Fauna Auxiliar FAUNA AUXILIAR: CITRINOS ! ARTRÓPODES PREDADORES 173 DOS L A R A N J E I R A INTRODUÇÃO Os artrópodes auxiliares ajudam a combater as pragas das diferentes culturas, sendo um recurso natural e gratuito que deve ser mantido e protegido. Os artrópodes predadores incluem-se neste grupo benéfico ao Homem, uma vez que podem matar várias presas ao longo das diferentes fases do seu ciclo biológico. ARTRÓPODES Coleópteros Insectos de tamanho variável, com asas coreáceas que lhe cobrem o corpo. Destes insectos destacam-se dois grupos: Coccinelídeos vulgarmente conhecidos por joaninhas – insectos de cores vivas que se alimentam de afídeos, cochonilhas, ácaros, tripes e outras pragas. Algumas espécies são actualmente criadas em laboratórios e utilizadas em luta biológica (Fig.1). Estafilinídeos – voadores activos de cores escuras e corpo comprido. Podem viver no solo, ou na casca e copa de certas árvores. Alimentam-se de ovos, larvas e adultos de várias pragas (Fig.2). Figura 1 - Rodolia cardinalis (Coccinelídeo), espécie que ataca a cochonilha algodão Icerya purchasi. Em cima – Adulto. Tamanho real: 4 mm. Em baixo – Larva atacando I. purchasi Tamanho real: 3 mm. Figura 2 - Oxytelus sculpus (Estafilinídeo) adulto. Tamanho real: 5 mm. Neurópteros Insectos de corpo alongado, com asas grandes, membranosas, transparentes, com nervuras reticuladas. Geralmente alimentam-se de afídeos, ácaros, mosca branca, cochonilhas e outras pragas. Durante o estado larvar são predadores, enquanto que no estado adulto podem ser predadores ou alimentar-se de pólen e néctar. Destacam-se duas famílias: Crisopídeos – inclui espécies utilizadas em luta biológica (ex.: Chrysoperla carnea). Neste grupo só as larvas são predadoras (Fig.4). Hemerobídeos – inclui espécies cujos adultos e larvas se alimentam de afídeos. Figura 4 - Chrysoperla lucasina (Crisopídeo). Esquerda – Ovo. Tamanho real: 5 mm. Centro – Adulto, que naturalmente tem o corpo verde. Tamanho real: 15 mm. Direita – Larva. Tamanho real: 6 mm. Autores: Ana M. C. Santos2, Paulo A. V. Borges2 & David. J. H. Lopes1 1 Centro de Biotecnologia dos Açores, Universidade dos Açores, Departamento de Ciências Agrárias, Secção de Protecção de Plantas, 9701 – 851 Terra-Chã, Açores, Portugal 2 Centro de Investigação e Tecnologias Agrárias, Universidade dos Açores, Departamento de Ciências Agrárias, 9701 – 851 Terra-Chã, Açores, Portugal Folhas Divulgativas 174 Hemípteros Grupo de insectos geralmente designados por percevejos, que inclui espécies que voam pouco. O seu corpo é achatado e as suas asas são compostas por uma parte posterior coreácea, e uma anterior membranosa. Destacam-se quatro famílias: Antocorídeos – Inclui espécies predadoras de ácaros, afídeos, ovos e larvas de borboletas, psilas e tripes (Fig.5). Mirídeos – Algumas espécies são fitófagas, enquanto outras se alimentam de vários insectos (ex.: Campyloneura virgula). Nabídeos – Inclui apenas espécies predadoras (Fig.6). Reduvídeos – Inclui espécies predadoras generalistas, cuja importância como auxiliares é limitada. Figura 5 - Lyctocoris campestris (Antocorídeo) adulto. Tamanho amanho real: 5 mm. Figura 6 - Nabis pseudoferus ibericus (N (Nabideo) adulto. Tamanho real: 10 mm. Aranhas Todas as aranhas nhas são predadoras, alimentando-se sobretudo de insectos e outros invertebrados, invertebr incluindo outras aranhas. As aranhas dispersam-se Apesar de todas as ispersam-se andando pelo solo e através do uso de pontes de fios de seda. Ape utiliz aranhas terem a capacidade de produzir sedas, nem todas constroem teias. As que não utilizam a teia como odem perseguir as presas ou esperar por elas em pontos estratégicos. método de caça podem Algumas das famílias de aranhas existentes