TESE DE DOUTORADO FESTE FILEMOM

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ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA
FESTE-FILEMOM.
(GUSTAVO CEZAR DE ALBUQUERQUE)
Tese de Doutorado em Ciência da Região.
Á sustentação Bíblica do Judaísmo Messiânico.
FESTE-UBERABA-MG
2018
ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA
FESTE-FILEMOM.
(GUSTAVO CEZAR DE ALBUQUERQUE)
Tese de Doutorado em Ciência da Região.
Á sustentação Bíblica do Judaísmo Messiânico.
Tese de conclusão de curso de Doutorado;
apresentada a banca examinadora da FESTEFILEMOM. Como exigência parcial para a obtenção
do Titulo de Doutor em Ciência da Religião com
ênfase em Judaísmo Messiânico.
FESTE-UBERABA-MG
2018
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GUSTAVO CEZAR DE ALBUQUERQUE
Tese de Doutorado em Ciência da Região.
Á sustentação Bíblica do Judaísmo Messiânico.
Banca Examinadora:
_______________________________________________________
Prof. Orientador: Dr. Mateus Duarte Lamoglia.
_____________________________________
Prof. Dr. : Augusto Ferreira da Silva Neto.
______________________________________
Prof. Dr. : Luiz Eduardo Torres Bedoya.
______________________________________
Prof. Dr. : Marlon Leandro Schock.
______________________________________
Mestrando: Gustavo Cezar de Albuquerque.
Cpf:04671543419
Esta Tese foi aprovada em:
________de________________de________
FESTE-UBERABA-MG
2018
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DEDICATÓRIA
Dedico esta Dissertação à:
Minha Saudosa Mãe
(Maria José de Albuquerque), fiel
serva do Senhor, há quem um dia
usada por Deus, me resgatou das
garras deste Mundo Mal, onde
ninguém mais poderia ter feito.
FESTE-UBERABA-MG
2018
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AGRADESCIMENTOS:
Ao meu Refúgio, minha Fortaleza, meu
Socorro bem presente na hora da angústia, a Ele, O meu
Deus, por ter me resgatado e sustentado até aqui, tanto
nas horas de alegria como de angústia, Ele foi e sempre
será O meu Rochedo. Obrigado meu Deus por ter me
dado à vitória.
A minha querida esposa, que em todo este
tempo
esteve
me
apoiando
tanto
moral,
como
espiritualmente. Obrigado pela grande esposa que tem
sido para mim.
À minha querida mãe, que me ensinou os
primeiros passos de minha vida.
Em Fim A todos aqueles que direta ou
indiretamente contribuíram na realização desta obra. Os
meus sinceros agradecimentos.
FESTE-UBERABA-MG
2018
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Índice:
1º O Judaísmo Messiânico..........................................................Pg. 06
2º Israel e o ser judeu..................................................................Pg. 13
3º QUAL É A DIFERENÇA ENTRE O JUDAÍSMO MESSIÂNICO E O
CRISTIANISMO TRADICIONAL?..................................................Pg. 17
4º Festas judaicas........................................................................Pg. 21
5º Encontradas as Dez Tribos Perdidas....................................Pg. 26
6º Nosso Trágico Engano............................................................Pg. 28
7º O QUE É A TEOLOGIA DA SUBSTITUIÇÃO ?..............Pg. 31
8º “O ERRO EFRAIMITA”.....................................................Pg. 34
9º Yeshua, Hayehudi (Jesus, o judeu)......................................Pg. 39
10º Zman Simchatenu – Tempo da Nossa Alegria!................Pg. 41
11º Tishá be Av – Lamento e Arrependimento........................Pg. 44
12º Onde está a Arca da Aliança?.............................................Pg. 47
13º Shavuôt e a capacitação dos Santos....................................Pg. 50
14º O Verdadeiro Sentido da Páscoa (Pêssach).......................Pg. 54
15º Declaração dos Rabinos Ortodoxos abre novas perspectivas
para o Judaísmo Messiânico......................................................Pg. 60
16º A Visão de Gabriel e a Ressurreição do Messias..............Pg. 63
17º Brit Milá –Uma Aliança Perpétua.....................................Pg. 67
18º Israel e seus inimigos em três tempos................................Pg. 73
19º Esperando pelo nosso Messias judeu.................................Pg. 78
20º Muitos brasileiros são descendentes de judeus.................Pg. 81
21º Conclusão.............................................................................Pg. 87
22º Bibliografia...........................................................................Pg 89
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O Judaísmo Messiânico
Definir “Judaísmo Messiânico” numa única frase é até simples, porém é necessário
contextualizá-lo, caso contrário cairá rapidamente na vala comum das novas religiões e
heresias.
Então, numa frase, o Judaísmo Messiânico poderia ser resumido em:
“Prática religiosa de origem judaica que reconhece Yeshua (Jesus) como o Messias
prometido.”
Poderia, mas é muito mais do que isto. O judaísmo messiânico é uma prática religiosa
indiscutivelmente judaica, porém, ainda sofre uma grande crise de identidade e imaturidade,
são poucos os líderes e congregações sérias que se encontram atualmente e são muitos os
aproveitadores.
Defendo que certamente é uma prática judaica, e por um motivo simples: ela é anterior ao
judaísmo rabínico [tradicional atual] e ao cristianismo, não podendo assim ter sido originada a
partir de nenhum destes.
É puramente judaica justamente porque os primeiros seguidores de Yeshua eram todos judeus
e muitos eram praticantes fiéis da religião, e pelo fato de crerem na messianidade de Yeshua
nunca foram acusados de apostatarem da fé de seus pais.
Naquele tempo, os calorosos debates se restringiam apenas em determinar se o homem de
Natzaret era o Messias ou não. Não se discutia se tinham trocado de religião. Atualmente um
judeu crer em Yeshua é porque se tornou cristão.
A Comunidade
O judaísmo tradicional, notoriamente, não reconhece de forma alguma como inspirados por
Deus os livros que chamamos “Novo Testamento”.
O judaísmo possuindo apenas o “Antigo Testamento” centraliza sua doutrina no Pentateuco, a
Torah.
O cristianismo, por sua vez, possui os escritos do “Antigo Testamento” em sua Bíblia, porém
a base doutrinária é essencialmente estabelecida pelo Novo Testamento.
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O judaísmo messiânico obriga-se a, por ser naturalmente judaico, manter a sua base
doutrinária centrada na Torah, entretanto, por ter crido que é Jesus o Messias de Israel
reconhece os escritos do Novo Testamento como sendo a revelação final da vontade e do
amor de Deus.
É verdade que existem muitos, e certamente são a maioria de judeus crentes que estão em
igrejas e sim, estes professam a sua fé em Yeshua nos moldes totalmente cristãos, vivendo
quase que cem por cento apartados da realidade judaica e consequentemente da comunidade.
Não é destes judeus, que continuam sendo judeus, que estamos falando. Não entrarei na
questão, mas existem sim muitos judeus que vivem na ortodoxia e no meio conservador que
reconhecem a messianidade de Yeshua de Nazaré.
O Novo Testamento
As Besorot Tovot (Boas Novas / Evangelho) foram pregadas primeiro aos judeus e então aos
gentios. Por volta de 1969 começaram a aparecer em Israel as primeiras sinagogas ou
comunidades de crentes judeus e de lá até os dias de hoje o movimento está atualmente
tornando-se mais conhecido.
A leitura judaica da Brit Hadashah (Novo Testamento) é possível por este ser um livro que foi
escrito por judeus, apesar de toda a crítica tradicional judaica que o demoniza tentando
descaracterizá-lo como um livro judaico, o que acarreta na impossibilidade de um judeu
tradicional de possuí-lo.
A leitura/interpretação cristã do Novo Testamento pode desfigurar de tal forma os escritos que
facilmente pode induzir alguém a crer que de fato é um livro não-judaico, ou anti-judaico.
Uma grande parte disto não é feita de forma velada, mas exatamente por conta da simples
desconexão com a cultura judaica, o que os forçam a fazerem por vezes interpretações
extremamente equivocadas, quando não perigosas (antisemitas).
Uma leitura honesta no Novo Testamento revelará uma mente hebraica por trás dos escritos.
A leitura feita pelos judeus messiânicos quanto ao Novo Testamento é especial, pois ela
completa definitivamente a promessa feita aos pais [avoteinu], e assim esta leitura do “Livro
das Alianças” – Sefer HaBritot, como muitos chamam o compendio Antigo e Novo
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Testamento, se torna é integral, sem separações ou contradições, sem, inclusive, questionar
que as primeiras leis perderam a validade.
Ao contrário, elas são “L‟dorotam” [para suas gerações], são observadas e praticadas, e aos
judeus assimilados que se aproximam existe um sentido nato de recuperação e reavivamento
disto tudo.
Viver Yeshua fará muitos destes judeus colocarem novamente um talit, serem chamados à
Torah nas leituras de sábado e a participarem dos “moadim” [festividades do Senhor], coisas
que talvez estivessem apenas em suas memórias infantis, quando um fez bar-mitzvah, por
exemplo. Vi isto várias vezes.
A Fé no Messias
É equivocada também a idéia de que o judaísmo messiânico moderno deva ser então a
“religião” original dos crentes judeus em Yeshua – e quem dirá dos gentios.
O rito moderno não o é, e não deveria ser! Algumas comunidades seguem com maior
proximidade aos ritos tradicionais da sinagoga, outros farão um rito intermediário entre
sinagoga e igreja.
Não há porque fixar-se no passado, como está escrito: “E não vos conformeis com este
mundo, mas transformai-vos (reformai-vos) pela renovação do vosso entendimento, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Rm 12:2) .
O judaísmo em si é um sistema dinâmico, embora alguns ainda vivam como no século XV,
mas respeito e conheço o motivo, ainda que não concorde inteiramente.
O movimento é novo, mas o princípio e a base da fé messiânica não o são. Não seria
exeqüível recuperar o rito do Século I e utilizá-lo ou adaptá-lo na nova sinagoga de crentes.
Muitos gentios, por imaginarem ser a religião (no sentido de modo) “original”, se aproximam
imaginando encontrar ali a fuga dos problemas do cristianismo atual.
Outros simplesmente não compreendem ou simplesmente o repelem, por entenderem que os
ditos messiânicos estão voltando às “fábulas judaicas”, ou consideram seita, no sentido
pejorativo, em razão de seguirem a Escritura, mas ainda viver no passado – na época anterior
a graça (! sic). Acusações de judaizantes também não faltarão.
Do outro lado, por pensarem ser uma invenção cristã, os judeus abominam o judaísmo
messiânico, categorizando-o anátema e tentando de todas as formas não o vincular com
“judaísmo”.
O judaísmo messiânico moderno não é original no sentido que agora os judeus estão crendo
em Jesus – isto já ficou claro acima. Sempre houve um remanescente na casa de Israel que
cria em Yeshua, durante todos os séculos após sua vinda e até os dias atuais.
O que muda essencialmente é que pela primeira vez em 20 séculos nunca houve no mundo e
especialmente em Israel tantos judeus de origem judaica que estão crendo. Isto sim é motivo
de perturbação tanto para o cristianismo clássico como para o judaísmo.
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Muitos cristãos vêem no judaísmo um escape para o que normalmente creem ser “erros
doutrinários” do cristianismo e rapidamente se aproximam.
Não é tarefa deste movimento restaurar, reformar ou mesmo apontar os “erros” cristãos,
porém, ao gentio que por sua conta se aproxime, a este poderá ser ensinado Torah, conforme
está escrito no livro de Atos:
“Porque Moshé, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue, e cada shabat,
é lido nas sinagogas.” – Atos 15:21
Maimônides, Rabi Moshê ben Maimon, o Rambam, também concorda que um a gentio possa
ser ensinado Torah, desde que este seja seguidor das leis de Noach e não sejam idólatras – os
cristãos eram considerados assim por ele, autorizados a serem ensinados de Torah.
Já o cristianismo é assim por sua própria escolha. Eles escolheram o domingo ao sábado, eles
tem este direito e devem assim serem respeitados.
Não somos nós os juízes deles. O compromisso fundamental do Judaísmo Messiânico está em
revelar a pessoa de Yeshua como sendo o Messias e apoiar Israel, e não de se colocar como
combatente dos dogmas cristãos.
E essencialmente um judeu não converte de religião ao tornar-se crente em Yeshua, quem se
converte dos outros deuses e passa a crer no Criador do Universo, no Deus de Abrãao, de
Isaque e de Jacó é o gentio.
O processo de conversão do judeu é de retorno (a palavra teshuvá significa sim conversão),
assim como bem exemplificado por Yeshua na parábola do Filho Pródigo, tão conhecida por
todos – ali é um ato de teshuvá, de retorno ao pai que o filho sempre conheceu.
Numa visão macro, todos se convertem pois todos estão destituídos da graça de Deus, mas
não é neste sentido que eu digo. Um gentio não conhece este “pai”, então tornar-se-á de fato
um prosélito, um convertido.
Ao crer em Yeshua como sendo o Messias, um judeu continuará crendo no mesmo Deus de
seus pais. O que ele faz é receber a Oferta da Salvação, na pessoa do Messias Yeshua.
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A dificuldade de pregar Yeshua a um judeu é tamanha que alguns “pais” da igreja chegaram
ao cúmulo de os amaldiçoarem ou numa tentativa mais branda, mas igualmente terrível de
dizerem que “os judeus são o povo escolhido, não precisam de Jesus”. A história tem provado
e a Escritura mesmo atesta que o melhor pregador de Yeshua para um judeu devia ser outro
judeu. Infelizmente nem sempre isto será possível e se um gentio experimenta apresentar o
Messias a um judeu, mas sem preparo, poderá causar um dano muito grande (1Cor. 9:20).
Israel tem um chamado que é irrevogável e este chamado é amplificado aos crentes judeus em
Yeshua, para estes dias. Porém, há dois que testemunham diante do Altíssimo sobre o
Redentor, que são os gentios e os judeus crentes.
A escolha de Israel por parte de Deus é para o sacerdócio, esta escolha não está vinculada a
alguma predileção particular, porém esta baseada na promessa feita aos pais de Israel (Deut
7:7-8). Além da escolha para sacerdócio, de Israel viria a salvação da humanidade, na pessoa
do Messias.
Numa das declarações da Sinagoga Ahavat Ammi (Texas, USA), está escrito:



O chamado do povo judeu a compartilhar as Boas Novas (Salmos 96:1-4). Este
é o chamado primário do povo judeu, que é ser luz para as nações e
compartilhar as “Boas Novas” para o mundo.
O chamado do povo judeu, dos Judeus Messiânicos é irrevogável. Rabi Shaul
declarou em Romanos 9 que Deus promete que através do Judaísmo
Messiânico o povo ainda exista. Deus não dispensou os judeus ou os judeus
messiânicos.
O Judaísmo Messiânico coloca o contexto correto do Messias Judeu de volta
ao Judaísmo. O Judaísmo Messiânico se centralizará não apenas na
restauração de Israel (com a ajuda das nações), mas também da restauração dos
Gentios na fé hebraica, como declarado em Zacarias 8.
Uma sinagoga messiânica não é melhor do que uma igreja e nem pior. São distintos os
chamados. A igreja de Deus tem por ordem agregar tantos quantos forem, principalmente os
gentios, ao Reino de Deus, esta é a sua função.
A sinagoga messiânica tem por ordem igualmente agregar tantos quantos forem,
principalmente judeus, para este mesmo Reino.
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São convites diferentes, com letras e tipos diferentes, porém nada impedirá se um entrar via
igreja e outro na sinagoga, mas o ideal é que cada um possa julgar qual é o seu melhor lugar.
A Lei é uma e a Escritura é a mesma, e sendo respeitado a base da pregação não há problema.
Um judeu na sinagoga não poderá forçar um gentio a agir como judeu, porém enquanto na
sinagoga o gentio se comportará de acordo com o mandamento de Deus naquilo que é
específico ao gentio e em respeito ao costume local, o inverso é totalmente verdadeiro ao
judeu que resolva atender numa igreja.
A sinagoga Beth HaDerech (Toronto, Canadá) de certa forma resume a missão das demais
congregações messiânicas, sendo:







Para prover um lugar para a oração e louvor na tradição Judaica [Sefaradita].
Para educar nossos membros nos princípios e ideais do Judaísmo (Bet
Midrash).
Para prover um encontro de ciclo de vidas, dias santos, festividades, e
celebração da cultura Judaíca (Bet Knesset).
Para agir responsavelmente como um membro da comunidade e melhorar o
bem-estar dos outros (Tikkun Olam).
Relevar primeiramente ao povo de Israel, e também ao mundo, a verdadeira
identidade de Yeshua o Messias.
Chamar irmãos e irmãs no Corpo do Messias para o correto entendimento das
promessas da aliança de Deus para Israel e sua restauração.
Apoiar Israel e o povo judeu em oposição a todos atos de ódio contra eles.
A Tradição
No site da Sinagoga Shear Yaakov (São Paulo, Brasil), lemos:


A fé em Yeshua HaMashiach transforma um judeu em um judeu salvo, e
muitos judeus assimilados ao crerem no Messias passam por um processo de
desassimilação e restauração da Torah em suas vidas, trocando a antiga
situação de assimilação por uma vida judaica rica e plena de significado como
shomer Torah.
Um judeu que assim vive, observando e praticando Torah à luz da revelação de
Yeshua HaMashiach é chamado judeu messiânico, e sua religião é o judaísmo
messiânico. Em outras palavras, o judaísmo messiânico é a opção de judaísmo
dos judeus que crêem em Yeshua HaMashiach.
Esta declaração, em especial, reforça que além da pessoa do Messias, há uma forte conexão
do Judaísmo Messiânico com a Torah e consequentemente com a messorá
(tradição/transmissão).
A Torah é o eixo central por onde orbita o judeu messiânico. É ensinado que no primeiro
século, Yeshua era conhecido como “A Torah Viva [ou que anda]”.
Desta forma é definitivamente errada a idéia que ao crer em Yeshua (Jesus), um judeu irá
apostatar de Moshé (Moisés) ou da tradição dos pais, e igualmente que irá então tentar
insistentemente “converter” seus pares ao um tipo de cristianismo disfarçado.
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Um judeu messiânico guarda as mitzvot de Israel, como circuncisão de seus filhos,
comparecendo as Festas do Senhor, observando a kasherut (a maioria segundo a orientação
bíblica), é sionista, atendem ao Tzahal (quando vivendo em Israel). Em fim, vivem como
judeus normais.
Normalmente a autoridade que irá legislar um judeu crente em Yeshua será a própria
Escritura. O Tanakh e Brit Chadashá são os livros de máxima autoridade, aceitos pela
comunidade crente – majoritariamente o Sefer HaBritot aceito como inspirado é o composto
de 66 livros – tal qual a versão cristã evangélica.
Também, não existe uma halachá única ou específica, normalizada, mas é fato que halachá
existe, de forma não normativa será sempre utilizada a halachá tradicional, estabelecida pelos
rabinos tradicionais. Quem autoriza isto, de forma explícita, é o próprio Messias Yeshua,
quando diz:
“Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus. Portanto, tudo o que vos
disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não
praticam.” – Mateus 23:2-3
Yeshua não critica os escribas e fariseus na passagem acima porque o que eles dizem era
errado, era anti-bíblico, ou mesmo era “invenção de homens”, ao contrário. Yeshua indica
claramente que aqueles homens tinham a autoridade de Moshé para legislar. A crítica era que
não procediam conforme diziam.
Assim, na ausência de uma halachá específica, a autoridade rabínica tem total validade e é
regra régia, desde que não entre em conflito com a Escritura ou a nossa fé.
A falta de maturidade do judaísmo messiânico fortalece o aparecimento de aventureiros,
sejam estes pessoas se fazendo de judeus e muitos judeus sem orientação.
A existência de várias organizações internacionais de judeus crentes (MJAA, MIA, MBJI,
UMJC, UMJA, etc…) ainda não consegue resolver o problema.
Qualquer um pode intitular-se “rabino”, apesar de haver atualmente um certo nível de
controle, mas outros usarão outros termos, nem sempre com autorização.
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Yeshua é judeu e não poderia ser considerado diferente. Vestir com vestimentas de judeu a
Jesus de Nazaré não é de forma alguma uma tentativa de enganação à comunidade judaica e
nem um tipo de novo culto cristão.
Colocar a vestimenta judaica em Jesus é revelá-lo a seus irmãos, assim como José, no Egito,
precisou tirar suas vestes para que seus irmãos pudessem reconhecê-lo (Gênesis 45).
Vivemos um espelho do tempo. No inicio José precisou tirar suas vestes de gentio (egípico)
para que seus irmãos lhe reconhecessem e falou na língua do seu pai, deixando-os pasmos.
Agora, no fim, Jesus precisa colocar suas vestes e deixar, igualmente seus irmãos pasmos e
confusos, incrédulos certamente, além de falar em hebraico e não na língua dos gentios, para
ser compreendido pelos filhos de Jacó.
Tanto Jesus quando José tinham nomes que os gentios conheciam, fizeram-se conhecer então
pelos seus verdadeiros nomes. Yeshua ben Yosef (Jesus filho de José).
Israel e o ser judeu
A comunidade secular de Israel em sua maioria e mesmo muitos religiosos não verificam
problemas algum com os messiânicos.
Há uma certa tolerância entre alguns religiosos, entretanto na comunidade haredi (ultraortodoxia) será sempre negativa.
Por serem judeus, a Suprema Corte de Israel tem parecer favorável aos messiânicos, incluindo
a Lei do Retorno.
Porém, para um judeu crente declarado tentar fazer a sua aliyah está cada vez mais difícil, ao
menos no Brasil, onde por exemplo o formulário padrão da Agência Judaíca pergunta
literalmente se você é judeu messiânico, e a resposta positiva a esta questão será o fim do seu
sonho de entrar em Israel como cidadão israelense.
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De qualquer forma, ser aceito ou não pela comunidade judaica não deve ser a prioridade do
judeu crente, mas verifico que parece ser a prioridade de muitos gentios em busca de uma
identidade. Aí é onde entra o que considero o maior de todos os problemas que já observei.
A busca de uma identidade tem causado grandes problemas, tanto para os de dentro da
comunidade messiânica como para os de fora, sejam entre judeus ou gentios.
No anseio de tentarem a qualquer custo uma identificação na comunidade judaica, muitos
gentios tem se tornado o que chamamos de “super-judeus”, que seriam pessoas que se
parecem tanto com judeus, em todos os termos, com todos os “cacoetes” religiosos,
vestimentas, indumentárias completas que até assustariam os mais ortodoxos.
Porém, é apenas aparência. Nesta ânsia por uma identidade esta pessoa rapidamente se verá
desconfortável no meio que o recebeu, a comunidade judáico-messiânica.
De um dia para outro as suas críticas serão elevadas, um rigor exagerado será por ele exigido.
Se ele é o lider, alguns com pesamentos iguais o seguirão, mas uma boa parte se retirará. Se
não é o lider, o seu caminho será procurar algo mais “judaico-de-verdade” e certamente as
sinagogas tradicionais serão seu alvo.
Ali ele experimentará e será experimentado. Muitos sem perder tempo negarão a “fé” que
tinham, ou diziam ter, em Yeshua.
Se por outro lado a resistência da congregação tradicional lhe for forte demais este se tornará
também rapidamente um detrator do judaísmo.
