Introdução a Filosofia

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Colégio Anglo de Sete Lagoas
Professor: Ronaldo
(31) 2106-1750
Introdução a Filosofia
Toda a história da filosofia antiga é marcada por dois pontos centrais:
a) A verdade do mundo e dos humanos podia ser conhecida por todos, através da Razão, que é
a mesma em todos. Assim a Filosofia nasce como conhecimento racional da ordem do mundo ou
da Natureza (donde o nome cosmologia).
b) Se a realidade é um fato objetivo – exterior aos seres humanos – o maior desafio do saber
filosófico é desenvolver uma metodologia, que através da razão, do pensamento, revele
objetivamente esta realidade.
O primeiro período do pensamento grego toma a denominação de período naturalista (ou
cosmológico), porque a nascente especulação dos filósofos é voltada para o mundo exterior,
julgando-se encontrar aí também o princípio unitário de todas as coisas. Recebe a denominação
cronológica de período pré-socrático, porque precede Sócrates e os sofistas, que marcam o
começo de um novo período na história do pensamento grego. Esse primeiro período tem início
no século VII século a.C., e termina dois séculos depois, mais ou menos, nos fins do século V.
Os filósofos deste período preocuparam-se quase exclusivamente com os problemas
cosmológicos. Estudar o mundo exterior nos elementos que o constituem, na sua origem e nas
contínuas mudanças a que está sujeito, é a grande questão que dá a este período seu caráter de
unidade. Pelo modo de a encarar e resolver, classificam-se os filósofos que nele floresceram em
quatro escolas: Escola Jônica; Escola Itálica; Escola Eleática; Escola Atomística.
Os povos Indo-Europeus
Por uma questão de clareza, não se pode falar do mito grego sem antes traçar, um esboço
histórico do que era a região antes da Grécia, isto é, antes da chegada dos Indo-Europeus ao
território de Hélade.
Os gregos fazem parte de um vasto conjunto de povos designados com o nome convencional de
Indo-Europeus. Estes, ao que parece se localizavam desde o quarto milênio, ao norte do Mar
Negro, entre os Cárpatos e o Cáucaso, sem jamais, todavia, terem formado uma unidade sólida,
uma raça, um império organizado e nem mesmo uma civilização material comum. Talvez tenha
existido, isto sim, uma certa unidade lingüística e uma unidade religiosa. Pois bem, essa frágil
unidade, mal alicerçada num "aglomerado de povos", rompeu-se, lá pelo terceiro milênio,
iniciando-se, então, uma série de migrações, que fragmentou os Indo-Europeus em vários
grupos lingüísticos, tomando uns a direção da Ásia (armênio, indo-iraniano, tocariano, hitita),
permanecendo os demais na Europa (balto, eslavo, albanês, celta, itálico, grego, germânico). A
partir dessa dispersão, cada grupo evoluiu independentemente e, como se tratava de povos
nômades, os movimentos migratórios se fizeram no tempo e no espaço, durante séculos e até
milênios, não só em relação aos diversos "grupos" entre si, mas também dentro de um mesmo
"grupo". Assim, se as primeiras migrações indo-européias (indo-iranianos, hititas, itálicos,
gregos) estão séculos distantes das últimas (baltos, eslavos, germânicos...), dentro de um
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mesmo grupo as migrações se fizeram por etapas. Desse modo, o grupo itálico, quando atingiu a
Itália, já estava fragmentado, "dialetado", em latinos, oscos e umbros, distantes séculos uns dos
outros, em relação à chegada a seu habitat comum.
Entre os helenos o fato ainda é mais flagrante, pois, como se há de ver, os gregos chegaram à
Hélade em pelo menos quatro levas: jônios, aqueus, eólios e dórios e, exatamente como
aconteceu com o itálico, com séculos de diferença entre um grupo e outro. Para se ter uma idéia,
entre os jônios e os dórios medeia uma distância de cerca de oitocentos anos!
Se não é possível reconstruir, mesmo hipoteticamente, o império indo-europeu e tampouco a
língua primitiva indo-européia, pode-se, contudo, estabelecer um sistema de correspondência
entre as denominadas línguas indo-européias, no que se refere ao vocabulário comum e,
partindo deste, chegar a certas estruturas religiosas e mitológicas (estudo comparado) dessa
civilização.
O vocabulário comum mostra a estrutura patrilinear da família, o nomadismo, uma forte
organização militar, sempre pronta para as conquistas e os saques. Igualmente se torna claro
que os indo-europeus conheciam bem e praticavam a agricultura; criavam rebanhos e
conheciam o cavalo. O vocabulário religioso é extremamente pobre. São pouquíssimos os
nomes de deuses comuns a vários indo-europeus.
De qualquer forma os Indo-Europeus tinham elaborado uma teologia e uma mitologia
específicas. Uma de suas conclusões maiores foi a descoberta da estrutura funcional da
sociedade e da ideologia dos indo-europeus, estrutura essa fundamentada na tríplice função
religiosa dos deuses: Soberania (sacerdotes – Zeus); Força (Guerreiros – Ares) e Fecundidade
(Campônios – Deméter). Esta estrutura estava presente, além dos Gregos, entre os indoiranianos, escandinavos e romanos.
Esta concepção de uma relação fundamental da organização social e sua mitologia será objeto
das reflexões do surgimento do pensamento filosófico.
O Mito e Filosofia
A professora, Marilena Chauí (in Convite à Filosofia -Ed. Ática, São Paulo, 2000) introduz o
debate sobre o surgimento da filosofia, indagando se este saber teria nascido de uma ruptura
radical com os mitos. Na sequência ela lança a indagação do que é o mito, expondo
sinteticamente a seguinte definição: - Um mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa
(origem dos astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos
ventos, do bem e do mal, da saúde e da doença, da morte, dos instrumentos de trabalho, das
raças, das guerras, do poder, etc.). Ele produz esta narrativa por meio de lutas, alianças e
relações sexuais entre forças sobrenaturais que governam o mundo e o destino dos homens.
Como os mitos sobre a origem do mundo são genealogias, diz-se que são cosmogonias e
teogonias.
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Assim colocado, voltamos a questão inicial: o povo grego ao manifestar seu espanto perante a
natureza, seus acontecimentos, a repetição dos fenômenos naturais, as novas descobertas,
possibilitadas pelo desenvolvimento ainda que rudimentar de novas tecnologias (a náutica por
exemplo, que possibilitou a descoberta de que a Terra não possuía o formato descrito nos
mitos), ao perceber e transformar este espanto em perguntas: será que é assim? O que será de
fato? – permitindo a formação do espaço inicial do da reflexão – promoveu uma ruptura com sua
visão mítica da realidade?
Entendemos que existe mais de uma alternativa como resposta a esta questão. Na primeira,
concordamos com a professora Chauí,que narra as diferenças entre a filosofia e o mito conforme
reproduzimos abaixo:
“A Filosofia, percebendo as contradições e limitações dos mitos, foi reformulando e
racionalizando as narrativas míticas, transformando-as numa outra coisa, numa explicação
inteiramente nova e diferente”.
Quais são as diferenças entre Filosofia e mito? Podemos apontar três como as mais importantes:
a). O mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no passado imemorial,
longínquo e fabuloso, voltando-se para o que era antes de tudo existisse tal como existe no
presente. A Filosofia, ao contrário, se preocupa em explicar como e por que, no passado, no
presente e no futuro (isto é, na totalidade do tempo), as coisas são como são;
b). O mito narrava a origem através de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças divinas
sobrenaturais e personalizadas, enquanto a Filosofia, ao contrário, explica a produção natural
das coisas por elementos e causas naturais e impessoais.
