, seul le régime personnel pouvait désormais la fournir.” (HOMO, 1927, p.207) No período de nosso estudo(fim do I a.C. e início do I d.C.), existem dois homens que “disputam” o poder na sociedade romana, Cneu Pompeu Magno, grande general, responsável pela eliminação dos piratas do mar mediterrâneo e da revolta de escravos liderado por Espártaco, que era de uma família tradicional romana que defendia os interesses do Senado e Caio Júlio César que era uma nova força na sociedade romana, general de destaque em Roma por ter estendido os territórios romanos. Esses dois homens foram muito importantes na sociedade romano, tanto é verdade qie eles tiveram, antes de sua disputa pelo poder, m período em que dividiram o “poder” total de Roma. Junto com Crasso, essa divisão ficou conhecida como triunvirato. Foi uma forma de administrar a sociedade romana e tentar acabar com as revoltas que ocorriam no período. Sobre o triunvirato de César, Pompeu e Crasso, nós fala o historiador grego Apiano: “Catão se opôs a seu pedido e aproveitou o último dia para fazer um discursso de apresentação das candidaturas. Desprezando a consagração, César se precipitou em direção à Roma, apresentou sua candidatura, esperando em seguida as eleições. No mesmo momento, Pompeu, que tinha adquirido muita glória e poder por suas ações contra Mitrídates, pedia ao Senado a ratificação de todas as decisões que tomara em favor dos reis, dinastias e das cidades. Um grande número de senadores, e em primeiro lugar Lúculo, ciumento das façanhas de Pompeu, se opuseram. Lúculo, que dirigia a guerra contra Mitrídates antes de Pompeu, declarava que a vitória tinha sido obra sua, pois por ocasião da chegada de Pompeu, Mitrídes tinha perdido toda a sua força graças a ele. Crasso pertencia ao partido de Lúculo. Como Pompeu se indignasse ante tal atitude, fez um acordo com César prometendo, sob palavra, ajudá-lo a conseguir o Consulado. Pouco tempo depois, César 3 reconciliou Crasso e Pompeu, e, como os trê detinham os maiores poderes, ajudaram-se mutuamente, segundo os próprios interesses. O escritor Varo tratou o acordo entre esses homens num livro intitulado “O Monstro de Três Cabeças”. “ (APIANO, Guerras Civis II 8-10 in PINSKY, 2001, p.73) Suetônio também fala sobre o triunvirato em que César participou: “Espicaçado ao extremo por essa injustiça(a injustiça aqui foi a de que César eleito cônsul, os aristocratas se esforçaram para que ele assumisse uma província, onde não teria nada para fazer, uma província sem importância e para alguém que almeja o poder, como César isso seria horrível), César passou a cercar Pompeu de todas as atenções, na ocasião magoado com os senadores porque protelavam a ratificação dos seus atos após a vitória sobre o rei Mitridates. Reconciliou Marcos Crasso com Popeu, seu antigo desafeto desde o consulado que ambos administravam no mais ompleto desacordo; entrou em aliança com os dois pela qual ada se faria no Estado que desagradasse a um dos três.”(1989, p.23-25) Podemos perceber que a transição da forma administrativa romana se deveu em grande parte ao estabelecimento do poder pessoal que aumenta em um período conturbado da sociedade romana, período em que a extensão territorial tinha atingido quase que sua plena extensão o que causava grandes problemas administrativos o que causa a queda do poder do Senado romano, instituição governante de Roma que vê o declínio de seu poder pleno do início da República, pois, não são capazes restabelecer a ordem na sociedade romana, são obrigados a nomear três generais como governantes de Roma. Esses três generais romanos que tem como função organizar a sociedade romana se unem no Triunvirato1. O que podemos perceber com o estabelecimento do Triunvirato no período de caos romano é que ele vai dar uma atenuação ao poder pessoal de três pessoas ilustres da sociedade romana e dos exércitos romanos. Esse poder pessoal vai ser base para os poderes que o futuro imperador romano vai obter. O final do período republicano, século I a .C., foi marcado por uma crise de ordem política e social. Sobre esses conflitos o historiador Géza Alföldy comenta: De uma maneira geral, os conflitos declarados nesta época podem ser subdivididos em quatro tipos principais[...]Os primeiros três grandes 1 Um triunvirato ou troika é uma associação política entre três homens em pé de igualdade. Essa associação política era formada por três generais romanos em tempos de disturbius na sociedade romana. 