Em resumo, ou ele abandonará a Yeshua ou abandonará o judaísmo. De qualquer forma, será
um forte combatente de qualquer um destes. Não é por acaso que uma das maiores vozes no
Yad L‟Achim é um ex-cristão!
Neste anos isto tudo me chamou atenção. Os maiores inimigos de Yeshua não são os judeus
haredi, mas a mente por trás disto tudo.
Há uma força maligina sempre pronta para afastar Yeshua do conhecimento comum do
judaísmo tradicional. Se não for por perseguições será por infiltração.
Na perseguição sempre nos unimos. De todas, porém esta é a mais perigosa, pois destroí por
dentro não dando espaço para o livre pensamento e funciona com um alargador.
Para as comunidades messiânicas eu aconselho redobrada atenção para este tipo de pessoa,
pois sua necessidade de identidade é maior do que o propósito fundamental de toda a
comunidade, que é identificar Yeshua como o Messias da casa de Israel, mas o propósito é a
necessidade de auto-afirmação.
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SOBRE O JUDAÍSMO MESSIÂNICO:
Judaísmo Messiânico, hoje, para mim, depois algumas de experiências rodoviárias, aérias,
virtuais e presenciais, com jovens e idosos, crianças e jovens, judeus, prosélitos e mascarados,
dias bons e dias terríveis, posso afirmar: É para judeus.
Na minha humilde e baiana visão, creio hoje que a cultura judaica é exclusivamente para os
judeus.
Creio numa igreja missional, onde cada cultura local de ser usada como isca para atrair,
obviamente dentro de um limite aceitável e não pecaminoso, para Cristo.
Impor uma tradição cultural não ajuda em nada a consolidação da fé de uma sociedade. Da
mesma forma, tentar roubar do judeu sua cultura e tradição em nome da Salvação e do
Messias é um estupro com consequencias nefastas.
Judaizar a igreja gentílica, já está mais do que provado de que não funciona. Grandes
“ministérios” tentaram fazer isso e não conseguiram, o máximo foi criar um verniz, uma capa
muito mal feita, por sinal, que pode ser considerada como um monstro religioso tão confuso,
sectário, herético e doentio, um verdadeiro câncer.
A igreja judaica, ou o judaísmo messiânico, para mim são sinônimos, deve cooperar na
essência da pregação das Boas Novas, assim como a Gentílica, enquanto tanto uma quanto a
outra trabalhando em unanimidade linhas gerais, objetivas e ortodoxas da fé e da teologia,
guardando-se em suas particularidades subjetivas dogmáticas e culturais. Buscando atingir o
propósito maior e a grande Comissão do Mestre: Indo, pregai o Evangelho e façam discípulos
em meu Nome, ensinando a guardarem todas estas coisas que vos tenho anunciado.
Mas, do que uma religião judaica que crer em Jesus como o Messias, consigo enxergar o
judaísmo como a igreja judaíca, onde alguns não judeus podem agregar-se por afinidade
cultural (eu gosto muito da cultura asiática, mas nem por isso sou asiático). Porém, defender
que só com o Judaísmo Messiãnico entra-se no Reino de Deus, de que o Nome Grego/Latino
do Messias está errado e que é uma maldição e quem invocá-lo está invocando um deus
pagão, assim como tentar transformar cada igreja numa sinagoga, cada pastor em um rabino e
impor ritos, liturgias e cerimônias religiosas judaicas aos cristãos de outras nações não vejo
como o propósito de Deus para este Novo Pacto.
Respeitar Israel, sim, idolatrar Israel não. Entender que o Israel de Deus é a nação
primogênita do SENHOR, sim, reconhecer sua herança e posição sim, porém afirmar que a
Igreja deve ser ou é o Israel de Deus… não, mil vezes não!
Se uma igreja deseja adotar costumes judaicos, problema dela, tudo vai de visão, contexto e
adequação. Umas crescem, outras desaparecem!
Restauração, pode até ser de alguns princípios, posso até trocar o termo de restauração, por
um avivamento, mas as raízes da Igreja de cada nação está em Cristo, na Rocha, sendo que a
igreja é um organismo transcultural e para que permaneça sasudável assim deve continuar.
Retirar doutrinas de demõnios e de homens não implica necessariamente em implantar
costumes e doutrinas judaicas nas igrejas gentílicas. Por outro lado, as igrejas, ou
comunidades judaico-Messiânicas, também precisam rever algumas heranças que conflitam
com as Escrituras, principalmente a Nova Aliança, herdadas do Judaísmo Rabínico,
tradicional.
Absurdos como um judeu messiãnico não poder saudar ou ter camunhão com um cristão
gentio. Absurdo inconcebível, como já presenciei, um irmão judeu-messiânico não passar
nem pelo passeio da frente de uma igreja cristã gentílica.
Creio na Unidade de uma única e Santa IGREJA, um CORPO místico formado de judeus e
não judeus, povos de todas as raças, tribo, linguas, nações e culturas, sendo Cristo o Centro e
a Circunferência.
Vejo como mitos do Judaísmo-Messiãnico ou do movimento de Restauracionismo de raízes
judaicas na Igreja, esta divisão de águas, estes dois troncos, dois galhos, dois ramos. Isso é
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puramente utópico. Se a nossa visão se estender em missões mundiais vamos enxergar que
existe vida, fé e cultura, além do judaísmo-messiânico e do cristianismo ocidentalamericanizado, por exemplo.
Como pastor cristão protestante aceitaria na comunhão da nossa igreja local perfeitamente um
judeu-messiânico com toda a sua bagagem cultural, tomaria a ceia com ele, aceitaria seu seu
batismo e a sua confissão de Fé no Messias Yeshua. Da mesma forma como se chegasse um
irmão de uma igreja Árabe ou de uma Igreja Japonesa.
Todo o culdado é pouco, pois muitos apostatam da fé em Cristo e entram por caminhos
excusos e demoníacos. Heresias e Sectarismo, além de mentiras e todo tipo de malcaratismo
surgem quando a religião morta domina a religião viva, pura e verdadeira, isto é válido de
forma holística e sistêmica e não apenas dentro do movimento religioso em questão.
Um judeu se tornar crente ou cristão é muito mais uma questão de nomenclaturas e
preconceitos culturais-psicológicos traumáticos devido aos incidentes histórico-religiosos do
que realmente a realidade, pois sendo judeu ou não judeu quem recebe a Jesus, torna-se filho
de Deus, Nova Criatura, Membro do Corpo de Cristo e cidadão do Reino de Deus.
Creio que rumo a maturidade espiritual e a unidade da Fé, tanto judeus como não judeus
crentes em Jesus têm muito que cooperarem. Sempre não tirando do alvo o entendimento que
o inimigo comum é Satanás. E que só há um Corpo, um só batismo, Um só Senhor, um só
Espírito, uma só Fé, um só Deus.
Precisamos entender que Deus é um Deus ativo, progressivo. Seu plano começou com um
Homem, depois uma Nação, para atingir toda a Humanidade e dessa humanidade tirar para
Ele uma nova Humanidade. Deus vê o Homem e não apenas uma nação e muito menos uma
religião. E este Novo Homem é visto em Cristo, por Cristo e através de Cristo – o Segundo e
último ADÂO.
A igreja começou em Israel, não não é uma propriedade de Israel, pelo contrário, Israel deve
fazer parte da igreja. A pequena pedra que cresce e esmaga todas as outras!!!! A Igreja não é
uma Nação e sim Nações eleitas e chamadas dentro das nações, inclusive de Israel – (Eklesia).
Já o anti-semitismo é tão diabólico, quanto o apartheid, o nazismo, o facismo, o comunismo, o
ateísmo. A intolerância, seja lá em qual dimensão estiver, não é saudável.
É certo que existiram e existem de todos os lados os “anti” que tentam deturpar, deformar e
turvar a verdade.
Concordo plenamente de que O judaísmo em si é um sistema dinâmico, (digo mais – a vida
com Deus é dinâmica, não apenas o judaísmo ou o cristianismo…) embora alguns ainda
vivam como no século XV, mas respeito e conheço o motivo, ainda que não concorde
inteiramente.
Muitos gentios, por imaginarem ser a religião (no sentido de modo) “original”, se aproximam
imaginando encontrar ali a fuga dos problemas do cristianismo atual que está numa tremenda
crise geral. Mas, é mero engano. Não irá mudar em nada e nem suprir o vazio e a decepção
deles. Somente uma comunhão ìntima e pessoal com o Espírito Santo, que vai além de
cultura, religião, ritos, cerimõnias, dogmas, crenças, festas, dias, teologias, doutrinas, etc.
pode encher de Vida e Paz o coração do homem.
Vejo, hoje muito mais claramente que no passado, que: Não é tarefa deste movimento
restaurar, reformar ou mesmo apontar os “erros” cristãos, porém, se um gentio que por sua
conta deseja se aproximar, isto é algo totalmente particular. Eu posso ser um brasileiro,
nordestino e baiano que gosto do rito cristão ortodoxo bizantino, posso passar a frequentar tal
grupo, nem por isso me tornarei grego, nem irei para o “inferno” por causa da minha decisão.
Pode ser uma visão simplista, porém e a minha momentânea visão: Judaísmo Messiânico nada
mais é e serve para realizar o que a história tem provado e a Escritura mesmo atesta que o
melhor pregador de Yeshua para um judeu devia ser outro judeu.
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o Reconhecimento por parte da Igreja gentílica que Jesus foi um judeu e que viveu os seus 33
anos dentro do contexto judaico da sua época é algo básico, fundamental e elementar para
todo gentio-cristão. Assim também como reconhecer que a primeira Igreja era composta por
judeus em Jerusalém e que as escrituas Sagradas foram inspiradas por Deus porém, escritas
por penas judaicas.
Isto não faz a igreja gentílica menos gentílica nem mais judaíca e nem faz a igreja judaica
menos judaica ou mais gentílica. Da mesma forma que Amar a Israel como nação é algo
válido. É sempre bom conhecermos a origem das coisas que temos ou adquirimos, nos traz
mais segurança e credibilidade… obviamente se não for “Made China”!
Muito bem concluído o artigo, bastante equilibrado. Dentro do contexto judaico-messiânico
atural considero bastante sensato.
Concluo aproveitando algumas palavras do texto… Há uma força maligina sempre pronta
para afastar Yeshua do conhecimento comum do judaísmo tradicional. Assim como também
de afastar Jesus dos que ainda estão nas trevas ou na religião morta. Se não for por
perseguições será por infiltração. Mas, uma vez reintero a extrema e vital necessidade de uma
íntima comunhão com o Espírito Santo diariamente, hora após hora na presença do Deus
Vivo, o Adorando de forma pessoal, assimilando para por em prática as Escrituras e
deixando-se guiar por dentro, na Nova Natureza, pela Vida Zoe à toda Verdade acima de toda
a cultura, dogmas, crenças e religiões.
Judaísmo Messiânico não é um movimento completamente novo, mas antes a ressurreição de
um movimento muito antigo. A identidade descrita sob o termo "Judaísmo Messiânico" era a
identidade dos apóstolos e a comunidade de seguidores judeus "do Caminho" no primeiro e
segundo séculos.
Judaísmo Messiânico é considerado por seus partidários como a mais recente fase no
desenvolvimento histórico do autêntico Judaísmo Bíblico. É a religião de Abraão, Moisés,
Davi, e dos profetas, cumprida pela vinda de Yeshua (Jesus) o Messias.
Em que o Judaísmo Messiânico é diferente do Judaismo Tradicional? Quanto ao Judaísmo
Messiânico, o Judaísmo que acredita em Yeshua (Jesus) como Messias, os fatos são como
segue: A autoridade exclusiva para fé e prática é a Bíblia e consiste do Antigo e Novo
Concerto. O Judaísmo tradicional ensina que o Tanach (Escrituras hebraicas) e o Talmud são
a Palavra Eterna de Deus, que ao Novo Testamento falta esta autoridade, e aquele Yeshua não
é o Messias. O Judaísmo Messiânico, em contraste, ensina que o Tanach e as Escrituras do
Novo Testamento são junto a Palavra Eterna de Deus, que o Talmud não tem esta autoridade,
e que Yeshua é o Messias.
QUAL É A DIFERENÇA ENTRE O JUDAÍSMO MESSIÂNICO E O CRISTIANISMO
TRADICIONAL?
Durante 19 séculos, com raras exceções, tinha-se tornado habitual colocar o Cristianismo
acima e contra o Judaísmo, como sua Antítese.
Desde o segundo século,muito se ensinou na Igreja que o Cristianismo é uma religião
separada e distinta de Judaísmo. Embora os cristãos biblicamente fundamentados reconheçam
que isto foi um erro, ainda é uma visão fortemente defendida entre muitas igrejas. Esta
perspectiva promoveu a doutrina anti-bíblica segundo a qual as Escrituras hebraicas foram
substituídas historicamente pelo Novo Testamento, que a Igreja substituiu Israel como as
pessoas do pacto de Deus, e que aquele primeiros discípulos de Yeshua foram convertidos da
religião judaica para uma nova religião chamada Cristianismo.
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O Judaísmo Messiânico, em contraste, acredita que Yeshua não veio estabelecer uma nova
religião, mas de fato cumprir uma antiga (Mateus 5:17). Defende a visão de que o Novo
Testamento é uma continuação das Escrituras hebraicas (2 Timóteo 3:16), e enfatiza o amor
de Deus e fidelidade para as pessoas judias (Romanos 11), ensinando aquele gentios a
compartilhar (não assumir) as bênçãos que Deus deu a Israel (Romanos 15:27).
Finalmente, o Judaísmo Messiânico combate a idéia de que aquelas pessoas judias que
seguem Yeshua se tornam convertido a outra religião, mas de fato permanecem judeus, judeus
Messiânicos (Colossenses 4:11).
O QUE É UMA CONGREGAÇÃO JUDAICA MESSIÂNICA?
Imagine uma sinagoga onde o rabino, anciãos e toda a congregação praticam os ensinos das
Escrituras Hebraicas e o Novo Testamento. Esta é uma congregação Judaica Messiânica.
Joseph Rabinowitz estabeleceu a primeira Sinagoga Messiânica conhecida dos tempos
modernos em Kischineff, Rússia, 1882. Foi chamada "Sinagoga da Congregação de Israelitas
do Novo Conserto."
EM QUE O JUDAÍSMO MESSIÂNICO É DIFERENTE DO JUDAÍSMO
TRADICIONAL? COMO AS CONGREGAÇÕES JUDAICAS MESSIÂNICAS
SATISFAZEM AS NECESSIDADES DAS PESSOAS JUDIAS?
"Como a um judeu será permitido manter a sua herança de Shabbat e festas enquanto estiver
seguro ao pilar da revelação em Yeshua? Como um judeu permitirá aos seus filhos o
crescerem com um senso de herança, ter um Bar Mitzvah e manter um envolvimento contínuo
na comunidade judaica? A Sinagoga não abrirá sua porta para treinar as suas crianças e a
maioria de igrejas locais não proverá isto. Como então? A resposta é claramente
congregacional, para uma pessoa comum pode ser muito difícil ou até inadequado conseguir
isto sozinho, ou através de simples encontros mensais".
Os judeus são chamados por Deus para serem um povo especial e duradouro (Jeremias 31:3536). Então, é importante para os judeus messiânicos manterem a sua identidade judaica e
passar esta herança para a próxima geração. As Congregações Judaicas messiânicas ajudam a
realizar isto dos seguintes modos:
Rabino/Rosh
As Congregações Judaica messiânicas provêem uma base de liderança que pode dar visão,
conhecimento, sabedoria, discernimento e aconselhamento aos membros da comunidade com
respeito a fé bíblica e estilo de vida judaico.
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Calendário
As Congregações Judaicas Messiânicas seguem um ciclo anual de eventos referenciados nas
Escrituras como "as festas solenes do Senhor" (Levíticos 23). Estes incluem serviços noturnos
de adoração na sexta-feira e/ou sábado, reuniões de Rosh Chodesh (Lua Nova), Seder de
Páscoa, como também as celebrações de Matzot (Pães Ásmos), Bikkurim (Primeiro Frutos),
Shavuot (Semanas), Yom Teruah (Trombetas), Yom Kippur (Dia do Perdão), e Sukkot
(Tabernáculos). Secundariamente, Purim (Muitos), Hannukah (Dedicação) e também são
observadas outras comemorações tradicionais.
Dieta
As Congregações Judaicas messiânicas estimulam o comer as comidas biblicamente limpas.
Vestuário
As Congregações Judaicas messiânicas provêem um ambiente onde os homens podem usar o
kippa (coberta de cabeça), tallit (manto de oração), tsitsit (franjas) e tefillin (filactérios). As
mulheres às vezes também usam cobertas de cabeça apropriadas.
Símbolos
As Congregações Judaicas messiânicas apreciam objetos judaicos e símbolos que servem
como lembranças das Escrituras e identidade judaica. Estes incluem Rolos da Torah, cálices
de kiddush, menorás de sete braços, etc.
Música
As Congregações Judaicas messiânicas usam formas judaicas de música nos seus serviços e
celebrações. Eles também têm amor pelo povo israelita e pela dança Chassídica.
Siddur
As Congregações Judaicas messiânicas incorporam nos seus serviços elementos selecionados
do Siddur, o livro de oração judeu tradicional.
Comunidade
As Congregações Judaicas messiânicas são ativamente envolvidas na comunidade judaica
local. Eles encorajam que os seus membros visitem outras sinagogas, assistam seminários em
assuntos judaicos, e se afiliem a organizações filantrópicas judaicas.
Hebraico
As Congregações Judaicas messiânicas na diáspora estimulam a aprender hebraico como um
segundo idioma. Os seus membros são estimulados a assistir aulas de hebraico, conversam
com locutores fluentes e aprendem a liturgia hebraica.
Israel
As Congregações Judaicas messiânicas vêem Israel como uma pátria judaica. Os membros
freqüentemente apoiam financeiramente a nação, participam de excursões anuais, e
consideram fazer aliyah (retornar à terra).
Circuncisão
As Congregações Judaicas messiânicas promovem a prática bíblica do britmilah
(mandamento da circuncisão) para crianças judias.
Crianças
As Congregações Judaicas messiânicas proporcionam para as crianças instrução nas
Escrituras, e no significado e importância de viver um estilo de vida judaico bíblico.
Freqüentemente, esta educação conduz para Bar Mitzvah ou Bat Mitzvah (uma cerimônia de
passagem).
Educação de adulto
As Congregações Judaicas messiânicas buscam proporcionar para os seus membros
continuidade na educação de adultos em todas as áreas de estudos judaico bíblicos e
tradicionais.
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Matrimônio
As Congregações Judaicas messiânicas provêem um ambiente para pessoas solteiras se
conhecerem uns aos outro e achar os eventuais parceiros para o matrimônio. Elas fornecem
aconselhamento matrimonial que orienta sobre vários aspectos da convenção bíblica, e de
como manter uma casa judia bíblica. Também, as Congregações Judaicas messiânicas
celebram casamentos judaicos tradicionais, e proporciona para os casais uma comunidade
atenciosa, na qual eles podem começar as suas vidas de casados juntos.
Proselitismo
As Congregações Judaicas messiânicas provêem um contexto de comunidade no qual
prosélitos podem ser recebidos por aliança na nação de Israel.
Morte
As Congregações Judaicas messiânicas respeitam e praticam a aproximação judaica bíblico
tradicional para enterro e luto.
COMO AS CONGREGAÇÕES JUDAICAS MESSIÂNICAS PROCEDEM COM A
VISÃO DO JUDAÍSMO TRADICIONAL SOBRE YESHUA?
Nunca foi apresentada claramente a verdade relativa ao rabino fazedor de milagres de
Nazaré às pessoas judias.
As Congregações Judaicas messiânicas acreditam que Yeshua era 100% fiel ao Judaísmo
bíblico e ao povo judeu. Todavia, muitos na comunidade judia tradicional o vêem
diferentemente e combatem aqueles ensinos de Yeshua que estavam contrários à prática e fé
judaica. A maioria dos proponentes desta visão não chega a esta conclusão por pesquisa, mas
geralmente por um preconceito criado por 1900 anos de anti-semitismo Cristão. Esta
caracterização de Yeshua raramente é questionada na comunidade judaica devido a um
estigma colocado no estudo da vida dele e ensinos através da autoridade dos rabinos.
As Congregações Judaicas messiânicas buscam corrigir esta visão equivocada de Yeshua
através do ensino, estimulando a pesquisa em fontes primárias como o Testamento Novo, e
fontes secundárias, inclusive os escritos de Josefo, livros não-canônicos, targums aramáicos,
literatura rabínica antiga e achados arqueológicos como os Rolos do Mar Mortos. Trabalhos
contemporâneos sobre o Jesus histórico e o lugar do Messias no Judaísmo são valiosas fontes
adicionais. As Congregações Judaicas messiânicas acreditam que a história apoia a
perspectiva delas, e que esses que pesquisam a vida de Yeshua e seus ensinos, em última
instância chegarão à mesma conclusão.
COMO AS CONGREGAÇÕES JUDAICAS MESSIÂNICAS TRATAM DO ANTISEMITISMO NA IGREJA?
O Holocausto representa a culminação trágica de atitudes anti-judaicas e práticas que tinham
sido permitidas se manifestar - desenfreadamente - dentro ou perto da Igreja durante quase
dois mil anos. Talvez a razão mais importante por que o Holocausto aconteceu é porque a
Igreja esqueceu as suas raízes judaicas.
As Congregações Judaicas messiânicas acreditam que a educação é o meio mais efetivo de
procedimento contra o anti-semitismo na Igreja. Os membros delas compartilham com os
membros da Igreja sobre o amor de Deus e fidelidade para com os judeus, explicando o erro
da teologia da substituição, e o dano que causou durante os últimos dois milênios. Rabinos
messiânicos também estão dispostos a falar em igrejas locais no propósito de Deus para com
os judeus, e o significado do compromisso do Concerto de Deus para com Israel. Eles alertam
estas igrejas para as raízes do anti-semitismo cristão histórico, e explicam como a Igreja deve
se prevenir para que nunca mais se tornem seus cúmplices. Os rabinos messiânicos ensinam
freqüentemente no valor prático da Lei de Deus para os judeus e gentios, no judaísmo de
Jesus, e na história do anti-semitismo cristão. Destes e muitos outros modos, as Congregações
Judaicas messiânicas agem como pontes de reconciliação entre igrejas e sinagogas pelo
mundo afora.
20
Festas judaicas:
Purim:
Purim comemora os eventos do livro de Ester, quando revivemos nosso livramento de Hamã e
renovamos nossa fé por termos sobrevivido aos Hamãs de outros tempos. A festa provê uma
atmosfera de alegria e diversão.
Hamã tentou exterminar os judeus, portanto, a festa é um lembrete da preservação de Israel e
do comprometimento de Deus com o seu povo. Mas, no contexto de Purim, nos lembra a
preservação que Deus nos concedeu durante nosso exílio. A natureza tumultuada, rouca, do
festival de Purim então serve para nos lembrar da preservação do nosso povo, por Deus desde
o tempo do exílio até quando o Messias governar e a desordem esvaecer.
Pessach
“O Pessach começa com um seder, um jantar cuja história da Páscoa é recontada e alimentos
simbólicos são comidos. Lemos a historia de pessach na Hagadá. A representada aqui é a que
usamos há anos. Na imagem estão candelabros de prata que minha avó Helen me deu.