O mito falava em Urano, Ponto e Gaia; a Filosofia fala em céu, mar e terra. O mito narra a
origem dos seres celestes (os astros), terrestres (plantas, animais, homens) e marinhos pelos
casamentos de Gaia com Urano e Ponto. A Filosofia explica o surgimento desses seres por
composição, combinação e separação dos quatro elementos - úmido, seco, quente e frio, ou
água, terra, fogo e ar.
c). O mito não se importava com contradições, com o fabuloso e o incompreensível, não só
porque esses eram traços próprios da narrativa mítica, como também porque a confiança e a
crença no mito vinham da autoridade religiosa do narrador. A Filosofia, ao contrário, não admite
contradições, fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente,
lógica e racional; além disso, a autoridade da explicação não vem da pessoa do filósofo, mas da
razão, que é a mesma em todos os seres humanos.”
Todavia temos que considerar outras vertentes sobre sobe o que chamamos de consciência
mítica, conforme uma abordagem mais antropológica destacando seu papel como uma realidade
simbólica.
A consciência mítica ainda está viva e atuante. O mito, quando estudado ao vivo, não é uma
explicação destinada a satisfazer uma curiosidade científica, mas uma narrativa que faz reviver
uma realidade primordial, que satisfaz profundas necessidades religiosas, aspirações morais, a
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pressões e a imperativos de ordem social e mesmo a exigências práticas. Ele desempenha uma
função indispensável: exprime, exalta e codifica a crença; salvaguarda e impõe os princípios
morais; garante a eficácia do ritual e oferece regras práticas para a orientação do homem. E é
precisamente esta visão que nos impede de ver o nascimento da filosofia como uma ruptura à
narrativa mítica, senão como uma nova vertente de construção do saber.
4 - Condições históricas para o surgimento da Filosofia
Não foi acidental o nascimento da filosofia na Grécia, no final do século VII e início do século VI
antes de Cristo.
A historiografia permite-nos identificar algumas condições históricas para isto, conforme
resumimos a seguir:
a) O surgimento das cidades, como espaço político de exercício da cidadania e seus contratos
sociais;
b) O nascimento de recursos simbólicos de comunicação abstrata como: a escrita alfabética, a
moeda (alterando a qualidade dos processos de troca) e o calendário (como uma dimensão
social de organização do tempo);
c) O surgimento da política, juntamente com a formulação de Leis (relações contratuais
negociadas); o espaço público e o direito à cidadania e o florescimento do argumento, através do
discurso, como instrumento de convencimento.
d) A grande expansão das viagens marítimas, que promoveu uma grande revolução na
percepção do espaço e o desaparecimento de alguns mitos, associados à força dos mares.
Seguramente esta conjugação de fatores tenha sido uma ocorrência singular do ponto de vista
da história das culturas, mas foi precisamente este arranjo histórico que constituiu a base
material, psicológica e espiritual para a emergência desta forma particular de conhecer o
universo. Os aspectos mais singulares do surgimento da filosofia na Grécia podem ser
resumidos da seguinte forma:
a) Com relação aos mitos: os gregos deram racionalidade a narrativas sobre as origens das
coisas, dos homens, das instituições humanas (como o trabalho, as leis, a moral);
b) Com relação aos conhecimentos: os gregos transformaram em ciência aquilo que eram
elementos
de uma sabedoria
prática para
o uso direto
na vida.
c) Os gregos inventaram a política (palavra que vem de polis, que, em grego, significa cidade
organizada por leis e instituições).Instituíram práticas pelas quais as decisões eram tomadas a
partir de discussões e debates públicos e eram adotadas ou revogadas por voto em assembléias
públicas; porque estabeleceram instituições públicas (tribunais, assembléias, separação entre
autoridade do chefe da família e autoridade pública, entre autoridade político-militar e autoridade
religiosa) e sobretudo porque criaram a idéia da lei e da justiça como expressões da vontade
coletiva pública e não como imposição da vontade de um só ou de um grupo, em nome de
divindades. Os gregos criaram a política porque separaram o poder político e duas outras formas
tradicionais de autoridade: a do chefe de família e a do sacerdote ou mago;
d). Com relação ao pensamento: diante da herança recebida, os gregos inventaram a idéia
ocidental da razão como um pensamento sistemático que segue regras, normas e leis de valor
universal.
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O nascimento da Filosofia – Período Cosmológico
A filosofia nasceu na cidade de Mileto, com o primeiro filósofo Tales de Mileto, concebida como
uma cosmologia. Em seu nascimento ela busca o conhecimento racional da ordem do mundo ou
da Natureza..
Em um período da história humana em que o saber filosófico pouco se distinguia do saber
científico, é verdadeiramente notável o conceito formulado pelos filósofos naturalistas. De fato
este é um marco central de evolução em relação ao pensamento mítico. E há mesmo um nível
de sofisticação na construção dos conceitos, que gostaríamos de aprofundar na própria
historiografia para entender os filósofos desta época da. Em primeiro lugar a idéia de buscar
elementos fundamentais na natureza, para então formular teorias sobre o universo está na base
da própria formulação sobre os conceitos iniciais da descoberta do átomo. Abstrações como de
Anaximandro chegam a surpreender pela genialidade de sua formulação: um princípio natural - o
ápeiron - como fonte de todos os demais processos naturais revela um nível de maturidade
muito elevado. Mesmo sua idéia sobre a ordem do mundo, regulada por opostos - encontra uma
interessante ressonância com os princípios contemporâneos da dialética. O equilíbrio pela
relação entre os opostos tem uma equivalente no pensamento oriental nos princípios do Tao,
que ainda hoje fundamenta a medicina tradicional oriental. Sabemos da distância destes
períodos históricos. Mas recordamos estas aproximações como forma de reafirmar a maturidade
do pensamento pré-socrático.
As principais características da cosmologia são:
Em um resumo geral das características do período cosmológico podemos observar que os
filósofos deste período fundamentalmente buscam uma explicação racional e sistemática sobre a
origem, ordem e transformação da Natureza, da qual os seres humanos fazem parte, sendo
humanos e natureza, pela sua identidade, explicados pela filosofia.. Esta Natureza é eterna e
tudo se transforma em outra coisa sem jamais desaparecer. Não é possível dizer que o mundo
tenha vindo de algo, pois possui um fundo eterno, incriado. Este fundo, que é o elemento
primordial da Natureza chama-se physis e só é visível ao pensamento (não pode ser visto por
nossos sentidos). Embora a physis (o elemento primordial eterno) seja imperecível, ela dá
origem a todos os seres infinitamente variados e diferentes do mundo, seres que, ao contrário do
princípio gerador, são perecíveis ou mortais. Outro princípio familiar aos filósofos deste período e
que todos os seres, além de serem gerados e de serem mortais, são seres em contínua
transformação, mudando de qualidade e de quantidade; esta também é uma característica do
mundo está em mudança contínua, sem por isso perder sua forma, sua ordem e sua
estabilidade. Todo este processo, que é percebido como movimento possui uma designação: é
chamado devir, sendo a passagem contínua de uma coisa ao seu estado contrário e essa
passagem não é caótica, mas obedece a leis determinadas pela physis ou pelo princípio
fundamental do mundo. Finalmente vale registrar que os diferentes filósofos escolheram
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diferentes physis em seus modelos, isto é, cada filósofo encontrou motivos e razões para dizer
qual era o princípio eterno e imutável que está na origem da Natureza e de suas transformações.