4 tipos são as lutas de escravos, a resistência dos habitantes das províncias contra o domínio romano e a luta dos itálicos contra Roma.[...]O quarto e mais significativo tipo de conflitos do último período da República tinha lugar entre os cidadãos romanos[...](ALFÖLDY,1989, p. 82) Apesar da dimensão das revoltas que caracterizam a diversidade da sociedade romano entre os séculos I a .C. e I d.C., é importante ressaltar que essas revoltas não tinham pretensões de mudar a estrutura social, mas sim de organizá-la. Nesse sentido, a sua principal conseqüência foi a mudança na forma de administração do Estado romano. As conseqüências dessas revoltas são descritas por Alföldy ao afirmar: Ao mesmo tempo, as diferenças, igualmente nítidas, entre os diversos conflitos revelam como o conteúdo político destes confrontos se ia progressivamente sobrepondo ao seu conteúdo social, com a conseqüência de essa série de conflitos apenas ter modificado o enquadramento político da organização social romana, e não a organização em si.( ALFÖLDY,1989, p. 90) Em meio a essas disputas na sociedade romana, Pompeu e César vão disputar o poder pessoal, contudo Pompeu é que primeiro vai aparecer com este poder. Contudo é importante ressaltar que Pompeu queria este poder pessoal de forma regular e legal, diferentemente do que fez César. Isso fica muito claro quando vemos a luta de Pompeu contra os piratas do mediterrâneo, neste caso ele recebe o poder pessoal de forma legal pelo Senado romano para poder lutar contra esse terrível mal que acometia a civilização romana a muito. “La puissance ainsi conférée à Pompée représentait, et sous forme légale, un pouvoir personnel tel que Rome n’en n’avait jamais connu encore; c’etait, sans le mot, la monarchie, et personne à Rome, partisans aussi bien qu’adversaires, ne s’y trompa.” (HOMO, 1927, p.211) Por essa citação de Homo podemos ver que o poder pessoal que foi dado pelo Senado para Pompeu, foi algo sem precedentes e com isso o Senado abria possibilidades para a introdução de um novo sistema de poder na administração romana. Pompeu teve mesmo a oportunidade de se tornar o primeiro homem com poder pessoal em Roma após suas vitórias no Oriente, quando de seu regresso a capital romana era esperado que ele tomasse o poder pessoal para si, porém, não é isso que ocorre, pois, Pompeu contrária a todos voltando para Roma sem os seus exércitos( a força de coersão 5 que Pompeu poderia ter utilizado). A explicação para tal atitude de Pompeu, foi a de que ele não queria usar de força para chegar ao poder, para ele, isso teria que ser de forma legal e aceito pelos organismos tradicionais romanos.Somente veremos a tomada do poder a força quando Júlio César chega ao poder. Conseguimos ver que Pompeu adiquiriu muito prestígio e poder pessoal, porém nunca poderemos afirmar que ele foi o monarca de Roma, ele teve sim uma forma de governo sua, chamada por alguns estudiosos de Principado, mas ele ainda dependia e preferia ter a legitimidade das antigas instutituições romanas, sem que para isso utilizasse de força. Júlio César será o homem que vai tomar o poder de Roma para si, utilizando de seu poder pessoal, diferentemente de Pompeu, ele não tinha intenção de perder a chance de obter o poder supremo. Suetônio mostra que esse desejo pelo poder aparece em Júlio César desde a época do triunvirato: “Quando da promulgação da lei agrária, expulsou do fórum com armas o colega que vetava e, no dia seguinte, quando este apresentou queixa no Senado enão encontrou ninguém que tivesse coragem de tratar do caso ou propor medida obre tal