Também representada está uma taça de vinho. São bebidos quatro taças durante o serviço.
Yeshua o Messias tomou uma taça após o jantar e disse: „Este é meu corpo dado por vós, beba
em memória de mim. ‟ O osso de cordeiro nos lembra os cordeiros de pessach, assi como
Yeshua, nosso cordeiro pascoal. A raiz forte nos lembra a amargura da escravidão no Egito.
Como pessoas que creem em Yeshua a amargura da escravidão é o pecado. A salsa e ovos
também tem significados simbólicos. Quando minha filha viu esta pintura ela disse „Ima
(mãe), este é o nosso seder.‟”
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Shavuot:
ronologicamente, Shavuot (Pentecostes), a Festa das Semanas, é a próxima festa no calendário
original judaico (Lv.23:15-22). Este evento ocorre cinqüenta dias após a Festa das Primícias.
Juntamente com outras ofertas, dois pães com fermento são apresentados a Deus.
Deuteronômio 16:9-17 mostra que, embora esta festa esteja associada à colheita, foi
idealizada para nos lembrar que um dia fomos escravos no Egito, antes de Deus nos libertar.
Conforme a nossa tradição foi se desenvolvendo, Shavuot tornou-se a festa da entrega da Lei.
Evidentemente os rabinos concluíram, através de cálculos, que a entrega da Lei no Monte
Sinai, ocorreu naquele dia. Os judeus tradicionais lêem o livro de Rute na sinagoga neste dia e
ocasionalmente referem-se a Shavuot como Atzeret shel Pesach, “a conclusão da Páscoa”. O
significado messiânico existe em abundância nesta festa. Da perspectiva de Deus, o período
da grande “colheita” – quando um grande número de judeus e então gentios vierem a ter um
relacionamento pessoal com Ele – foi iniciado no Shavuot depois da ressurreição de Yeshua
(Atos 2:40-43). Os dois pães (impuros) de Shavuot pode, portanto, simbolizar judeus e
gentios “apresentados” a Deus e agora fazendo parte de Sua “família”.
O ensino do apóstolo Paulo sobre nossa condição anterior de escravos do pecado (Rm.6-8)
certamente é similar à lembrança de Shavuot de que outrora fomos escravos no Egito. Deus
nos libertou da escravidão do pecado colocando o Seu Espírito em nós para nos capacitar a
viver como Ele pretendia (Rm.8:1-4). Deus colocou o Seu Espírito (Ruach HaKodesh)
visivelmente nos seguidores de Yeshua naquele importante Shavuot há séculos atrás (Atos
2:4).
Tecnicamente, o trabalho de expiação não estava completo a menos que a natureza
pecaminosa do homem (yetzer bara, “inclinação para o mal) tivesse sido resolvida e o poder
para dominá-la tivesse sido dado. A vinda do Ruach HaKodesh serviu como conclusão da
Páscoa (Atzeret shel Pesach), a conclusão da nossa redenção, no sentido que através do
Espírito, Deus nos dá o poder que precisamos para dominar nossa tendência para o mal. O
próprio Yeshua mostrou isto em João 16:7: “Se eu não for, o Conselheiro [Ruach HaKodesh]
não virá para vocês; mas se eu for [isto é, “primícias”, Sua ressurreição], eu o enviarei”
(NVI). (Shavuot, a conclusão dos cinqüenta dias das primícias, ocorre durante a semana da
Páscoa.)
Shavuot também possui outro significado messiânico. Deus falou sobre um tempo quando Ele
escreveria Sua Lei em nossos corações (Jr.31:32-33). Ezequiel 36:25-27 menciona Ele
colocando o Ruach em nossos corações neste mesmo contexto. Então Deus associa o
recebimento do Ruach com o colocar Sua Lei em nossos corações. Qual época mais
apropriada para colocar Seu Espírito visivelmente em Seu povo, do que em Shavuot, a festa
da entrega da Lei! Observe que Ezequiel relaciona o derramar do Ruach com aspersão de
água sobre nós. Os judeus marroquinos possuem um antigo costume que eles realizam em
Shavuot. Eles aspergem água uns nos outros!4 Isto se tornou em mais um símbolo que o
Shavuot retrata Deus como visivelmente colocando o Ruach nos seguidores de Yeshua.
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Rosh Hashanah:
“Biblicamente esta festa é chamada de Festa do Shofar (Yom Teruah). O Shofar que pintei é
uma antiguidade vinda da Europa, esculpido no chifre de um animal. O candelabro é
tipicamente da Europa oriental, um usados no Shabat e nas festas. Ele mostra os leões de
Judá e parece o candelabro que havia na casa do meu pai quando ele era um menino. São
usados em pares. Ambos os leões e o shofar vieram de uma loja na Bem Yehuda, em
Jeruslém. Também, mostrado na pintura estão maças e o mel, comidos para expressar nossos
desejos de um doce ano novo. A chalá que comemos todo Shabat, assume uma forma redonda
no Rosh Hashaná, que representa um novo ciclo de ano. As romãs também são comidas, pois
são frutas frescas da estação, suas muitas sementes simbolizam nossos desejos de um novo
ano frutífero. Shaná Tová Umetuká! Um bom e doce ano novo!”
Martha Stern é uma artista plástica pioneira em representar a arte judaica messiânica. Em
5761 (2000-2001) ela fez uma série de pinturas em aquarela com a temática das festas
judaicas que foram publicadas no calendário do Messianic Jewish Resources do mesmo ano.
Martha é casada com um dos escritores messiânicos mais influentes de todos os tempos,
David Stern, mais conhecido pela Bíblia Judaica Completa publicada no Brasil pela Ed. Vida.
Saiba mais sobre este casal em sua página.
Yom Kippur:
Levítico 23:26-32 descreve o Dia do Perdão como o mais solene período de introspecção e
arrependimento. Aqueles que não guardassem este dia santo severamente punidos. Em Yom
Kipur somente o sumo sacerdote poderia entrar no local mais sagrado do santuário. Depois de
fazer um sacrifício por si mesmo, ele então trazia o sangue do sacrifício que ele fez pelo povo
(Levítico 16). Neste dia, a expiação era feita pela nação inteira, quando um bode morreria no
23
lugar do povo. (De acordo com os estudos mais recentes, expiação [em Hebraico, kipur]
significa “redenção por meio de um substituto”).
O cumprimento tradicional manteve a solenidade deste grande dia de arrependimento.
Recordações do sacrifício de Yom Kipur ainda existem dentre alguns judeus religiosos no
costume de Kapporot. Uma galinha é balançada sobre a cabeça enquanto recita-se: “Este é o
meu substituto, esta é a minha substituição; esta galinha irá morrer; mas que eu possa ganhar e
entrar numa vida longa e feliz e em paz”.
O significado messiânico é abundante. Os serviços religiosos durante o período de Rosh
Hashanah e Yom Kippur referem-se repetidamente à ligação ou sacrifício de Isaque
(“Akedah”). Os rabinos ensinam que de alguma maneira Deus aceita o “sacrifício” de Isaque
em nosso favor. Isaque prefigura maravilhosamente o sacrifício do Messias (veja Hebreus
11:17-19), cujo sacrifício Deus aceita em nosso favor. A parte da Haftorah para o Yom Kipur
é o livro de Jonas, o profeta que passou três dias na barriga de um grande peixe antes de
emergir. Quando Yeshua foi desafiado a dar provas de Sua messianidade, Ele apontou para o
exemplo de Jonas (Mt.12:39-40). Ele usou Jonas como um retrato de Sua própria morte e
ressurreição. Uma oração musaf encontrada em muitos livros de oração mais antigos sobre
Yom Kipur exibe um significado adicional messiânico:
O Messias, justiça nossa, se afastou de nós. Ficamos alarmados, não há ninguém que nos
justifique. Nossos pecados e o jugo das nossas transgressões Ele carregou. Ele foi moído pelas
nossas iniqüidades. Ele carregou sobre os Seus ombros os nossos pecados. Pelos Seus açoites
fomos curados. Deus Todo-Poderoso, apresse o dia em que Ele virá outra vez para nós; que
possamos ouvir do Monte Líbano uma segunda vez por meio do Messias (“Oz M'lifnai
B'reshit”).
O apóstolo Paulo escreve sobre um tempo no futuro quando todo o Israel será redimido e terá
a expiação (Rm.11:26). O profeta Zacarias também predisse um tempo de redenção nacional
(Zc.12:10;13:9). No passado, a expiação era feita por todo o Israel no Yom Kipur.
Atualmente, este dia santo aguarda o período em que todo o Israel aceitará a expiação provida
pelo Messias.
Enquanto esperamos por este dia, podemos celebrar o Yom Kipur agradecendo a Deus pela
expiação disponível por meio de Yeshua e orando para que mais pessoas do nosso povo O
reconheçam e O aceitem como seu redentor. O conteúdo do dia também nos provê a
oportunidade para auto-exame, arrependimento e re-entrega a Deus (cf. 2 Co.13:5; 1 Jo.1:9).
Sucot:
“No Sucot cada família ergue sua sucá, ou tenda, feita de materiais temporários como uma
lembrança de como os israelitas acamparam no deserto no caminho do Egito para Israel.
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Durante oito dias as famílias fazem suas refeições, alguns até dormem, dentro dela. Se tornou
um costume decorar a sucá com frutas (tâmaras e romãs) e com decorações compradas em
lojas e feitas em casa. Todos os anos meu marido, nossos filhos e eu fazemos correntes de
papel colorido e penduramos no teto da nossa sucá. Em Lv. 23.20 fala sobre os elementos
cerimoniais com o lulav e o etrog, sacodidos juntos ao recitar-se as bênçãos. Já que Sucot é
também dia de Shabat, mostro também os candelabros que minha mãe me deu.”
Martha Stern é uma artista plástica pioneira em representar a arte judaica messiânica. Em
5761 (2000-2001) ela fez uma série de pinturas em aquarela com a temática das festas
judaicas que foram publicadas no calendário do Messianic Jewish Resources do mesmo ano.
Martha é casada com um dos escritores messiânicos mais influentes de todos os tempos,
David Stern, mais conhecido pela Bíblia Judaica Completa publicada no Brasil pela Ed. Vida.
Saiba mais sobre este casal em sua página.
Chanucá:
“Nesta imagem vemos uma chanukiá, ou menorah, feita na Escola de Artes de Bezazel , Ela
mostra uma cena em que os macabeus recolocam a menorá no templo. Eu comprei esta
chanukiá de um senhor numa lojinha pequena na Ben Yehuda em Jerusalém. A caixa de velas
de chanukiá é muito conhecida, desenhada por Zev Raban, um artista famoso de Bezazel. Ele
e outros artistas vieram a Israel como pioneiros com uma visão de reestabelecer a arte
Judaica. Eles eram sionistas idealistas que contribuíram para construir a Eretz Israel (a
terra de Israel)com sua arte. O desenho da caixa simplifica este espirito, ainda é vendida
pela comunidade judaica no mundo, é por isso que quando minha filha viu esta pintura ela
disse „ Ah, aquela caixa!” O dreidel (o pião de quatro lados)foi pintado por um artista
contemporâneo. As moedas de chocolate cobertas com papel dourado são Chanuká gelt
(dinheiro de chanuká), usados no jogo do dreidel. O festival de Chanuká é um lembrete para
nós de que somos o templo do Espírito Santo e necessitamos manter nossa luz, a luz de
Yeshua, brilhando intensamente para sermos Or legoym (luz para as nações) e para Am
Israel (o povo de Israel).”
Martha Stern é uma artista plástica pioneira em representar a arte judaica messiânica. Em
5761 (2000-2001) ela fez uma série de pinturas em aquarela com a temática das festas
judaicas que foram publicadas no calendário do Messianic Jewish Resources do mesmo ano.
Martha é casada com um dos escritores messiânicos mais influentes de todos os tempos,
David Stern, mais conhecido pela Bíblia Judaica Completa publicada no Brasil pela Ed. Vida.
Saiba mais sobre este casal em sua página.
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Encontradas as Dez Tribos Perdidas:
Israel ao norte foram levadas ao exílio pelos assírios no século oitavo AC, e as tribos de Judá
ao sul foram levados ao exílio durante o século sexto. A Bíblia registra que, após o exílio,
Judá voltou para a terra de Israel durante o século quinto AC.
Uma vez que não há uma descrição maior da restauração das tribos do norte, muita
especulação e curiosidade têm surgido no decorrer dos anos com relação à pergunta: “Onde
estão as dez tribos perdidas?”
Uma tendência interessante, contudo perigosa, é que muitos grupos de seitas cristãs alegam
ser descendentes das dez tribos do norte. Isso abrange desde grupos do Japão aos nativos
americanos. Existem alguns elementos no Mormonismo e nas Testemunhas de Jeová que
fazem reivindicação semelhante. Isso já chegou a afetar até mesmo partes do movimento
Sionista Cristão.
A verdade é que não existem dez tribos perdidas. Na ocasião da divisão do reino e dos exílios,
uma determinada porcentagem de cada uma das tribos do norte desceu e fixou residência na
área de Judá. Depois desse tempo, o nome Judá ou Judeus referia-se não apenas à tribo
específica de Judá, mas também à tribo de Benjamim, os Levitas e o remanescente de todas as
tribos do norte.
Não existem dez tribos perdidas. Todas as tribos de Israel estão incluídas no que hoje
chamamos o povo judeu. Existem sete evidências bíblicas básicas que provam essa posição.
O RESTO DE ISRAEL EM JUDÁ (II CRÔNICAS)
O livro de II Crônicas registra diversas vezes que os membros das tribos do norte imigraram
para Judá depois da divisão do reino. Isso ocorreu logo depois do momento da divisão.
II Crônicas 10:16-17 diz: “Então, Israel se foi às suas tendas. QUANTO AOS FILHOS DE
ISRAEL, PORÉM, QUE HABITAVAM NAS CIDADES DE JUDÁ, sobre eles reinou
Roboão.”
Não poderia ser explicado mais claramente que existiam membros das tribos israelenses
vivendo no território de Judá. II Crônicas 11:3 declara que Roboão era o rei não apenas de
Judá, mas de TODO o Israel em Judá e Benjamim. II Crônicas 11:16-17 afirma que os
membros de TODAS as tribos de Israel que eram leais a D-us desceram a Jerusalém e
fortaleceram o reino de Judá.
II Crônicas 15:9 nos conta que durante o reavivamento do Rei Asa existiam “muitos de Israel”
que vieram para Judá II Crônicas 24:5 fala dos membros reunidos de todas as tribos de Israel.
II Crônicas 30:21 e 25 fala dos filhos das tribos israelenses que vieram para Judá durante o
tempo do Rei Ezequias. II Crônicas 31:6 fala novamente dos filhos de Israel que habitavam
nas cidades de Judá. II Crônicas 30:10 faia dos membros das tribos de Efraim, Manassés,
Zehulom e Aser vindo para Jerusalém. II Crônicas 30:18 também menciona a tribo de Isacar.
II Crônicas 34:6 acrescenta a isso membros de uma lista dc tribos de Simeão e Naftali. II
Crônicas 34:9 afirma claramente que existiam membros de „TODO O RESTO DE ISRAEL”,
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que estavam vivendo em Jerusalém depois do período de exílio assírio. II Crônicas 35:3
menciona novamente que existiam membros de “todo o Israel” que faziam parte de Judá.
EXÍLIO RESTAURADO (ESDRAS E NEEMIAS)
Depois do exílio babilônico, a nação de Israel foi restaurada sob a liderança de Esdras e
Neemias. Nesses livros encontram-se vastos registros. O fato de que existiam cuidadosos
registros genealógicos prova que não apenas eram os israelitas do norte parte da restauração,
mas também que mantinham registros de suas famílias e sabiam a que tribo pertenciam.
Esdras 2:2 começa com os registros do “numero dos homens do povo de ISRAEL”. Esse
mesmo capítulo 2 de Esdras declara que o povo tinha registros genealógicos específicos não
apenas com relação à qual das tribos do norte eles pertenciam, mas também a que família
pertenciam: “provar que as suas famílias e a sua linhagem eram de Israel.”
Aqueles que possuíam registros, mas não estavam perfeitamente documentados, eram
desqualificados e tinham de esperar por uma verificação sobrenatural por Urim e Tumim (se
eles aparecessem). Isso prova o quanto meticulosos e bem documentados eram os registros de
famílias em sua maioria (Esdras 2:62-63). Esdras 2:70 fala novamente de “todo” Israel que
habitava em Judá depois da restauração de Esdras e Neemias.
Esdras 6:16 e 21 fala especificamente dos “filhos de Israel que tinham voltado do exílio”.
Esdras 7:7, 9:1, 10:1 e 10:25 fala do problema que os israelitas tiveram com os casamentos
com povos de outras terras.
Neemias 7:7-73 repete a genealogia das tribos israelitas que foi registrada em Esdras 2.
Neemias 9:2, 11:3 e 11:20 fala do “restante de Israel em todas as cidades de Judá”. Neemias
13:3 fala de separação dos gentios, de forma a não haver confusão nos registros genealógicos
de Israel.
O TESTEMUNHO DE ANA (LUCAS 2)
Em Lucas 2:36 a profetisa Ana é relacionada como proveniente da tribo de Aser, uma das
tribos mais ao norte e menos povoada de Israel. Em outras palavras, temos uma declaração
clara no Novo Testamento de que as pessoas que eram consideradas judias no tempo de
Yeshua incluíam pessoas das dez tribos do norte de Israel, e que elas possuíam documentação
genealógica com respeito a quais tribos pertenciam.
Como poderia a tribo de Aser, por exemplo, estar perdida” 700 anos antes de Yeshua, se Ana
conhecia sua descendência de Aser durante a época do Novo Testamento?
YESHUA E OS APÓSTOLOS (EVANGELHOS E ATOS)
Yeshua ministrou por toda a terra de Israel. Levou em conta o povo judeu desse lugar. Em
todos os seus discursos, pressupõe-se que Ele estava falando a todos os descendentes de
Israel. Yeshua nunca mencionou a possibilidade de haver algum outro grupo ou alguma tribo
perdida de Israel circulando em alguma parte.
Na pregação aos judeus do primeiro século, Yeshua disse que Ele foi chamado para “procurar
as ovelhas perdidas da casa de Israel.” (Mateus 10:6).
Da mesma forma, os apóstolos se dirigiram às multidões de judeus no primeiro século,
presumindo que eram todos descendentes de Israel. Em Atos 2:22 Pedro se volta para os
“judeus” que viviam em Jerusalém e se refere a eles como “varões israelitas”. Pedro conclui
seu sermão dirigindo-se à multidão como “toda a casa de Israel” (Atos 2:36). Em outras
palavras, aos olhos de Pedro, o povo judeu no primeiro século incluía todas as tribos de Israel.
Pedro manteve essa forma de abordar as pessoas, como “toda a casa de Israel”, em seus outros
discursos (Atos 3:12, 4:8,4:10,4:27,5:21,5:31,5:35, 10:36).
Paulo também se dirigiu aos judeus do primeiro século como “varões israelitas”. Continuou a
se referir aos judeus como israelitas em todas suas mensagens (Atos 13:23-24, Atos 21:28,
Atos 28:20).
Os doze discípulos eram vistos como futuros líderes para “se assentarem nas doze tronos para
julgar as doze tribos de Israel.” (Mateus 19:28).
27
AS DOZE TRIBOS DE TIAGO
A carta de Tiago é endereçada às “doze tribos que se encontram na Dispersão” Tiago 1:1.
le não está se referindo a algumas tribos perdidas, mas ao público de judeus dispersos que
acreditavam em Yeshua no primeiro século. O mesmo argumento é verdadeiro, conforme
observamos a carta aos Hebreus. o grupo aqui chamado “Hebreus” não era alguma tribo de
japoneses ou nativos americanos, pelo contrário, tratava-se do povo judeu do primeiro século.
O REMANESCENTE DE ISRAEL (ROMANOS 9-11)
Este argumento possui importância específica quando observamos as promessas de
restauração do remanescente de Israel, referido no livro de Romanos, Capítulo 9 a 11. Aqui
Paulo expressa sua oração para que os filhos de Israel sejam salvos (Romanos 9:14, 10:1-4).
Esse remanescente a ser restaurado é o remanescente bíblico de Israel que cumpre as
profecias. Eles são as mesmas pessoas que rejeitaram Yeshua no primeiro século. Não foi
alguma tribo perdida que O rejeitou, porém os judeus que viviam em Israel naquela ocasião.
Paulo declara que D-us não rejeitou o povo de Israel (Romanos 11:1). Há um remanescente de
Israel pela graça (Romanos 11:5). “O que Israel não conseguiu, a eleição o alcançou.”
(Romanos 11:7). A transgressão de Israel significou a salvação das nações dos gentios
(Romanos 11:11). Seu restabelecimento será a ressurreição dentre os mortos (Romanos 11:12,
15).
O texto inteiro de Romanos 9-11 apenas faz sentido se estiver falando a respeito do povo que
conhecemos hoje como o povo judeu. Se alguém pensar que está se referindo aos Mórmons,
ou Testemunhas de Jeová, ou aos Sionistas Cristãos, ou a algum outro grupo de povo nativo,
o significado todo da passagem estará perdido. Esse ponto de vista irá destruir as promessas
de D-us para Israel, o propósito do evangelismo em Israel, e o significado da reconciliação
entre Israel e a igreja no final dos tempos.
VISÃO DOS CULTOS
Não é uma coincidência que tantos cultos chegaram à conclusão de que eles sejam de uma das
dez tribos “perdidas” de Israel. Esse ponto de vista está confundindo seus membros e está
incorreto de acordo com as Escrituras. Essa teologia é perigosa e enganosa à medida que
tentamos compreender as profecias da restauração de Israel, que levam à segunda vinda do
Messias Yeshua.
Nosso Trágico Engano:
Os anais da História estão repletos de fatos e estórias de tragédias que aconteceram como
conseqüência de engano de identidade. Nas Escrituras Hebraicas estas tragédias começaram
com a estória de Lameque, que conta para suas esposas sobre um acontecimento trágico,
dizendo: "Ada e Zilá, ouvi-me; vós, mulheres de Lameque, escutai o que passo a dizer-vos:
Matei um homem porque ele me feriu; e um rapaz porque me pisou" (Gênesis 4:23).
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De acordo com as interpretações tradicionais, Lameque foi caçar e em vez de matar o animal,
ele matou, sem querer, seu próprio filho. Que trágico engano de identidade! Então, temos a
estória de José, que foi acusado injustamente pela esposa de Potifar e sofreu encarceramento
durante muitos anos.
Uma tradição judaica, registrada no Targum aramaico, no livro de Ester, conta-nos que por
muitos anos Salomão foi destronado como rei em Jerusalém e um demônio chamado
Ashmadai reinava disfarçado no lugar de Salomão, enquanto o verdadeiro rei ia de cidade em
cidade clamando nas palavras de Eclesiastes 1:12: "Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em
Jerusalém". Igualmente, há uma estória popular do príncipe e do mendigo, que
temporariamente disfarçado com as roupas do príncipe, foi príncipe enquanto o verdadeiro
príncipe tornou-se um mendigo.