Assim, Tales dizia que o princípio era a água ou o úmido; Anaximandro considerava que era o
ilimitado sem qualidades definidas; Anaxímenes, que era o ar ou o frio; Heráclito afirmou que era
o fogo; Leucipo e Demócrito disseram que eram os átomos. E assim por diante.
As Principais Escolas
Os principais filósofos pré-socráticos foram:
● filósofos da Escola Jônica: Tales de Mileto, Anaxímenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e
Heráclito de Éfeso;
● filósofos da Escola Itálica: Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona e Árquitas de Tarento;
● filósofos da Escola Eleata: Parmênides de Eléia e Zenão de Eléia;
● filósofos da Escola da Pluralidade: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena,
Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera
Escola Jônica
Tales de Mileto (624-548 A.C.) "Água"
Tales de Mileto, fenício de origem, é considerado o fundador da escola jônica. É o mais antigo
filósofo grego. Tales não deixou nada escrito mas sabemos que ele ensinava ser a água a
substância única de todas as coisas. A terra era concebida como um disco boiando sobre a
água, no oceano. Cultivou também as matemáticas e a astronomia, predizendo, pela primeira
vez, entre os gregos, os eclipses do sol e da lua. No plano da astronomia, fez estudos sobre
solstícios a fim de elaborar um calendário, e examinou o movimento dos astros para orientar a
navegação. Provavelmente nada escreveu. Por isso, do seu pensamento só restam
interpretações formuladas por outros filósofos que lhe atribuíram uma idéia básica: a de que tudo
se origina da água. Segundo Tales, a água, ao se resfriar, torna-se densa e dá origem à terra; ao
se aquecer transforma-se em vapor e ar, que retornam como chuva quando novamente
esfriados. Desse ciclo de seu movimento (vapor, chuva, rio, mar, terra) nascem as diversas
formas de vida, vegetal e animal. A cosmologia de Tales pode ser resumida nas seguintes
proposições: A terra flutua sobre a água; A água é a causa material de todas as coisas. Todas as
coisas estão cheias de deuses. O imã possui vida, pois atrai o ferro.
Segundo Aristóteles sobre a teoria de Tales: elemento estático e elemento dinâmico. Elemento
Estático - a flutuação sobre a água. Elemento Dinâmico - a geração e nutrição de todas as
coisas pela água. Tales acreditava em uma "alma do mundo", havia um espírito divino que
formava todas as coisas da água. Tales sustentava ser a água a substância de todas as coisas.
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Anaximandro de Mileto (611-547 A.C.) "Ápeiron"
Anaximandro de Mileto, geógrafo, matemático, astrônomo e político, discípulo e sucessor de
Tales e autor de um tratado Da Natureza, põe como princípio universal uma substância
indefinida, o ápeiron (ilimitado), isto é, quantitativamente infinita e qualitativamente
indeterminada. Deste ápeiron (ilimitado) primitivo, dotado de vida e imortalidade, por um
processo de separação ou "segregação" derivam os diferentes corpos. Supõe também a geração
espontânea dos seres vivos e a transformação dos peixes em homens. Anaximandro imagina a
terra como um disco suspenso no ar. Eterno, o ápeiron está em constante movimento, e disto
resulta uma série de pares opostos - água e fogo, frio e calor, etc. - que constituem o mundo. O
ápeiron é assim algo abstrato, que não se fixa diretamente em nenhum elemento palpável da
natureza. Com essa concepção, Anaximandro prossegue na mesma via de Tales, porém dando
um passo a mais na direção da independência do "princípio" em relação às coisas particulares.
Para ele, o princípio da "physis" (natureza) é o ápeiron (ilimitado). Atribui-se a Anaximandro a
confecção de um mapa do mundo habitado, a introdução na Grécia do uso do gnômon (relógio
de sol) e a medição das distâncias entre as estrelas e o cálculo de sua magnitude (é o iniciador
da astronomia grega). Ampliando a visão de Tales, foi o primeiro a formular o conceito de uma lei
universal presidindo o processo cósmico total. Diz-se também, que preveniu o povo de Esparta
de um terremoto. Anaximandro julga que o elemento primordial seria o indeterminado (ápeiron),
infinito e em movimento perpétuo.
Fragmentos
"Imortal...e imperecível (o ilimitado enquanto o divino) - Aristóteles, Física". Esta (a natureza do
ilimitado, ele diz que) é sem idade e sem velhice. Hipólito, Refutação.
Anaxímenes de Mileto (588-524 A.C.) "Ar"
Segundo Anaxímenes, a arkhé (comando) que comanda o mundo é o ar, um elemento não tão
abstrato como o ápeiron, nem palpável demais como a água. Tudo provém do ar, através de
seus movimentos: o ar é respiração e é vida; o fogo é o ar rarefeito; a água, a terra, a pedra são
formas cada vez mais condensadas do ar. As diversas coisas que existem, mesmo
apresentando qualidades diferentes entre si, reduzem-se a variações quantitativas (mais raro,
mais denso) desse único elemento. Atribuindo vida à matéria e identificando a divindade com o
elemento primitivo gerador dos seres, os antigos jônios professavam o hilozoísmo e o panteísmo
naturalista. Dedicou-se especialmente à meteorologia. Foi o primeiro a afirmar que a Lua recebe
sua luz do Sol. Anaxímenes julga que o elemento primordial das coisas é o ar.
Fragmentos
"O contraído e condensado da matéria ele diz que é frio, e o ralo e o frouxo (é assim que ele
expressa) é quente. " Com nossa alma, que é ar, soberanamente nos mantém unidos, assim
também todo o cosmo sopro e ar o mantém. (Aécio).
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Heráclito o Obscuro(535-475 A.C) “Fogo”
Nasceu em Éfeso, cidade da Jônia, de família nobre. Desprezava a plebe. Recusou-se intervir na
política. Manifestou desprezo pelos antigos poetas, contra os filósofos de seu tempo e até contra
a religião. Heráclito escreveu um livro Sobre a Natureza, ele recebeu o nome de "o obscuro". E é
considerado o mais eminente pensador pré-socrático.
O principio universal de Heráclito é que: tudo se move e que nada permanece estático. Panta
Rhei, sua "máxima", significa " tudo flui" , tudo se move, exceto o próprio movimento. A
designação mais exata que podemos usar é o devir. Ele exemplifica dizendo que, não podemos
entrar duas vezes no mesmo rio, porque ao entrarmos pela segunda vez, não serão as mesmas
águas que lá estarão, e a própria pessoa já será diferente. Mas a doutrina de Heráclito vai além.
O devir, a mudança que acontece em todas as coisas, é sempre uma alternância entre os
contrários: coisas quentes esfriam e coisas frias esquentam, etc. A realidade acontece então,
não em uma das alternativas, que são apenas partes da realidade, e sim mudanças, ou como ele
chama, guerra dos opostos. Tal guerra é que permite a harmonia e mesmo a paz, já que assim
os contrários passam a existir: a doença faz da saúde algo agradável e bom, ou seja, se não
existisse a doença não teria porque valorizar a saúde.
Heráclito como um dos pré-socráticos definiu uma arché, um principio de todas as coisas: o fogo.
