Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Introdução a Filosofia Toda a história da filosofia antiga é marcada por dois pontos centrais: a) A verdade do mundo e dos humanos podia ser conhecida por todos, através da Razão, que é a mesma em todos. Assim a Filosofia nasce como conhecimento racional da ordem do mundo ou da Natureza (donde o nome cosmologia). b) Se a realidade é um fato objetivo – exterior aos seres humanos – o maior desafio do saber filosófico é desenvolver uma metodologia, que através da razão, do pensamento, revele objetivamente esta realidade. O primeiro período do pensamento grego toma a denominação de período naturalista (ou cosmológico), porque a nascente especulação dos filósofos é voltada para o mundo exterior, julgando-se encontrar aí também o princípio unitário de todas as coisas. Recebe a denominação cronológica de período pré-socrático, porque precede Sócrates e os sofistas, que marcam o começo de um novo período na história do pensamento grego. Esse primeiro período tem início no século VII século a.C., e termina dois séculos depois, mais ou menos, nos fins do século V. Os filósofos deste período preocuparam-se quase exclusivamente com os problemas cosmológicos. Estudar o mundo exterior nos elementos que o constituem, na sua origem e nas contínuas mudanças a que está sujeito, é a grande questão que dá a este período seu caráter de unidade. Pelo modo de a encarar e resolver, classificam-se os filósofos que nele floresceram em quatro escolas: Escola Jônica; Escola Itálica; Escola Eleática; Escola Atomística. Os povos Indo-Europeus Por uma questão de clareza, não se pode falar do mito grego sem antes traçar, um esboço histórico do que era a região antes da Grécia, isto é, antes da chegada dos Indo-Europeus ao território de Hélade. Os gregos fazem parte de um vasto conjunto de povos designados com o nome convencional de Indo-Europeus. Estes, ao que parece se localizavam desde o quarto milênio, ao norte do Mar Negro, entre os Cárpatos e o Cáucaso, sem jamais, todavia, terem formado uma unidade sólida, uma raça, um império organizado e nem mesmo uma civilização material comum. Talvez tenha existido, isto sim, uma certa unidade lingüística e uma unidade religiosa. Pois bem, essa frágil unidade, mal alicerçada num "aglomerado de povos", rompeu-se, lá pelo terceiro milênio, iniciando-se, então, uma série de migrações, que fragmentou os Indo-Europeus em vários grupos lingüísticos, tomando uns a direção da Ásia (armênio, indo-iraniano, tocariano, hitita), permanecendo os demais na Europa (balto, eslavo, albanês, celta, itálico, grego, germânico). A partir dessa dispersão, cada grupo evoluiu independentemente e, como se tratava de povos nômades, os movimentos migratórios se fizeram no tempo e no espaço, durante séculos e até milênios, não só em relação aos diversos "grupos" entre si, mas também dentro de um mesmo "grupo". Assim, se as primeiras migrações indo-européias (indo-iranianos, hititas, itálicos, gregos) estão séculos distantes das últimas (baltos, eslavos, germânicos...), dentro de um Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 mesmo grupo as migrações se fizeram por etapas. Desse modo, o grupo itálico, quando atingiu a Itália, já estava fragmentado, "dialetado", em latinos, oscos e umbros, distantes séculos uns dos outros, em relação à chegada a seu habitat comum. Entre os helenos o fato ainda é mais flagrante, pois, como se há de ver, os gregos chegaram à Hélade em pelo menos quatro levas: jônios, aqueus, eólios e dórios e, exatamente como aconteceu com o itálico, com séculos de diferença entre um grupo e outro. Para se ter uma idéia, entre os jônios e os dórios medeia uma distância de cerca de oitocentos anos! Se não é possível reconstruir, mesmo hipoteticamente, o império indo-europeu e tampouco a língua primitiva indo-européia, pode-se, contudo, estabelecer um sistema de correspondência entre as denominadas línguas indo-européias, no que se refere ao vocabulário comum e, partindo deste, chegar a certas estruturas religiosas e mitológicas (estudo comparado) dessa civilização. O vocabulário comum mostra a estrutura patrilinear da família, o nomadismo, uma forte organização militar, sempre pronta para as conquistas e os saques. Igualmente se torna claro que os indo-europeus conheciam bem e praticavam a agricultura; criavam rebanhos e conheciam o cavalo. O vocabulário religioso é extremamente pobre. São pouquíssimos os nomes de deuses comuns a vários indo-europeus. De qualquer forma os Indo-Europeus tinham elaborado uma teologia e uma mitologia específicas. Uma de suas conclusões maiores foi a descoberta da estrutura funcional da sociedade e da ideologia dos indo-europeus, estrutura essa fundamentada na tríplice função religiosa dos deuses: Soberania (sacerdotes – Zeus); Força (Guerreiros – Ares) e Fecundidade (Campônios – Deméter). Esta estrutura estava presente, além dos Gregos, entre os indoiranianos, escandinavos e romanos. Esta concepção de uma relação fundamental da organização social e sua mitologia será objeto das reflexões do surgimento do pensamento filosófico. O Mito e Filosofia A professora, Marilena Chauí (in Convite à Filosofia -Ed. Ática, São Paulo, 2000) introduz o debate sobre o surgimento da filosofia, indagando se este saber teria nascido de uma ruptura radical com os mitos. Na sequência ela lança a indagação do que é o mito, expondo sinteticamente a seguinte definição: - Um mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem e do mal, da saúde e da doença, da morte, dos instrumentos de trabalho, das raças, das guerras, do poder, etc.). Ele produz esta narrativa por meio de lutas, alianças e relações sexuais entre forças sobrenaturais que governam o mundo e o destino dos homens. Como os mitos sobre a origem do mundo são genealogias, diz-se que são cosmogonias e teogonias. Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Assim colocado, voltamos a questão inicial: o povo grego ao manifestar seu espanto perante a natureza, seus acontecimentos, a repetição dos fenômenos naturais, as novas descobertas, possibilitadas pelo desenvolvimento ainda que rudimentar de novas tecnologias (a náutica por exemplo, que possibilitou a descoberta de que a Terra não possuía o formato descrito nos mitos), ao perceber e transformar este espanto em perguntas: será que é assim? O que será de fato? – permitindo a formação do espaço inicial do da reflexão – promoveu uma ruptura com sua visão mítica da realidade? Entendemos que existe mais de uma alternativa como resposta a esta questão. Na primeira, concordamos com a professora Chauí,que narra as diferenças entre a filosofia e o mito conforme reproduzimos abaixo: “A Filosofia, percebendo as contradições e limitações dos mitos, foi reformulando e racionalizando as narrativas míticas, transformando-as numa outra coisa, numa explicação inteiramente nova e diferente”. Quais são as diferenças entre Filosofia e mito? Podemos apontar três como as mais importantes: a). O mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no passado imemorial, longínquo e fabuloso, voltando-se para o que era antes de tudo existisse tal como existe no presente. A Filosofia, ao contrário, se preocupa em explicar como e por que, no passado, no presente e no futuro (isto é, na totalidade do tempo), as coisas são como são; b). O mito narrava a origem