nos pomares de citrinos são: Dyctinidae) – Inclui aranhas construtoras de teias (Fig.7). Dictinídeos (Dyctinidae) Salticídeos – Também conhecidas como aranhas saltadoras. Estas aranhas estão activas durante o dia e perseguem as suas uas presas (Fig.8). Figura 7 - Dyctina acoreensis (Dictinídeo). Tamanho real: 3 mm. Figura 8 - Salticus Tamanho real: 6 mm. mutabilis (Salticídeo). Dipteros Insectos que apresentam apenas 2 pares de asas desenvolvidas e uma armadura bucal sugadora, adaptada para picar ou lamber. Como insectos auxiliares destacam-se duas famílias: Cecidomiídeos – Facilmente reconhecidos pelo seu aspecto frágil e antenas peludas. Inclui espécies que se alimentam principalmente de afídeos (ex.: Aphidoletes aphidimyza), mas também de ácaros e cochonilhas (Fig.10). Sirfídeos – Com coloração semelhante à das abelhas ou vespas. Alimentam-se sobretudo de afídeos (Fig.9). Fauna Auxiliar Figura 9 - Sirfídeo adulto. Tamanho real: 12 mm. 175 Figura 10 - Larva de cecidomiídeo alimentando-se de afídeos. Tamanho real: 3 mm. Dermápteros Insectos nocturnos de dimensões médias, que não têm a capacidade de voar. São vulgarmente conhecidos por “corta-unhas” devido aos apêndices que possuem no fundo do abdómen (Fig.12). A maioria das espécies é omnívora, alimentando-se de material vegetal e animal. Figura 11 - Aeolothrips gloriosus (Aeolotripídeo). Tamanho real: 2 mm. Figura 12 - Forficula auricularia. Tamanho real: 20 mm. Tisanópteros Insectos pequenos, vulgarmente conhecidos por tripes. Quando possuem asas estas são compridas, estreitas e franjadas. Apesar deste grupo incluir algumas pragas, destaca-se uma família que inclui espécies predadoras: Aeolotripídeos – Alimentam-se de ácaros, outros tripes e, menos frequentemente, de moscas brancas (Fig.11). Phlaeotripídeos – Foram encontradas duas espécies predadoras nos citrinos: Haplothrips kurdjumovi e Apterygothrips longiceps. Ácaros - Fitoseídeos Artrópodes de dimensões muito reduzidas, que geralmente passam despercebidos a olho nú (Fig.13). Os ácaros predadores distinguem-se dos fitófagos por terem um corpo globular e movimentarem-se mais rapidamente. Alimentam-se de ovos de diferentes artrópodes e de outros ácaros. MEIOS DE PROTECÇÃO Figura 13 - Fitoseídeo. Tamanho real: 0,5 mm. Estes artrópodes predadores são sensíveis aos insecticidas, sendo por isso necessário reduzir ao mínimo a aplicação destes produtos. A existência de sebes, bosques e taludes revestidos de vegetação espontânea são bastante importantes para a sobrevivência dos auxiliares. Aí, estes artrópodes encontram abrigo e podem procurar alimento quando este é diminuto na cultura, como acontece durante o Inverno. Como tal, deve ser mantida a vegetação natural existente à volta das zonas agrícolas, nos caminhos, e devem ser plantados arbustos e outras plantas. 176 Folhas Divulgativas BIBLIOGRAFIA CONSULTADA CARMONA, M. M & J. C. SILVA DIAS 1996. Fundamentos de acarologia agrícola. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 423 pp. CHINERY, M. 1993. Collins field guide – Insects of Britain & Northern Europe. Haper Collins Publishers, London, 320 pp. COUTINHO C. 2002. Insectos auxiliares da agricultura - ficha técnica 101. Direcção Regional da Agricultura de Entre-Douro e Minho. OLIVEIRA, O. F. 2002. Inventariação e ecologia dos artrópodes auxiliares em citrinos, macieiras e pessegueiros na ilha Terceira. Relatório final de estágio em Licenciatura em Engenharia Agrícola, Universidade dos Açores, Angra do Heroísmo. ROBERTS, M. J. 1995. Collins field guide – Insects of Britain & Northern Europe. Haper Collins Publishers, UK, 383 pp. ROBERTS, M. J. 1995. Collins field guide – Insects of Britain & Northern Europe. Haper Collins Publishers, UK, 383 pp.