consternação, providência muitas vezes tomada em pertubações da ordem bem mais leves, foi levado a tal abatimento que até o fim de seu mandato nada mais fez que oposição através de editos. A partir desse momento César tratou sozinho e a seu talante de todos os negócios; por isso algunsgozadores, irozinando, quando assinavam algum documento para produzir fé, escreviam que tinha sido exarado no consulado não de César e Bíbulo, mas de Júlio e César, mencionado duas vezes a mesam pessoa pelo nome e sobrenome; logo se divulgarame estes versos: “Não foi Bílbulo que recentemente fez tal coisa, mas César;/pois não me lembro de nada feito por Bíbulo.”(1989, p.25-27) Mas para se entender o porque Roma chegou ao ponto de ter um homem forte a frente do governo, o primeiro cidadão, temos que entender como Júlio César consegue tomar o poder. César vai se utilisar do exemplo de Pompeu para conseguir chegar ao poder, assim como o exemplo de outra grande figura romana, a do ditador Sila, que teria sido na história romana o primeiro monarca. Sobre isso Homo explica: “L’exemple de Sylla lui a révélé la puissance du pouvoir militaire, et celui de Pompée, plus instructif encore, le défaut de la cuirasse du Principat. Il a appris, et la leçon ne devait plus s’effacer de sa mémoire, que la noblesse sénatoriale ne se résignerait jamais, sauf contrainte, même à cette forme atténuée de régime personnel que représentait le Principat.” (HOMO, 1927, p.227) 6 Para chegar ao poder César tem que passar pela nobreza senatorial e as antigas instituições, ele vai utilizar de força e seu poder pessoal para chegar ao seu objetivo. Quando ele utiliza de força ele já se difere de Pompeu na forma de chegar ao poder, segundo Homo: “Principat de Pompée, monarchie de César, la différence des deux conceptions se traduit À la fois par les procédes d’acquisition et les modalités de gestion.” (HOMO, 1927, p. 227) Suetônio em sua obra, exemplifica como seria a nova administração de César, corraborando com as idéias de Homo citadas anteriormente: “Ele completou o Senado, criou novos patrícios, aumentou o número de pretores, de edis, de questores e mesmo de magistrados inferiores; restabeleceu a dignidade daqueles que a tinham perdido por decisão dos censores ou por condenação judicial decorrente de intriga. Compartilhou com o povo o poder dos comícios de tal forma que, com exceção dos candidatos ao consulado, metade dos eleitos eram escolhidos da lista proposta pelo povo e a outra metade composta por aqueles escolhidos por ele próprio. Ora ele os designava através de mensagens extremamente curtas enviadas às tribos: “César, ditador, à tal tribo. Recomendo-lhes tais e tais fulanos para receber a dignidade de sua votação.” Admitiu horarias mesmo em relação aos filhos dos proscritos. Enviava os processos a juízes de duas categorias da ordem equestre e senadores, tendo suprimido os tribunos do tesouro que formavam uma terceira categoria. Recenseou o povo de maneira que não era nem a habitual, nem no lugar costumeiro, mas procedendo segundo quarteirões, e por intermédio dos proprietários das ínsula. Reduziu o número daqueles que recebiam trigo do Estado, de trezentos e vinte mil para cento e cinquenta mil; e, para que na ocasião do censo não surgissem novas dificuldades deciciu que, a cada ano, o pretor substituiria os mortos pela escolha ao acaso entre aqueles que não tinham tido o direito de ser recenseados. Depois de ter distribuído oitenta mil cidadãos nas colônias de além-mar para preencher os vazios da Cidade, impediu a todo o cidadão maior de vinte anos e menor de sessenta, não engajado em obrigações militares, de se ausentar da Itália por mais de três anos seguidos; proibiu igualmente a todo filho de Senador de partir para longe, exceto quando ligado à figura de algum general ou acompanhado algum magistrado.” (1989, p.57-59) Júlio César foi a figura que deu base para a formação do que viria a ser o Império Romano. Fez reformas que mudaram a política romana como era conhecida até o momento. Sobre tal questão