através de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas, enquanto a Filosofia, ao contrário, explica a produção natural das coisas por elementos e causas naturais e impessoais. O mito falava em Urano, Ponto e Gaia; a Filosofia fala em céu, mar e terra. O mito narra a origem dos seres celestes (os astros), terrestres (plantas, animais, homens) e marinhos pelos casamentos de Gaia com Urano e Ponto. A Filosofia explica o surgimento desses seres por composição, combinação e separação dos quatro elementos - úmido, seco, quente e frio, ou água, terra, fogo e ar. c). O mito não se importava com contradições, com o fabuloso e o incompreensível, não só porque esses eram traços próprios da narrativa mítica, como também porque a confiança e a crença no mito vinham da autoridade religiosa do narrador. A Filosofia, ao contrário, não admite contradições, fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente, lógica e racional; além disso, a autoridade da explicação não vem da pessoa do filósofo, mas da razão, que é a mesma em todos os seres humanos.” Todavia temos que considerar outras vertentes sobre sobe o que chamamos de consciência mítica, conforme uma abordagem mais antropológica destacando seu papel como uma realidade simbólica. A consciência mítica ainda está viva e atuante. O mito, quando estudado ao vivo, não é uma explicação destinada a satisfazer uma curiosidade científica, mas uma narrativa que faz reviver uma realidade primordial, que satisfaz profundas necessidades religiosas, aspirações morais, a Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 pressões e a imperativos de ordem social e mesmo a exigências práticas. Ele desempenha uma função indispensável: exprime, exalta e codifica a crença; salvaguarda e impõe os princípios morais; garante a eficácia do ritual e oferece regras práticas para a orientação do homem. E é precisamente esta visão que nos impede de ver o nascimento da filosofia como uma ruptura à narrativa mítica, senão como uma nova vertente de construção do saber. 4 - Condições históricas para o surgimento da Filosofia Não foi acidental o nascimento da filosofia na Grécia, no final do século VII e início do século VI antes de Cristo. A historiografia permite-nos identificar algumas condições históricas para isto, conforme resumimos a seguir: a) O surgimento das cidades, como espaço político de exercício da cidadania e seus contratos sociais; b) O nascimento de recursos simbólicos de comunicação abstrata como: a escrita alfabética, a moeda (alterando a qualidade dos processos de troca) e o calendário (como uma dimensão social de organização do tempo); c) O surgimento da política, juntamente com a formulação de Leis (relações contratuais negociadas); o espaço público e o direito à cidadania e o florescimento do argumento, através do discurso, como instrumento de convencimento. d) A grande expansão das viagens marítimas, que promoveu uma grande revolução na percepção do espaço e o desaparecimento de alguns mitos, associados à força dos mares. Seguramente esta conjugação de fatores tenha sido uma ocorrência singular do ponto de vista da história das culturas, mas foi precisamente este arranjo histórico que constituiu a base material, psicológica e espiritual para a emergência desta forma particular de conhecer o universo. Os aspectos mais singulares do surgimento da filosofia na Grécia podem ser resumidos da seguinte forma: a) Com relação aos mitos: os gregos deram racionalidade a narrativas sobre as origens das coisas, dos homens, das instituições humanas (como o trabalho, as leis, a moral); b) Com relação aos conhecimentos: os gregos transformaram em ciência aquilo que eram elementos de uma sabedoria prática para o uso direto na vida. c) Os gregos inventaram a política (palavra que vem de polis, que, em grego, significa cidade organizada por leis e instituições).Instituíram práticas pelas quais as decisões eram tomadas a partir de discussões e debates públicos e eram adotadas ou revogadas por voto em assembléias públicas; porque estabeleceram instituições públicas (tribunais, assembléias, separação entre autoridade do chefe da família e autoridade pública, entre autoridade político-militar e autoridade religiosa) e sobretudo porque criaram a idéia da lei e da justiça como expressões da vontade coletiva pública e não como imposição da vontade de um só ou de um grupo, em nome de divindades. Os gregos criaram a política porque separaram o poder político e duas outras formas tradicionais de autoridade: a do chefe de família e a do sacerdote ou mago; d). Com relação ao pensamento: diante da herança recebida, os gregos inventaram a idéia ocidental da razão como um pensamento sistemático que segue regras, normas e leis de valor universal. Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 O nascimento da Filosofia – Período Cosmológico A filosofia nasceu na cidade de Mileto, com o primeiro filósofo Tales de Mileto, concebida como uma cosmologia. Em seu nascimento ela busca o conhecimento racional da ordem do mundo ou da Natureza.. Em um período da história humana em que o saber filosófico pouco se distinguia do saber científico, é verdadeiramente notável o conceito formulado pelos filósofos naturalistas. De fato este é um marco central de evolução em relação ao pensamento mítico. E há mesmo um nível de sofisticação na construção dos conceitos, que gostaríamos de aprofundar na própria historiografia para entender os filósofos desta época da. Em primeiro lugar a idéia de buscar elementos fundamentais na natureza, para então formular teorias sobre o universo está na base da própria formulação sobre os conceitos iniciais da descoberta do átomo. Abstrações como de Anaximandro chegam a surpreender pela genialidade de sua formulação: um princípio natural - o ápeiron - como fonte de todos os demais processos naturais revela um nível de maturidade muito elevado. Mesmo sua idéia sobre a ordem do mundo, regulada por opostos - encontra uma interessante ressonância com os princípios contemporâneos da dialética. O equilíbrio pela relação entre os opostos tem uma equivalente no pensamento oriental nos princípios do Tao, que ainda hoje fundamenta a medicina tradicional oriental. Sabemos da distância destes períodos históricos. Mas recordamos estas aproximações como forma de reafirmar a maturidade do pensamento pré-socrático. As principais características da cosmologia são: Em um resumo geral das características do período cosmológico podemos observar que os filósofos deste período fundamentalmente buscam uma explicação racional e sistemática sobre a origem, ordem e transformação da Natureza, da qual os seres humanos fazem parte, sendo humanos e natureza, pela sua identidade, explicados pela filosofia.. Esta Natureza é eterna e tudo se transforma em outra coisa sem jamais desaparecer. Não é possível dizer que o mundo tenha vindo de algo, pois possui um fundo eterno, incriado. Este fundo, que é o elemento primordial da Natureza chama-se physis e só é visível ao pensamento (não pode ser visto por nossos sentidos). Embora a physis (o elemento primordial eterno) seja imperecível, ela dá origem a todos os seres infinitamente variados e diferentes do mundo, seres que, ao contrário do princípio gerador, são perecíveis ou mortais. Outro princípio familiar aos filósofos deste período e que todos os seres, além de