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FMI:
Economia brasileira parece estar saindo do fundo do poço
O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu que o Brasil continua em recessão, mas a
atividade econômica parece estar saindo do fundo do poço. No relatório Panorama Econômico
Mundial (WEO, na sigla em inglês), divulgado na manhã dessa terça-feira (04/10), a instituição
estimou que o país sofrerá queda de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e deverá
crescer apenas 0,5%, em 2017. Os percentuais são os mesmos verificados na última edição do
documento, em julho passado, e no relatório específico sobre o país que foi divulgado na última
quinta-feira (29/09).
Incerteza política - No texto, o FMI estimou que o Brasil pode sair da recessão, mas advertiu
que é necessário reduzir a incerteza política no país. “Na América Latina, a economia brasileira
permanece em recessão, mas a atividade parece estar perto de sair do fundo do fundo do poço”,
afirmou o relatório. De acordo com o Fundo, os efeitos dos choques passados, como a queda
nos preços das commodities, os ajustes nos preços administrados em 2015 e a incerteza política,
estão passando gradualmente.
Percentual - Porém, para obter o percentual de 0,5% de crescimento estimado para 2017, o
Brasil deverá demonstrar que não padece mais de incertezas no campo político. “Essa
perspectiva [de baixa de 3,3% do PIB em 2016 e de 0,5% de avanço em 2017] é 0,5 ponto mais
forte para os dois anos, se comparada com o relatório de abril”, reiterou o FMI.
Desaceleração - A instituição verificou que a queda da economia brasileira está se
desacelerando. “No Brasil, a economia continua a se contrair, embora a um ritmo mais
moderado”, informou o relatório. “A inflação está acima da meta de tolerância do Banco Central
e a credibilidade das políticas foi severamente prejudicada por eventos que antecederam a
transição de regime”, continuou o organismo.
Necessidade - O Fundo mencionou que há “necessidade abrangente de aumentar a confiança e
trazer investimentos por meio do fortalecimento de estruturas de políticas”. “A adoção da
proposta de regras para os gastos e o lançamento de uma coerente estrutura de consolidação
fiscal de médio prazo enviaria um forte sinal de compromissos com essas políticas.”
Simplificação - A simplificação das regras tributárias, a redução de barreiras ao comércio e a
implementação de medidas para lidar com as deficiências de infraestrutura para reduzir os
custos de negócios também foram lembradas como medidas importantes para melhorar a
economia do país.
Parte do relatório - O país também é mencionado na parte do relatório que trata da queda nos
preços das commodities. De maneira geral, o FMI verificou um aumento nos preços das
commodities agrícolas em 7%. Essa recuperação ocorreu em vários produtos, com exceção de
milho e trigo. No caso do Brasil, o Fundo cita que a agricultura está se recuperando de uma seca
prolongada.
Bens manufaturados - Ainda no comércio, o FMI concluiu que o Brasil “experimentou um
declínio significativo na participação dos bens manufaturados duráveis em seus gastos, o que
deprimiu o crescimento das importações”.
Commodities - O Fundo verificou que as moedas de exportadores de commodities, como o
Brasil, a Rússia e a África do Sul, passaram por apreciações, refletindo a recuperação dos preços
e um “fortalecimento geral no sentimento dos mercados financeiros”.
Taxas de juros - Os emergentes também foram favorecidos pelas taxas de juros baixas nos
países desenvolvidos, em particular pelo Federal Reserve, o banco central americano, que fez
apenas um aumento de juros, em dezembro de 2015, e não efetivou uma nova elevação neste
ano, até agora.
Fluxos de capitais - “Os fluxos de capitais para as economias emergentes se recuperaram após
a queda acentuada na segunda metade de 2015 e no início fraco de 2016”, afirmou o FMI,
ressaltando que esse movimento ocorreu diante dos mesmos fatores que mantiveram as
valorizações nas taxas de câmbio desses países. Quanto à política monetária, o FMI destacou
que os pressupostos “estão consistentes com a convergência gradual da inflação para o centro da
meta”.
Projeção - A projeção do Fundo para a inflação é de 7,2% ao fim de 2016. O percentual é
semelhante ao previsto pelos analistas ouvidos pelo Banco Central (BC), que indicou uma alta
de 7,23% para o IPCA na última versão do boletim Focus, divulgado na segunda-feira (03/10).
Para o fim de 2017, o FMI prevê inflação ao consumidor em 5%.
Queda - O Fundo estimou uma queda no déficit em conta corrente neste ano, de 0,8%, no
próximo calendário, de 1,3%. O desemprego deve ficar em 11,2% em 2016 e em 11,5% em
2017, de acordo com as projeções do Fundo.
Melhorias - Apesar das perspectivas de melhorias na atividade econômica, o FMI colocou o
Brasil num grupo de países que puxam o desempenho econômico mundial para baixo. “O
aumento nas projeções de crescimento global de 2017 para 3,4% depende crucialmente da
elevação do crescimento em economias emergentes e de países em desenvolvimento, onde o
declínio das pressões de queda na atividade em países em recessão em 2016, como o Brasil, a
Nigéria e a Rússia, é esperado para mais do que compensar a desaceleração do crescimento na
China”, informou o WEO. Ao todo, a projeção agregada das economias do Brasil, da Nigéria,
da Rússia, da África do Sul e da Venezuela está estimada em menos 2,3%, em 2016.
Reunião anual - O FMI e o Banco Mundial realizam nesta semana a sua reunião anual, em
Washington. (Valor Econômico)
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