Para ele "todas as coisas são uma troca de fogo, e o fogo uma troca de todas as coisas", ou
seja, todas as coisas se transformam em fogo, e o fogo se transforma em todas as coisas.Para
Parmênides o fogo é definitivamente o elemento primordial.
Escola Itálica
Pitágoras de Samos (580- 497/496 AC) Números
Da vida de Pitágoras quase nada pode ser afirmado com certeza, já que ele foi objeto de uma
série de relatos tardios e fantasiosos, como referentes às viagens e aos contatos com as culturas
orientais. Parece certo, contudo, que o Filósofo e matemático grego nasceu no ano de 580 a.C.
na cidade de Samos, fundou uma escola mística e filosófica em Crotona (colônia grega na
península itálica), cujos princípios foram determinantes para evolução geral da matemática e da
filosofia ocidental cujo principais enfoques eram: harmonia matemática, doutrina dos números e
dualismo cósmico essencial. Aliás, Pitágoras foi o criador da palavra "filósofo".
Os pitagóricos interessavam-se pelo estudo das propriedades dos números - para eles o número
(sinônimo de harmonia) era considerado como essência das coisas - é constituído então da
soma de pares e ímpares, noções opostas (limitado e ilimitado) respectivamente números pares
e ímpares expressando as relações que se encontram em permanente processo de mutação,
criando a teoria da harmonia das esferas (o cosmos é regido por relações matemáticas). A
observação dos astros sugeriu-lhes a idéia de que uma ordem domina o universo. Evidências
disso estariam no dia e noite, no alterar-se das estações e no movimento circular e perfeito das
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estrelas, por isso o mundo poderia ser chamado de cosmos, termo que contem as idéias de
ordem, de correspondência e de beleza. Nessa cosmovisão também concluíram que a terra é
esférica, estrela entre as estrelas que se movem ao redor de um fogo central. Alguns pitagóricos
chegaram até a falar da rotação da Terra sobre o eixo, mas a maior descoberta de Pitágoras ou
dos discípulos (já que há obscuridades que cerca o pitagorismo devido ao caráter esotérico e
secreto da escola) deu-se no domínio da geometria e se refere às relações entre os lados do
triângulo retângulo. A descoberta foi enunciada no teorema de Pitágoras.
Foi expulso de Crotona e passou a morar em Metaponto, onde morreu provavelmente em 497 a.
C. ou 496 a.C
Escola Eleata
Parmênides de Eléia (530-460 a.C.),
Deixou suas idéias em um poema Sobre a Natureza. Existem três vias de investigação que
Parmênides nos apresenta, as quais são: Caminho da Verdade, Caminho da Opinião e o
Caminho da Opinião Plausível. Primeiramente iremos estudar a filosofia de Parmênides de
maneira geral, e em seguida, estudaremos separadamente os três caminhos de investigação
apresentados por Parmênides.
Parmênides ele afirma que o ser é; e de maneira muito simples ele justifica essa afirmação.Ele
diz que "tudo aquilo que alguém pensa e diz é. Não se pode pensar senão pensando aquilo que
é. Pensar o nada significa não pensar absolutamente, e o dizer o nada significa não dizer nada.
Portanto o nada é impensável e indizível". (REALE, 1990, 51). Parmênides também atribui ao ser
algumas características: ele é eterno, imutável, uno incorruptível, incorruptível e indivisível.
Parmênides afirma que o ser não pode ser gerado, nem corrompido, pois se ele for gerado,
existirá dois seres, o que é impossível para Parmênides pois, ele diz que o ser é, logo não pode
ser criado. Ele também afirma que o ser não poder se corruptível, pois se o ser se corromper
significa que ele é finito, logo ele morrerá. Com isso o ser terá que nascer , contradizendo assim
a afirmação anterior.
Parmênides tem como principio de sua filosofia a ontologia, que é o estudo do ser enquanto ser.
A partir do momento que Parmênides deixa de estudar a phýsis, enquanto uma causa de origem,
e passa a estudar o ser enquanto ser, ele rompe com os demais pré-socráticos, e passa de
cosmologia para a ontologia.
Parmênides também enfrentou um grande problema, os mortais não conseguiram compreender
a sua filosofia; não compreenderam que os opostos deveriam ser pensados e incluídos como
unidade superior do ser.
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O Caminho da Verdade: O ser é
Parmênides indica que na via da verdade, o homem se deixa conduzir apenas pela razão. Nessa
primeira via, ele afirma o principio ontológico da identidade. Este princípio pode assumir a
formulação: o ser é, e o não ser não é.
Só por meio da razão, é possível desvelar a verdade e a certeza. Através desta afirmação o
homem pode evidenciar que: o que é é; e o que é não pode deixar de ser.
Na segunda afirmação, o principio evidenciado é o da imutabilidade. O ser é demonstrado com
todo rigor lógico: o que é é, sendo o que é, tem que ser único, "além do que" só existiria, se
fosse possível o diferente dele: o que não é. O qual seria absurdo afirmarmos, pois assim
estaríamos atribuindo a existência do não-ser.
Parmênides diz que, ao se comprometer com a via da verdade, o homem sábio perceberá que
há indícios sobre o que é o ser. O ser é, portanto, alheio a todo devir, está além de toda geração
e corrupção, é uno e continuo, indivisível, igual ao todo, não pode ser mais o menos que ele
mesmo. O ser é imóvel; o ser é perfeito.
Em Parmênides, o um é o todo, e o todo é um. Se existissem dois todos, um limitaria a
abrangência do outro. Como o ser é infinito, ilimitado, só pode ser um.
Historicamente, Parmênides extraiu a noção de unidade das cosmogonias precedentes, tanto
mítica quanto filosófica, mas elaborou à sua maneira. Parmênides tirou desses princípios
cosmogônicos seu rigor lógico que centraliza na noção de unidade. Diante de tudo, Parmênides
optou pela unidade, pelo absoluto, pelo ser, rejeitando tudo que se pudesse se contrapor.
O Caminho da Opinião: Pensar x Perceber
Percebe-se que, para Parmênides não existe ilimitada possibilidade de investigação, há poucos
requisitos a se levar em conta que para o conhecimento da verdade. Além desse caminho
apenas resta a via da opinião, e a via do engano, da qual ele nos manda afastar o pensamento,
pois não se chega à verdade permanente no nível da opinião.
Parmênides foi o primeiro filósofo a afirmar que o mundo percebido por nossos sentidos é um
mundo ilusório, de aparências. Ele também foi o primeiro a contrapor a esse mundo mutável. A
aparência sensível das coisas da natureza não possui a realidade. Parmênides foi o primeiro a
contrapor o ser ao não ser, concluindo que o não-ser não é.
Parmênides afirmava era a diferença entre pensar e perceber. Perceber é ver as aparências.
Pensar é contemplar o ser. Assim, multiplicidade, mudança, nascimento e perecimento são
aparências, ilusões de sentido.
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(31) 2106-1750
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O poema de Parmênides declara que: ser, pensar e dizer são uma coisa só. Essa é a via da
verdade "alethéia". Já a via da opinião não pode ser percorrida, porque não pode ser pensada e
nem dita. Parmênides estabelece a identificação entre o que é o ser,o que é o pensar, e o que é
o dizer, de modo que, "o que é", é o que pode ser pensado e dito; enquanto que o "que não é",
não pode ser pensado e nem dito. O ser pode ser pensado e dito; o não-ser não pode ser
pensado e nem dito.