serem gerados e de serem mortais, são seres em contínua transformação, mudando de qualidade e de quantidade; esta também é uma característica do mundo está em mudança contínua, sem por isso perder sua forma, sua ordem e sua estabilidade. Todo este processo, que é percebido como movimento possui uma designação: é chamado devir, sendo a passagem contínua de uma coisa ao seu estado contrário e essa passagem não é caótica, mas obedece a leis determinadas pela physis ou pelo princípio fundamental do mundo. Finalmente vale registrar que os diferentes filósofos escolheram Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 diferentes physis em seus modelos, isto é, cada filósofo encontrou motivos e razões para dizer qual era o princípio eterno e imutável que está na origem da Natureza e de suas transformações. Assim, Tales dizia que o princípio era a água ou o úmido; Anaximandro considerava que era o ilimitado sem qualidades definidas; Anaxímenes, que era o ar ou o frio; Heráclito afirmou que era o fogo; Leucipo e Demócrito disseram que eram os átomos. E assim por diante. As Principais Escolas Os principais filósofos pré-socráticos foram: ● filósofos da Escola Jônica: Tales de Mileto, Anaxímenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso; ● filósofos da Escola Itálica: Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona e Árquitas de Tarento; ● filósofos da Escola Eleata: Parmênides de Eléia e Zenão de Eléia; ● filósofos da Escola da Pluralidade: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena, Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera Escola Jônica Tales de Mileto (624-548 A.C.) "Água" Tales de Mileto, fenício de origem, é considerado o fundador da escola jônica. É o mais antigo filósofo grego. Tales não deixou nada escrito mas sabemos que ele ensinava ser a água a substância única de todas as coisas. A terra era concebida como um disco boiando sobre a água, no oceano. Cultivou também as matemáticas e a astronomia, predizendo, pela primeira vez, entre os gregos, os eclipses do sol e da lua. No plano da astronomia, fez estudos sobre solstícios a fim de elaborar um calendário, e examinou o movimento dos astros para orientar a navegação. Provavelmente nada escreveu. Por isso, do seu pensamento só restam interpretações formuladas por outros filósofos que lhe atribuíram uma idéia básica: a de que tudo se origina da água. Segundo Tales, a água, ao se resfriar, torna-se densa e dá origem à terra; ao se aquecer transforma-se em vapor e ar, que retornam como chuva quando novamente esfriados. Desse ciclo de seu movimento (vapor, chuva, rio, mar, terra) nascem as diversas formas de vida, vegetal e animal. A cosmologia de Tales pode ser resumida nas seguintes proposições: A terra flutua sobre a água; A água é a causa material de todas as coisas. Todas as coisas estão cheias de deuses. O imã possui vida, pois atrai o ferro. Segundo Aristóteles sobre a teoria de Tales: elemento estático e elemento dinâmico. Elemento Estático - a flutuação sobre a água. Elemento Dinâmico - a geração e nutrição de todas as coisas pela água. Tales acreditava em uma "alma do mundo", havia um espírito divino que formava todas as coisas da água. Tales sustentava ser a água a substância de todas as coisas. Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Anaximandro de Mileto (611-547 A.C.) "Ápeiron" Anaximandro de Mileto, geógrafo, matemático, astrônomo e político, discípulo e sucessor de Tales e autor de um tratado Da Natureza, põe como princípio universal uma substância indefinida, o ápeiron (ilimitado), isto é, quantitativamente infinita e qualitativamente indeterminada. Deste ápeiron (ilimitado) primitivo, dotado de vida e imortalidade, por um processo de separação ou "segregação" derivam os diferentes corpos. Supõe também a geração espontânea dos seres vivos e a transformação dos peixes em homens. Anaximandro imagina a terra como um disco suspenso no ar. Eterno, o ápeiron está em constante movimento, e disto resulta uma série de pares opostos - água e fogo, frio e calor, etc. - que constituem o mundo. O ápeiron é assim algo abstrato, que não se fixa diretamente em nenhum elemento palpável da natureza. Com essa concepção, Anaximandro prossegue na mesma via de Tales, porém dando um passo a mais na direção da independência do "princípio" em relação às coisas particulares. Para ele, o princípio da "physis" (natureza) é o ápeiron (ilimitado). Atribui-se a Anaximandro a confecção de um mapa do mundo habitado, a introdução na Grécia do uso do gnômon (relógio de sol) e a medição das distâncias entre as estrelas e o cálculo de sua magnitude (é o iniciador da astronomia grega). Ampliando a visão de Tales, foi o primeiro a formular o conceito de uma lei universal presidindo o processo cósmico total. Diz-se também, que preveniu o povo de Esparta de um terremoto. Anaximandro julga que o elemento primordial seria o indeterminado (ápeiron), infinito e em movimento perpétuo. Fragmentos "Imortal...e imperecível (o ilimitado enquanto o divino) - Aristóteles, Física". Esta (a natureza do ilimitado, ele diz que) é sem idade e sem velhice. Hipólito, Refutação. Anaxímenes de Mileto (588-524 A.C.) "Ar" Segundo Anaxímenes, a arkhé (comando) que comanda o mundo é o ar, um elemento não tão abstrato como o ápeiron, nem palpável demais como a água. Tudo provém do ar, através de seus movimentos: o ar é respiração e é vida; o fogo é o ar rarefeito; a água, a terra, a pedra são formas cada vez mais condensadas do ar. As diversas coisas que existem, mesmo apresentando qualidades diferentes entre si, reduzem-se a variações quantitativas (mais raro, mais denso) desse único elemento. Atribuindo vida à matéria e identificando a divindade com o elemento primitivo gerador dos seres, os antigos jônios professavam o hilozoísmo e o panteísmo naturalista. Dedicou-se especialmente à meteorologia. Foi o primeiro a afirmar que a Lua recebe sua luz do Sol. Anaxímenes julga que o elemento primordial das coisas é o ar. Fragmentos "O contraído e condensado da matéria ele diz que é frio, e o ralo e o frouxo (é assim que ele expressa) é quente. " Com nossa alma, que é ar, soberanamente nos mantém unidos, assim também todo o cosmo sopro e ar o mantém. (Aécio). Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Heráclito o Obscuro(535-475 A.C) “Fogo” Nasceu em Éfeso, cidade da Jônia, de família nobre. Desprezava a plebe. Recusou-se intervir na política. Manifestou desprezo pelos antigos poetas, contra os filósofos de seu tempo e até contra a religião. Heráclito escreveu um livro Sobre a Natureza, ele recebeu o nome de "o obscuro". E é considerado o mais eminente pensador pré-socrático. O principio universal de Heráclito é que: tudo se move e que nada permanece estático. Panta Rhei, sua "máxima", significa " tudo flui" , tudo se move, exceto o próprio movimento. A designação mais exata que podemos usar é o devir. Ele exemplifica dizendo que, não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, porque ao entrarmos pela segunda vez, não serão as mesmas águas que lá estarão, e a própria pessoa já será diferente. Mas a doutrina de Heráclito vai além. O devir, a mudança que acontece em todas as coisas, é sempre uma alternância entre os contrários: coisas quentes esfriam e coisas frias esquentam, etc. A realidade acontece então, não em uma das alternativas, que são