Uma estória mais recente conta que Fritz Kreisler, o violinista, estava em Hamburgo uma
noite, com uma hora vaga para gastar antes de tomar o navio para Londres, onde ele teria de
tocar na noite seguinte. Então, ele foi até uma loja de instrumentos musicais. O proprietário
pediu para ver o violino que ele carregava sob o braço e então desapareceu por um momento e
voltou com dois policiais. Um deles colocou sua mão no ombro de Kreisler e disse: "Você
está preso!" "Por quê?" perguntou o Sr. Kreisler. "Você está com o violino de Fritz Kreisler".
"Bem, eu sou Fritz Kreisler". "Vamos, vamos!" disse o policial "Você não pode pull that on
us. Vamos para a delegacia". O Sr. Kreisler se livrou de ser preso ao encontrar um disco com
sua música na loja e pediu para lhe dar seu violino de volta e então ele tocou aquela mesma
música.
Há muitos incidentes sérios, com tais enganos de identidade, na história do nosso povo. Um
deles, especialmente, foi quando Israel pediu para Arão fazer o bezerro de ouro e identificá-lo
com o D-us de Israel, dizendo: "São estes, ó Israel, os teus deuses, (ou literalmente "Este é seu
D-us"), que te tiraram da terra do Egito". Quinhentos anos se passaram e uma outra enorme
tragédia aconteceu ao nosso povo quando o atraente, física e mentalmente, Absalão, persuadiu
o povo de Israel a segui-lo e a rejeitar seu pai, o rei Davi. Novamente centenas do nosso povo
pereceu por causa deste engano. A estória completa está registrada nas Escrituras Hebraicas
em 2 Samuel capítulos 17 e 18.
O ENGANO SOBRE A IDENTIDADE DO MESSIAS
Será que a maior parte do nosso povo poderia também cometer um engano ao identificar o
Messias?
Certamente
temos
cometido
erros
a
este
respeito.
A estória de Simão Bar Kosiba, que alegava ser o Messias em 135 d.C., é muito conhecida.
Durante muito tempo tínhamos só um conhecimento fragmentado dele, baseado numas
poucas moedas e algumas referências sobre ele no Talmud. Uma vez que ele também era
conhecido como Bar Kochba, alguns estudantes de História pensaram que este fosse o seu
verdadeiro sobrenome, o qual mais tarde foi mudado para Bar Kosiba, quando os líderes
judeus se convenceram de que ele não era o Messias (a palavra Kosiba pode estar relacionada
à raiz hebraica de koseb ou kozev, que significa mentira, mentir ou mentiroso). No entanto,
com os novos achados arqueológicos em Israel, incluindo uma quantia de cartas que Simon
Bar Kosiba escreveu a vários comandantes, sabemos com certeza que seu verdadeiro nome
era Simão Bar Kosiba - Simão da cidade ou município de Kosiba. Os líderes de Israel, no
entanto, ficaram tão impressionados com suas vitórias temporárias sobre os romanos e com
suas perseguições a aqueles judeus que criam em Jesus de Nazaré, que até mesmo a maior
autoridade rabínica daquele tempo, Rabi Akiba, referiu-se às Escrituras de Números 24:17 a
ele, onde as profecias de Balaão dizem: "Uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um
cetro que ferirá as têmporas de Moabe e destruirá todos os filhos de Sete".
A palavra hebraica para estrela é Kochab; conseqüentemente, os líderes judeus começaram a
se referir a este homem como Simão, a Estrela - Shimeon Bar Kochba. Quão amarga foi a
decepção deles a respeito deste homem a quem tanto admiraram até mesmo quando ele se
29
vangloriou ao dizer que não precisava da ajuda de D-us e que tudo o que ele queria de D-us
era que Ele não ajudasse seus inimigos! Somente depois de sua completa derrota que nossos
líderes judeus se deram conta de que o seu verdadeiro sobrenome, Bar Kosiba, deveria ter
sido um aviso para eles e seus olhos teriam sido abertos para a falsidade de suas alegações.
Talvez o Senhor Jesus o tivesse em mente quando advertiu Seus discípulos dizendo: "Eu vim
em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, certamente, o
recebereis" (João 5:43).
SERÁ QUE PODEMOS NOS ENGANAR NOVAMENTE?
Sim, podemos estar enganados novamente, especialmente se preferirmos seguir a visão
humana sobre o Messias em vez da visão revelada de D-us em Sua Palavra. A maioria dos
exegetas judeus ortodoxos segue a visão de Maimonides, o grande filósofo do século XIII. A
visão dele é de que os sinais do Messias são que Ele irá lutar as batalhas de Israel e ser
vitorioso e irá forçar os judeus a guardarem a Torah (Lei Mosaica) assim como foi
interpretado pelos rabinos (Halacha).
Neste caso, qualquer dos líderes militares israelitas bem sucedido poderia alegar ser o
Messias, sendo religioso.
Mas, não estaremos enganados se aceitarmos o pleno ensinamento da Palavra de D-us e
procurarmos pelos sinais do Messias. Eles são claros com relação à identidade do Messias. O
Messias deve cumprir a figura que os profetas desenharam dEle. Vamos alistar apenas alguns
exemplos:
O Messias deverá ter um nascimento sobrenatural como está registrado em Isaías 7:14:
Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho
e lhe chamará Emanuel (D-us conosco).
O Messias deverá nascer em Belém como foi profetizado por Miquéias em 5:2:
E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me
sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias
da eternidade.
O Messias deverá realizar obras sobrenaturais como previsto em Isaías 35:5-6:
Então, se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos; os coxos
saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; pois águas arrebentarão no deserto, e
ribeiros, no ermo.
O Messias deverá morrer como expiação pelo pecado como foi descrito em Isaías 53:5-8:
Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo
que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós
andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez
cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca;
como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores,
ele não abriu a boca. Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou?
Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele
ferido.
As mãos e os pés do Messias deverão ser perfurados como foi profetizado no Salmo 22:16:
Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me rodeia; traspassarem-me as mãos e os pés.
O Messias também deverá ser ressuscitado dentre os mortos como predito pelo rei Davi que
disse:
Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção. Tu
me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra,
delícias perpetuamente (Salmo 16:10-11).
O Messias deverá vir antes que o Segundo Templo seja destruído por Tito. O arcanjo Gabriel
esclareceu isto a Daniel quando revelou a ele o que aconteceria depois que o Messias viesse.
Então falou a Daniel:
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Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará; e o povo de um
príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário (9:26).
Os comentaristas que seguem a exegese de Rashi, onde a palavra hebraica Moshiach
(Messias) se refere ao rei Agripa, que morreu antes de Tito conquistar e destruir o templo,
confirmam que esta profecia deveria ser cumprida antes de 70 d.C. Mas não poderia ser o rei
Agripa! O arcanjo Gabriel, com certeza, não o nomearia com o título de Messias. Ele nem
mesmo era da semente de Davi, mas um descendente dos odiados Antipátride e Herodes, um
rei devasso que fazia tudo que podia para agradar aos romanos.
De acordo com as Escrituras, o Messias ganhará a obediência de grande proporção de não
judeus. Portanto, o patriarca Jacó predisse que:
O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Silo; e a ele
obedecerão os povos (gentios) (Gênesis 49:10).
Ele deverá ser uma Luz para os gentios conforme Isaías 49:5-6:
Mas agora diz o Senhor, que me formou desde o ventre para ser seu servo, para que torne a
trazer Jacó... a ele... Sim, diz ele: Pouco é o seres meu servo, para restaurares as tribos de Jacó
e tornares a trazer os remanescentes de Israel; também te dei como luz para os gentios, para
seres a minha salvação até à extremidade da terra.
Israel aceitará o Messias, "Aquele que foi traspassado":
E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o espírito da graça e de
súplicas; olharão para aquele que traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um
unigênito e chorarão por ele como se chora amargamente pelo primogênito (Zacarias 12:10).
A SOLUÇÃO DE SUA IDENTIDADE
Estas são apenas algumas das marcas de identificação do Messias descritas pelos profetas e
pelos patriarcas. Não deve haver agora mais nenhuma dúvida em sua mente de que estas
profecias foram totalmente cumpridas em Jesus de Nazaré. No decurso dos últimos dezenove
séculos, centenas de milhares do nosso povo chegaram a crer em Sua messianidade por causa
destas e outras provas. Milhões de gentios abandonaram seus ídolos de madeira e pedra e suas
filosofias feitas pelo homem e confiaram no D-us de Israel, nosso próprio Messias judeu, e
creram em nossas Escrituras judaicas, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.
Com certeza, este é o momento para nós clamarmos juntos com Seus primeiros seguidores
judeus, dizendo: "ACHAMOS AQUELE DE QUEM MOISÉS ESCREVEU NA LEI, E A
QUEM SE REFERIRAM OS PROFETAS: JESUS, O NAZARENO, FILHO DE JOSÉ"
(João 1:45).
O QUE É A TEOLOGIA DA SUBSTITUIÇÃO ?
A Teologia da Substituição é um enfoque sistemático enganoso da Bíblia, que não apenas tem
desviado milhões de cristãos ao longo dos anos, mas tem também originado o mal nas mais
terríveis proporções. Essa teologia teve sua participação na perseguição aos Judeus pela Igreja
através dos séculos, incluindo o Holocausto, e foi também o pensamento teológico que
pairava por trás do pesadelo do apartheid.
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A Teologia da Substituição declara que Israel, tendo falhado com Deus, foi substituida pela
Igreja. A Igreja é agora a verdadeira Israel de Deus e o destino nacional de Israel está para
sempre perdido. A restauração do moderno Estado de Israel é, assim, um acidente, sem
nenhuma credencial bíblica. Os cristãos que crêem que tal restauração é um ato de Deus, em
fidelidade à Sua aliança estabelecida com Abraão cerca de 4000 anos atrás são considerados
enganados. Esta é a posição básica dos adeptos dessa teologia.
Erros de pensamento:
A. O método de interpretação alegórico: a Teologia da Substituição efetivamente mina a
autoridade da Palavra de Deus pelo fato de que ela repousa sobre o método alegórico de
interpretação. Isto é, o leitor da Palavra de Deus decide espiritualizar o texto mesmo que o seu
contexto seja literal. Isto efetivamente rouba a Palavra de Deus de sua própria autoridade e o
significado do texto fica inteiramente dependente do leitor. A Palavra de Deus pode assim ser
manipulada para dizer qualquer coisa! Assim, a Teologia da Substituição apóia-se na falsa
base da interpretação bíblica.
B. Entendimento inadequado da Aliança: a Teologia da Substituição é apenas sustentada por
aqueles que não entenderam apropriadamente a natureza da aliança abraâmica. Esta aliança é
primeiramente mencionada em Gênesis 12:1-4 e depois disso repetidamente asseverada e
confirmada aos patriarcas. Essa aliança é a aliança da graça pois ela inclui a intenção de Deus
de redimir o mundo todo. Deus diz a Abraão: "Em ti todas as nações do mundo serão
benditas." A Aliança Abraâmica é uma aliança com três elementos vitais:
1. Ela declara a estratégia de alcançar o mundo através da nação de Israel.
2. Ela lega uma terra como uma possessão eterna à Israel.
3. Ela promete abençoar aqueles que abençoarem a Israel, e amaldiçoar aqueles que a
amaldiçoarem.
Importante que notemos aqui que se um elemento da aliança falhar então todos os elementos
também falharão. Assim, se as promessas de Deus para Israel já tiverem falhado, então
igualmente devem ter falhado as promessas dEle de abençoar o mundo. Se o destino nacional
de Israel foi perdido através de sua desobediência, então a Igreja também está arruinada! A
desobediência da Igreja tem sido tão grande quanto a de Israel nos últimos 2000 anos.
Ninguém pode negar isto! Paulo enfatiza este mesmo ponto quando ele escreve: "E digo isto:
Uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos
depois, não a pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a promessa. Porque, se a herança
provém de lei, já não decorre de promessa; mas foi pela promessa que Deus a concedeu
gratuitamente a Abraão." (Gál 3:17-18).
De acordo com os teólogos da substituição, esta aliança foi anulada. Somente uma
compreensão inadequada e superficial da aliança pode levar à tal conclusão enganosa.
As promessas à Israel nacional são constantemente reafirmadas pelos profetas. Desta forma,
Ele enfatiza a natureza de Seu caráter e confirma a aliança abraâmica. Um exemplo disto é
Jeremias 31:35-37: "Assim diz o Senhor, que dá o sol para a luz do dia, e as leis fixas à lua e
às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas; o SENHOR dos
Exércitos é o seu nome.
Se falharem estas leis fixas diante de mim, diz o SENHOR, deixará também a descendência
de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre. Assim diz o SENHOR: Se puderem
ser medidos os céus lá em cima, e sondados os fundamentos da terra cá em baixo, também eu
32
rejeitarei toda a descendência de Israel, por tudo quanto fizeram, diz o SENHOR."
Assim, novamente, o fato de que o sol, a lua e as estrelas ainda estejam conosco confirma a
contínua validade da aliança abraâmica e, como resultado, o destino nacional de Israel. Para
que a teologia da substituição seja válida, o sol e a lua devem também ser apagados.
A teologia da substituição zomba do caráter de Deus pois ela repousa sobre a premissa de que
se você falhar com Deus de qualquer maneira, Ele irá te descartar... mesmo que inicialmente
Ele tenha te asseverado que a Sua aliança com você é eterna. Isto soa como uma resposta
tipicamente humana e não como a do Deus da Bíblia.
Que nós sejamos fortemente estimulados
De acordo com o leitor do livro de Hebreus, sabemos que Deus será fiel conosco, porque
apesar da desobediência de Israel, Ele manteve fidelidade para com ela. Falando da aliança
abraâmica ele diz: "Por isso Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da
promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com juramento, para que, mediante
duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que
já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta; a qual temos por
âncora da alma, segura e firme, e que penetra além do véu, aonde Jesus, como precursor,
encontrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre. segundo a ordem de
Melquisedeque." (Hb 6:17-20).
Note novamente que podemos saber que Deus é fiel pelo fato de Ele ter sido fiel para com
Israel em tudo que Ele lhe prometeu. De fato, esta é a âncora de nossa alma.
 1. Deus não abandonou a nação ou o povo de Israel.
 2. Canaã é a terra de Israel até o dia de hoje.
 3. A Igreja não substituiu a Israel, mas a aumentou. Ef 2:11 e Rm 11:17-18.
 4. A restauração moderna de Israel é evidência da fidelidade de Deus às Suas
promessas e é também um forte encorajamento à Igreja.
 5. A restauração de Israel culminará no governo vindouro do Messias. Portanto, a
Igreja no mundo é capaz de preparar-se e de abençoar a Israel tanto quanto ela puder.
 6. A restauração de Israel à sua terra natal é o primeiro passo em direção à redenção de
Israel.
Para terminar, seria bom que notássemos uma citação do Bispo de Liverpool, o Rev. J.D.
Ryle: "Eu aviso que, a menos que vocês interpretem a porção profética do Velho Testamento
com um significado literal simples de suas palavras, vocês não acharão ser algo fácil manter
uma discussão com um judeu. Você se atreverá a dizer a ele que Sião, Jerusalém, Jacó, Judá,
Efraim e Israel não significam o que eles parecem significar, mas significam a Igreja de
Cristo?"
Rev. Malcom Hedding é diretor da Ação Cristã por Israel, baseada em Cape Town, África do
Sul. Ao longo dos anos, ele plantou um número de igrejas em toda a África do Sul. Ele viveu
em Jerusalém por três anos e serviu como pastor associado da Assembléia Cristã de Jerusalém
e como capelão da Embaixada Cristã Internacional. Ele escreveu quatro livros, o mais
conhecido sendo Compreendendo Israel. Malcom e sua esposa Cheryl têm três filhos e
residem em Durban, África do Sul, onde ele pastoreia a Assembléia Oliveira.
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“O ERRO EFRAIMITA” :
Um movimento alternadamente conhecido como “Efraimita”, “Restauração de Israel”, “Israel
- Duas Alianças” ou “Duas Casas” recentemente tem progredido em algumas áreas entre
ardentes cristãos sionistas. Os proponentes deste movimento argumentam que os membros
“nascidos de novo” do segmento da igreja cristã são, de fato, os atuais descendentes
sangüíneos dos ancestrais israelitas que foram exilados quando da invasão assíria de Israel em
722 a.C.
Entre os principais porta-vozes do movimento estão Batya Wootten e Marshall, a.k.a. Moshe
Koniuchowsky.
ANÁLISE: Método Lógico e Exegético
Batya Wootten e Moshe Koniuchowsky edificaram sua teologia da igreja, como o Israel
físico, em uma tipológica e gramaticalmente suspeita leitura das histórias bíblicas dos
patriarcas e da queda do Reino do Norte de Israel 722 a.C.
Começando com os patriarcas, Wootten argumenta que a promessa de Jacó a Efraim em
Gênesis 48:19 predisse a transformação de Efraim/Israel em gentios. Wootten alega que toda
vez que a palavra hebraica goy, é empregada, é uma referência a um gentio ou a uma nação
gentia.
Isto está incorreto. Na Bíblia hebraica e nos escritos dos apóstolos, enquanto a palavra goy
(Português: povo, nação; Grego: ethnos) pode se referir a uma nação gentia, ela pode
facilmente se referir à nação de Israel. O termo é usado para se referir a Israel ou ao povo
judeu em Êxodo 19:6; Dt 32:28 cf. 32:45; Josué 10:12-13; Is 1:4; 26:2; Jr 31:36, Sf 2:9.
Observe especialmente Jr 31:36: “Se falharem estas leis fixas diante de mim, diz o Senhor,
deixará também a descendência [lit. “semente”] de Israel de ser uma nação (goy) diante de
mim para sempre.” Nos Escritos Apostólicos gregos, a palavra ethnos refere-se ao povo judeu
em Lc 7:5; 23:2; Jo 11:48-52; 18:35; At 10:22; 24:2,10,17; 26:4; 28:19; 1 Co 10:18; Fp 3:5.
Portanto, o primeiro argumento, que goy ou goyim sempre é traduzido como gentio ou
gentios está obviamente incorreto.
Por causa deste erro, Wootten e Koniuchowsky argumentam que todas as bênçãos prometidas
aos descendentes físicos de Abraão e José são, na verdade, bênçãos prometidas aos gentios.
Mas, porque esta premissa está errada (de que goy sempre significa gentio), a conclusão
também está errada.
Pó da Terra:
Outro grande pilar deste ensinamento é que o Israel social e histórico, como é
tradicionalmente distingüido, possivelmente não pode cumprir as promessas de multiplicidade
física que seja igual a “areia do mar”, “o pó da terra” ou as “estrelas do céu”. Uma leitura tão
super-literalista destas frases, a qual rege o senso da interpretação deles, ignora o registro
escriturístico. Pois 2 Cr 1:9 diz claramente que o povo sobre o qual o rei Salomão reinava
[Israel] era “um povo numeroso como o pó da terra”. Is 10:22 também refere-se ao povo de
Israel sendo “como a areia do mar” em número. Reconhecer as hipérboles na Bíblia não
34
significa “espiritualizar” as promessas como Wootten e Koniuchowsky argumentam. É uma
questão de estar instruído sobre as convenções retóricas usadas pelos escritores bíblicos.
Universos Paralelos
O fundamental para as alegações de Wootten e Koniuchowsky é uma visão suspeita da
história. Wootten argumenta que as tribos israelitas do norte, que foram levadas cativas pela
Assíria em 722 a.C. foram “nunca mais... chamadas judias [itálico dela]”. Para ela, o exílio do
Reino do Norte transformou automaticamente aquele povo em gentio.
Wootten e Koniuchowsky esperam estabelecer que os súditos do ex-Reino do Norte não
poderiam possivelmente ser chamados de judeus, após o período pós-exílico em diante. Se
forem bem sucedidos, então eles esperam responder a questão de como D-us pôde permitir
que 10 das 12 tribos do povo de D-us fossem aniquiladas. A resposta óbvia para isto é que Dus não pode permitir tal coisa! Então eles esperam demonstrar que estas “tribos perdidas” são
de fato cristãos – que elas não estão totalmente perdidas, mas têm esperado por este
movimento profético final para revelar sua verdadeira natureza. Como Wootten afirma: “D-us
permitiu que elas ficassem perdidas entre as nações. Ele permitiu que elas se tornassem –
Israel gentílico [itálico dela].”
Wootten tenta fazer uma forte distinção entre o Judá pós-exílico e Israel citando Jeremias
quando diz: “a casa de Israel e a casa de Judá” (Jr 11:10). Baseada nesta citação, ela alega que
as duas “casas” eram distintas. Na verdade, enquanto há casos reais nos quais Efraim e Judá
são referidos separadamente, as Escrituras comumente usam os termos “Efraim” e “Judá”, ou
“Israel” e “Judá”, juntos, empregando os dois termos como um paralelismo – uma maneira
poética de falar sinonimamente dos dois grupos. Portanto, quando o salmista diz: “D-us é
conhecido em Judá; Seu nome é grande em Israel”, a intenção não é diferenciar Israel e Judá,
mas igualá-los.
"Todo Israel”
Apesar dos argumentos deles, a Bíblia nos conta que muitos dos súditos do Reino do Norte
reuniram-se ao Reino do Sul ambos antes e depois de seus povos serem exilados. Com base
nisto, as Escrituras fazem a declaração de que os judeus hoje representam “todo Israel”. O
termo, “Israel Gentílico”, usado por Wootten, é um oxymoron (paradoxismo?) em termos do
mundo bíblico de idéias. Jeremias 30:10 dirige-se aos judeus exilados (cf. Jr 29:1, 30-31) e
chama-os de “Jacó” e “Israel”. Jeremias 31:17-20 relata que Efraim se arrependeu (tempo
passado) e descreve Efraim lamentando-se pelos seus próprios atos. Esdras 2:70 fala sobre o
retorno dos exilados “...habitaram nas suas cidades; como também todo o Israel”. Zacarias
dirigiu-se aos mesmos medos-persas que retornaram como “Ó casa de Judá e ó casa de Israel”
(8:13; cf. 8:15) e os distingüiu do povo das nações (Zc 8:23). Portanto, não é correto
argumentar que as referências ao Judá pós-exílico são unicamente a Judá e não se aplicam a
Israel.
Aqueles que retornaram do exílio referem-se a eles mesmos tanto como judeus e como o povo
de Israel porque eles firmaram o reino teocrático de D-us centralizado em Jerusalém, a capital
dos ex-reinos do Israel unido e, mais tarde, Judá (Yehudah).
Portanto a frase “o povo judeu” tornou-se o título para todos de Israel. O termo judeu abarcou
todos aqueles que foram levados cativos no tempo do exílio na Babilônia, tanto ex-israelitas e
judaítas, “o remanescente de Israel” (Jr 31:7. Cf. Jr 50:33; Ne 12:47; Dn 9:11; Lm 2:5). No
tempo em que o livro de Ester foi escrito, o termo judeu, derivado de Judá, poderia referir-se a
alguém da tribo de Benjamim (Et 2:5). No livro apócrifo grego de Tobias 11:17, numa clara
referência aos exílios assírios, declara: “Daquele dia em diante houve regozijo entre todos os
judeus que se encontravam em Nínive”.
Esta designação tornou-se tão difundida que durante o período helenístico, o termo judeu
identificava todos aqueles que fizeram parte das ex-tribos que se encontravam na diáspora e
35
aqueles que afirmavam um determinado sistema religioso. O argumento de Wootten, de que
os israelitas do norte nunca “foram chamados de judeus” é falso.