Nesse sentido o pensamento de Parmênides tornou a cosmologia impossível, pois ao afirmar
que o pensamento verdadeiro exige uma identidade a não-transformação e a não-contradição.
Ele afirma que o ser não muda e não tem o que mudar, porque se mudasse deixaria de ser o
que é, tornando-se oposto a si mesmo - o não-ser. Mostrou que o ser é uno e que o pensamento
verdadeiro não admite a multiplicidade ou a pluralidade, não admitindo, portanto a cosmologia.
Ao abandonar as idéias de multiplicidade, de mudanças, de vir a ser e perecimento, sua filosofia
deu uma virada radical, passando da cosmologia à antologia.
Caminho da Opinião Plausível
Este caminho - da opinião plausível - deve dar conta do aspecto positivo, das aparências sem
contradizer o principio fundamental, de que o ser e o não-ser não podem ser admitidos juntos. A
solução seria a de que o mundo físico o que se apresenta como não-ser nunca é não-ser em
absoluto, mas é permeado pelo ser. Segundo Parmênides é possível ter a opinião plausível,
porque os opostos do ser e do não-ser no mundo visível podem ser pensados como estando
incluídos na unidade do ser -ambos são seres. Vamos tomar como exemplo a luz e a noite; com
nenhum dos dois, segundo Parmênides está o nada. O mesmo acontece com a vida e a morte,
pois também o cadáver para Parmênides, vive.
Essa tentativa foi feita por Parmênides para salvar os fenômenos. Se luz e noite; vida e morte;
são ser, e o ser é idêntico, como considera Parmênides, então elas devem ser idênticas, o
mesmo se sucede com todos os opostos. Os fenômenos, assumidos no ser, precisavam ser
igualados e imobilizados, como que petrificados pela fixidez do ser. Parmênides salva assim o
ser, mas não parece ter tido a mesma sorte no esforço d salvar os fenômenos.
Escola da Pluralidade
Empédocles de Agrigento (493-430 a. C).
De família rica e ilustre, Empédocles teria sido vitorioso em uma das provas das Olimpíadas.
Vestia-se de púrpura e portava um diadema de ouro. Chefe do partido democrático, era um
gênio extremamente versátil, interessando-se por biologia, física e medicina. Foi também
legislador, poeta e taumaturgo. Seus discípulos o adoravam como a um deus. Escreveu em
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versos, dos quais subsistem 400 do poema "Mundo físico" e 120 de "As purificações".
Deve-se a Empédocles a descoberta de que o ar é uma substância distinta do espaço vazio.
Aristóteles atribui a ele um experimento para comprovar a pressão do ar como substância
independente utilizando uma clepsidra.
Criou a arte retórica, foi místico e filósofo. Empédocles se esforçou por reconciliar a percepção
dos fenômenos cambiantes com a concepção lógica de uma existência imutável subjacente, e
descobriu a solução em quatro elementos inalteráveis - terra, ar, fogo e água -, cujas
associações e dissociações resultariam da ação de forças antagônicas - o Amor e a Discórdia -,
que constroem, destroem e reconstroem o universo eternamente.
Sua filosofia parece uma síntese do materialismo jônico, do idealismo panteísta dos eleatas e da
filosofia de Heráclito. Foi o primeiro a explicar a origem das espécies por uma seleção natural em
que sobrevivem os mais aptos.
Também descobriu a força centrífuga. Na astronomia, identificou que a luz da Lua procedia do
Sol e que a Terra era uma esfera.
Anaxágoras de Clazómenas (500-428 AC)
Anaxágoras nasceu cerca de 500 e morreu em 428 a. C., era natural de Clazómenas, na Ásia
Menor. Nasceu de uma nobre família, mas renunciou ao futuro político e aos bens para se
dedicar a uma vida teorética. Começou a sua actividade filosófica na mesma altura em que foi
para Atenas, cerca 480/79 a. C., portanto, com mais ou menos vinte anos. Ele foi o primeiro que
introduziu a Filosofia em Atenas.
Filósofo grego pré-socrático, para além dos elementos materiais (a água, o ar, o apeiron, o fogo),
postulados por outros filósofos anteriores e contemporâneos, introduziu na filosofia grega a ideia
de um princípio unificador e ordenador da matéria, o nous (Inteligência) de natureza espiritual.
Apesar de ter sido obrigado a deixar Atenas, Anaxágoras exerceu enorme influência na vida
intelectual ateniense, e foi a partir dele que Atenas se transformou na primeira cidade filosófica
da Grécia. Sócrates teria, a princípio, seguido o seu ensino, mas, decepcionado com o mesmo,
veio a abandoná-lo (Fédon). Da sua obra restam-nos alguns fragmentos do seu primeiro livro
«Sobre a Natureza».
Leucipo de Mileto(500-430AC)
Leucipo nasceu em Mileto, na Grécia, cerca de 500 a.C e teve sua akmé aproximadamente em
430 a.C, então com quase 70 anos. É considerado por Aristóteles como criador da teoria dos
átomos, depois desenvolvida e elaborada por Demócrito.
Demócrito de Abdera (470-360 AC)
Demócrito nasceu em Abdera, colônia jônica da Trácia. Foi sucessor de Leucipo e, portanto, sua
phýsis também era baseada no átomo. Os átomos, segundo Demócrito são os elementos que
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formam tudo o que existe no mundo. Eles se movimento no vácuo, chocando-se e unindo-se uns
aos outros, fazendo as coisas nascer, mudar e perecer. Os átomos não são iguais e se
diferenciam pela forma, grandeza, posição, direção e velocidade, mas são todos iguais em
substância, de forma que as diferenças nas coisas são explicadas apenas pela forma, arranjo e
posição dos átomos. Tudo é matéria na teoria atômica de Demócrito, razão pela qual ele e
Leucipo ficaram conhecidos como materialistas.
Período Socrático
Por volta do século V AC. começa o que podemos considerar como um novo período na história
da filosofia, ao qual podemos chamar de período Socrático ou ANTROPOLÓGICO. Esse
também é chamado de período clássico da filosofia.
Podemos marcar o início desse período com a atuação dos Sofistas que estavam preocupados
mais com a linguagem e a erudição do que com a explicação do mundo. Para os sofistas o
importante era o bem falar e a arte de convencer o interlocutor.
As contendas políticas e os conflitos de opiniões favoreceram a ação desses professores
ambulantes que consideravam não haver uma verdade única. Alguns comentadores da história
da filosofia viram com maus olhos a atuação dos sofistas, principalmente devido a escritos de
Platão que os considerava não filósofos, mas manipuladores do raciocínio sem amor pela
verdade. Essa visão, entretanto, começa a ser revista, pois se percebe que os sofistas não eram
os aproveitadores mencionados em alguns manuais, mas pessoas que se utilizaram, de forma
pragmática, da filosofia.
O fato é que o centro das atenções tanto dos sofistas como de Sócrates, Platão e Aristóteles (e
dos posteriores) volta-se para o homem e suas relações. Protágoras, um sofista dirá que "o
homem é a medida de todas as coisas; daquelas que são enquanto são; daquelas que não são,
enquanto não são". E Górgias, outro sofista, preocupado com o discurso, fará a seguinte
afirmação: "o bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa sobre qualquer coisa".
A postura dos sofistas, demonstrando pouca preocupação com a verdade e muito mais com o
argumento, levou Platão a colocar na boca de Sócrates a afirmação de que "Ele supõe saber
alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou
um pouco mais sábio que ele exatamente por não supor que saiba o que não sei". Vê-se,
portanto que a preocupação dos sofistas é a argumentação e a de Sócrates/Platão é a verdade
daquilo que se sabe ou do que se pode saber.