apenas partes da realidade, e sim mudanças, ou como ele chama, guerra dos opostos. Tal guerra é que permite a harmonia e mesmo a paz, já que assim os contrários passam a existir: a doença faz da saúde algo agradável e bom, ou seja, se não existisse a doença não teria porque valorizar a saúde. Heráclito como um dos pré-socráticos definiu uma arché, um principio de todas as coisas: o fogo. Para ele "todas as coisas são uma troca de fogo, e o fogo uma troca de todas as coisas", ou seja, todas as coisas se transformam em fogo, e o fogo se transforma em todas as coisas.Para Parmênides o fogo é definitivamente o elemento primordial. Escola Itálica Pitágoras de Samos (580- 497/496 AC) Números Da vida de Pitágoras quase nada pode ser afirmado com certeza, já que ele foi objeto de uma série de relatos tardios e fantasiosos, como referentes às viagens e aos contatos com as culturas orientais. Parece certo, contudo, que o Filósofo e matemático grego nasceu no ano de 580 a.C. na cidade de Samos, fundou uma escola mística e filosófica em Crotona (colônia grega na península itálica), cujos princípios foram determinantes para evolução geral da matemática e da filosofia ocidental cujo principais enfoques eram: harmonia matemática, doutrina dos números e dualismo cósmico essencial. Aliás, Pitágoras foi o criador da palavra "filósofo". Os pitagóricos interessavam-se pelo estudo das propriedades dos números - para eles o número (sinônimo de harmonia) era considerado como essência das coisas - é constituído então da soma de pares e ímpares, noções opostas (limitado e ilimitado) respectivamente números pares e ímpares expressando as relações que se encontram em permanente processo de mutação, criando a teoria da harmonia das esferas (o cosmos é regido por relações matemáticas). A observação dos astros sugeriu-lhes a idéia de que uma ordem domina o universo. Evidências disso estariam no dia e noite, no alterar-se das estações e no movimento circular e perfeito das Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 estrelas, por isso o mundo poderia ser chamado de cosmos, termo que contem as idéias de ordem, de correspondência e de beleza. Nessa cosmovisão também concluíram que a terra é esférica, estrela entre as estrelas que se movem ao redor de um fogo central. Alguns pitagóricos chegaram até a falar da rotação da Terra sobre o eixo, mas a maior descoberta de Pitágoras ou dos discípulos (já que há obscuridades que cerca o pitagorismo devido ao caráter esotérico e secreto da escola) deu-se no domínio da geometria e se refere às relações entre os lados do triângulo retângulo. A descoberta foi enunciada no teorema de Pitágoras. Foi expulso de Crotona e passou a morar em Metaponto, onde morreu provavelmente em 497 a. C. ou 496 a.C Escola Eleata Parmênides de Eléia (530-460 a.C.), Deixou suas idéias em um poema Sobre a Natureza. Existem três vias de investigação que Parmênides nos apresenta, as quais são: Caminho da Verdade, Caminho da Opinião e o Caminho da Opinião Plausível. Primeiramente iremos estudar a filosofia de Parmênides de maneira geral, e em seguida, estudaremos separadamente os três caminhos de investigação apresentados por Parmênides. Parmênides ele afirma que o ser é; e de maneira muito simples ele justifica essa afirmação.Ele diz que "tudo aquilo que alguém pensa e diz é. Não se pode pensar senão pensando aquilo que é. Pensar o nada significa não pensar absolutamente, e o dizer o nada significa não dizer nada. Portanto o nada é impensável e indizível". (REALE, 1990, 51). Parmênides também atribui ao ser algumas características: ele é eterno, imutável, uno incorruptível, incorruptível e indivisível. Parmênides afirma que o ser não pode ser gerado, nem corrompido, pois se ele for gerado, existirá dois seres, o que é impossível para Parmênides pois, ele diz que o ser é, logo não pode ser criado. Ele também afirma que o ser não poder se corruptível, pois se o ser se corromper significa que ele é finito, logo ele morrerá. Com isso o ser terá que nascer , contradizendo assim a afirmação anterior. Parmênides tem como principio de sua filosofia a ontologia, que é o estudo do ser enquanto ser. A partir do momento que Parmênides deixa de estudar a phýsis, enquanto uma causa de origem, e passa a estudar o ser enquanto ser, ele rompe com os demais pré-socráticos, e passa de cosmologia para a ontologia. Parmênides também enfrentou um grande problema, os mortais não conseguiram compreender a sua filosofia; não compreenderam que os opostos deveriam ser pensados e incluídos como unidade superior do ser. Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 O Caminho da Verdade: O ser é Parmênides indica que na via da verdade, o homem se deixa conduzir apenas pela razão. Nessa primeira via, ele afirma o principio ontológico da identidade. Este princípio pode assumir a formulação: o ser é, e o não ser não é. Só por meio da razão, é possível desvelar a verdade e a certeza. Através desta afirmação o homem pode evidenciar que: o que é é; e o que é não pode deixar de ser. Na segunda afirmação, o principio evidenciado é o da imutabilidade. O ser é demonstrado com todo rigor lógico: o que é é, sendo o que é, tem que ser único, "além do que" só existiria, se fosse possível o diferente dele: o que não é. O qual seria absurdo afirmarmos, pois assim estaríamos atribuindo a existência do não-ser. Parmênides diz que, ao se comprometer com a via da verdade, o homem sábio perceberá que há indícios sobre o que é o ser. O ser é, portanto, alheio a todo devir, está além de toda geração e corrupção, é uno e continuo, indivisível, igual ao todo, não pode ser mais o menos que ele mesmo. O ser é imóvel; o ser é perfeito. Em Parmênides, o um é o todo, e o todo é um. Se existissem dois todos, um limitaria a abrangência do outro. Como o ser é infinito, ilimitado, só pode ser um. Historicamente, Parmênides extraiu a noção de unidade das cosmogonias precedentes, tanto mítica quanto filosófica, mas elaborou à sua maneira. Parmênides tirou desses princípios cosmogônicos seu rigor lógico que centraliza na noção de unidade. Diante de tudo, Parmênides optou pela unidade, pelo absoluto, pelo ser, rejeitando tudo que se pudesse se contrapor. O Caminho da Opinião: Pensar x Perceber Percebe-se que, para Parmênides não existe ilimitada possibilidade de investigação, há poucos requisitos a se levar em conta que para o conhecimento da verdade. Além desse caminho apenas resta a via da opinião, e a via do engano, da qual ele nos manda afastar o pensamento, pois não se chega à verdade permanente no nível da opinião. Parmênides foi o primeiro filósofo a afirmar que o mundo percebido por nossos sentidos é um mundo ilusório, de aparências. Ele também foi o primeiro a contrapor a esse mundo mutável. A aparência sensível das coisas da natureza não possui a realidade. Parmênides foi o primeiro a contrapor o ser ao não ser, concluindo que o não-ser não é. Parmênides afirmava era a diferença entre pensar e perceber. Perceber é ver as aparências. Pensar é contemplar o ser. Assim, multiplicidade, mudança, nascimento e perecimento são aparências, ilusões de sentido. Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 O poema de Parmênides declara que: ser, pensar e dizer são uma coisa só. Essa é a via da verdade "alethéia". Já a via da opinião não pode ser percorrida, porque não pode ser pensada e nem dita. Parmênides estabelece a identificação entre o que é o ser,o que é o pensar, e o que é o dizer, de modo que, "o que é", é o que pode ser pensado e dito; enquanto que o "que não é", não pode ser pensado e nem dito. O ser pode ser pensado e dito; o não-ser não pode ser pensado e nem dito. Nesse sentido o pensamento de Parmênides tornou a cosmologia impossível, pois ao afirmar que o pensamento verdadeiro exige uma identidade a não-transformação e a não-contradição. Ele afirma que o ser não muda e não tem o que mudar, porque se mudasse deixaria de ser o que é, tornando-se oposto a si mesmo - o não-ser. Mostrou que o ser é uno e que o pensamento verdadeiro não admite a multiplicidade ou a pluralidade, não admitindo, portanto a cosmologia. Ao abandonar as idéias de multiplicidade, de mudanças, de vir a ser e perecimento, sua filosofia deu uma virada radical, passando da cosmologia à antologia. Caminho da Opinião Plausível Este caminho - da opinião plausível - deve dar conta do aspecto positivo, das aparências sem contradizer o principio fundamental, de que o ser e o não-ser não podem ser admitidos juntos. A solução seria a de que o mundo físico o que se apresenta como não-ser nunca é não-ser em absoluto, mas é permeado pelo ser. Segundo Parmênides é possível ter a opinião plausível, porque os opostos do ser e do não-ser no mundo visível podem ser pensados como estando incluídos na unidade do ser -ambos são seres. Vamos tomar como exemplo a luz e a noite; com nenhum dos dois, segundo Parmênides está o nada. O mesmo acontece com a vida e a morte, pois também o cadáver para Parmênides, vive. Essa tentativa foi feita por Parmênides para salvar os fenômenos. Se luz e noite; vida e morte; são ser, e o ser é idêntico, como considera Parmênides, então elas devem ser idênticas, o mesmo se sucede com todos os opostos. Os fenômenos, assumidos no ser, precisavam ser igualados e imobilizados, como que petrificados pela fixidez do ser. Parmênides salva assim o ser, mas não parece ter tido a mesma sorte no esforço d salvar os fenômenos. Escola da Pluralidade Empédocles de Agrigento (493-430 a. C). De família rica e ilustre, Empédocles teria sido vitorioso em uma das provas das Olimpíadas. Vestia-se de púrpura e portava um diadema de ouro. Chefe do partido democrático, era um gênio extremamente versátil, interessando-se por biologia, física e medicina. Foi também legislador, poeta e taumaturgo. Seus discípulos o adoravam como a um deus. Escreveu em Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 versos, dos quais subsistem 400 do poema "Mundo físico" e 120 de "As purificações". Deve-se a Empédocles a descoberta de que o ar é uma substância distinta do espaço vazio. Aristóteles atribui a ele um experimento para comprovar a pressão do ar como substância independente utilizando uma clepsidra. Criou a arte retórica, foi místico e filósofo. Empédocles se esforçou por reconciliar a percepção dos fenômenos cambiantes com a concepção lógica de uma existência imutável subjacente, e descobriu a solução em quatro elementos inalteráveis - terra, ar, fogo e água -, cujas associações e dissociações resultariam da ação de forças antagônicas - o Amor e a Discórdia -, que constroem, destroem e reconstroem o universo eternamente. Sua filosofia parece uma síntese do materialismo jônico, do idealismo panteísta dos eleatas e da filosofia de Heráclito. Foi o primeiro a explicar a origem das espécies por uma seleção natural em que sobrevivem os mais aptos. Também descobriu a força centrífuga. Na astronomia, identificou que a luz da Lua procedia do Sol e que a Terra era uma esfera. Anaxágoras de Clazómenas (500-428 AC) Anaxágoras nasceu cerca de 500 e morreu em 428 a. C., era natural de Clazómenas, na Ásia Menor. Nasceu de uma nobre família, mas renunciou ao futuro político e aos bens para se dedicar a uma vida teorética. Começou a sua actividade filosófica na mesma altura em que foi para Atenas, cerca 480/79 a. C., portanto, com mais ou menos vinte anos. Ele foi o primeiro que introduziu a Filosofia em Atenas. Filósofo grego pré-socrático, para além dos elementos materiais (a água, o ar, o apeiron, o fogo), postulados por outros filósofos anteriores e contemporâneos, introduziu na filosofia grega a ideia de um princípio unificador e ordenador da matéria, o nous (Inteligência) de natureza espiritual. Apesar de ter sido obrigado a deixar Atenas, Anaxágoras exerceu enorme influência na vida intelectual ateniense, e foi a partir dele que Atenas se transformou na primeira cidade filosófica da Grécia. Sócrates teria, a princípio, seguido o seu ensino, mas, decepcionado com o mesmo, veio a abandoná-lo (Fédon). Da sua obra restam-nos alguns fragmentos do seu primeiro livro «Sobre a Natureza». Leucipo de Mileto(500-430AC) Leucipo nasceu em Mileto, na Grécia, cerca de 500 a.C e teve sua akmé aproximadamente em 430 a.C, então com quase 70 anos. É considerado por Aristóteles como criador da teoria dos átomos, depois desenvolvida e elaborada por Demócrito. Demócrito de Abdera (470-360 AC) Demócrito nasceu em Abdera, colônia jônica da Trácia. Foi sucessor de Leucipo e, portanto, sua phýsis também era baseada no átomo. Os átomos, segundo Demócrito são os elementos que Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 formam tudo o que existe no mundo. Eles se movimento no vácuo, chocando-se e unindo-se uns aos outros, fazendo as coisas nascer, mudar e perecer. Os átomos não são iguais e se diferenciam pela forma, grandeza, posição, direção e velocidade, mas são todos iguais em substância, de forma que as diferenças nas coisas são explicadas apenas pela forma, arranjo e posição dos átomos. Tudo é matéria na teoria atômica de Demócrito, razão pela qual ele e Leucipo ficaram conhecidos como materialistas. Período Socrático Por volta do século V AC. começa o que podemos considerar como um novo período na história da filosofia, ao qual podemos chamar de período Socrático ou ANTROPOLÓGICO. Esse também é chamado de período clássico da filosofia. Podemos marcar o início desse período com a atuação dos Sofistas que estavam preocupados mais com a linguagem e a erudição do que com a explicação do mundo. Para os sofistas o importante era o bem falar e a arte de convencer o interlocutor. As contendas políticas e os conflitos de opiniões favoreceram a ação desses professores ambulantes que consideravam não haver uma verdade única. Alguns comentadores da história da filosofia viram com maus olhos a atuação dos sofistas, principalmente devido a escritos de Platão que os considerava não filósofos, mas manipuladores do raciocínio sem amor pela verdade. Essa visão, entretanto, começa a ser revista, pois se percebe que os sofistas não eram os aproveitadores mencionados em alguns manuais, mas pessoas que se utilizaram, de forma pragmática, da filosofia. O fato é que o centro das atenções tanto dos sofistas como de Sócrates, Platão e Aristóteles (e dos posteriores) volta-se para o homem e suas relações. Protágoras, um sofista dirá que "o homem é a medida de todas as coisas; daquelas que são enquanto são; daquelas que não são, enquanto não são". E Górgias, outro sofista, preocupado com o discurso, fará a seguinte afirmação: "o bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa sobre qualquer coisa". A postura dos sofistas, demonstrando pouca preocupação com a verdade e muito mais com o argumento, levou Platão a colocar na boca de Sócrates a afirmação de que "Ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um pouco mais sábio que ele exatamente por não supor que saiba o que não sei". Vê-se, portanto que a preocupação dos sofistas é a argumentação e a de Sócrates/Platão é a verdade daquilo que se sabe ou do que se pode saber. O período antropológico que também é chamado o período Clássico da Filosofia recebe essa denominação por que nessa época floresceu não só a filosofia como também as artes e o começo da organização de todo o saber. Principalmente pela atuação de Aristóteles e seus discípulos do Liceu (nome de sua escola, em homenagem ao deus Apolo Lício) floresceu o processo de aquisição e sistematização de vários saberes. A filosofia chegou ao seu apogeu com esses três pensadores que foram uma das maiores marcas da história do saber. Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Sócrates Sócrates nasceu em Atenas, provavelmente no ano de 470 AC, e tornou-se um dos principais pensadores da Grécia Antiga. Podemos afirmar que Sócrates fundou o que conhecemos hoje por filosofia ocidental. Foi influenciado pelo conhecimento de um outro importante filósofo grego: Anaxágoras. Seus primeiros estudos e pensamentos discorrem sobre a essência da natureza da alma humana. Sócrates era considerado pelos seus contemporâneos um dos homens mais sábios e inteligentes. Em seus pensamentos, demonstra uma necessidade grande de levar o conhecimento para os cidadãos gregos. Seu método de transmissão de conhecimentos e sabedoria era o diálogo. Através da palavra, o filósofo tentava levar o conhecimento sobre as coisas do mundo e do ser humano. Conhecemos seus pensamentos e idéias através das obras de dois de seus discípulos: Platão e Xenofontes. Infelizmente, Sócrates não deixou por escrito seus pensamentos. Sócrates não foi muito bem aceito por parte da aristocracia grega, pois defendia algumas idéias contrárias ao funcionamento da sociedade grega. Criticou muitos aspectos da cultura grega, afirmando que muitas tradições, crenças religiosas e costumes não ajudavam no desenvolvimento intelectual dos cidadãos gregos. Em função de suas ideias inovadoras para a sociedade, começa a atrair a atenção de muitos jovens atenienses. Suas qualidades de orador e sua inteligência, também colaboraram para o aumento de sua popularidade. Temendo algum tipo de mudança na sociedade, a elite mais conservadora de Atenas começa a encarar Sócrates como um inimigo público e um agitador em potencial. Foi preso, acusado de pretender subverter a ordem social, corromper a juventude e provocar mudanças na religião grega. Em sua cela, foi condenado a suicidar-se tomando um veneno chamado cicuta, em 399 AC. Principais Pensamentos de Sócrates “Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos.” “Meu conselho é que se case. Se você arrumar uma boa esposa, será feliz; se arrumar uma esposa ruim se tornará um filósofo.” “Aquilo que não puderes controlar, não ordenes.” “Deve-se temer mais o amor de uma mulher, do que o ódio de um homem.” “Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância.” “O ideal no casamento é que a mulher seja cega e o homem surdo.” “Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” “Só sei que nada sei.” “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses.” Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 “Sob a direção de um forte general, não haverá jamais soldados fracos.” Não vivemos para comer, mas comemos para viver Platão Um dos filósofos que mais influenciaram a cultura ocidental, Platão, cujo nome verdadeiro era Aristócles, nasceu de uma família rica, envolvida com políticos. Muitos estudiosos de sua obra dizem que o grego ficou conhecido como Platão por causa do seu vigor físico e ombros largos ("platos" significa largueza). A excelência na forma física era muito apreciada na Grécia antiga e os seus "diálogos" estão repletos de referências às competições esportivas. Ainda na juventude, tornou-se discípulo de Sócrates, com quem conviveu durante oito anos, iniciando-se na filosofia. Depois de acompanhar todo o processo que condenou o seu mestre (Sócrates, acusado de corromper a juventude e de não acreditar nos "deuses", foi obrigado a beber o veneno cicuta, que o levaria à morte), Platão, desiludido com a democracia ateniense, viaja para outras cidades da Grécia, Egito e sul da Itália, e começa a escrever. Platão teve uma educação semelhante à dos jovens aristocratas da sua época, recebendo aulas de retórica, música, matemática e ginástica. Em 387 AC, funda em Atenas uma escola chamada Academia, com uma exigência, escrita na fachada: "Que aqui não entre quem não for geômetra". Em pouco tempo, esta escola tornou-se um dos maiores centros culturais da Grécia, tendo recebido políticos e filósofos como Aristóteles, Demóstenes, Eudoxo de Cnido e Esquines, entre outros. A sua obra conta com 28 diálogos (alguns historiadores dizem que foram 30) basicamente centrados em Sócrates, onde procura definir noções como a mentira (Hípias menor), o dever (Críton), a natureza humana (Alcibíades), a sabedoria (Cármides), a coragem (Laques), a amizade (Lísis), a piedade (Eutífron) e a retórica (Górgias, Protágoras). Entre 387 e 361 AC, escreveu Menexeno, Ménon (sobre a virtude), Eutidemo (sobre a erística), Crátilo (sobre a justeza dos nomes), O banquete (sobre o amor), Fédon, a república (sobre a justiça), Fedro, Teeteto (sobre a ciência) e Parmênides. Os diálogos da maturidade são O sofista (sobre o ser), O político, Timeu (sobre a natureza), Crítias (sobre Atlântida), Filebo (sobre o prazer) e As leis. O filósofo também deixou algumas cartas. Pela tradição familiar, o seu destino deveria ser a política. Mas, a experiência dos políticos que governaram Atenas por imposição de Esparta (404AC/403 AC), entre os quais estavam dois de seus tios, fez Platão afastar-se dessa forma de política. De acordo com o filósofo, uma cidademodelo deveria distribuir os seus habitantes em três segmentos: os sábios deveriam pertencem à ordem dos governantes, os corajosos, que deveriam zelar pela segurança, à ordem dos guardiões, e os demais, responsáveis pela agricultura e comércio, fariam parte da ordem dos produtores. O filósofo também não concordava que os políticos mais votados assumissem os principais cargos em uma cidade ou país. Para Platão, nem sempre o mais votado era o mais bem preparado. Dentro deste contexto, era necessário criar uma alternativa para impedir que a corrupção e a incompetência tomassem conta do poder público. A forma dos escritos platônicos é o diálogo, transição espontânea entre o ensinamento oral e fragmentário de Sócrates e o método estritamente didático de Aristóteles. No fundador da Academia, o mito e a poesia confundem-se muitas vezes com os elementos puramente racionais do sistema. A atividade literária do filósofo grego compreende mais de cinqüenta anos da sua vida: desde a morte de Sócrates até a sua morte. Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Obras A obra de Platão é uma jóia da literatura de todos os tempos e um monumento filosófico de valor eterno. As questões postas, dizendo respeito á conduta ética e política dos atenienses, ao seu comportamento como indivíduos e em sociedade, gozam da maior pertinência vinte e quatro séculos depois. A sua finalidade é sempre a busca da verdade por meio da dialéctica. Na grande maioria dos diálogos, a figura central é Sócrates, que interroga, argumenta e discute com um vasto leque de personagens, na maioria dos casos sofistas ou figuras que representam a estrutura da cidade. Alguns deles são expressamente dedicados ao mestre, quer para contar o processo de que foi alvo e a sua defesa em tribunal (Apologia), quer a sua permanência na prisão (Críton), quer os últimos momentos antes de beber a cicuta (Fédon). A colecção das obras de Platão compreende trinta e cinco diálogos e um conjunto de treze cartas. Os seus diálogos podem ser considerados dentro de quatro períodos distintos: Diálogos considerados de juventude ou socráticos, até cerca de 390 a.C. (antes da morte de Sócrates). Apologia de Sócrates Críton ou Do Dever Íon ou Da Ilíada Laqués ou Da coragem Lísis ou Da Amizade Cármides ou Da Sabedoria Eutífron ou Da Santidade Diálogos ditos de tránsiçáo: Eutidemo ou Da Erística Hípias menos ou Da Mentira Crátilo ou Da Etimologia Hípias Maior ou Do Belo Menexeno ou Do Epitáfio Górgias ou Da Rétorica República - livro I Protágoras ou Dos sofistas Ménon ou Da Virtude Diálogos de maturidade (escritos provavelmente entre 387 a.C. e 368 a.C.): Fédon ou Da Alma Banquete ou Do Bem República - livros II a X Fedro ou Da Beleza · Diálogos considerados de velhice: Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Parménides ou Das Formas Teeteto ou da Ciência Sofista ou Do Ser Político ou Da Realeza Filebo ou Do Prazer Timeu ou Da Natureza Crítias ou Da Atlântida Leis (inacabado) Há ainda outras obras cuja autoria é contestada: Alcibíades I e II, Epinómide ou Do Filósofo, Hiparco, Minos, Os Rivais, Téages e Clítofon Principais Ideais “Uma vida não questionada não merece ser vivida.” “Você pode descobrir mais sobre uma pessoa em uma hora de brincadeira do que em um ano de conversa.” “Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.” “Tente mover o mundo - o primeiro passo será mover a si mesmo.” “Só os mortos conhecem o fim da guerra.” “O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê.” “O livro é um mestre que fala mas que não responde” “A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento.” “Só pelo amor o homem se realiza plenamente.” “O cansaço físico, mesmo que suportado forçosamente, não prejudica o corpo, enquanto o conhecimento imposto à força não pode permanecer na alma por muito tempo.” “Tudo quanto vive provém daquilo que morreu.” Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Aristóteles Notável filósofo grego, Aristóteles (384 - 322 a.C.), nasceu em Estágira, colônia de origem jônica encravada no reino da Macedônia. Filho de Nicômaco, médico do rei Amintas, gozou de circunstâncias favoráveis para seus estudos. Em 367 a.C., aos seus 17 anos, foi enviado para a Academia de Platão em Atenas, na qual permanecerá por 20 anos, inicialmente como discípulo, depois como professor, até a morte do mestre em 347 a.C. O fato mesmo de ser filho de médico poderá ter dado a Aristóteles o gosto pelos conhecimentos experimentais e da natureza, ao mesmo tempo que teve sucesso como metafísico. Depois da primeira estadia em Atenas, ausentou-se por 12 anos, com uma permanência inicial na Ásia menor, onde se dirigiu, ainda solteiro, para uma comunidade de platônicos estabelecida em Assos (Trôade). Ali reinava então sobre Assos e Atarneo, o tirano Hérmias, um eunuco, em cuja corte passou três anos. Casou então Aristóteles com Pítias, irmã de Hérmias. Morto este pelos persas, retirou-se Aristóteles para Mitilene. Depois do falecimento de Pítias, se casará com Hérpilis, da qual nascerá Nicômaco, a quem dedicará posteriormente o livro Ética a Nicômaco. Entrementes, importantes transformações estavam a ocorrer no mundo helênica, que então se unificou. Felipe II (rei da Macedônia de 356 a 336 a.C.) desenvolveu o país e criou um exército poderoso. Sucessivamente foi anexando as cidades gregas, aproveitando as velhas discórdias, derrotando finalmente Atenas e Tebas, em Queronéia (338 a.C.). Reuniu as cidades gregas em uma liga, sob sua direção, no Congresso de Corinto (337 a.C.), pregando sempre a guerra contra o então grande Império Persa, que já há mais de um século ocupava as cidades gregas da Ásia Menor. Ofereceu-se também uma nova oportunidade a Aristóteles, que foi chamado em 343 ou 342 para a corte do rei Felipe II, em Pela, como educador de seu filho Alexandre (356-323 a.C.). Mas ficou nesta função somente dois anos, depois dos quais aconteceu o totalmente inesperado, - o assassinato do rei Felipe II. Foi assim que já cedo o jovem Alexandre deveu assumir o trono, em 336 a.C., com apenas 20 anos. Atravessando o Bósforo, partiu em 334 a.C. para a conquista do império persa. Foi de um sucesso espetacular, vencendo a Dario, na Batalha de Granico. Completou sua façanha, indo até a Índia. Estabeleceu sua capital em Babilônia. No Egito fundou a Alexandria, que logo passou à ser um grande centro de cultura. Estava mudada a estrutura política do então mundo conhecido, o que não demoraria a ter repercussão na filosofia. Sem função na Macedônia, voltou Aristóteles para Atenas, pelo ano 335 a. C., com Teofrasto, outro homem notável pelo saber. Auxiliado sempre por Alexandre que o prestigiava, Aristóteles fundou o Liceu (cerca de 334 a.C.) no ginásio do templo de Apolo Liceu (Liceu é referência ao local do templo). Onde criou escola própria no ginásio Apolo Liceu. Em pouco mais de dez anos de atividade, fez Aristóteles de sua escola um centro de adiantados estudos, em que os mestres se distribuiam por especialidades, inclusive em ciências positivas. Falecido Alexandre prematuramete em 323 a.C., com apenas 13 anos de reinado, recrudeceu o sentimento antimacedônico em Atenas, com Demóstenes ativando o partido nacionalista, a situação se tornou difícil para Aristóteles. Além disto, sua filosofia de idéias objetivas não poderia escapar à reação do sacerdote Eurimedote, que o acusava de impiedade. Teve, então, Aristóteles de optar por retirar-se de Atenas, deixando o Liceu sob a direção de Teofrasto. Oculto em uma sua propriedade em Cálcis, de Eubea, ali morreu já no ano seguinte aos 62 anos. Mas o Liceu teve continuidade, como também a Academia de Platão Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Uma notícia diz que Aristóteles, o mais ilustre dos discípulos de Platão, "tinha a voz débil, pernas delgadas e olhos pequenos; que vestia sempre com esmero, levava anéis e cortava a barba". Obras de Aristóteles Obras de Lógica ou Organon: incluem Categorias, Sobre a Interpretação, os Analíticos ( Primeiros e Segundos) e os Tópicos. Obras sobre física e a concepção do universo: compreendem Física, Sobre o Céu, Sobre a Geração e a Corrupção e Meteorológicos. Obras psicológicas e biológicas: abrangem Sobre a Alma, além de pequenos textos reunidos sobre o título de Parva Naturalia e História dos Animais ( com partes de autoria duvidosa). Tratados de metafísica: Andronico denominou Metafísica (literalmente "depois da física) a estas partes dos apontamentos de Aristóteles. Obras ético-políticas: compreendem a Ética a Eudemo (organizados por Eudemo, discípulo de Aristóteles), a Ética a Nicómaco (organizada por Nicómaco, filho de Aristóteles), a Grande Moral ( de autoria duvidosa), a Política e a Constituição de Atenas. Obras sobre a linguagem e a