Israel na Era Apostólica
Os Escritos Apostólicos refletem o uso helenístico. Em Atos, Pedro refere-se aos membros da
sua platéia judaica como “toda a casa de Israel” (At 2:36; cf. 4:10; 5:21; 10:36; 21:28). Em
Atos 13:24, João proclama seu batismo de arrependimento “a todo o povo de Israel”. Sua
platéia era consistida de judeus. Em Atos 26:7, Paulo refere-se à esperança de “nossas doze
tribos” com nenhuma referência a Efraim. Lucas 2:36 menciona Ana como sendo da tribo de
Aser. Paulo declara-se, ele mesmo, como membro da tribo de Benjamim (Rm 11:1; Fp 3:5).
No entanto, alguns membros de tribos não-judaicas ainda mantêm uma memória de suas
filiações tribais originais. Yeshua declara que seus discípulos irão sentar-se nos doze tronos
julgando as doze tribos de Israel (Mt 19:28; Lc 22:30). A função deles aqui é de
representantes de todas as doze tribos.
Na verdade, os Escritos Apostólicos não fazem qualquer menção ao ajuntamento dos
efraimitas perdidos. Pelo contrário, eles retratam a inclusão de gentios como um novum, um
movimento inesperado na história da redenção, chegando até a presente era final da redenção
de D-us.
Em Romanos 11:7-14, Paulo declara que a salvação veio aos gentios para deixar Israel com
ciúmes. Se os crentes gentios são Israel, então como pode Israel deixar Israel com ciúmes?
Observe que enquanto Paulo faz uma clara distinção por todos os seus escritos entre gentios e
judeus, ele refere-se a Israel e ao povo judeu alternadamente.
A mensagem efraimita enfraquece o grande poder das declarações dos Escritos Apostólicos.
Ela tenta mudar a mensagem de esperança e conforto para todos os povos desconsiderando
sua herança, desconsiderando sua posição na vida, transformando-a em racista e num plano de
salvação baseado na raça, para aqueles com as linhagens sanguíneas apropriadas.
Quem é Israel?
Wootten e Koniuchowsky dão uma evidência contraditória sobre como todos os crentes
cristãos, através da história, poderiam ser fisicamente descendentes de Israel. Outras vezes
eles admitem que possa realmente existir “talvez alguns gentios verdadeiros” entre os crentes.
Ou eles denominam os seguidores crentes de Yeshua “uma outra facção do judaísmo”, sem
nenhuma explicação de como eles possam ser uma facção do judaísmo e não judeus!
Mais adiante Wootten confunde as coisas declarando que os gentios se tornaram efraimitas só
no momento quando eles se tornaram “enxertados” na oliveira de Israel e não antes disso.
Desta forma nós vemos rústicas contradições no esforço de explicar como não-judeus cristãos
hoje podem ser descendentes naturais de antepassados israelitas.
E a genealogia? Será estatisticamente possível que cada um, na terra, seja descendente de um
homem? Só se ninguém além de Abraão tivesse tido descendentes que sobreviveram –
fazendo Abraão o “novo Adão”. Intuitivamente reconhecendo a falha neste argumento,
Wootten desesperadamente tenta outro ângulo, argumentando que os seguidores de Yeshua,
hoje, embora considerados gentios, são na verdade, descendentes físicos daqueles primitivos
crentes judeus e samaritanos. Assim, os descendentes de judeus, que não são efraimitas, de
acordo com a própria definição de Wootten, têm, de alguma forma, se tornado efraimita. Isto
não é só inerentemente contraditório como é estatística e historicamente insustentável.
Finalmente, como poderemos ver, Wootten e Koniuchowsky alegam que estes descendentes
são encontrados principalmente no Oeste. Contudo, se alguém seguir esta lógica, se algum
cristão hoje puder alegar ser descendente físico dos primitivos seguidores judeus de Yeshua,
deveriam ser cristãos descendentes dos norte-africanos, sírios e palestinos, todos povos nãobrancos. No entanto, veremos que Wootten e Koniuchowsky enfocam suas esperanças
principalmente no povo branco, reservando somente ameaças de aniquilação para os
palestinos e outros desta região.
36
Finalmente, Wootten e Koniuchowsky protestam repetidamente que seus argumentos à
herança israelita são físicos e não espirituais. No entanto, as bases para seus argumentos são
muitas vezes totalmente subjetivas – quando “você sabe em seu conhecedor”, como
argumenta Wootten. Ela não pode ter os dois ao mesmo tempo. Ou é físico ou é espiritual.
Wootten faz ambas controvérsias, mas finalmente ela rejeita o ângulo espiritual e baseia seus
argumentos em alegações com bases físicas e raciais.
Esta pseudo-genealogia que Wootten e Koniuchowsky criaram é uma genealogia desesperada
e planejada – uma que existe se você “a conhece” em seu coração. Isto difere drasticamente
dos grupos de parentesco do Israel sócio-histórico, o qual tem repartido memórias públicas
que são sustentadas por uma rica história de literatura, arqueologia e evidência epigráfica.
Paralelos do Anglo-Israelismo e Teoria Racial
De onde vieram estas idéias de Wootten e Koniuchowsky? As fontes que eles dão são poucas.
Koniuchowsky cita Yair Davidy como uma fonte principal, mas atribui a ele poucas citações
específicas. Nem ele, nem Wootten, faz qualquer menção de suas fontes ou da dependência de
Davidy de uma outra fonte provável, os escritos produzidos durante e depois do movimento
do século XVIII chamado Anglo-Israelismo ou Israelismo Britânico. E é por uma boa razão
que estas fontes não são mencionadas tanto quanto são populares em alguns grupos antisemitas americanos pelas suas reivindicações raciais e pró-brancos em ser Israel. Wootten e
Koniuchowsky fazem as mesmas reivindicações raciais e pró-brancos.
Alistarei vários paralelos que vão contra seus argumentos. Ambos os grupos (Anglo-Israelitas
e Efraimitas) construíram suas teorias na mitológica estória das dez “tribos perdidas” do
Reino do Norte. Ambos os grupos puseram uma grande confiança em etimologias suspeitas e
elaboradas de palavras inglesas baseadas no hebraico. Ambos os grupos reivindicam um
status superior de “primogênitura” supondo ser descendentes de Efraim. Ambos compartilham
uma hostilidade inata contra o Catolicismo Romano e o Judaísmo. Ambos proclamam que o
ensinamento que eles propõem é um “mistério” revelado somente através de seus professores.
Ambos argumentam que as tribos perdidas migraram para áreas onde eles eventualmente se
tornaram conhecidos como Saxões.
Ambos os grupos fazem menção da nobreza dos Anglo-Saxões como evidência para sua
bíblica herança israelita.
Supremacia Branca
O que tem de mais preocupante sobre as teorias Anglo-Israelita e as “Duas Casas” é o
elemento racial encontrado em ambos. Ambos focalizam-se principalmente na “raça” anglosaxônica. Wootten utiliza outros termos raciais tais como: “linhagem israelita”. A
preocupação dela é a “dissolução da linhagem”. Ela se refere aos judeus hoje como “judeus
biológicos”.
Contudo, o relacionamento entre D-us e Israel não é racial. O povo sócio-histórico de Israel
nunca reivindicou prioridade racial como a base para a aliança de relacionamento com D-us.
A identidade judaica está baseada, não em deliberações raciais, mas numa memória
compartilhada comum e em escolha.
A mesma exegese, as mesmas etimologias elaboradas, as mesmas histórias construídas, o
mesmo foco racial branco anglo-saxônico, os mesmos argumentos contra a igreja e os judeus
– os paralelos são inconfundíveis e inegáveis. Wootten e Koniuchowsky construíram suas
“Duas Casas” na mutável areia da teologia Anglo-Israelita. As preocupações que isto traz para
os judeus; sejam messiânicos, rabínicos ou seculares e para os cristãos não-judeus são
evidentes.
37
Elementos Anti-Judaicos na Teologia das “Duas Casas”
Com certeza Wootten e Koniuchowsky não são anti-judeus declarados. Mas suas palavras
freqüentemente ecoam e possuem o mesmo efeito daquelas das pessoas que odeiam os judeus.
No entanto, apesar do fato de que Koniuchowsky afirmar ser judeu (nós não verificamos isto),
e apesar de seus vigorosos protestos, há mesmo um grau muito grande de retórica anti-judaica
em seus argumentos e nos argumentos de Wootten. Seguindo o que tem se tornado um típico
motivo entre as críticas cristãs aos judeus, Wootten acusa os judeus messiânicos de
“sentimentos de superioridade”, por crerem que eles são “Duas Vezes Escolhidos” e por
terem um “orgulho racial falso”. A causa dos “judeus cegos”, um padrão de postura da
retórica dos cristãos anti-judeus, também se encontra lá. Wootten declara: “Eles não podem
ouvir. Eles não podem ver. Até que o Senhor tire o véu...” Ela repreende os judeus, exigindo
que eles “têm que aceitar” o ponto de vista dela. Wootten e Koniuchowsky exigem que a
visão para o Judaísmo Messiânico hoje seja ajustada. Wootten argumenta que só quando os
judeus seguirem o ensinamento dela é que eles serão obedientes a Deus, “pois só então”, ela
promete, “vocês serão o que o Pai os chamou para serem...”
Com uma ironia que Koniuchowsky parece estar desapercebido, ele se refere à sua solução
para o problema do relacionamento entre cristãos e judeus como “a solução bíblica final”. Nós
não necessitamos de uma outra “solução final”. O povo judeu mal sobreviveu da última.
Nisto, Wootten e Koniuchowsky, em seus magníficos argumentos para terem resolvido o
assunto do orgulho racial, simplesmente trocaram um velho argumento racial com um novo.
Para eles, raça e “linhagem” é o fator determinante.
Perigos do Movimento
As palavras de Wootten e Koniuchowsky trazem à tona a mais alta preocupação quanto às
imagens que eles constroem para o futuro. Juntamente com seus argumentos em ser o Israel
físico, eles esperam um dia dominar 10/12 do território das antigas fronteiras das tribos de
Israel. Eles criam um “inimigo” que inclui judeus que agora vivem em regiões uma vez
ocupadas pelos antigos grupos tribais, as quais, eles afirmam, agora pertencem aos efraimitas.
Para os palestinos, eles esperam erradicação total. Nas páginas dos escritos tanto de
Koniuchowsky quanto de Wootten encontram-se uma forte suposição, às vezes declarada
implicitamente, outras vezes explicitamente, que a terra pertence a eles (juntamente com o
povo judeu, cuja porção, eles argumentam, deveria ser limitada a 2/12 do território de Israel).
Para os proponentes das “Duas Casas”, a terra de Israel é “a terra deles”.
Aqui, novamente, “tal pai tal filho”. Tradicionalmente, o pensamento Anglo-Israelita também
tem incluído uma expectativa de que a terra seria deles como o Israel físico. Isto nos traz à
memória as Cruzadas dos 11º ao 13º séculos que também, baseadas nos argumentos de serem
descendentes de Israel, buscaram o seu “legítimo lugar” como habitantes da terra através de
conquista e batalha.
38
Yeshua, Hayehudi (Jesus, o judeu):
Geralmente é uma grande surpresa para a maioria dos cristãos e judeus perceber que Jesus, a
figura central da fé cristã, nunca foi cristão e nunca pertenceu a uma igreja cristã. Pelo
contrário, durante toda a sua vida, Jesus (cujo nome hebraico era Yeshua) não foi outra coisa
senão um judeu. Ele nasceu como judeu e viveu e morreu como tal. Todos os eventos de sua
vida, morte e ressurreição, narrados nos evangelhos e no primeiro capítulo do livro de Atos,
ocorreram bem antes do início da igreja institucionalizada e, portanto, dentro do judaísmo de
sua época.
Hoje, o reconhecimento da natureza judaica de Yeshua, sua vida e ensinamentos tem
produzido um profundo impacto sobre as perspectivas judaica e cristã sobre ele e sobre a
mensagem do Novo Testamento. As últimas décadas têm visto um número crescente de
estudos e obras que desafiam as compreensões tradicionais cristã e judaica sobre o assunto.
Surge um movimento crescente, em ambos os lados, que busca revisar os pontos de vista
tradicionais, defendendo que nossa compreensão sobre Yeshua, sua pessoa e sua mensagem
deve ser reformulada.
Um judeu praticante
Mesmo através de uma pesquisa superficial da vida e da mensagem de Yeshua, percebe-se a
profundidade de seu judaísmo. Nascido de uma mãe judia, ele era judeu segundo os padrões
mais ortodoxos. Como qualquer menino judeu, ele foi circuncidado aos oito dias de idade
(Lucas 1:21; cf. B‟reshit [Gênesis] 17:12). Ele recebeu seu nome em sua cerimônia de brit
milá (circuncisão), segundo o costume judaico que se mantém até hoje. Como filho
primogênito judeu, ele foi levado a Jerusalém por seus pais para ser resgatado por meio da
cerimônia de pidyon-haben, “como está escrito na Torah de Adonai: „Todo primogênito do
sexo masculino deve ser consagrado a Adonai‟” (Lucas 2:23; cf. B‟midbar [Números] 3:1213, 45-51; 18:16). [1]
No relato da vida de Yeshua, encontramos também a mais antiga referência histórica à
cerimônia judaica de Bar Mitzvá (a celebração da maioridade religiosa de um menino judeu).
Aos 12 anos de idade, ele foi a Jerusalém para participar da celebração religiosa de Pessach
(“Páscoa”) como membro adulto da comunidade, e se engajou na discussão sobre a Torá com
alguns líderes religiosos de Jerusalém (Lucas 2:41-52). O registro reflete uma prática muito
antiga dessa cerimônia porque, embora a idade para Bar Mitzvá geralmente seja 13 anos, em
algumas comunidades orientais antigas, como a comunidade sírio-judaica de Alepo e
Damasco, se um menino fosse considerado muito religioso e avançado em seus estudos da
Torá, ele realizava seu Bar Mitzvá com a idade de 12 anos em vez de 13.
39
Como judeu praticante, Yeshua usava tzitzit (“borlas”) nos cantos da sua roupa como lembrete
de que havia tomado sobre si o dever de honrar a Lei de Deus (veja Mattityahu [Mateus] 9:20;
Marcos 27; Lucas 8:44; cf. B‟midbar [Números] 15:37-41). No dia de Shabbath era seu
costume ir à sinagoga, e ele tomava parte ativa nas cerimônias, lendo os rolos bíblicos e
apresentando a derashá (“sermão”, Lucas 4:16-21). Durante as festividades religiosas
judaicas, ele costumava ir a Jerusalém e participar das celebrações do Templo. [2]
Um rabino judeu
Os evangelhos descrevem seu ministério de três anos e meio como rabino itinerante
(Mattityahu [Mateus] 4:23-25). Ele foi reconhecido como rabino por seus contemporâneos:
Nicodemos, um importante membro do Sinédrio (o conselho governante judaico da época),
que o chamou para conversar (Yochanan [João] 3:2); e da mesma forma muitos dos seus
discípulos (Yochanan [João] 2:38; 11:28, 20:16). Seus ensinamentos eram destinadas a ajudar
as pessoas a cumprir a Torá e viver uma vida de dedicação a Deus e à Sua Palavra. No início
de seu ministério, ele ensinou: “Não pensem que vim abolir a Torah ou os Profetas. Não vim
abolir, mas completar. Sim, é verdade! Digo a vocês: até que os céus e a terra passem, nem
mesmo um yud ou um traço da Torah passará […]. Portanto, quem desobedecer à menor
dessas mitzvot e ensinar outras pessoas a agirem da mesma forma será chamado „menor‟ no
Reino do Céu. Mas quem obedecer a elas e ensinar dessa forma será chamado „maior‟ no
Reino do Céu” (Mattityahu [Mateus] 5:17-19).
A maneira de Yeshua orar era judaica, como pode ser visto em sua oração
modelo (Mattityahu [Mateus] 6:9-13). As palavras de abertura: “Pai nosso que estás no céu”
(em hebraico, Avinu she-ba-shamayim), são parte de muitas orações judaicas. Outros
elementos dessa oração têm muitos paralelos próximos com duas das principais orações
judaicas que sobreviveram aos séculos: o Kadish e a Amidá. Assim como no Kaddish e na
Amidá, na oração de Yeshua, por exemplo, o nome de Deus é santificado e louvado, há um
pedido para a vinda do Seu reino e para que Sua vontade seja feita. Na verdade, a mesma
forma verbal aparece no início do Kaddish e na oração do Pai-nosso: Itqaddash
Shemeh/Shimcha (“santificado seja o Seu/Teu Nome”).
A morte de Yeshua também aconteceu dentro do contexto judaico da turbulência política
presente na terra de Israel em seus dias. Como um grande número de seus irmãos judeus, ele
sofreu a morte violenta por crucificação nas mãos do poder romano ocupante. Sua crescente
popularidade entre o povo da terra, sua entrada triunfal em Jerusalém, quando as multidões de
peregrinos judeus o saudaram com os títulos messiânicos de “Filho de Davi” e “Bendito o que
vem em nome de Adonai”, e sua atitude severa em relação à liderança corrupta do Templo de
Jerusalém (Mattityahu [Mateus] 21:1-17) selaram a oposição daqueles que estavam
envolvidos com o poder romano e não tinham nenhuma simpatia por ele. Eles precisavam
detê-lo antes que esse movimento messiânico popular saísse de controle e se tornasse uma
ameaça à situação política (veja Yochanan [João] 11:45-56). Assim, ele foi acusado de crime
contra a Lex Julia Laesae Majestatis, a lei romana que proibia qualquer pessoa de pretender
qualquer título real ou posição dentro do território do Império Romano. O único rei da Judeia,
por lei, era Tibério César. A pena para tal crime era a morte. E assim Yeshua foi crucificado,
com a acusação de seu crime afixada sobre a sua cruz: “Yeshua de Natzeret, o rei dos judeus”.
Um movimento judaico
O crescente movimento de reconhecimento messiânico de Yeshua foi um importante
fenômeno da fé judaica na época. Desde o seu nascimento, judeus muito piedosos e religiosos
reconheceram nele o Messias judeu. Para Zecharyá HaKohen, o nascimento de Yeshua foi o
cumprimento das promessas de Deus aos pais e a prova de que Ele havia Se lembrado da Sua
santa aliança (Lucas 1:68-73). Shimon, o Ancião, provavelmente um dos primeiros rabinos
que aparecem no tratado de sabedoria judaica Pirkei Avot (“Ditos dos pais”), orou sobre ele
dizendo: “[…] Tua yeshu„ah [salvação/Jesus], que preparaste na presença de todos os povos –
40
uma luz que levará para revelação aos goyim e glória a Teu povo Yisra‟el” (Lucas 2:30-32).
[3]
Durante sua vida multidões de judeus o seguiram (Mattityahu [Mateus] 4:25; 8:1; 9:35-38).
Muitos judeus influentes e membros do Sinédrio o admiravam e alguns eram seus discípulos
secretamente (Yochanan [João] 3:1-21; 7:50-52; 19:38-39). Em sua entrada triunfal em
Jerusalém, ele foi recebido por multidões como profeta e até como o “Filho de Davi”
(Mattityahu [Mateus] 21:1-11). Sua prisão, julgamento e condenação precisaram ser
realizados à noite por medo de que provocassem uma revolta entre o povo, que o admirava e
seguia (Mattityahu [Mateus] 26:3-5; Lucas 22:1-6). Nos anos que se seguiram, o número de
judeus que o reconhecerem como o Messias aumentou mais e mais (Atos 4:4; 5:14; 6:7; 9:35)
até que, em meados do primeiro século da Era Comum havia, apenas na área de Jerusalém e
arredores, “dezenas de milhares” de judeus que acreditavam em Yeshua como o Messias
(Atos 21:17-20). De fato, antes da destruição de Jerusalém em 70 E.C., esse movimento
messiânico se tornou o maior grupo religioso dentro do judaísmo. Seus membros viveram e
proclamaram, tanto a judeus como a gentios (Atos 1:8; Romanos 1:17), sua crença em Yeshua
como o Messias ressuscitado.
Se Yeshua viveu como judeu e foi tão popular entre os judeus, por que esse movimento
messiânico perdeu a ligação com suas raízes e contexto religiosos? Por que Yeshua, o judeu,
tornou-se um estrangeiro para seu próprio povo? A história desse desenvolvimento trágico
começou no século II E.C. e é muito longa e complexa para ser abordada aqui. No entanto, o
que estamos vendo atualmente é a volta de Yeshua para casa. E, com ele, ressurge a esperança
de que está sendo preparado o caminho para que nós também, judeus e cristãos, nos voltemos
um para o outro e vivamos como irmãos de uma fé comum no Deus de Israel. [4]
Zman Simchatenu – Tempo da Nossa Alegria!:
A festa de Sucôt (Tabernáculos ou Tendas) é a maior das festas bíblicas. Ela é a única festa
que é chamada de “A Festa” (Lv 23:39) e com certeza é a festa bíblica com maior significado
profético. Durante as bênçãos de Sucot, declaramos: “Zman Simchatenu” – Tempo da nossa
alegria! Vejamos o mandamento divino para Israel:
“Porém aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido do fruto da terra,
celebrareis A FESTA do SENHOR por sete dias; no primeiro dia haverá descanso, e no
oitavo dia haverá descanso. E no primeiro dia tomareis para vós ramos de formosas árvores,
ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas, e salgueiros de ribeiras; e vos
ALEGRAREIS perante o SENHOR vosso Deus por sete dias. E celebrareis esta festa ao
SENHOR por sete dias cada ano; estatuto perpétuo é pelas vossas gerações; no mês sétimo a
celebrareis. Sete dias habitareis em tendas; todos os naturais em Israel habitarão em tendas;
Para que saibam as vossas gerações que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas, quando
os tirei da terra do Egito. Eu sou o SENHOR vosso Deus.” (Lv 23:29:43)
As pessoas devem entender que os mandamentos do Eterno não são apenas alegorias
espirituais que nos ensinam sobre a natureza de Deus. Mais do que isso, são ações literais cujo
preparo e cumprimento também nos ensina maravilhas sobre o amor e a fidelidade de Deus.
Assim, conforme o mandamento que é “estatuto perpétuo”, durante os dias de Tabernáculos
construímos tendas em nossos jardins e/ou varandas. Estas tendas são decoradas com
elementos naturais e frutas, bem como com os nomes de nossos “convidados especiais”, ou
como dizemos em aramaico, “Ushpizin” – Abraão, Isaque, Jacó, José, Moisés, Arão e Davi,
homens de Deus que nos lembramos no tempo em que estamos no interior da Sucá (tenda).
41
Tabernáculos é tempo de recebermos convidados e nos alegrarmos na presença de Deus. As
quatro espécies de vegetais (arba minim) também são utilizadas até hoje durante os serviços
matinais de Tabernáculos e representam um grande paralelo com o povo judeu e até mesmo
com a Igreja!
Judeus cohanim recitam a benção aaronica em Jerusalém durante Sucôt
Atualmente não dormimos na Sucá (apesar dos mais novos se aventurarem), mas comemos
nossas refeições em seu interior, contemplando os céus e nos lembrando de como somos
“temporários” como a Sucá, nossa habitação temporária. Tabernáculos nos lembra que somos
totalmente dependentes do Eterno. Não foi à toa que o Eterno escolheu justamente os meses
de setembro/outubro para a celebração desta festa. Estes meses são meses de chuva em Israel
e este aspecto da incerteza se teremos chuva ou não, faz com que nos sintamos ainda mais
dependentes dEle.