O período antropológico que também é chamado o período Clássico da Filosofia recebe essa
denominação por que nessa época floresceu não só a filosofia como também as artes e o
começo da organização de todo o saber. Principalmente pela atuação de Aristóteles e seus
discípulos do Liceu (nome de sua escola, em homenagem ao deus Apolo Lício) floresceu o
processo de aquisição e sistematização de vários saberes. A filosofia chegou ao seu apogeu
com esses três pensadores que foram uma das maiores marcas da história do saber.
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Sócrates
Sócrates nasceu em Atenas, provavelmente no ano de 470 AC, e tornou-se um dos principais
pensadores da Grécia Antiga. Podemos afirmar que Sócrates fundou o que conhecemos hoje por
filosofia ocidental. Foi influenciado pelo conhecimento de um outro importante filósofo grego:
Anaxágoras. Seus primeiros estudos e pensamentos discorrem sobre a essência da natureza da
alma humana.
Sócrates era considerado pelos seus contemporâneos um dos homens mais sábios e
inteligentes. Em seus pensamentos, demonstra uma necessidade grande de levar o
conhecimento para os cidadãos gregos. Seu método de transmissão de conhecimentos e
sabedoria era o diálogo. Através da palavra, o filósofo tentava levar o conhecimento sobre as
coisas do mundo e do ser humano.
Conhecemos seus pensamentos e idéias através das obras de dois de seus discípulos: Platão e
Xenofontes. Infelizmente, Sócrates não deixou por escrito seus pensamentos.
Sócrates não foi muito bem aceito por parte da aristocracia grega, pois defendia algumas idéias
contrárias ao funcionamento da sociedade grega. Criticou muitos aspectos da cultura grega,
afirmando que muitas tradições, crenças religiosas e costumes não ajudavam no
desenvolvimento intelectual dos cidadãos gregos.
Em função de suas ideias inovadoras para a sociedade, começa a atrair a atenção de muitos
jovens atenienses. Suas qualidades de orador e sua inteligência, também colaboraram para o
aumento de sua popularidade. Temendo algum tipo de mudança na sociedade, a elite mais
conservadora de Atenas começa a encarar Sócrates como um inimigo público e um agitador em
potencial. Foi preso, acusado de pretender subverter a ordem social, corromper a juventude e
provocar mudanças na religião grega. Em sua cela, foi condenado a suicidar-se tomando um
veneno chamado cicuta, em 399 AC.
Principais Pensamentos de Sócrates
“Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as
qualidades que naquela admiramos.”
“Meu conselho é que se case. Se você arrumar uma boa esposa, será feliz; se arrumar uma
esposa ruim se tornará um filósofo.”
“Aquilo que não puderes controlar, não ordenes.”
“Deve-se temer mais o amor de uma mulher, do que o ódio de um homem.”
“Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância.”
“O ideal no casamento é que a mulher seja cega e o homem surdo.”
“Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida.”
“Só sei que nada sei.”
“Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses.”
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“Sob a direção de um forte general, não haverá jamais soldados fracos.”
Não vivemos para comer, mas comemos para viver
Platão
Um dos filósofos que mais influenciaram a cultura ocidental, Platão, cujo nome verdadeiro era
Aristócles, nasceu de uma família rica, envolvida com políticos. Muitos estudiosos de sua obra
dizem que o grego ficou conhecido como Platão por causa do seu vigor físico e ombros largos
("platos" significa largueza). A excelência na forma física era muito apreciada na Grécia antiga e
os seus "diálogos" estão repletos de referências às competições esportivas.
Ainda na juventude, tornou-se discípulo de Sócrates, com quem conviveu durante oito anos,
iniciando-se na filosofia. Depois de acompanhar todo o processo que condenou o seu mestre
(Sócrates, acusado de corromper a juventude e de não acreditar nos "deuses", foi obrigado a
beber o veneno cicuta, que o levaria à morte), Platão, desiludido com a democracia ateniense,
viaja para outras cidades da Grécia, Egito e sul da Itália, e começa a escrever.
Platão teve uma educação semelhante à dos jovens aristocratas da sua época, recebendo aulas
de retórica, música, matemática e ginástica. Em 387 AC, funda em Atenas uma escola chamada
Academia, com uma exigência, escrita na fachada: "Que aqui não entre quem não for geômetra".
Em pouco tempo, esta escola tornou-se um dos maiores centros culturais da Grécia, tendo
recebido políticos e filósofos como Aristóteles, Demóstenes, Eudoxo de Cnido e Esquines, entre
outros.
A sua obra conta com 28 diálogos (alguns historiadores dizem que foram 30) basicamente
centrados em Sócrates, onde procura definir noções como a mentira (Hípias menor), o dever
(Críton), a natureza humana (Alcibíades), a sabedoria (Cármides), a coragem (Laques), a
amizade (Lísis), a piedade (Eutífron) e a retórica (Górgias, Protágoras).
Entre 387 e 361 AC, escreveu Menexeno, Ménon (sobre a virtude), Eutidemo (sobre a erística),
Crátilo (sobre a justeza dos nomes), O banquete (sobre o amor), Fédon, a república (sobre a
justiça), Fedro, Teeteto (sobre a ciência) e Parmênides. Os diálogos da maturidade são O sofista
(sobre o ser), O político, Timeu (sobre a natureza), Crítias (sobre Atlântida), Filebo (sobre o
prazer) e As leis. O filósofo também deixou algumas cartas.
Pela tradição familiar, o seu destino deveria ser a política. Mas, a experiência dos políticos que
governaram Atenas por imposição de Esparta (404AC/403 AC), entre os quais estavam dois de
seus tios, fez Platão afastar-se dessa forma de política. De acordo com o filósofo, uma cidademodelo deveria distribuir os seus habitantes em três segmentos: os sábios deveriam pertencem
à ordem dos governantes, os corajosos, que deveriam zelar pela segurança, à ordem dos
guardiões, e os demais, responsáveis pela agricultura e comércio, fariam parte da ordem dos
produtores.
O filósofo também não concordava que os políticos mais votados assumissem os principais
cargos em uma cidade ou país. Para Platão, nem sempre o mais votado era o mais bem
preparado. Dentro deste contexto, era necessário criar uma alternativa para impedir que a
corrupção e a incompetência tomassem conta do poder público.
A forma dos escritos platônicos é o diálogo, transição espontânea entre o ensinamento oral e
fragmentário de Sócrates e o método estritamente didático de Aristóteles. No fundador da
Academia, o mito e a poesia confundem-se muitas vezes com os elementos puramente racionais
do sistema. A atividade literária do filósofo grego compreende mais de cinqüenta anos da sua
vida: desde a morte de Sócrates até a sua morte.
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Obras
A obra de Platão é uma jóia da literatura de todos os tempos e um monumento filosófico de valor
eterno. As questões postas, dizendo respeito á conduta ética e política dos atenienses, ao seu
comportamento como indivíduos e em sociedade, gozam da maior pertinência vinte e quatro
séculos depois. A sua finalidade é sempre a busca da verdade por meio da dialéctica.
Na grande maioria dos diálogos, a figura central é Sócrates, que interroga, argumenta e discute
com um vasto leque de personagens, na maioria dos casos sofistas ou figuras que representam
a estrutura da cidade. Alguns deles são expressamente dedicados ao mestre, quer para contar o
processo de que foi alvo e a sua defesa em tribunal (Apologia), quer a sua permanência na
prisão (Críton), quer os últimos momentos antes de beber a cicuta (Fédon).
