Trabalho Submetido para Avaliação - 24/08/2012 17:15:00 O “NEODESENVOLVIMENTO”: UMA ADAPTAÇÃO DO MÉTODO HISTÓRICOESTRUTURALISTA À ECONOMIA BRASILEIRA PÓS-ESTABILIZAÇÃO ANA PAULA BUHSE ([email protected]) / Ciências Econômicas / Centro universitário Franciscano- UNIFRA, Santa Maria - RS ORIENTADOR: JOSÉ MARIA DIAS PEREIRA ([email protected]) / Ciências Econômicas / Centro universitário Franciscano- UNIFRA, Santa Maria - RS Palavras-Chave: estruturalismo, novo-desenvolvimentismo, desindustrialização A CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe) foi criada em 1948, com o objetivo de estudar os principais obstáculos que impediam a América Latina (AL) de atingir as mesmas condições de bem-estar econômico e social que os países desenvolvidos haviam alcançado. A CEPAL está muito ligada ao nome de Raúl Prebisch, economista argentino que elaborou um conjunto de documentos que passariam a figurar como a grande referência ideológica e analítica para os desenvolvimentistas latino-americanos. Aos poucos, a CEPAL começou a ser alvo de críticas e foi perdendo influência até sofrer o golpe definitivo com o fim do governo de Allende e a instauração da ditadura de Pinochet no Chile, com o apoio dos Estados Unidos. A partir dos anos 80, com a chamada “crise da dívida”, que levou ao “default” vários países latinoamericanos, inclusive o Brasil, a CEPAL substitui a ênfase por mudanças estruturais pela preocupação com a conjuntura econômica, em particular com o baixo crescimento econômico da região e a renegociação da dívida externa. As estratégias desenvolvimentistas que foram desenvolvidas nas décadas de 1930 a 1960, tinham como objetivo proteger a indústria nascente e a promoção da poupança forçando através do Estado, assim os países da AL deveriam avançar na industrialização tendo crescimento, sendo este caracterizado por substituição de importações e forte presença do Estado na economia. O desenvolvimentismo não era uma teoria econômica propriamente, mas sim uma forma de estratégia nacional de desenvolvimento. Assim, os países latino-americanos – na época conhecidos como “subdesenvolvidos”, hoje chamados de “emergentes” ou “em desenvolvimento” – pretendiam repetir o caminho percorrido pelos países ricos para alcançar o mesmo nível. O desenvolvimentismo tinha como tese que a industrialização era via para a superação da pobreza e do subdesenvolvimentismo. Porém, um país não consegue se industrializar só através dos impulsos do mercado, sendo necessária a intervenção do Estado. O planejamento estatal, portanto, é que deve definir a expansão desejada dos setores econômicos e os instrumentos necessários. Nesse sentido, e participação do Estado é benéfica e complementar mercado, seja captando recursos, seja investindo onde o investimento privado for insuficiente. Porém, a partir da década de 1960 o desenvolvimentismo perde força e acaba fracassando por não conseguir instalar um capitalismo autônomo nos países em desenvolvimento da AL, o maior motivo foi pensar que a industrialização já estava consolidada, quando ainda estava longe de chegar ao estágio das indústrias dos países desenvolvidos. Com a saída prematura de cena do desenvolvimentismo, a partir dos anos 70, outras correntes começam a surgir. A grande onda da ideologia neoliberal acabou levando por terra a teoria Keynesiana e varrendo junto a teoria econômica do desenvolvimentismo em um momento em que a crise da divida externa fragilizava devedores (países latino-americanos) e, ao mesmo tempo, fortalecia o poder dos credores (países desenvolvidos). Na década de 1990, o Brasil passou pelo período do chamado neoliberalismo, que propunha algumas políticas e reformas na direção de diminuir o papel do Estado e aumentar a importância do mercado. Essas políticas trouxeram como consequência a estagnação da economia e o aumento da dependência externa. Nos últimos anos da década de 1990, começou ocorrer um refluxo do neoliberalismo, pois os países que adotaram as políticas recomendadas pelo Consenso de Washington apresentaram baixas taxas de crescimento, aumento do desemprego e da desigualdade. Já outros países como China e Índia, que não seguiram as recomendações do neoliberalismo, apresentaram um crescimento acelerado. O projeto de pesquisa resultou em um artigo (O novo-desenvolvimentismo: uma construção inacabada) com o objetivo de mostrar que o chamado novo-desenvolvimentismo ainda não representa uma teoria consolidada. Protegida à sombra da teoria do desenvolvimentismo, essa vertente teórica procura um espaço para formar um corpo teórico consistente que avance sobre o passado e supere o malogrado neoliberalismo recente, representado pela teoria das expectativas racionais que naufragou nas águas da crise financeira global de 2008. Em um mundo de incertezas, o novo-desenvolvimentismo procura inspirar-se nos novos keynesianos para propor estratégias de transformação produtiva na AL com equidade social. Assim, é preciso de novas estratégias pensando na economia brasileira que sofre os efeitos da globalização para consolidar o novo-desenvolvimentismo, na perspectiva que este seja capaz de desenvolver o país de uma forma que o nacional-desenvolvimentismo não teve forças, dando prioridade à industrialização do país e o fim da dependência tecnológica. REFERÊNCIAS: BIELSCHOWSKY, Ricardo; Pensamento Econômico Brasileiro: o ciclo ideológico do desenvolvimentismo 1930-1964; Rio de Janeiro ; Contraponto; 2004. BIELSCHOWSKY, Ricardo; Cinquenta anos de pensamento da CEPAL; São Paulo; Cofecon/Cepal/Record; 2000. BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos; Novo desenvolvimentismo: uma proposta para a economia do Brasil; Nueva Sociedad; especial em português; 58-72; 2010. BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos; Estado e Mercado no Novo Desenvolvimentismo; Nueva Sociedad; 210; 1-15; 2007.