Ainda mais devido ao fato do teto da Sucá ser semi-aberto, composto de palmeiras! Deus é
perfeito! A água também é um elemento muito importante durante Sucôt. Até o ano 70 d.C.,
havia uma cerimônia maravilhosa no último dia da Festa, em que o sumo sacerdote buscava
água na fonte de Siloé, e seguido de uma procissão em júbilo, derramava esta água no altar no
interior do Templo em Jerusalém. Neste momento, o sumo sacerdote entoava em alta voz os
versos finais do Salmo 118: “Esta é a porta do SENHOR, pela qual os justos entrarão.
Louvar-te-ei, pois me escutaste, e te fizeste a minha salvação (Yeshuati). A pedra que os
edificadores rejeitaram tornou-se a cabeça da esquina. Da parte do SENHOR se fez isto;
maravilhoso é aos nossos olhos. Este é o dia que fez o SENHOR; regozijemo-nos, e
alegremo-nos nele. Salva-nos (Hoshiana), agora, te pedimos, ó SENHOR; ó SENHOR, te
pedimos, prospera-nos. Bendito aquele que vem em nome do SENHOR; nós vos bendizemos
desde a casa do SENHOR. Deus é o SENHOR que nos mostrou a luz; atai o sacrifício da
festa com cordas, até às pontas do altar. Tu és o meu Deus, e eu te louvarei; tu és o meu
Deus, e eu te exaltarei. Louvai ao SENHOR, porque ele é bom; porque a sua benignidade
dura para sempre.” (Sl 118:20-29).
42
Típica Suká (Tenda) montada nas varandas das casas judaicas ao redor do mundo
Sei que vocês já perceberam que foi exatamente neste dia, durante esta oração do sumo
sacerdote com as multidões reunidas no Templo, que Yeshua declarou em alta voz: “Se
alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água
viva correrão do seu interior!” (Jo 7:37-38). Uau!!! Emociono-me só de imaginar a cena!
Yeshua desafia as multidões e se revela como o Messias de Israel, fazendo uma alusão direta
ao texto de Isaías cap 12 e também ao Salmo 118! Quando ele diz: “…como diz a
Escritura…”, ele se referia exatamente ao texto do Salmo 118 que exaltava ao Messias, o
Ungido de Deus. Exatamente quando o povo clamava pelo Messias, Yeshua se revela em
autoridade e poder como o Ungido de Deus!
Tabernáculos fala do Messias e do futuro próximo, onde as nações subirão a Jerusalém para
adorar ao Eterno durante estes dias (Zc 14:16). Durante Tabernáculos também era costume o
chefe da nação (Rei, Juíz ou Profeta), ler em público o livro de Deuteronômio (Devarim).
Assim, peregrinos de Israel e de todas as nações aprenderiam sobre as proezas do Senhor e
sobre a Sua Lei para a cumprir! (Dt 31:10). Para isso as nações subiriam a Jerusalém em
Tabernáculos, para adorar e APRENDER sobre a LEI do Senhor!
Celebremos pois esta alegre e profética Festa, declarando que no Mashiach Yeshua o Eterno é
representado e adorado em nosso meio, habitando em nossos corações!
43
Tishá be Av – Lamento e Arrependimento:
Chorarei eu no quinto mês, fazendo abstinência, como tenho feito por tantos anos?” – Zc 7:3
Tishá be Áv (dia 9 do mês de Av) é o segundo jejum mais importante do calendário judaico.
Neste dia, jejuamos e lamentamos por vários eventos que trouxeram calamidade para o nosso
povo, que por coincidência ou não, ocorreram todos no mesmo dia, no 9° dia de Av.
Geralmente este dia cai no início do mês de AGOSTO, no calendário gregoriano. Vemos em
algumas referências da Tanách (como Zc 7:3), que neste dia já era costume o jejum e o
lamento. Também o Talmud (Taanit 29a) e a Mishná (Taanit 4:6), fazem referência ao Tishá
be Áv. Lamentamos e nos lembramos dos seguintes eventos que ocorreram neste dia:
– O relatório catastrófico dos espias enviados por Moisés além do Jordão (que fez com que Dus punisse o povo com a proibição da entrada em Canaã) – Nm 13;
– A Destruição do 1° e do 2° Templos em Jerusalém (586 a.C e 70 d.C)
– A derrota da revolta de Bar Kochba e a destruição de Jerusalém (135 d.C)
– O Decreto de Alhambra, promulgado em 31 de março de 1492, ordenando que todo judeu
deixasse o território espanhol até 31 de julho de 1492, dando início ao terrível período
inquisitorial (31 de julho de 1492 equivale a 9 de Av).
– Também nos lembramos do período das Cruzadas e do Holocausto, onde grande parte do
povo judeu pereceu.
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Neste dia fazemos um jejum completo, como em Yom Kippur. Também há o costume de
sentarmos em cadeiras baixas ou deitarmos no chão, como fazemos em Shivá (primeiros 7
dias de luto por um familiar). Não usamos peças de roupas de couro, não nos lavamos nem
fazemos a barba. Tudo para que 9 de Áv seja lembrado com grande tristeza. Neste dia, nem
sequer saudamos as pessoas com palavras; apenas inclinamos a cabeça. A área do Kotel fica
intransitável, e grande parte das pessoas que vem aqui dormem no chão, passando a noite
lendo o Livro de Lamentações, o livro de Jó e o Kinnot (poemas de lamento). Este é o único
dia no qual colocamos uma cortina preta sobre o Aron Há Kodesh e a Torá não é estudada.
Tishá be Av é um dia de grande luto para o judeu.
Destruição do 2° Templo em Jerusalém (Francesco Hayes)
Caminhando neste dia pela esplanada do templo e, sentado ao chão, leio as palavras do
profeta Jeremias. Sou tomado de grande tristeza ao vislumbrar as grandes tragédias que as
nações nos causaram. Nós, que deveríamos ser LUZ, ser Bênçãos para os gentios, nos vemos
odiados, rejeitados e perseguidos. Mas a grande tristeza invade o meu coração quando vejo
que muitas destas catástrofes poderiam ter sido evitadas se nós, como povo de Israel,
tivéssemos dado mais atenção aos princípios do Eterno, obedecido e guardado profundamente
em nosso coração os mandamentos do Eterno.
Vejo Israel nestes dias e me preocupo. Leio as palavras de Zacarias e tento aplicá-las no
tempo presente:
“Fala a todo o povo desta terra, e aos sacerdotes, dizendo: Quando jejuastes, e pranteastes,
no quinto (Av) e no sétimo mês (Tishrei), durante estes setenta anos, porventura, foi mesmo
para mim que jejuastes? Ou quando comestes, e quando bebestes, não foi para vós mesmos
que comestes e bebestes? Não foram estas as palavras que o SENHOR pregou pelo ministério
dos primeiros profetas, quando Jerusalém estava habitada e em paz, com as suas cidades ao
redor dela, e o sul e a campina eram habitados? E a palavra do SENHOR veio a Zacarias,
dizendo: Assim falou o SENHOR dos Exércitos, dizendo: Executai juízo verdadeiro, mostrai
piedade e misericórdia cada um para com seu irmão. E não oprimais a viúva, nem o órfão,
nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um, em seu coração, o mal contra o seu
irmão. Eles, porém, não quiseram escutar, e deram-me o ombro rebelde, e ensurdeceram os
seus ouvidos, para que não ouvissem. Sim, fizeram os seus corações como pedra de diamante,
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para que não ouvissem a lei, nem as palavras que o SENHOR dos Exércitos enviara pelo seu
Espírito por intermédio dos primeiros profetas; daí veio a grande ira do SENHOR dos
Exércitos”. (Zc 7:5-12)
Sim caros leitores, este é um dia de lamento, um dia de luto. Mas este deveria ser também um
dia de arrependimento para nós (Israel) e para as nações. Para as nações pelas catástrofes
causadas ao povo escolhido de Deus (quantas destas calamidades ocorreram por ordenança da
Igreja? Quanta perseguição e intolerância os cristãos já demonstraram ao povo de Israel nestes
2000 anos de história?). Este é um dia para a Igreja e os povos da Terra arrependerem-se
perante Deus e perante o povo judeu pelas atrocidades cometidas.
Em Yom Kippur nos arrependemos dos pecados cometidos como nação contra o Eterno. Em
Tishá be Av deveríamos nos arrepender pela desobediência aos mandamentos do Eterno, que
segundo ELE mesmo nos admoestou, traria calamidades sobre nós. Muitos dizem que a
diáspora judaica já acabou e que agora todo judeu tem um Estado pronto para acolhe-lo. Mas
eu digo que o judeu hoje em Israel ainda sofre uma diáspora ainda pior do que a física: há
aqui uma diáspora espiritual! Ou seja, cada vez mais a sociedade israelense se esquece de
quem é, de onde veio, e para onde vai. Cada dia mais vejo as pessoas mais distantes do Deus
de Israel, preocupando-se mais em serem uma nação como as nações da Terra.
Área do Kotel (Muro Ocidental) durante Tishá be Av
Bem, Israel não é qualquer nação e eu não sou qualquer pessoa. Sou judeu e minha obrigação
para com Deus e para com este planeta é ABENÇOAR, é ser LUZ e BÊNÇÃO, ensinando e
cuidando para que os homens conheçam ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó e guardem os Seus
preceitos! Orem meus queridos irmãos, para que Israel desperte de seu sono profundo; para
que o véu que falou o profeta Isaías seja removido do rosto de meus compatriotas, para que
voltem-se para a Torá e para os Profetas, reconhecendo o Messias a quem rejeitaram no
passado. Que possamos todos a uma só voz declarar em tempo breve e oportuno: “Baruch Há
Bá Be Shem Adonai” – Bendito é o que Vem, em nome do Senhor! Ao término da leitura de
Lamentações durante Tisha be Av, todos ficamos de pé e entoamos em uma só voz: Chadesh
iameinu ke kedem. Renova os nossos dias, como nos dias da antiguidade!
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Onde está a Arca da Aliança?
Um dos maiores desejos de arqueólogos de várias partes do planeta e de várias épocas da
história é descobrir o paradeiro da Arca da Aliança. Ao longo da história moderna, várias
foram as notícias sobre a descoberta da localização da Arca, mas nenhuma delas pode
comprovar sua veracidade. É interessante notar que o desejo audaz de se encontrar a Arca da
Aliança não é tão presente na comunidade judaica mundial. Cristãos, muçulmanos e até
mesmo nazistas já desembolsaram milhões de dólares em pesquisas e expedições, mas a
comunidade judaica parece encarar o fato do desaparecimento da Arca como sendo resultado
da soberania de D-us. Mas qual é o verdadeiro interesse em se encontrar a Arca da Aliança?
Será que ela ainda existe, ou está aguardando ser encontrada?
Na Torá (Ex 25:10-22) temos a descrição de uma espécie de baú (Arôn, em hebraico), que
deveria conter o “Testemunho” – edut – literalmente “prova”, ou seja, objetos usados para se
comprovar algum fato. Por isso, os objetos determinados por D-us para estarem dentro da
Arca serviam como “prova” da Aliança de D-us com o povo de Israel: As tábuas da Aliança –
simbolizando a Aliança de D-us com Israel por intermédio da Torá; – Um pote com o Maná
do deserto – simbolizando o poder milagroso de D-us e seu sustento para com a nação de
Israel; e o Bordão de Arão – que representava a escolha da tribo de Levi e da Descendência
de Arão para o exercício do sacerdócio (Hb 9:4).
Durante os dias de Moisés e de Josué, a Arca era conservada no Tabernáculo e utilizada em
serviços de Adoração. Na travessia do deserto, os sacerdotes a levavam à frente do povo e em
algumas batalhas. Ela testemunhava para as outras nações e povos inimigos que o D-us
criador dos céus e da Terra possuía uma aliança com o povo de Israel. Nos dias dos juízes ela
se encontrava na cidade de Silo (Shilo – 35Km ao norte de Jerusalém), onde o Tabernáculo
foi fixado (Js 18:1). Após ter sido roubada pelos filisteus, a Arca segue para a cidade de BeitShemesh e em seguida para Quiriat-Iearim (ISm 6 e 7). Lá ela é entregue a Eleazar, filho de
Abinadabe. A casa de Abinadabe fica então responsável pela preservação da Arca. Já nos dias
de Davi, o Rei decide por trazer a Arca para Jerusalém, deixando-a na casa de Obede-Edom,
um levita da casa de Corá (IISm6:1). O Rei Salomão se encarrega de levar a Arca para o
interior do Templo durante a Festa dos Tabernáculos, ao local chamado em hebraico de
“Kodesh Há Kadashim” ou Santo dos Santos (IICr 5:2-14). A Arca então permanece no
Templo até a invasão de Jerusalém por Nabucodonozor, em 586 a.C. Na ocasião da invasão, o
Templo de Salomão é destruído, e grande parte dos utensílios tomados como despojo.
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Moisés e Josué se prostram diante da Arca da Aliança – Pintura de James Tissot.
A partir daí especula-se sobre o paradeiro da Arca. Sabe-se que a Arca não foi recolocada no
Santo dos Santos durante a reconstrução do Templo por Esdras e Neemias. Quando o
imperador Antíoco Epífanes, no século II a.C, invade e profana o Templo em Jerusalém, ele
nada encontra no Santíssimo lugar. Grande parte dos estudiosos bíblicos acredita que a Arca
da Aliança foi destruída durante a invasão Babilônica. Mas alguns rabinos, baseados em
documentos antigos como a Mishná, crêem que os sacerdotes esconderam a arca pouco antes
da invasão de Jerusalém, e que a mesma foi mantida escondida mesmo com o Segundo
templo reconstruído, visando preservar sua integridade.
A Mishná (Lei Oral agregada e compilada pelo Rabino Yehuda Há Nissi no séc. II d.C),
contém os relatos mais confiáveis sobre a localização da Arca. A Mishná, depois acrescida da
Gemara, seu comentário, deu origem ao Talmud. O texto a seguir foi retirado da Mishná,
tratado Shekalim 6:
“Era costume se prostrar diante da Arca 13 vezes no santuário. Mas a família do rabino
Gamaliel e o Rabino Ananias, o sumo sacerdote, se prostravam 14 vezes, sendo a última vez
diante da “pilha de madeira” (*1), pois de acordo com a tradição de seus pais, a Arca da
Aliança estava escondida ali (*2). Uma vez, um sacerdote que estava orando no local viu que
uma pedra do pavimento estava diferente das outras (*3). Ele correu para contar aos outros
sacerdotes e antes de terminar sua fala, caiu morto. Então se teve certeza de que a Arca da
Aliança estava escondida ali.”
(1) O termo “Pilha de Madeira” se refere ao compartimento onde se guardava madeira para
ser usada no altar. Tal compartimento se localizava no Pátio das Mulheres e tinha cerca de
18 m².
(2) Segundo a Mishná, antes de Nabucodonozor destruir o Templo em 586 a.C, a Arca da
Aliança foi retirada dali pelos sacerdotes e escondida.
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(3) Esta pedra era removível. Ela cobria a entrada de um túnel de 33km que se estendia do
Templo até Qumram, nas proximidades do Mar Morto. Este túnel existe até os dias de hoje,
mas é inaccessível.
Mas se a comunidade judaica tem conhecimento da localização da Arca, porque não tenta
recuperá-la? A resposta é simples: os rabinos dizem que nos temos dos Reis, a Arca se tornou
um substituto para D-us. Ao invés de orarem a D-us, os israelitas depositavam sua confiança
na Arca, fazendo dela um amuleto. Nestes aspectos, a Arca se tornou um ídolo para os
hebreus. D-us é único, e tudo o que se coloca entre Ele e o adorador se torna uma ofensa para
o Criador. “Se D-us a tirou de nosso meio, é melhor que continue assim”, dizem os rabinos
do Instituto do Templo em Jerusalém, “Ele sabe o que faz”.
Interior da Arca da Aliança contendo as tábuas da Lei, o Maná e o bordão de Arão – Réplica
do Tabernáculo em tamanho real em Timna – Deserto do Negév – ISRAEL.
É interessante nos lembrarmos que as profecias sobre a reconstrução do Templo (Ez 40) não
listam a presença da Arca da Aliança entre os utensílios. Além disso, o profeta Jeremias, ao
profetizar sobre o milênio, afirma que a Arca da Aliança não poderá ser reconstruída:
“…nunca mais se exclamará: A Arca da Aliança do Senhor! Ela não lhes virá a mente, não
se lembrarão dela nem dela sentirão falta; e não se fará outra.” Jeremias continua exortando
os Israelitas quanto à idolatria ao Templo e a Arca: “Não confieis em palavras falsas, dizendo:
Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este.” (Jr 7:4).
Em 1992, utilizando-se de sismógrafos e sensores de rádio, os professores Tzvi Ben Avraham
e Uri Basson, da Universidade de Tel-Aviv, investigaram o túnel de 33km entre Jerusalém e
Qumran. Eles descobriram objetos e compartimentos no decorrer do túnel, mas não puderam
confirmar se tais observações representavam a Arca. Uma vez que é impossível adentrar o
túnel sem que ele desmorone, a localização da Arca da Aliança continua um mistério.
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Shavuôt e a capacitação dos Santos:
Estaremos celebrando em algumas semanas a Festa de Shavuôt (Pentecostes). Shavuôt é uma
das três festas de peregrinação mencionadas na Torá, além de Páscoa (Pêssach) e Sucôt
(Tabernáculos). Nestas festas, judeus e não judeus de todas as partes do mundo se reuniam em
Jerusalém para adorar ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó.
Shavuôt tem duração de dois dias apenas, e representa a festa com maior apelo às nações.
Temos como tradição a leitura dos Asseret Há Devarim (As Dez Palavras ou Dez
Mandamentos) além da leitura de Rute. Também é costume passar à noite em claro estudando
a Torá e os Profetas, em especial Jeremias e Ezequiel. Em Shavuôt, optamos por comer
alimentos à base de leite, pois a Torá é comparada à nutrição do leite e à doçura do mel. No
início, comemorava-se nesta data apenas a entrega das primícias dos cereais nos dias do Beit
Há Mikdásh (Templo em Jerusalém). Atualmente, comemoramos a outorga da Torá ao Povo
de Israel e a toda a humanidade, uma vez que durante esta Festa a Lei foi revelada no Sinai ao
povo de Israel. De acordo com o Talmud (Hagigá 12ª), o rei David morreu no dia de Shavuot.
O famoso Baal Shem Tov, fundador do movimento Chassídico, também faleceu em Shavuot
em 1760. Em Shavuot celebramos a capacitação espiritual para sermos testemunhas do Eterno
neste mundo. Tanto no Sinai, quando em Sião (At cap. 2), ocorreu a mesma coisa. Segundo a
tradição rabínica, a Torá não foi dada no Sinai. Ela foi RELEVADA. Daí, todo judeu, nascido
posteriormente ao evento no Sinai, pode, em espírito, ter a mesma experiência que seus
antepassados tiveram durante a outorga da Lei. Da mesma forma, a experiência dos apóstolos
no Monte Sião (At 2) também pode e deve ser re-experienciada por todo temente ao Deus de
Israel. Estes dois eventos (Ex 20 e At 2) são paralelos e convergem espiritualmente para o
mesmo fim = Capacitação Espiritual com os dons do espírito para realização de nosso
chamado maior: Sermos LUZ para o mundo!
Shavuot celebra a revelação da Torá no Monte Sinai
A Festa de Shavuot é muito especial pois finalizava o final dos 50 dias de colheita e
ajuntamento das primícias para serem oferecidas a Deus. Um dos principais aspectos de
Shavuot era a cerimônia de apresentação desses primeiros frutos na Casa de Deus em
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Jerusalém, oferecendo-os aos sacerdotes e levitas. A dádiva da Torá no Monte Sinai também é
associada à Festa de Shavuot, e é claro que esta é a razão pela qual Deus escolheu este dia
para manifestar o Seu Espírito sobre os Apóstolos, o povo de Israel e os habitantes de
Jerusalém.
Nas comunidades judaicas ao redor do mundo temos em Shavuôt uma noite inteira de estudos,
comida e adoração. Este é um costume muito antigo, onde passamos toda a noite estudando a
Palavra de Deus.
Shavuôt é também a Festa dos tementes a Deus e dos prosélitos. Apesar do apóstolo Paulo ser
totalmente contra a judaização de gentios, contra a circuncisão e a conversão ao judaísmo por
parte de não judeus, Paulo trabalhava arduamente para que os gentios aceitassem e
recebessem ao Deus de Israel como seu Deus e para que abandonassem os ídolos e deuses os
quais adoravam. Em outras palavras, Paulo não pregava um evangelho “sem lei”, e não
permitia que os gentios continuassem em seus caminhos de idolatria. Pelo contrário, ele
trabalhava para que os gentios largassem seus ídolos e se voltassem ao Deus de Israel.
Essencialmente, Paulo queria que os gentios se convertessem da idolatria à Fé em um único
Deus, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó e Seu filho Yeshua, o Rei dos Judeus. A idéia é que
estamos juntos mas somos diferentes, o judeu permanece judeu e o gentio não se converte ao
judaísmo. É isto que realmente significa estar enxertado na oliveira natural (Romanos capítulo
11).
Então, de certa forma, todo não judeu que entregou sua vida a Deus e a Yeshua o Messias, é
um “semi-prosélito”. Ele deixou os ídolos de seus familiares e se voltou ao Deus de Abraão;
deixou os muitos deuses gregos e romanos e se associou ao Deus de Jerusalém e da Terra de
Israel. Talvez esta forma de enxergar a teologia paulina é bem diferente do que muitas
pessoas estão acostumadas a ler, mas se analisamos os ensinos de Paulo sob o ponto de vista
bíblico, veremos que é exatamente isso que Paulo estava pregando. Foi por isso que Paulo
voltou a Jerusalém com os sete jovens não judeus e com a contribuição das Igrejas da Ásia
menor e da Grécia em favor dos santos de Jerusalém. Verdadeiramente, o que Paulo estava
fazendo era cumprir as promessas que Deus deu aos profetas de Israel, onde não judeus se
uniriam a Israel na adoração ao Deus vivo: “E muitos povos virão e dirão: „Vamos todos subir
ao Monte do Senhor, rumo à casa do Deus de Jacó; para que Ele nos ensine os seus
caminhos e para que andemos em suas veredas. Pois de Sião sairá a Lei (Torá) e a palavra
de Deus de Jerusalém” (Is 2:3). Recentemente terminei a leitura de um livro que é um best
seller em Israel, Buscar o judeu! , de Tuvia Tenenbom. O livro me foi recomendado por um
de meus amigos da Universidade. O livro é às vezes picante grosseiro e sem dúvida
irreverente. E, no entanto, este homem letrado fornece uma janela para a realidade de hoje de
Israel e os palestinos. Até mesmo alguns críticos que vêem problema com o livro apontam
que ele revela algumas coisas muito importantes. Tenenbom, de maneira incógnita, investiga
Organizações de Paz não Governamentais (ONGs) esquerdistas em Israel, novos escritores
israelenses de esquerda, líderes palestinos e agitadores. Ele entrevista também líderes judeus
ultra-ortodoxos, líderes ortodoxos modernos e também líderes políticos conservadores. Ele
participa de encontros ultra-ortodoxos também. Eu recomendo o livro por causa de suas
incríveis informações. Tenenbom cresceu como um judeu ultra-ortodoxo em Israel, mas
deixou a congregação para viver como um homem de ciência e mais tarde como um homem
de letras, escrevendo para um periódico alemão e dirigindo o Teatro Judaico de Nova Iorque.