estética: incluem a Retórica e Poética. Principais Domínios da Investigação Aristotélica Toda a sua filosofia assenta numa observação minuciosa da natureza, da sociedade e dos indivíduos, organizando de uma forma verdadeiramente enciclopédica. A sua ideia fundamental era a de tudo classificar, dividindo as coisas segundo a sua semelhança ou diferença, obedecendo a um conjunto de perguntas muito simples: Como é esta coisa ? (o género). O que é que a difere doutras que lhe são semelhantes? (a diferença). A partir daqui começava a hierarquizar todas as coisas, de uma forma tão ordenada que até então nunca ninguém conseguira fazer. Lógica: o primeiro sistema lógico, que permitiu estabelecer um conjunto de princípios e regras formais por meio das quais se tornou possível distinguir as conclusões falsas das exatas. Na Idade Média os seus escritos sobre lógica foram os manuais mais importantes usados nas universidades, sobretudo na forma que lhes deu o filósofo português Pedro Hispano ( Papa João XXI). Física: a física era a chave da natureza das coisas, não apenas da forma como se comportavam no presente, mas também no que pontencialmente viriam a transformar-se. Quanto à constituição das coisas defendia a teoria dos quatro elementos: agua, terra, fogo e ar. Os corpos celestes, com excepção da terra, eram constituídos por um quinto elemento puro e incorruptível. O universo é concebido de forma hierarquizada, tendo no centro a terra, girando à sua volta todos os corpos celestes. Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Biologia: recusando a separação das ideias da natureza, como fazia Platão, Aristóteles, apontou como tarefa para o investigador a de descobrir e classificar as formas do mundo material. Os últimos 12 anos da sua vida foram preenchidos com esta tarefa. Partindo de uma observação sistemática dos seres vivos, e não desdenhando estudar vermes ou insectos, registou perto de 500 classes diferentes de animais, dos quais dissecou aproximadamente 50 tipos. Foi o primeiro que dividiu o mundo animal entre vertebrados e invertebrados; sabia que a baleia não era um peixe e que o morcego não era um pássaro, mas que ambos eram mamíferos. Política: a sua primeira preocupação foi a elaborar uma listagem tão completa quanto possível sobre os diferentes modelos políticos que existiam no seu tempo. Enumerou um total de 158 constituições de cidades ou países diferentes. Partindo da sua diversidade procurou depois as suas semelhanças e diferenças, pondo em evidência o que constituía a natureza de cada regime. Evitou, quanto pode, mostrar as suas preferências por um ou outro regime político. Pensamentos de Aristóteles "A educação tem raízes amargas, mas os frutos são doces". Aristóteles (D.L. 5, 18). “Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo de agir, mas um hábito.” “A cultura é o melhor conforto para a velhice.” “Ter muitos amigos é não ter nenhum.” “O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que diz.” “A alma é a causa eficiente e o princípio organizador do corpo vivente.” “O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete” “Devemos nos comportar com os nossos amigos do mesmo modo que gostaríamos que eles se comportassem conosco.” “É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer.” “As pessoas dividem-se entre aquelas que poupam como se vivessem para sempre e aquelas que gastam como se fossem morrer amanhã.” “Não há nada na nossa inteligência que não tenha passado pelos sentidos.” “Todos os homens, por natureza, desejam saber.” O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra. Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750 Lógica Aristotélica Limitar-nos-emos mais especialmente aos problemas gerais da lógica de Aristóteles, porque aí está a sua gnosiologia. Foi dito que, em geral, a ciência, a filosofia - conforme Aristóteles, bem como segundo Platão - tem como objeto o universal e o necessário; pois não pode haver ciência em torno do individual e do contingente, conhecidos sensivelmente. Sob o ponto de vista metafísico, o objeto da ciência aristotélica é a forma, como idéia era o objeto da ciência platônica. A ciência platônica e aristotélica são, portanto, ambas objetivas, realistas: tudo que se pode aprender precede a sensação e é independente dela. No sentido estrito, a filosofia aristotélica é dedução do particular pelo universal, explicação do condicionado mediante a condição, porquanto o primeiro elemento depende do segundo. Também aqui se segue a ordem da realidade, onde o fenômeno particular depende da lei universal e o efeito da causa. Objeto essencial da lógica aristotélica é precisamente este processo de derivação ideal, que corresponde a uma derivação real. A lógica aristotélica, portanto, bem como a platônica, é essencialmente dedutiva, demonstrativa, apodítica. O seu processo característico, clássico, é o silogismo. Os elementos primeiros, os princípios supremos, as verdades evidentes, consoante Platão, são fruto de uma visão imediata, intuição intelectual, em relação com a sua doutrina do contato imediato da alma com as ideais - reminiscência. Segundo Aristóteles, entretanto, de cujo sistema é banida toda forma de inatismo, também os elementos primeiros do conhecimento conceito e juízos - devem ser, de um modo e de outro, tirados da experiência, da representação sensível, cuja verdade imediata ele defende, porquanto os sentidos por si nunca nos enganam. O erro começa de uma falsa elaboração dos dados dos sentidos: a sensação, como o conceito, é sempre verdadeira. Por certo, metafisicamente, ontologicamente, o universal, o necessário, o inteligível, é anterior ao particular, ao contingente, ao sensível: mas, gnosiologicamente, psicologicamente existe primeiro o particular, o contingente, o sensível, que constituem precisamente o objeto próprio do nosso conhecimento sensível, que é o nosso primeiro conhecimento. Assim sendo, compreende-se que Aristóteles, ao lado e em consequência da doutrina de dedução, seja constrangido a elaborar, na lógica, uma doutrina da indução. Por certo, ela não está efetivamente acabada, mas pode-se integrar logicamente segundo o espírito profundo da sua filosofia. Quanto aos elementos primeiros do conhecimento racional, a saber, os conceitos, a coisa parece simples: a indução nada mais é que a abstração do conceito, do inteligível, da representação sensível, isto é, a "desindividualização" do universal do particular, em que o universal é imanente. A formação do conceito é, a posteriori, tirada da experiência. Quanto ao juízo, entretanto, em que unicamente temos ou não temos a verdade, e que é o elemento constitutivo da ciência, a coisa parece mais complicada. Como é que se formam os princípios da demonstração, os juízos imediatamente evidentes, donde temos a ciência? Aristóteles reconhece que é impossível uma indução completa, isto é, uma resenha de todos os casos os fenômenos particulares para poder tirar com certeza absoluta leis universais abrangendo todas as essências. Então só resta possível uma indução incompleta, mas certíssima, no sentido de que os elementos do juízo os conceitos são tirados da experiência, a posteriori, seu nexo, porém, é a priori, analítico, colhido imediatamente pelo intelecto humano mediante a sua evidência, necessidade objetiva. Colégio Anglo de Sete Lagoas Professor: Ronaldo (31) 2106-1750