Nobert Rouland comenta: 7 Suetônio tem razão. César, no seu reinado –é esse o nome que cabe para o seu regime- fez com que o Senado e os comícios passassem a ser câmaras de registros. As assembléias populares votavam as leis que ele elaborava e empossavam os candidatos oficiais designados por ele. Mas mesmo isso apenas em parte, pois reservava-se o direito de nomear pessoalmente os cônsules e a maioria dos outros magistrados. Ao Senado é reservada sorte análoga. César convoca-o pro forma, mas de fato toma as decisões por ele mesmo...” (ROULAND,1997, p.336) Contudo Júlio César não consegue permanecer no poder durante muito tempo, sendo que acaba morto por membros do Senado, que viam nele a figura de um Tirano, por usurpar o poder que era por direito do Senado. Sobre a morte de César, Suetônio escreveu: “Estando César sentado, os conspiradores, a pretexto de lhe render homenagem, cercaram-no; imediatamente Tílio Címber, encarregado da primeira ação, como que dando a entender que ia fazer-lhe um pedido, aproximou-se bastante; dinate da recusa de César que, com gesto, o remetia para uma outra ocasião, ele agarrou-lhe a toga de um e outro lado do ombro; no momento em que lhe gritava: “Mas isso é uma violência!”, um dos cois Casca e o atravessa com m ponteiro, mas quando tetou dar um salto para frente, foi neutralizado por segunda apunhalada. E quando ele se dá conta de que é atacado de todos os lados com punhais em riste, cobre com a toga a cabeça e com a mão esquerda deixa cair até os pés a dobra superior dela, para que, tendo seu corpo coberto também na parte de baixo, sua queda ocorresse com bastante dignidade. Assim foi ele ferido com vinte e três punhadas, tendo dado um único gemido na primeira estocada, mas sem dizer palavra, embora haja quem propaga que, no momento em que Bruto o atacava, ele lhe teria dito: “Você também, meu filho!”.(1989, p.111) Talvez Caio Júlio César não fosse a pessoa correta para utilizar “a linguagem autorizada” do “império”, ideia de Bourdieu sobre o discurso não ser furtivo se não for realizado pela pessoa adequada: “O poder das palavras é apenas o poder delegado do porta-voz cujas palavras (quer dizer, de maneira indissociável, a matéria de seu discurso e sua maneira de falar) constituem no máximo um testemunho, um testemunho entre outros da garantia de delegação de que ele está investido.” (BOURDIEU, s/d, p.87) Contudo com sua morte Roma retorna ao período de instabilidade política e social que anteriormente ocorria no império. A primeira guerra civil entre Antônio e Augusto, a guerra contra os assassinos de César e depois a Guerra Civil entre os dois triuviratos(Otávio e Marco Antônio), causam um grande distúrbio que desestabilizou a 8 sociedade romana, fazendo com que o Senado seja obrigado a dar novamente poderes absolutos a um homem, esse homem que seria, segundo o testamento deixado por César seu herdeiro. Foi da maneira que se segue que todos os poderes do Senado e do povo passaram a Augusto, a partir de quem estabeleceu-se uma verdadeira monarquia (pois é válido dar-se a este regime o nome de monarquia, mesmo quando duas ou três pessoas dividem o poder) [...]A fim de aparentar exercer o poder, não por vontade própria, mas conforme a lei, os imperadores se atribuem, além desse título, todos aqueles que, com exceção da ditadura, dependiam, no tempo da república, da vontade do povo e do Senado. Eles dirigem com freqüência o Consulado, tomando sempre o título de procônsul quando se afastam do pomério; [...], fazemse chamar constantemente de imperator e isto para significar o absolutismo de seu poder, sem, no entanto, atribuir-se o título de rei ou ditador. [...] Em virtude de seu poder censorial, indagam sobre a maneira de viver, sobre os hábitos, realizam censos, redigem a lista de cavaleiros e senadores, podendo eliminar aqueles que desejam. Constituem-se nos responsáveis por todos os assuntos santos e sagrados, pelo fato de estarem ligados todos os sacerdócos[...] [...] Como os imperadores são considerados patrícios, não pensam poderem ser tribunos da plebe; no entanto, assumem seu poder com a plenitude de outrora.