Divagações e barbeiragens dos economistas sobre as perspectivas globais Os economistas de conhecidas instituições burocráticas imperialistas mundiais têm uma peculiar maneira de tratar a realidade econômica: muito otimismo e pessimismo ao mesmo tempo. Assim, procuram evitar inquietações do mercado com a situação real e, ao mesmo tempo, salvam seus empregos. São otimistas quando garantem (sem nehuma justificativa) que nos próximos dois anos o capital mundial evoluirá de maneira linear e ascendente. São pessimistas quando afirmam que esse crescimento será de “apenas” 3.1% neste ano e de 3.4% em 2017. É isso que está a nos demonstrar nesta terça-feira (04) o Fundo Monetário Mundial (FMI) em seu último relatório World Economic Outlook 2016. Veja resumidamente suas previsões para as maiores economias mundiais. Esses números e projeções do FMI são praticamente os mesmo já informados pela sua parceira Organização para o Comércio e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em seu relatório Interim Economic Outloock, publicado em 21/Setembro/2016. Ambas as instituições fazem um trabalho razoável de coleta e sistematização de dados macroeconômicos passados, principalmente aqueles relacionados ao produto interno bruto e finanças públicas. Talvez sejam utilizados em futuras análises da Crítica. Mas, como é de praxe neste tipo de abordagem teórica da realidade econômica, apresentam poucos dados diretamente relacionados com a produção industrial. Assim, com esse padrão altamente limitado de observação ex-post [depois que aconteceu] da dinâmica produtiva da economia, as suas projeções para os próximos trimestres são totalmente aleatórias. Só dizem que o “baixo crescimento” vai continuar. E daí? Não contribuem em nada para esclarecer até quando perdurará o atual período de expansão. Isso é impossível, pois eles não consideram em nenhum momento dos seus caudalosos relatórios o ciclo de negócios real – ou ciclo econômico propriamente dito. Quando se defrontam com esse problema central (e crucial) das flutuações eeconômicas eles mostram sua impotência teórica e prática. E acabam causando, como veremos abaixo, alguns transtornos no mercado de ações. Vejam com que leviandade o FMI aborda as perspectivas da economia mundial: “As forças que moldam a perspectiva global – tanto as que operam no curto prazo e no Copyright Crítica da Economia © 2016. | 1 Divagações e barbeiragens dos economistas sobre as perspectivas globais longo prazo – apontam para um moderado crescimento em 2016 e uma gradual recuperação posterior, embora com riscos de desaceleração. Essas forças incluem novos choques, como o Brexit, em 23 de Junho de 2016, resultado do referendo do Reino Unido a favor da retirada da União Européia; realinhamentos em curso, tais como o reequilíbrio da China e o ajuste dos exportadores de commodities a um prolongado declíneo dos termos de troca; e tendências lentas, como a demografia e a evolução do crescimento da produtividade, bem como fatores não-econômicos, tais como incertezas geopolíticas e políticas. A recuperação lenta também joga um papel para explicar a fraqueza do comércio internacional e a persistentemente baixa inflação”. Não vale a pena peder nosso tampo também com a abordagem das perspectivas no citado relatório da OCDE. São exatamente as mesmas abobrinhas utizadas no menu do FMI. O problema é que Wall Street e outras importantes praças financeiras do mundo estão terrivelmente tensas com alguma prementes ameaças como a diminuição dos lucros dos principais ramos de produção industrial, da rápidissima desaceleração das suas encomendas de novas máquinas, etc. – e de maneira mais imediata, o persistente problema do elevado stress do sistema bancário mundial, particularmente o da zona do euro – ilustrado pela caso Deutsche Bank, o maior banco da Alemanha à beira da falência. É exatamente por isso que ao lerem no relatório do FMI o cálculo de um pequeníssimo corte da perpectiva anterior de crescimento dos EUA neste ano e no próximo – o que aumentaria também os riscos decorrentes de uma próxima e quase certa elevação da taxa de juros pelo Federal Reserve Bank (Fed, banco central dos EUA) – os chamados “investidores” pressionaram na metade do dia o movimento de vendas das ações da bolsa de valores de Nova York e o índice Down Jones fechou o pregão com queda diária de quase 0.5%. Um mero e involuntário deslize dos técnicos do FMI de fazer uma séria projeção ex ante [ antes de acontecer] acabou provocando grande transtorno em Wall Street. A última coisa que esses economistas do sistema desejavam causar era transtorno aos interesses dos seus patrões do mercado de capitais. Não deviam, devem estar pensando agora, se aventurar a sair das Copyright Crítica da Economia © 2016. | 2 Divagações e barbeiragens dos economistas sobre as perspectivas globais confortáveis e seguras afirmações ex post. Mesmo que de maneira alienada, como sempre fazem. Copyright Crítica da Economia © 2016. | 3