A colecção das obras de Platão compreende trinta e cinco diálogos e um conjunto de treze
cartas. Os seus diálogos podem ser considerados dentro de quatro períodos distintos:
Diálogos considerados de juventude ou socráticos, até cerca de 390 a.C. (antes da morte de
Sócrates).
Apologia de Sócrates
Críton ou Do Dever
Íon ou Da Ilíada
Laqués ou Da coragem
Lísis ou Da Amizade
Cármides ou Da Sabedoria
Eutífron ou Da Santidade
Diálogos ditos de tránsiçáo:
Eutidemo ou Da Erística
Hípias menos ou Da Mentira
Crátilo ou Da Etimologia
Hípias Maior ou Do Belo
Menexeno ou Do Epitáfio
Górgias ou Da Rétorica
República - livro I
Protágoras ou Dos sofistas
Ménon ou Da Virtude
Diálogos de maturidade (escritos provavelmente entre 387 a.C. e 368 a.C.):
Fédon ou Da Alma
Banquete ou Do Bem
República - livros II a X
Fedro ou Da Beleza
· Diálogos considerados de velhice:
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Parménides ou Das Formas
Teeteto ou da Ciência
Sofista ou Do Ser
Político ou Da Realeza
Filebo ou Do Prazer
Timeu ou Da Natureza
Crítias ou Da Atlântida
Leis (inacabado)
Há ainda outras obras cuja autoria é contestada: Alcibíades I e II, Epinómide ou Do Filósofo,
Hiparco, Minos, Os Rivais, Téages e Clítofon
Principais Ideais
“Uma vida não questionada não merece ser vivida.”
“Você pode descobrir mais sobre uma pessoa em uma hora de brincadeira do que em um ano de
conversa.”
“Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é
quando os homens têm medo da luz.”
“Tente mover o mundo - o primeiro passo será mover a si mesmo.”
“Só os mortos conhecem o fim da guerra.”
“O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê.”
“O livro é um mestre que fala mas que não responde”
“A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio
conhecimento.”
“Só pelo amor o homem se realiza plenamente.”
“O cansaço físico, mesmo que suportado forçosamente, não prejudica o corpo, enquanto o
conhecimento imposto à força não pode permanecer na alma por muito tempo.”
“Tudo quanto vive provém daquilo que morreu.”
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Aristóteles
Notável filósofo grego, Aristóteles (384 - 322 a.C.), nasceu em Estágira, colônia de origem jônica
encravada no reino da Macedônia. Filho de Nicômaco, médico do rei Amintas, gozou de
circunstâncias favoráveis para seus estudos.
Em 367 a.C., aos seus 17 anos, foi enviado para a Academia de Platão em Atenas, na qual
permanecerá por 20 anos, inicialmente como discípulo, depois como professor, até a morte do
mestre em 347 a.C.
O fato mesmo de ser filho de médico poderá ter dado a Aristóteles o gosto pelos conhecimentos
experimentais e da natureza, ao mesmo tempo que teve sucesso como metafísico.
Depois da primeira estadia em Atenas, ausentou-se por 12 anos, com uma permanência inicial
na Ásia menor, onde se dirigiu, ainda solteiro, para uma comunidade de platônicos estabelecida
em Assos (Trôade). Ali reinava então sobre Assos e Atarneo, o tirano Hérmias, um eunuco, em
cuja corte passou três anos. Casou então Aristóteles com Pítias, irmã de Hérmias. Morto este
pelos persas, retirou-se Aristóteles para Mitilene. Depois do falecimento de Pítias, se casará com
Hérpilis, da qual nascerá Nicômaco, a quem dedicará posteriormente o livro Ética a Nicômaco.
Entrementes, importantes transformações estavam a ocorrer no mundo helênica, que então se
unificou.
Felipe II (rei da Macedônia de 356 a 336 a.C.) desenvolveu o país e criou um exército poderoso.
Sucessivamente foi anexando as cidades gregas, aproveitando as velhas discórdias, derrotando
finalmente Atenas e Tebas, em Queronéia (338 a.C.). Reuniu as cidades gregas em uma liga,
sob sua direção, no Congresso de Corinto (337 a.C.), pregando sempre a guerra contra o então
grande Império Persa, que já há mais de um século ocupava as cidades gregas da Ásia Menor.
Ofereceu-se também uma nova oportunidade a Aristóteles, que foi chamado em 343 ou 342 para
a corte do rei Felipe II, em Pela, como educador de seu filho Alexandre (356-323 a.C.). Mas ficou
nesta função somente dois anos, depois dos quais aconteceu o totalmente inesperado, - o
assassinato do rei Felipe II.
Foi assim que já cedo o jovem Alexandre deveu assumir o trono, em 336 a.C., com apenas 20
anos. Atravessando o Bósforo, partiu em 334 a.C. para a conquista do império persa. Foi de um
sucesso espetacular, vencendo a Dario, na Batalha de Granico. Completou sua façanha, indo até
a Índia. Estabeleceu sua capital em Babilônia. No Egito fundou a Alexandria, que logo passou à
ser um grande centro de cultura. Estava mudada a estrutura política do então mundo conhecido,
o que não demoraria a ter repercussão na filosofia.
Sem função na Macedônia, voltou Aristóteles para Atenas, pelo ano 335 a. C., com Teofrasto,
outro homem notável pelo saber.
Auxiliado sempre por Alexandre que o prestigiava, Aristóteles fundou o Liceu (cerca de 334 a.C.)
no ginásio do templo de Apolo Liceu (Liceu é referência ao local do templo). Onde criou escola
própria no ginásio Apolo Liceu.
Em pouco mais de dez anos de atividade, fez Aristóteles de sua escola um centro de adiantados
estudos, em que os mestres se distribuiam por especialidades, inclusive em ciências positivas.
Falecido Alexandre prematuramete em 323 a.C., com apenas 13 anos de reinado, recrudeceu o
sentimento antimacedônico em Atenas, com Demóstenes ativando o partido nacionalista, a
situação se tornou difícil para Aristóteles.
Além disto, sua filosofia de idéias objetivas não poderia escapar à reação do sacerdote
Eurimedote, que o acusava de impiedade. Teve, então, Aristóteles de optar por retirar-se de
Atenas, deixando o Liceu sob a direção de Teofrasto.
Oculto em uma sua propriedade em Cálcis, de Eubea, ali morreu já no ano seguinte aos 62
anos. Mas o Liceu teve continuidade, como também a Academia de Platão
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Uma notícia diz que Aristóteles, o mais ilustre dos discípulos de Platão, "tinha a voz débil, pernas
delgadas e olhos pequenos; que vestia sempre com esmero, levava anéis e cortava a barba".
Obras de Aristóteles
Obras de Lógica ou Organon: incluem Categorias, Sobre a Interpretação, os Analíticos (
Primeiros e Segundos) e os Tópicos.
Obras sobre física e a concepção do universo: compreendem Física, Sobre o Céu, Sobre a
Geração e a Corrupção e Meteorológicos.
Obras psicológicas e biológicas: abrangem Sobre a Alma, além de pequenos textos reunidos
sobre o título de Parva Naturalia e História dos Animais ( com partes de autoria duvidosa).
Tratados de metafísica: Andronico denominou Metafísica (literalmente "depois da física) a estas
partes dos apontamentos de Aristóteles.