Ele retornou a Israel após anos de ausência para pesquisar a realidade da situação dos dias
atuais. Ele, na maioria das vezes, ocultou sua identidade para poder pesquisar para seu livro
sem obstáculos. Na maior parte do tempo, ele se apresentava como Toby, o repórter alemão.
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O livro transmite pouca esperança para o futuro de Israel. São esses seus achados:
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Israel está inundado por ONGs que professam buscar a paz e perseguir os direitos
humanos, mas, na verdade, são anti-Israel e são sustentadas por pessoas antissemitas.
As ONGs manifestam um desequilíbrio impressionante. Elas são também
consumidores ingênuos das “inventadas narrativas palestinas” acerca dos eventos que
são apresentados ou interpretados para mostrar Israel com um olhar opressivo. Elas
gastam incalculáveis milhões de euros por suas causas. Os fundos (de legalidade
duvidosa) vem a maioria das vezes de alemães, mas outros contribuintes europeus são
significantes.
Os palestinos, em geral, não têm um desejo real de paz verdadeira ou de encontrarem
uma solução justa para os dois estados. É esta a propaganda para o ocidente. O
objetivo real foi e é destruir Israel. Os palestinos continuamente estão ensinando ódio
pelo povo judeu e sua liderança é mais que corrupta, vivendo no luxo e desviando o
dinheiro que seria para a ajuda ao povo. A situação atual traz a eles grande riqueza.
Sua identificação com Hitler e o seu desejo de aniquilar o povo judeu é
impressionante, apesar de acusarem o povo Judeu de ser como os nazistas.
Muitos ultra-ortodoxos se mostram perigosos cultistas fixados em leis de pureza que
oprimem as mulheres e criam uma sociedade retrógrada em Israel. Tenenbom
encontrou alguns líderes que são fraudulentos e manipulam seu próprio povo por
dinheiro.
A direita israelense não é realista no que diz respeito à expectativa de governar os
cidadãos não-palestinos.
O campo de paz da esquerda israelense é cheio de auto-inimigos que já não acreditam
em Israel.
Os detalhes das entrevistas e experiências de Tuvia com uma série de personagens é muito
impressionante. Ele leva as pessoas a se abrirem de maneira espantosa. Ademais, o que se
extrai do livro é um grande vácuo de esperança devido à falta de uma cosmovisão
encorajadora que estimule o estar e o preservar Israel. A preservação do povo judeu por
algumas qualidades especiais de nossa cultura não é suficiente devido às pressões que nos
defrontamos. Os ultra-ortodoxos são, frequentemente, não-sionistas, confinados em seus
próprios guetos, existem e não se importam se o estado sobreviva ou não. Além disso, eles
são um dreno dos recursos de Israel.
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O Autor Tuvia Tenebom ao lado de um judeu ultra-ortodoxo em Jerusalém.
Como um judeu messiânico, eu vejo só duas cosmovisões que são encorajadoras. Uma é a do
ortodoxo moderno ou ortodoxo nacionalista. A outra é a do judeu messiânico ou judaísmo
messiânico. Há alguns pontos em comum em nossas visões, que se sobrepõem devido ao
conteúdo da Bíblia. Ambos cremos:
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O retorno de nosso povo à terra de Israel é uma obra de D‟us.
O propósito dos judeus é ver a redenção de Israel e das nações do mundo.
Essa redenção será plena quando o Messias vier.
Nós temos de viver vidas de obediência a D‟us na Terra à medida que a história
caminha para seu clímax de redenção. Isto inclui a adoração a D‟us e a intercessão (no
Judaísmo pelas orações na sinagoga). Para os judeus ortodoxos isto inclui as muitas
adições da lei rabínica. Para os judeus messiânicos isto é uma maneira de vida judaica
da Nova Aliança que é ser fiel às Escrituras e refletir nossa tradição e identidade
judaica.
Cumprimos uma importante responsabilidade espiritual por vivermos em Israel.
Judeu ultra-ortodoxo discute com um judeu secular na cidade de Beit-Shemesh, Israel. Os
ortodoxos haviam proibido a presença de mulheres em algumas ruas da cidade.
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Contudo, os judeus messiânicos crêem que a redenção de Israel e das nações depende da volta
do nosso povo para Yeshua. Nós devemos receber Sua expiação por nossos pecados e
experimentar uma morte e ressurreição nEle (Romanos 6). Tudo isso sem perder nossa
identidade judaica. Nosso estar na Terra é de maneira especial justificado uma vez que temos
nos voltado para Ele.
Em Israel, estamos sob enorme pressão. Israel está buscando desesperadamente uma
cosmovisão convincente e razão da existência – para nos capacitar a resistir a esta pressão. Eu
prevejo que tanto a cosmovisão ortodoxa nacionalista como a dos judeus messiânicos irá
ampliar e dar esperança para o povo. Elas nos fornecerão as razões para a importância de estar
na Terra. Contudo, haverá um grande choque entre estas cosmovisões, apesar de suas
sobreposições, devido à questão das questões. É a pergunta feita por Yeshua a Pedro: “Quem
você diz que eu sou?”. Temos sido restaurados à terra a fim de podermos ser trazidos ao
conhecimento de Yeshua.
O Verdadeiro Sentido da Páscoa (Pêssach):
Páscoa é a festa que marca o início do calendário bíblico de Israel e delimita as datas de todas
as outras festas na Bíblia. Páscoa (Pêssarr, em hebraico) significa literalmente “passagem”
(pois o Senhor “passou” sobre as casas dos filhos de Israel, poupando-os. Ex 12:27). É uma
FESTA instituída por D-us como um memorial para que os filhos de Israel jamais se
esquecessem que foram escravos no Egito, e que o próprio D-us os libertou com mão
poderosa, trazendo juízo sobre os deuses do Egito e sobre Faraó. (Ex 12). Páscoa fala de
memória, de identidade. O povo de ISRAEL foi liberto do Egito para poder servir a D-us e ser
luz para as nações. Páscoa é uma FESTA instituída para que jamais ISRAEL se esquecesse
quem foi, quem é e o que deve ser. Da mesma forma, todos os que são discípulos do
Mashiach são co-herdeiros e co-participantes das promessas e das alianças dadas por D-us a
Israel, pois através do Evangelho foram enxertados em ISRAEL e são parte do mesmo corpo
(judeus e não-judeus), a Família de D-us (Ef 3:6). Daí, conforme o ensino apostólico em I Co
5:8, os discípulos de Yeshua não-judeus podem e devem também celebrar este memorial. O
simbolismo da Páscoa é parte da mensagem no Novo Testamento, e toda a obra da Cruz se
baseia no evento da Páscoa Judaica. Yeshua não apenas é morto em Páscoa, mas ele simboliza
o próprio CORDEIRO pascal (I Co 5:8), que TIRA o pecado do mundo (Jo 1:29) e cujo
sangue nos liberta, nos resgata da escravidão do pecado e nos SELA como Seus filhos. Nele
(Yeshua), somos feitos NOVAS CRIATURAS sem o fermento da malícia e da maldade.
Como podemos ver, não se pode entender a obra da cruz sem o conhecimento dessa que é a
mais simbólica das Festas de D-us. Páscoa fala de nossa LIBERTAÇÃO para servirmos a Dus.
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Representação de um Sêder (jantar) de Pêssach dos dias de Yeshua
Como os antigos judeus comemoravam esta data? Segundo Ex capítulo 12, Páscoa deveria
ser celebrada com um jantar familiar, onde um Cordeiro seria assado e comido por todos. O
jantar também deveria ter o pão asmo ou sem fermento (matzá, em hebraico) e ervas amargas.
O pão sem fermento nos ajuda a lembrar que na noite da Páscoa no Egito, comemos às
pressas e o pão não teve tempo de fermentar. As ervas amargas nos lembram de como nossa
vida era amarga quando éramos escravos de Faraó. Por volta do ano 550 a.C., os judeus
criaram uma seqüência para o jantar (chamada de Hagadá), que incluía o RELATO do Êxodo,
os 4 cálices de vinho e o Charosset (pasta doce). A intenção do mandamento (Ex 12:26) é que
TODOS os membros da família participem das narrativas e da liturgia, e que a festa seja uma
ferramenta DIDÁTICA para se ensinar às crianças sobre como o Senhor nos libertou com
mão forte do Egito. Yeshua, quando celebrou seu último jantar de Páscoa com os discípulos,
seguiu exatamente a tradição judaica vigente em sua época e até os dias de hoje. Ele utilizou
quase todos os elementos e a seqüência que temos hoje nos lares judaicos. Não apenas isso,
mas ele utilizou parte da tradição criada no séc VI a.C. para institucionalizar a Santa Ceia (um
Kidush com simbolismo mais rico).
Existem adereços especiais que nos ajudam a ver como a Páscoa era comemorada?
A forma como desde o século VI a.C. os judeus celebram a Festa de Páscoa é praticamente a
mesma de hoje. Na mesa temos um prato especial chamado “Keará”. Nele dispomos os
elementos do jantar: Beitsá (um ovo cozido que representa a oferta de Páscoa feita no
Templo – Chaguigá), o Zerôa (um osso de cordeiro que representa o Cordeiro Pascal – nos
lares judaicos tradicionais não se come cordeiro em luto à destruição do Templo), as ERVAS
Amargas (Karpás: batada cozida ou cebola – que representa o duro trabalho dos hebreus no
Egito; o Marôr: gengibre; e o Chazêret: salsão), e o Charôsset (uma pasta doce que se
assemelha a um barro – lembrando do barro que os filhos de Israel amassavam no Egito para
fazerem tijolos). Além dos elementos do PRATO KEARÁ, temos também TRÊS pães ásmos
e 5 cálices de vinho – cada um com um simbolismo diferente.
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O Keará (prato de Pêssach) com os elementos do Jantar
Como as famílias devem hoje celebrar esta data? Os Judeus (sejam eles crentes em Yeshua
ou não), celebram esta festa da forma descrita acima pois ela é um estatuto perpétuo (Ex
12:14). Para os judeus crentes, esta festa é ainda mais especial, pois Yeshua é o nosso
Cordeiro Pascal. Mas e os cristãos não-judeus? Temos provas históricas que a Igreja, até
meados do séc IVd.C., celebrava a Festa de Páscoa como os judeus (com pães asmos e no dia
14 de Nissan) – I Co 5:8 e Cl 2:16. Algumas obras Patrísticas também atestam a mesma coisa
(Peri Pascha – Melito de Sardes – séc II d.C.). Vejam o que escreve Polícrates, então bispo de
Éfeso, sobre a celebração de Pêssach. Ele estava argumentando contrariamente à decisão do
Bispo de Roma, Papa Vitor I, sobre a imposição de mudança da data e do simbolismo da
Páscoa:
“Nós observamos o dia exato, sem tirar nem por. Pois na Ásia grandes luminares também
caíram no sono [morreram], (…) incluindo João, que foi tanto uma testemunha quanto um
professor, que se deitou no peito do Senhor e (…) Policarpo, que foi bispo e mártir;
e Tráseas, bispo e mártir de Eumênia, que dormiu em Esmirna. Por que precisaria eu
mencionar o bispo e mártir Sagaris, que se deitou em Laodicéia, ou o abençoado Papirius
ou Melito (…)? Todos estes observavam o décimo-quarto dia da Páscoa judaica de acordo
com o evangelho, não desviando em nenhum aspecto, mas segundo a regra de fé. E eu
também, Polícrates, o menos importante de todos, faço de acordo com a tradição de meus pais
(…) E meus parentes (07 outros bispos) sempre observaram o dia que as pessoas separavam o
fermento (…) Pois os que são maiores que eu disseram „Nós devemos obedecer a Deus ao
invés dos homens…„ (…)”. Eusébio sobre a Carta de Polícrates de Éfeso ao Papa Vitor I –
História Eclesiástica – Livro V – Cap. 24
A Pascoa Judaica só foi proibida de ser celebrada no Concílio de Antioquia, em 341 d.C, e
demorou quase 400 anos até que as pessoas tivessem deixado de vez esta tradição dos
apóstolos. Assim, os cristãos de hoje deveriam obedecer ao apóstolo Paulo e seguir o exemplo
dos primeiros crentes, realizando em suas igrejas e em suas famílias um jantar festivo, com
pão sem fermento, o cordeiro assado e ervas amargas, para se lembrarem de como a vida era
amarga antes de conhecermos a Yeshua, e como ele nos RESGATOU com mão forte das
56
garras do inimigo e da escravidão do pecado, e nos fez NOVA CRIATURA sem o fermento
do pecado. Deveríamos todos celebrar neste dia como o SANGUE do Messias foi derramado
por nós, nos marcando e nos consagrando a D-us.
Um detalhe que também merece destaque é a ordenança na Torá para que nenhum
ESTRANGEIRO/ESTRANHO (nechár –
) participasse da celebração de Pêssach, uma vez
que tal fato traria juízo sobre a vida daquele que fosse alheio ao evento e sua conotação
material e principalmente espiritual. Se algum estrangeiro ou peregrino
(
tosháv), estivesse presente às vésperas de um jantar de Pêssach na casa de uma família
judaica, este teria que ser circuncidado para poder participar (Ex. 12:43-48). Logicamente,
este mandamento continua ainda em vigor. Porém, é importante lembrar das palavras dos
profetas de ISRAEL que apregoam que haveria um tempo onde o Eterno APROXIMARIA ao
seu povo (Israel) outros povos mediante a sinceridade da escolha em se GUARDAR a Sua
aliança. Vejamos:
“Porque o SENHOR se compadecerá de Jacó, e ainda elegerá a Israel, e os porá na sua própria
terra; e unir-se-ão a eles os ESTRANGEIROS, e estes se ACHEGARÃO à casa de Jacó”. (Is
14:1)
“Aos ESTRANGEIROS (
) que se APROXIMAM ao SENHOR, para o servirem e para
amarem o nome do SENHOR, sendo deste modo servos seus, sim, todos os que guardam o
sábado, não o profanando, e ABRAÇAM A MINHA ALIANÇA, também os levarei ao meu
santo monte e os alegrarei na minha Casa de Oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios
SERÃO ACEITOS no meu altar, porque a minha casa será chamada Casa de Oração para
TODOS os povos. Assim diz o SENHOR Deus, que congrega os dispersos de Israel: Ainda
CONGREGAREI outros aos que já se acham reunidos”. (Is 56:6-8)
Ou seja, o próprio ETERNO aproximaria e enxertaria em seu povo ISRAEL, OUTROS povos
que temem o SEU nome e guardam a SUA aliança. Sabemos que a obra do MASHIACH
YESHUA consiste exatamente em APROXIMAR os gentios das promessas e alianças feitas
pelo ETERNO a ISRAEL, fazendo-os CO-HERDEIROS e CO-PARTICIPANTES com
ISRAEL. Tais gentios, servos do D-us altíssimo mediante a OBRA do Messias, NÃO SE
TORNAM JUDEUS, mas sim, passam a fazer parte do POVO de D-us, juntamente com os
Judeus. Vejamos como o rabino Shaul (Ap. Paulo) explica esse princípio para gentios crentes
no Messias Yeshua:
“Portanto, lembrai-vos de que, outrora, vós, gentios na carne, chamados incircuncisão (…),
naquele tempo, estáveis sem Messias, SEPARADOS da comunidade de ISRAEL e
ESTRANHOS às alianças da promessa (…) Mas, agora, no Messias Yeshua, vós, que antes
estáveis longe, fostes APROXIMADOS pelo sangue do Messias. (…) E, vindo, evangelizou
paz a vós outros que estáveis longe e paz também aos que estavam perto; porque, por ele,
ambos temos acesso ao Pai em um Espírito. Assim, já NÃO SOIS ESTRANGEIROS (
nechár) ou PEREGRINOS (
tosháv), mas concidadãos dos santos, e sois da FAMÍLIA
de Deus (…)”. (Ef 2:11-19 );
“…os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa
através do Mashiach Yeshua, por meio do evangelho; (Ef 3:6);
Os Gentios que receberam a aproximação e remissão de suas iniquidades através da obra do
Messias, são feitos também FILHOS DE ABRAÃO e também são HERDEIROS da
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PROMESSA, não mediante a descendência sanguínea ou pela CIRCUNCISÃO DA CARNE,
mas pela fé: ” E, se sois do MASHIACH, também sois descendentes de Abraão e herdeiros
segundo a promessa”. (Gl 3:29) Não é a circuncisão que purifica os gentios crentes em D-us,
mas a obra de redenção do Mashiach. Veja uma outra instrução do rabino de Tarso para
GENTIOS servos do Senhor Yeshua:
“Nele (Yeshua), também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no
despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo, tendo sido sepultados,
juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no
poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. E a vós outros, que estáveis mortos pelas
vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele,
perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e
que constava de DOGMAS (δόγμασιν “dogmas” – leis NÃO-BÍBLICAS que desprezavam o
não-judeu), o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na
cruz;” (Cl 2:11-14). Ou seja, esses gentios em Cristo não são, DE FORMA ALGUMA,
ESTRANHOS ou ESTRANGEIROS à fé no D-us de Abraão, Isaque e Jacó. Não são
peregrinos nem povos inaptos a adorarem a D-us. SÃO TAMBÉM FILHOS DE ABRAÃO
CONFORME A PALAVRA DOS PROFETAS DE ISRAEL.
Assim, o não-judeu que serve ao D-us de Israel através da obra do Messias Yeshua, não se
encaixa na proibição de Ex cap. 12, pois não é estranho nem estrangeiro em relação à fé e à
aliança de D-us com o seu povo. Ele foi aproximado e feito POVO de D-us juntamente com
os judeus (Is 14:1; 56:8). Por isso, o rabino Shaul ORDENA a celebração de Pêssach também
aos gentios no Messias em I Co 5:8.
“Coelho” da Páscoa ou Matzá de Pêssach? Qual é a verdadeira tradição Bíblica e Apostólica?
Ovo de páscoa… pode?
A Páscoa Cristã, oficializada pelos pais da Igreja Católica no séc IV d.C., foi instituída com o
intuito de substituir a Páscoa celebrada por Yeshua e pela Igreja até então. Nos países de
língua anglo-saxônica a páscoa cristã é conhecida como “Easter”, mas nos países de língua
latina a palavra “Páscoa” foi mantida como uma transliteração da palavra “Pêssach”, em
hebraico). O nome “Easter” é proveniente de uma festividade de primavera celebrada por
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Assírios, Babilônios (e posteriormente Celtas), em adoração a deusa Ishtar (ou Oestre no
mundo nórdico). Esta era a deusa da fertilidade, daí ovos e coelhos eram usados como
simbolismos. Em outras palavras, qualquer historiador ou qualquer enciclopédia atestará que a
origem do ovo é pagã. Se temos a verdadeira Páscoa que era celebrada por Yeshua, pelos
apóstolos e pela Igreja até o séc. VI d.C, porque deveríamos adotar costumes pagãos em
nossas casas? Será que Yeshua endossaria a troca de ovos enfeitados e coelhos de chocolates?
Que cada discípulo de Cristo verdadeiro saiba discernir a Fé que vive e ensina à seus filhos.
Declaração dos Rabinos Ortodoxos abre novas
perspectivas para o Judaísmo Messiânico:
Após quase dois milênios de hostilidade e inimizade entre o Cristianismo e o Judaísmo, a
presente declaração mudará de fato a história entre a Igreja e Israel e Israel e a Igreja Cristã.
Evidentemente, isto também mudara o prisma sob o qual os judeus têm visto o judaísmo
messiânico, pois o mesmo tem trabalhado como se fosse uma ponte, um elo entre as duas
religiões monoteístas tem que a mesma Escritura judaica como seu livro de vida, fé e prática,
visando o que mais importante, a Redenção do Mundo e a volta (vinda) de Yeshua, o Messias
de Israel. Com certeza, estamos nos aproximando desta copiosa Redenção que virá em breve
sobre todos os moradores da terra.
Yp>A volta de Yeshua está condicionada ao reconhecimento de Yeshua como o Mashiach de
Israel e a plenitude da igreja gentílica. Afinal, o Rabino Shaul ( Paulo de Tarso) diz com
muita propriedade o que irá acontecer em breve ( ou seja, já estamos vendo o início do
cumprimento de Romanos 11 acontecer) e isto é fantástico. Vejamos algumas passagens do
texto de Romanos 11:
…”8 como está escrito: D´us lhes deu um espírito de entorpecido, olhos para não verem e
ouvidos para não ouvirem, até o dia de hoje. 9 E Davi diz:… escureçam-se-lhes os olhos para
não verem (Yeshua) e tu encurva-lhes sempre as costas. 11 Logo, pergunto: Porventura
tropeçaram de modo que caíssem? De maneira nenhuma, antes pelo seu tropeço veio a
salvação aos gentios, para os incitar à emulação.12 Ora, se o tropeço deles é a riqueza do
mundo e a sua diminuição a riqueza dos gentios (crentes em Yeshua), quanto mais a sua
plenitude!…15 porque, se a sua rejeição (judeus rejeitaram Yeshua) é a reconciliação do
mundo ( isto é a salvação dos gentios em Cristo), qual será sua admissão (isto é, o que
acontecerá quando os judeus crerem em Yeshua) senão a vida dentre os mortos? !(ou seja, a
ressureição dos mortos que acontecerá quando Yeshua voltar, pois os mortos ressuscitarão
primeiro, conforme I Ts 4:16). Nos versículos seguintes, Paulo nos ensina que os judeus são
as primícias, a raiz deles é santa e por isto os ramos também são santos. Os judeus são os
oráculos de D´us e são comparados com a “Oliveira” por Paulo, sendo os judeus a raiz e os
ramos. Mas, pelo amor de D´us para com as nações, esses ramos naturais, os judeus, parte foi
cortada para que os gentios (as nações) em Cristo fossem nessa oliveira enxertada e
participassem da mesma seiva, ou seja, o mesmo nutriente da raiz, como a Torá, os Profetas e
de todos os Escritos. Então, Paulo exorta aos gentios crentes que não se ensoberbeçam sobre
os judeus e nem os desconsiderem, pois são eles é quem sustentam a raiz e não os gentios
enxertados nessa Oliveira. No verso 23 Paulo escreve: “ E ainda eles (os judeus), se não
permanecerem na incredulidade (em relação a Yeshua), serão enxertados novamente. 24 Pois
se tu (gentio) foste cortado do natural zambujeiro (tipo de mato) e contra a natureza
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enxertado (por meio de Yeshua) em uma oliveira legítima, quanto mais não serão enxertados
(os judeus) em sua própria oliveira esses que são ramos naturais. 25 porque não quero
irmãos que ignoreis este mistério (união entre judeus e gentios): que o endurecimento veio em
parte(isto é, sempre houve judeus que creram em Yeshua como os seus discípulos e apóstolos
desde o primeiro século até os dias de hoje) sobre Israel, até que a plenitude(pleroma,gr. quer
dizer equilíbrio, algo completo, pleno em maturidade) dos gentios haja entrado;26 e assim
todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e desviará de Jacó as
impiedades;27 e este será o meu pacto com eles, quando eu tirar os seus pecados.28 Quanto
ao evangelho, eles na verdade, são inimigos por causa de vós (gentios); mas, quando à
eleição, amados por causa dos pais. 29 porque os dons e a vocação ( de Israel como povo
escolhido) são irretratáveis (irrevogáveis). Paulo nos versículos seguintes diz que os gentios
eram desobedientes à Palavra e aos princípios do Pacto, mas pela desobediência dos judeus os
gentios alcançaram misericórdia e assim também nos final dos tempos, os judeus alcançarão a
misericórdia de D´us através de Yeshua, o Filho de D´us, o Messias de Israel em quem crerão
e confessarão o Seu Nome. 32 Porque D´us encerrou a todos debaixo da desobediência, a fim
de usar misericórdia para com todos (udeus e gentios em Cristo).33 Ó profundidade das
riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de D´us! Quão insondáveis são seus juízos e
quão inescrutáveis os seus caminhos!36 porque Dele, e por Ele, e para Ele (Yeshua) são
todas as coisas; glória, pois, a Ele (Yeshua) eternamente. Amém.