[...] Todas essas funções têm sua origem na República e eles as executam da maneira como eram exercidas tradicionalmente; deste modo, assumindo-as, eles não parecem ostentar nenhum poder que não lhes tenha sido concedido. (DION CÁSSIO, LIII, 17 in PINSKY, 2001, p.97) Assim Dion Cássio, grande escritor da antiguidade, mostrou a ascensão de Augusto ao poder imperial. Ele se torna assim porta-voz “autorizado”, na ideia de Bourdieu, do Império Romano, assim: “O porta-voz autorizado consegue agir com palavras em relação a outros agentes e, por meio do seu trabalho, agir sobre as próprias coisas, na medida em que sua fala concentra o capital simbólico acumulado pelo grupo que lhe conferiu o mandato e do qual ele é, por assim dizer, o procurador.” (BOURDIEU, s/d, p.89) Para entendermos melhor a figura do imperador romano, temos que compreender os poderes que formavam essa figura tão importante na sociedade romana. O Princeps como eram chamados os imperadores devem ser entendidos como figuras do poder pessoal. A própria palavra Princeps significava isso quando criada por Pompeu, o poder na mão do 9 melhor cidadão em tempos complicados, o mestre que deve guiar seu povo em tempos tempestuosos. Segundo Harvey(1998) Princeps é: O título tomado por Augusto e adotado por seus sucessores, significando “chefe” ou “condutor”. O título não era oficial senda na realidade uma lisonja (compare-se “Il Duce” ou “Der Führer”) Princeps não significava Princeps Senatus. Esse título sempre existiu, e “princeps Senatus” significava primazia dentro do Senado, mas nada fora dele. (HARVEY, 1998, pág. 415) O que vamos ver na transição da República para o Império pode ser entendido como uma forma de rito de instituição que tende a consagrar ou a legitimar, como é apresentada por Bourdieu, segundo ele: “[...] instituir é consagrar, ou seja, sancionar e santificar um estado de coisas, uma ordem estabelecida, a exemplo precisamente do que faz uma constituição, no sentido jurídico-político do termo. A investidura (do cavaleiro, do deputado, do presidente da República, etc.) consiste em sancionar e em santificar uma diferença (preexistente ou não), fazendo-a conhecer e reconhecer, fazendo-a existir enquanto diferença social, conhecida e reconhecida pelo agente investido e pelos demais.” (BOURDIEU, s/d, p.99) Essa transição também teve uma característica ambígua, pois apresenta continuidade e descontinuidade sobre suas instituições. Instituições do passado republicano e do novo período imperial. Segundo Béranger(1960), a continuidade de uma forma de Estado tradicional é considerado ideal, como ele cita: “La périnnité d’une forme d’État traditionnelle et considérée comme idéale, avec dês hauts et dês bas dans la réalisation, aussi bien sous la République, au sens strict du mot, que sous l'Empire, la coexistence de la République et de la monarchie du principat est toujours attestée expressément ou implicitement.” (BÈRANGER, 1977, Pág 151) Vemos também nesta citação de Béranger que a coexistência entre o Império e a República é atestada implícita ou explicitamente o que ele mostra com alguns escritores da antiguidade, como Suetônio, 10 “ Suet., Iul., 77 et 86, 2 : <dicere>solitum, non tam sua quam rei publicae interesse uti salvus esset. Auguste: Suet., Aug., 8,3; 23, 2: vovit... magnos ludos Iovi ... si res p. in meliorem statum vertisset. 64, 1: tenerosque (Caius et Lucius Caesar) adhuc ad curam rei p. admovit. 