Obras ético-políticas: compreendem a Ética a Eudemo (organizados por Eudemo, discípulo de
Aristóteles), a Ética a Nicómaco (organizada por Nicómaco, filho de Aristóteles), a Grande Moral
( de autoria duvidosa), a Política e a Constituição de Atenas.
Obras sobre a linguagem e a estética: incluem a Retórica e Poética.
Principais Domínios da Investigação Aristotélica
Toda a sua filosofia assenta numa observação minuciosa da natureza, da sociedade e dos
indivíduos, organizando de uma forma verdadeiramente enciclopédica. A sua ideia fundamental
era a de tudo classificar, dividindo as coisas segundo a sua semelhança ou diferença,
obedecendo a um conjunto de perguntas muito simples: Como é esta coisa ? (o género). O que
é que a difere doutras que lhe são semelhantes? (a diferença). A partir daqui começava a
hierarquizar todas as coisas, de uma forma tão ordenada que até então nunca ninguém
conseguira
fazer.
Lógica: o primeiro sistema lógico, que permitiu estabelecer um conjunto de princípios e regras
formais por meio das quais se tornou possível distinguir as conclusões falsas das exatas. Na
Idade Média os seus escritos sobre lógica foram os manuais mais importantes usados nas
universidades, sobretudo na forma que lhes deu o filósofo português Pedro Hispano ( Papa João
XXI).
Física: a física era a chave da natureza das coisas, não apenas da forma como se comportavam
no presente, mas também no que pontencialmente viriam a transformar-se. Quanto à
constituição das coisas defendia a teoria dos quatro elementos: agua, terra, fogo e ar. Os corpos
celestes, com excepção da terra, eram constituídos por um quinto elemento puro e incorruptível.
O universo é concebido de forma hierarquizada, tendo no centro a terra, girando à sua volta
todos os corpos celestes.
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Biologia: recusando a separação das ideias da natureza, como fazia Platão, Aristóteles, apontou
como tarefa para o investigador a de descobrir e classificar as formas do mundo material. Os
últimos 12 anos da sua vida foram preenchidos com esta tarefa. Partindo de uma observação
sistemática dos seres vivos, e não desdenhando estudar vermes ou insectos, registou perto de
500 classes diferentes de animais, dos quais dissecou aproximadamente 50 tipos. Foi o primeiro
que dividiu o mundo animal entre vertebrados e invertebrados; sabia que a baleia não era um
peixe e que o morcego não era um pássaro, mas que ambos eram mamíferos.
Política: a sua primeira preocupação foi a elaborar uma listagem tão completa quanto possível
sobre os diferentes modelos políticos que existiam no seu tempo. Enumerou um total de 158
constituições de cidades ou países diferentes. Partindo da sua diversidade procurou depois as
suas semelhanças e diferenças, pondo em evidência o que constituía a natureza de cada
regime. Evitou, quanto pode, mostrar as suas preferências por um ou outro regime político.
Pensamentos de Aristóteles
"A educação tem raízes amargas, mas os frutos são doces". Aristóteles (D.L. 5, 18).
“Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo de agir, mas
um hábito.”
“A cultura é o melhor conforto para a velhice.”
“Ter muitos amigos é não ter nenhum.”
“O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que diz.”
“A alma é a causa eficiente e o princípio organizador do corpo vivente.”
“O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete”
“Devemos nos comportar com os nossos amigos do mesmo modo que gostaríamos que eles se
comportassem conosco.”
“É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer.”
“As pessoas dividem-se entre aquelas que poupam como se vivessem para sempre e aquelas
que gastam como se fossem morrer amanhã.”
“Não há nada na nossa inteligência que não tenha passado pelos sentidos.”
“Todos os homens, por natureza, desejam saber.”
O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra.
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Lógica Aristotélica
Limitar-nos-emos mais especialmente aos problemas gerais da lógica de Aristóteles, porque aí
está a sua gnosiologia. Foi dito que, em geral, a ciência, a filosofia - conforme Aristóteles, bem
como segundo Platão - tem como objeto o universal e o necessário; pois não pode haver ciência
em torno do individual e do contingente, conhecidos sensivelmente. Sob o ponto de vista
metafísico, o objeto da ciência aristotélica é a forma, como idéia era o objeto da ciência
platônica. A ciência platônica e aristotélica são, portanto, ambas objetivas, realistas: tudo que se
pode aprender precede a sensação e é independente dela. No sentido estrito, a filosofia
aristotélica é dedução do particular pelo universal, explicação do condicionado mediante a
condição, porquanto o primeiro elemento depende do segundo. Também aqui se segue a ordem
da realidade, onde o fenômeno particular depende da lei universal e o efeito da causa. Objeto
essencial da lógica aristotélica é precisamente este processo de derivação ideal, que
corresponde a uma derivação real. A lógica aristotélica, portanto, bem como a platônica, é
essencialmente dedutiva, demonstrativa, apodítica. O seu processo característico, clássico, é o
silogismo. Os elementos primeiros, os princípios supremos, as verdades evidentes, consoante
Platão, são fruto de uma visão imediata, intuição intelectual, em relação com a sua doutrina do
contato imediato da alma com as ideais - reminiscência. Segundo Aristóteles, entretanto, de cujo
sistema é banida toda forma de inatismo, também os elementos primeiros do conhecimento conceito e juízos - devem ser, de um modo e de outro, tirados da experiência, da representação
sensível, cuja verdade imediata ele defende, porquanto os sentidos por si nunca nos enganam.
O erro começa de uma falsa elaboração dos dados dos sentidos: a sensação, como o conceito,
é sempre verdadeira. Por certo, metafisicamente, ontologicamente, o universal, o necessário, o
inteligível, é anterior ao particular, ao contingente, ao sensível: mas, gnosiologicamente,
psicologicamente existe primeiro o particular, o contingente, o sensível, que constituem
precisamente o objeto próprio do nosso conhecimento sensível, que é o nosso primeiro
conhecimento.
Assim sendo, compreende-se que Aristóteles, ao lado e em consequência da doutrina de
dedução, seja constrangido a elaborar, na lógica, uma doutrina da indução. Por certo, ela não
está efetivamente acabada, mas pode-se integrar logicamente segundo o espírito profundo da
sua filosofia. Quanto aos elementos primeiros do conhecimento racional, a saber, os conceitos, a
coisa parece simples: a indução nada mais é que a abstração do conceito, do inteligível, da
representação sensível, isto é, a "desindividualização" do universal do particular, em que o
universal é imanente. A formação do conceito é, a posteriori, tirada da experiência. Quanto ao
juízo, entretanto, em que unicamente temos ou não temos a verdade, e que é o elemento
constitutivo da ciência, a coisa parece mais complicada. Como é que se formam os princípios da
demonstração, os juízos imediatamente evidentes, donde temos a ciência? Aristóteles reconhece
que é impossível uma indução completa, isto é, uma resenha de todos os casos os fenômenos
particulares para poder tirar com certeza absoluta leis universais abrangendo todas as
essências. Então só resta possível uma indução incompleta, mas certíssima, no sentido de que
os elementos do juízo os conceitos são tirados da experiência, a posteriori, seu nexo, porém, é a
priori, analítico, colhido imediatamente pelo intelecto humano mediante a sua evidência,
necessidade objetiva.
Colégio Anglo de Sete Lagoas
Professor: Ronaldo
(31) 2106-1750
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