94, 8; 101, 3.” A existência do Estado Romano sempre foi cheia de instabilidade, seja por ameaças internas ou externas, a res publica sempre foi instável e nesses períodos foi necessário o auxilio de um cidadão, geralmente um grande cidadão para poder dar um impulso ou proteger esse direito romano, esse cidadão seria a alma do Estado. Tal cidadão que tomou uma grande importância durante os períodos anteriores ao Império Romano, será o mesmo que vai dar base ao objetivo desse trabalho, que é o Imperador Romano. Em Roma chamava-se Imperador a pessoa que obtivesse o poder supremo ou imperium2. Este poder se baseava por um lado, sobre o imperium, princípio de soberania que possuíam todos os magistrados de alta categoria, e dava ao imperador a possibilidade de intervir em Roma e nas províncias. Ele concentrava em suas mãos o direito de ser chefe de exércitos, o poder dos tribunos ou sobre os poderes que os tribunos da plebe detinham. A esses dois poderes tradicionais juntava-se a auctoritas, poder moral de um tipo novo, que fazia do Imperador o pater patriae, que o colocava acima de todas as instituições. Podemos confirmar a atribuição de pai da pátria para Augusto, pelos cidadãos romanos na seguinte passagem de Suetônio: “O conjunto dos cidadãos atribui-lhe o título de Pai da Pátria com repentino e total consenso: primeiramente, a plebe, por uma legação enviada a Âncio; em seguida, porque não o aceitava, através de um significativo número de pessoas coroadas de louro, durante certa ocasião em que se dirigia aos espetáculos em Roma: logo depois, recebeu-o na cúria senatorial, não por decreto ou aclamação, mas através de Valério Messala.Esse homem disse em nome de todos: “que o bem e a ventura estejam contigo e com tua família, ó César Augusto!, pois, assim, julgamos rogar eterna ventura e êxito para esta república: o senado, de comum acordo com o povo romano, saúda-te como Pai da pátria”. Augusto respondeu-lhes entre lágrimas com tais palavras – pois eu as cito 2 Segundo Harvey: Imperium, na constituição romana o “poder de comandar”, inerente a um dictador, cônsul, praetor ou magister equitum, ou seja, os magistrados capazes de fato de comandar um exército. Esse poder era absoluto, pelo menos teoricamente, fora do pomoerium ou limites consagrados da cidade de Roma, porém sujeito a restrições de natureza diversa dentro da própria cidade. Um magistrado detentor do imperium proconsular perdia-o quando entrava na cidade. Por esse motivo os generais à espera da realização de seus triunfos permaneciam fora de Roma, e consequentemente realizavam-se às vezes reuniões do Senado fora das muralhas. (HARVEY, 1998, p.287) 11 literalmente, assim como as de Messala: “realizados os meus votos, o que mais, ó senadores, devo suplicar aos deuses imortais, a não ser que me seja permitido manter esta vossa aprovação até o último dia de minha vida?”. (1989, p.215) Além desses títulos acrescentava-se um caráter religioso ao poder do Imperador com o pontificado. Sobre os títulos imperiais o historiador Géza Alfödy comenta: “O imperador, que detinha a tribunicia protestas, podia tomar a iniciativa legislativa sempre que quisesse, promulgar qualquer medida que lhe aprouvesse, para proteger o povo romano. Na sua qualidade de detentor do imperium proconsulare maius, governava as chamadas províncias senatoriais em conjunto com os magistrados nomeados pelo Senado, governava as províncias imperiais sozinho, através dos seus legados e exercia comando supremo do exército romano. Para mais na sua qualidade de garante de bons mores, tinha o direito de admitir na ordem eqüestre as pessoas que lhe parecessem mais adequadas de nomear << homens novos >> para o Senado, assim como excluir das respectivas ordens cavaleiros ou senadores, além de que todos os cargos superiores da burocracia ou do exército só podiam ser preenchidos com a sua aprovação expressa ou tácita. Mas o imperador não só detinha um poder total garantido pelo seus direitos constitucionais como também a sua posição pessoal era da mais alta dignitas na sociedade romana: podia apelar para sua auctoritas pessoal, a qual segundo Augusto, lhe conferia, só por si, a superioridade sobre todos os outros homens(auctoritate omnibus praeatiti, RGDA, 34), pois o imperador era a encarnação ideal de todas as antigas virtudes romanas, sendo as principais a virtus, a clementia, a tustitia e a pietas”.(ALFÖLDY, 1989, p. 116) Com a citação de Alföldy vemos que os poderes do imperador eram diversos e quase sempre colocando-o acima de todos os homens, isso é importante, pois é ae que surge a idéia de poder pessoal.A mesma importância resultante do poder imperial nos dois primeiros séculos do Império é apresentado por Pierre Grimal. O historiador francês afirma que: “A apropriação quase automática do título de imperator pelo príncipe –a principal personagem da cidade, o seu condutor e guia- a partir de César, e depois de Augusto, conferia-lhe um prestígio muito particular, quando não o de uma divindade, pelo menos o que se pode chamar de uma predestinação para se tornar um deus, o reconhecimento, nele, de uma natureza já divina, ou sobre-humana, que se afirmava ao longo da vida, se não permitisse que seu poder degenerasse em tirania, se fizesse reinar a justiça, a ordem e a paz no interior do Império e nas suas fronteiras. Quando morria, um imperador assim era olhado por todos como um deus. Concediam-lhe as honras da apoteose...” [...] imperator, isto é, senhor 12 absoluto da força, é ao mesmo o que cria a lei, se necessário, mas que também observa as que existem independentemente da sua pessoa.[...] Esta concepção, que colocava o imperador acima dos reis, em nome de uma ideologia determinada, destinava-se a atravessar a história”.(GRIMAL, 1993, p. 12; 17 e 146) Sobre essa tão importante instituição do império, Béranger nós diz que o imperium é: Imperium comme désignation du pouvoir impérial, descend directement de la République ou il signifie droit de commandement, compétences, dont lê tribunat de la plebe. L’expression littérale du pouvoir imperial regime augustéen, par sés éléments constitutifs et antithétiques d’imperium proconsulaire et de puissance trinunicienne est relativement tardive érudition déjà théorie c’est-à-dire schématisation en dehors des faits.(BÉRANGER, 1977, p.325) Como a maioria dos poderes imperiais, vemos que o imperium, também descende das instituições romanas do período republicano. Esse poder está relacionado ao poder pessoal do imperador e está apoiado legalmente sobre o imperium proconsular e o poder tribunício. O imperium é o território no qual se exerce a autoridade romana e tem diversas aplicações de poder. Segundo Béranger, existe uma teoria de que o imperium foi a sobrevivência de um passado arcaico de uma mentalidade que o concebia como uma força mágica concedida ao chefe, que lhe dava o poder sobre as coisas e pessoas. Dentro do imperium e para dar autenticar o poder pessoal do Imperador, era inserido o dies imperi, que seria uma espécie de aniversário do início do regime do imperador. Essa data eram colocadas perto de fatos históricos importantes para aumentar a importância do governo do imperador, que usavam a data como forma de se colocar acima dos outros seres humanos. Apesar de ser muito importante, o dies imperium não correspondia ao dia verdadeiro da acessão ao poder do governante, isso era apenas mais uma artimanha para que se enaltecesse o poder pessoal do soberano romano. A soberania do Imperador é dada pelo povo também, essa soberania que é do povo passa ao imperador durante as eleições, eles são testemunhas dessa autoridade, o imperium era um direito de comandar, estabelecido sobre decreto do Senado e ratificado como poder tribunício pelo povo. Segundo Béranger: 13 [...] Mais il a délègué sa souveraineté au prince; lé prince est un fondé de pouvoirs, exerçant le pouvoir par délégation. Plus le monarque est absolu, plus il manifeste l’autorité populaire. [...] (BÉRANGER, 1959, p. 153) Para Béranger a instauração do Império Romano não foi um triunfo da força, mas sim a vontade da maioria dos romanos, consensus universorum. Outro motivo apontado pelo autor é que a luta entre partidos rivais ajudou o processo de criação do Império. Para Béranger o príncipe funda sua supremacia sobre um considerável grupo de pessoas, que ele fala que são sua clientela3. Mas esses clientes não foram os responsáveis pela criação do Império, apenas concordaram com ele. Para dar sustentação ao seu poder, as tropas eram o instrumento de apoio ao Imperador, sendo às vezes o imperador escolhido entre os homens do exército4. Mas nossa preocupação aqui é entender quais os principais poderes do imperador, sobre isso Béranger nos da uma noção sobre o que era e o que deveria fazer o Imperador Romano: “Quáttend-on prince? Investi d’un pouvoir inconditionnel, il doit veiller sur lês citoyens em parens patriae. Il assure la paix universelle, l’exercice des lois, le respect de la vie publique et de la vie privée. Esclave de ces obrigations, il est lê serviteur de tous. Um bon prince «... doit être tout au service du Sénat, et souvent de tous les citoyens, et lê plus souvent de chacun em particulier». Magnifique déclaration ministérielle de Tibère frais émoulu prince: obéissance à l’opinion er, par elle, exercice du poivoir délégué. Quant aux réalités, il était encore plus facile qu’aujourd’hui de tenir les promesses: lê prince exerçait lê pouvoir du peuple «sur» (éloquente amphibologie: «contre», in + accusatif!) lê peuple.” (BÉRANGER, 1959, p. 169). 3 Segundo Harvey(1998): Cliente (L. Cliens), em Roma, na época republicana, o dependente de um patrício, ou em termos mais gerais de um patrono mais poderoso ou rico, ao qual o cliens prestava serviços em troca de proteção. A relação entre o cliente e o patrono assemelhava-se à do vassalo com o chefe, enobrecida pela lealdade recíproca. Na época imperial essa relação sofreu uma degradação; os clientes passaram a ser então meros sequazes famintos de algum patrono rico, freqüentando suas recepções, caminhando atrás dele pela cidade, transmitindo apressadamente seus recados, tudo em troca de algum alimento ou dinheiro. (HARVEY, 1998, p. 126). 4 Vemos um exemplo disso em Vespasiano, primeiro imperador da casa Flávia, que governou Roma de 70 a 79 d.C. 14 O Imperador investido com seu poder pessoal consegue diversas ações, uma que vale a pena ser ressaltada é a de unir todos os antigos partidos, que antes do Império estavam em conflito, ao seu. Outro poder que dava autenticidade ao poder pessoal imperial em Roma era a auctoritas. Esse conceito era totalmente romano segundo Maria Helena da Rocha Pereira(2002), pois, diferente da maioria dos conceitos, não tinha um equivalente em grego. E segundo a autora(2002) ele seria: “[...] um valor intrísecao, que “não se exerce pela persuasão e convicção, mas apenas e somente pelo peso da pessoa da corporação que Roma ou sanciona uma decisão”.” O grande orador e estadista romano Cícero nós da algumas considerações em que essa qualidade pode ocorrer na sua obra Trópicos de 44 a.C.: “A autoritas natural reside sobretudo na virtus; ocasionalmente, há muitos motivos que a conferem: o talento, a riqueza, a idade, a fortuna, a beleza, a arte, a prática, a necessidade, por vezes mesmo, o concurso de acontecimentos fortuitos.” Segundo Béranger(1953) a auctoritas torna-se em algum momento, uma noção de direito público, com base constitucional. Assim sendo o Imperador exercia seu poder monárquico reconhecido por lei devido a auctoritas. Devido a tudo que foi exposto, conseguimos compreender que a investidura do poder imperial romano dependia de alguns fatores institucionais e que os mesmos eram instituições que já existiam e que se moldaram a nova forma de administração da sociedade de Roma. Vimos que o Imperador era uma pessoa que detinha um poder pessoal muito importante e que era fundamental para que fosse possível a sua administração. REFERÊNCIAS ALFÖDY, Géza, A História Social de Roma. Lisboa Presença, 1989. BAKHTIN, Mikhail. Questões de Literatura e de Estética: A Teoria do Romance; Editora Unesp, São Paulo 1993, Terceira Edição. BARROS, José D’ Assunção. O campo da história: especialidades e abordagens. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. BÉRANGER, Jean. Recherches sur l’aspect idéologique du principat. Paris, verlag friedrich Reinhardt ag basel, 1953. 15 BERGER, Peter L., A construção social da realidade: tratado de sociologia do conhecimento; trad. Floriano de Souza Fernandes. Petrópolis, Ed. 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