Portanto, continuemos firmes nos propósitos Dele nos quais fomos chamados, vocacionados,
a trabalhar a favor da salvação plena de Israel (os judeus aceitarão Yeshua e continuarão a
viver como judeus, preservando sua identidade judaica, ou seja, não faz sentido os judeus se
converterem à uma religião cristã) e de todas as nações (os crentes gentios em Yeshua
continuam também preservando sua identidade gentílica sem se converterem à religião
judaica), pois no final dos tempos está dito: – “ eis que a meia noite ouviu-se um grito: Eis o
noivo! Saí-lhe ao encontro” ( Mateus 25:6)
Maran atá ( seja breve sua vinda).
Leiam atentamente a declaração dos rabinos e sintam o mover de Ruach HaKodesh a favor do
Tikun Olam ( Redenção Universal) que se aproxima!
Declaração dos Rabinos Ortodoxos sobre o Cristianismo-03 dezembro de 2015
(Tradução de Rosh Jaime Araújo – Congregação Moreshet – Salvador-Ba)
“Para fazer a vontade de nosso Pai Celestial:
Rumo a uma parceria entre judeus e cristãos
Depois de quase dois milênios de hostilidade mútua e alienação, nós, rabinos ortodoxos que
lideram comunidades, instituições e seminários em Israel, Estados Unidos e Europa
reconhecem a oportunidade histórica agora diante de nós. Procuramos fazer a vontade de
nosso Pai Celestial, aceitando a mão oferecida a nós por nossos irmãos e irmãs cristãos.
Judeus e cristãos devem trabalhar juntos como parceiros para enfrentar os desafios morais de
nossa era.
60
O Shoah (Holocausto) terminou há 70 anos. Foi o clímax entortado de séculos de desrespeito,
opressão e a rejeição dos judeus e a consequente inimizade que se desenvolveram entre judeus
e cristãos. Em retrospecto, é claro que o fracasso em romper esse desprezo e se engajar em um
diálogo construtivo para o bem da humanidade enfraquecido a resistência a forças do mal de
antissemitismo que engoliram o mundo em assassinato e genocídio.
Reconhecemos que, desde o Concílio Vaticano II, os ensinamentos oficiais da Igreja Católica
sobre o Judaísmo mudaram fundamentalmente e de forma irrevogável. A promulgação da
Nostra Aetate cinqüenta anos atrás iniciou o processo de reconciliação entre as duas
comunidades. Nostra Aetate e os posteriores documentos oficiais da Igreja que inspiraram
inequivocamente rejeitar qualquer forma de antissemitismo, afirmar a eterna aliança entre
Deus e o povo judeu, rejeitar deicídio e sublinham a relação única entre cristãos e judeus, que
eram chamados de “nossos irmãos mais velhos” pelo Papa João Paulo II e “os nossos pais na
fé” pelo Papa Bento XVI. Nesta base, os católicos e outros funcionários cristãos começaram
um diálogo honesto com os judeus que cresceu durante as últimas cinco décadas.
Agradecemos a afirmação do lugar único de Israel na história sagrada e a redenção final
mundial da Igreja. Hoje, os judeus recebem sincero amor e respeito de muitos cristãos que
foram expressos em muitas iniciativas de diálogo, reuniões e conferências ao redor do mundo.
Como fez Maimonides e Yehudah Halevi, reconhecemos que o cristianismo não é nem um
acidente nem um erro, mas o resultado da divina vontade e dom para as nações. Ao separar o
judaísmo e o cristianismo, D‟us quis uma separação entre parceiros com diferenças teológicas
significativas, e não uma separação entre inimigos. Rabbi Jacob Emden escreveu que “Jesus
trouxe uma dupla bondade para o mundo. Por um lado, ele fortaleceu a Torá de Moisés
majestosamente … e como um de nossos sábios falou mais enfaticamente sobre a
imutabilidade da Torá. Por outro lado, ele removeu os ídolos das nações e obrigando-os nos
sete mandamentos de Noah para que eles não se comportam como animais do campo, e
incutiu-os firmemente com traços morais … ..Cristãos são congregações que trabalham em
prol da céus que estão destinados a suportar, cuja intenção é para o bem do céu e cuja
recompensa não será negado. “Rabino Samson Raphael Hirsch nos ensinou que os cristãos”
aceitaram a Bíblia judaica do Antigo Testamento como um livro de revelação divina . Eles
professam sua crença no D´us do Céu e da Terra, como proclamado na Bíblia e eles
reconhecem a soberania da Divina Providência. ” Agora que a Igreja Católica reconheceu a
Aliança eterna entre D‟us e Israel, nós, judeus, podemos reconhecer o curso e a validade
construtiva do cristianismo como nosso parceiro na redenção do mundo, sem qualquer medo
de que isso vai ser explorado para fins missionários. Como afirma o Rabinato Chefe de
Comissão Bilateral de Israel com a Santa Sé, sob a liderança de Rabi Yashuv Cohen, “Nós
não somos inimigos, mas parceiros inequívocos em articular os valores morais essenciais para
a sobrevivência e o bem-estar da humanidade”. Nenhum de nós pode alcançar a missão de
D‟us sozinho no mundo.
Ambos os judeus e os cristãos têm uma missão comum de aliança para aperfeiçoar o mundo
sob a soberania do Todo-Poderoso, para que toda a humanidade irá invocar o Seu nome e
abominações serão removidas da terra. Entendemos a hesitação de ambos os lados para
afirmar esta verdade e pedimos a nossas comunidades para superar esses medos, a fim de
estabelecer uma relação de confiança e respeito. Rabino Hirsch também ensinou que o
Talmud coloca os cristãos “no que diz respeito aos direitos entre homem e homem exatamente
no mesmo nível como judeus. Eles têm uma reivindicação para o benefício de todos os
deveres não só de justiça, mas também de amor fraterno humano ativo. “No passado, as
relações entre cristãos e judeus eram frequentemente visto através da relação conflituosa de
61
Esaú e Jacó, ainda Rabbi Naftali Zvi Berliner (Netziv) já havia entendido, no final do século
XIX que judeus e cristãos são destinados por D‟us para ser parceiros amorosos: “No futuro,
quando os filhos de Esaú são movidos por puro espírito de reconhecer o povo de Israel e suas
virtudes, então nós também seremos movidos para reconhecer que Esaú é nosso irmão. “.
Nós, judeus e cristãos temos mais em comum do que aquilo que nos divide: o monoteísmo
ético de Abraão; a relação com Aquele que é o Criador do Céu e da Terra, que ama e cuida de
todos nós; Sagradas Escrituras judaicas; uma crença em uma tradição de ligação; e os valores
da vida, da família, justiça compassiva, justiça, liberdade inalienável, amor universal e da paz
mundial final. Rabino Moisés Rivkis (Be‟er Hagoleh) confirma isso e escreveu que “os
Sábios se faça referência apenas ao idólatra do seu dia que não acreditava na criação do
mundo, no Exodus, D‟us fez ações milagrosas e a lei dada por D‟us. Em contraste, as pessoas
com quem estamos trabalhando acreditam em todos esses fundamentos da religião “.
A nossa parceria em nada minimiza as diferenças em curso entre as duas comunidades e duas
religiões. Nós acreditamos que D‟us emprega muitos mensageiros para revelar a Sua verdade,
enquanto nós afirmamos as obrigações éticas fundamentais que todas as pessoas têm antes de
D‟us que o Judaísmo sempre ensinou através da aliança de Noé universal.
Ao imitar D‟us, judeus e cristãos devem oferecer modelos de serviço, amor incondicional e
santidade. Todos somos criados à Imagem Santa de D´us, tanto judeus e cristãos
permanecerão dedicados ao Pacto por desempenhar um papel ativo em conjunto na redenção
do mundo.”
A Visão de Gabriel e a Ressurreição do Messias:
Em agosto de 2008, as instalações da Hebrew University of Jerusalem foram palco de um
certo alvoroço. O motivo de tanta agitação foi um pequeno pedaço de pedra com um
intrigante texto em hebraico chamado de “Visão de Gabriel”.
O alarde teve início depois que o professor Israel Knohl, do Departamento de Estudos
Bíblicos da Universidade, propôs uma nova tradução para o enigmático texto, até então
impossível de ser completamente traduzido. De acordo com esta interpretação, a palavra
“Chayah” ou “viverá”, que aparece nos escritos da pedra é uma forma antiga da palavra
“Viva!”, e mostra que o anjo Gabriel ressuscitou um líder messiânico de nome “Príncipe dos
Príncipes” (Sar há Sarim), três dias após a sua morte.
A Visão de Gabriel é um texto datado do 1° Século a.C, descoberto há alguns anos na região
da Jordânia, que descreve uma visão apocalíptica contada pelo anjo Gabriel. Um primeira
tradução foi publicada em 2003 por alguns pesquisadores de Israel, mas só em 2008 um
acadêmico da área conseguiu finalizar o trabalho. Com a finalização da tradução, o professor
Knohl sugere a reconstrução das palavras que geraram o texto: “em três dias volte à vida; o
Anjo Gabriel te ordena!”.
“O desenvolvimento da tradição em relação ao Messias, filho de José é baseado em eventos
históricos REAIS, e a crença na ressurreição do Messias e sua ida aos céus três dias após sua
morte se desenvolveu ANTES da época de Yeshua”, afirma o professor Knohl. “A ideia que a
morte do Messias seria parte integral do processo de redenção de ISRAEL era uma crença
62
COMUM entre certas classes do Judaísmo do período do 2° Templo. Com este achado
concluímos que as principais bases da fé dos seguidores de Yeshua (Jesus), como sua morte e
ressurreição ao terceiro dia, não são invenções da religião cristã, mas sim crenças
Judaicas!”, conclui o professor.
Professor Knohl analisa a “Visão de Gabriel”
Há alguns anos temos visto várias descobertas arqueológicas que comprovam os fatos
relatados no Novo Testamento. Mas desta vez não apenas os eventos foram comprovados.
Desta vez a CRENÇA foi comprovada pela arqueologia! Agora podemos provar que o
conceito de morte e ressurreição do Messias judeu era algo COMUM no judaísmo, e até
mesmo sua ressurreição “ao terceiro dia” era algo estudado nos círculos judaicos. Cremos que
outros achados serão revelados os quais contribuirão para apresentar a Israel seu verdadeiro
Messias, seu verdadeiro SAR HÁ SARIM (príncipe dos príncipes).
Aqui em Israel tem-se feito de tudo para calar o judeu discípulo de Yeshua. Assim como no
primeiro século, há uma perseguição ferrenha contra o judeu que tem Yeshua como o seu
Redentor, e o Povo de D-us não deve cessar de orar e interceder por nós aqui em Israel. Como
se não bastassem as perseguições judaicas aqui em Israel, no Brasil estão aparecendo grupos
isolados de ex-evangélicos que se fascinam pela religião judaica moderna e, numa crise de
identidade e de fé, acabam sendo vítimas fáceis de doutrinas rabínicas “anti-Yeshua”,
culminando na NEGAÇÃO da ressurreição do Mashiach. Isso, sem dúvida, representa o
abandono da fé dos patriarcas e dos profetas de Israel, e tais pessoas que conheceram a
verdade mas que estão crucificando-a novamente, irão em breve acertar as contas com o
Criador (Hb 6:4-8).
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David Jeselsohn, o colecionador israelense que comprou a tabuleta milenar em um antiquário
na Jordânia.
A descoberta da visão de Gabriel em Jerusalém nos traz à memória um ensino muito
apropriado de Yeshua: Quando os líderes religiosos de Sua época ordenaram que seus
discípulos se calassem, Yeshua lhes disse: “Se eles se calarem, as próprias pedras
anunciarão…” (Lc 19:40). Pois bem amigos…. as pedras estão falando! Quem tem ouvidos
para ouvir… ouça!
O Terceiro Templo:
A questão sobre a construção de um terceiro Templo em Jerusalém está sempre presente em
círculos teológicos cristãos e judaicos. Alguns creem que, pelo fato do Novo Testamento
afirmar que nossos corpos são “templo do Espírito Santo” (I Co 6:19), não há necessidade de
se reconstruir um templo físico em Israel.
Mas, da mesma forma que os seres humanos possuem um corpo, uma alma e um espírito,
Deus não só se manifesta no meio espiritual, mas também no físico. O apóstolo Paulo fala a
respeito desse mistério: “Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo
natural, há também corpo espiritual”. (I Co 15:44)
Durante os quase dois mil anos de exílio judaico, os pais da Igreja histórica e a maioria dos
teólogos cristãos nunca creram na reconstrução real de um terceiro Templo. A principal razão
dessa crença pode ser explicada pela “teologia da substituição”, uma doutrina falsa e maléfica
que afirma que Deus rejeitou o povo judeu por eles terem rejeitado ao Messias, fazendo com
que a Igreja Cristã substituísse a Israel nos planos do Criador. Baseados nesse pensamento,
muitos líderes cristãos chegaram a ser contra a criação do estado de Israel, em 1948, estando
convencidos que o Israel terrestre não poderia mais existir, uma vez que a Igreja agora
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representa o “Israel espiritual” de Deus. Porém, tal doutrina nunca foi baseada nas Escrituras
Sagradas. A Bíblia claramente declara que Israel representa a oliveira na qual os gentios que
creram em Yeshua (Jesus) foram enxertados. As raízes da oliveira (Israel) são os Patriarcas da
fé judaica. Sem as raízes, os ramos não conseguem sobreviver (ver Romanos Cap. 11). Ainda
nas palavras do Apóstolo dos gentios, os que dentre as nações se convertem a Deus através de
Seu filho, “… estavam antes sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às
alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. Mas, agora, em Cristo
Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados (a Israel) pelo sangue de Cristo.
Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação
que estava no meio, a inimizade(…)”, (Ef 2:12-14)
“…e para ele afluirão todos os povos. Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte
do SENHOR e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos
pelas suas veredas; (Is 2:2-3)
No final do século XIX, enquanto judeus de toda Europa se reuniam sob a liderança de
Theodor Herzl para decidirem sobre a criação do Estado de Israel, muitos cristãos entenderam
que a criação de um estado judaico seria algo profético e, como parte do povo de Deus, eles
deveriam apoiar e lutar junto aos sionistas em prol da fundação do estado moderno de
ISRAEL. Por outro lado, grandes foram as manifestações cristãs contra a criação do Estado de
Israel. Muitos pastores evangélicos, padres católicos e outros, se aliaram aos árabes nas
campanhas anti-Israel, alegando que a criação de um estado judaico pela ONU não poderia ser
interpretado como “cumprimento profético”. Entre 1948 e 1967, muitas denominações cristãs
vieram a aceitar a existência política de Israel, sem, no entanto, concordar com o domínio
judaico sobre a cidade de Jerusalém. Mas com a tomada de Jerusalém pelos judeus em 1967,
o mundo pode testemunhar que as promessas de Deus para com Israel são Eternas, e que
Jerusalém sempre foi e sempre será a capital indivisível do povo judeu, conquistada pelo Rei
David em 950 a.C.
Mas, e quanto à construção de um Terceiro Templo em Jerusalém? Será que, sendo
reconstruído, um sistema sacrificial seria colocado em prática novamente? O profeta Oséias
profetizou que os filhos de Israel ficariam sem os sacrifícios no templo por muitos dias (Os
3:4). Desde a destruição de Jerusalém e do segundo Templo no ano 70 d.C, os rabinos
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substituíram os sacrifícios por orações na parte da manhã, ao meio dia, e ao entardecer
(coincidindo com os horários nos quais os sacrifícios eram oferecidos no templo). Mas, o
profeta Ezequiel, nos capítulos 40 a 43, descreve sua maravilhosa visão sobre um terceiro
Templo em Jerusalém, e menciona, minuciosamente, a construção de um altar onde
holocaustos deverão ser oferecidos a Deus. O autor da carta aos Hebreus, no cap. 09,
demonstra que os sacrifícios para remissão de pecados não voltarão mais a existir, uma vez
que Yeshua serviu como sacrifício ETERNO para remissão dos pecados da humanidade. Mas,
e quanto às oferendas (holocaustos) de ações de graça, ofertas pacíficas, entrega de votos e
tantas outras que não se relacionam com remissão de pecados (Lv capítulos 1 a 6)? Será que
Deus permitiria que estas voltassem a existir em um 3° Templo em Jerusalém? A maioria dos
judeus ortodoxos crê que sim. Existe até mesmo em Jerusalém um instituto criado em 1988
que visa arrecadar fundos para a reconstrução dos utensílios no interior do templo, segundo a
descrição bíblica.
Representação do Terceiro Templo na Moderna Jerusalém.
É importante notar que a presença de um templo em Jerusalém nos dias vindouros não é algo
mencionado apenas no Velho Testamento. Apocalipse cap. 11 descreve também um Templo
físico, no qual todas as nações também farão uso. Uma vez que João escreveu Apocalipse
após a destruição do segundo templo, ele só poderia ter tido a visão de um terceiro ou até
mesmo um quarto templo futurístico. Paulo afirma em II Tessalonicenses 2:4 que o anticristo
se assentará no Templo de Deus, desejando ser adorado como tal. Como podemos ver, é
evidente que um novo Templo será reconstruído em Jerusalém. Porém, deveríamos nos
preocupar menos com o “se” e atentar mais para o “como”, uma vez que o monte do templo
se encontra atualmente sob domínio muçulmano, e qualquer tentativa dos judeus de tomá-lo
novamente, culminará na pior guerra religiosa já vista pela humanidade. Mas de uma coisa
podemos estar certos: as promessas de Deus são Eternas e se cumprirão perante os olhos dos
homens. Suas promessas são sempre SIM e AMÉM!
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Brit Milá – Uma Aliança Perpétua:
De acordo com a Halachá (Lei de conduta) judaica, uma criança nascida de mãe judia é
considerada também judia, mesmo que o pai não seja judeu. A descendência de um judeu,
casado com uma não-judia, não é considerada judaica, segundo o rabinato oficial. Mas
biblicamente, a linhagem deve ser considerada por intermédio do pai, como descrito nas
várias genealogias da Torá e dos Escritos Sagrados. Também na Brit Chadashá (Novo
Testamento), os evangelhos de Mateus e Lucas atestam a importância para o judeu de se
comprovar a linhagem Davídica de Yeshua, pois o Messias deveria ser da Casa de Davi.
Um dos símbolos que marcam a entrada de uma criança judia do sexo masculino na aliança
abraâmica estabelecida entre os descendentes de Abraão, em Isaque, e o Criador, é a Brit
Milá – Aliança da Circuncisão. Vejamos as palavras de D‟us a Abraão:
“…guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência no decurso das suas gerações. Esta é
a minha aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós
será circuncidado. Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por SINAL de aliança
entre mim e vós. Ao oitavo dia será circuncidado…”. (Gn 17:9-12).
Segundo as palavras de D‟us, a circuncisão seria um sinal físico da aliança entre D‟us e os
descendentes de Abraão em Isaque. Ela também vincula os descendentes de Abraão à terra de
Israel e sua posse perpétua (Gn 17:8). Tal procedimento foi ordenado por D‟us para ser
cumprido “no decurso das suas gerações”, ou seja, para sempre. Por isto, há mais de 3000
anos, o povo judeu tem guardado a tradição bíblica do Brit Milá. Ela introduz o judeu à tríade
que compõe sua identidade: Deus (fé), Abraão (povo) e Eretz Israel (terra de Israel).
Todo menino judeu, aos oito dias de idade, celebra a Brit Milá. É uma ocasião de festa e
alegria, pois o recém-nascido está prestes a entrar na aliança abraâmica e se tornar um judeu.
É interessante também notar a sabedoria de D‟us ao determinar o oitavo dia. Milhares de anos
após D‟us ordenar aos filhos de Israel que fossem circuncidados, a medicina moderna
descobriu que aos oito dias de idade o recém-nascido possui a mais alta taxa de protrombina
de sua vida. A protrombina é uma proteína responsável pela coagulação sanguínea e é
também responsável pela eficácia do sistema imunológico. É claro que Abraão não teria como
saber de tal fato, 3500 anos atrás.
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Pintura de uma cerimônia de Brit Milá
Durante a cerimônia de Brit Milá, os pais convidam os amigos mais próximos da
família bem como todos os membros da sinagoga. Após a circuncisão, o nome hebraico da
criança é anunciado juntamente com a bênção que diz: “… que ele cresça nos caminhos da
Torá, no casamento e em boas obras. ” Todos então celebram a alegria de ter um novo judeu
na comunidade.
Uma das dúvidas mais frequentes que ouvimos nos meios cristãos é: Deve um judeu
discípulo de Yeshua continuar realizando a cerimônia de Brit Milá? A Nova Aliança anulou o
estatuto perpétuo da circuncisão para o judeu? Vejamos algumas passagens:
“Completados os oito dias para ser circuncidado, deram ao menino o nome de Yeshua
(Jesus), como lhe chamara o anjo antes de ser nascido. (…) segundo a Lei de Moisés,
levaram-no a Jerusalém para ser apresentado ao Senhor (…) para oferecer sacrifício,
segundo o que está escrito na Lei: Um par de rolas ou dois pombinhos.” (Lc 2:21-24).
“Ouvindo-o, deram eles glória a D‟us e lhe disseram: Bem vês, irmão Paulo, quantas
dezenas de milhares há entre os judeus que creram em Yeshua, e todos são ZELOSOS da
Lei”. (At 21:20)
68
“Porém confesso-te que, segundo o Caminho, a quem chamam seita, assim sirvo ao D‟us de
nossos pais, acreditando em TODAS as coisas que estejam de acordo com a Lei e nos escritos
dos Profetas.” (At 24:14).
“Paulo porém, defendendo-se, disse: Nenhuma falta cometi contra a Lei dos Judeus, nem
contra o Templo, nem contra César.” (At 25:8).
Não há dúvidas que os textos acima demonstram claramente que o Judeu, mesmo
crendo em Yeshua como seu Messias, não deixa de ser judeu. Ele continua guardando a Torá
e cumprindo o que foi estipulado pelo próprio D‟us em sua Lei. A circuncisão faz parte dos
preceitos de D‟us PARA O POVO JUDEU pois conecta-os não só a D-us e ao Povo, mas a
Terra de Israel. Portanto, não deve ser anulada. A crença de um judeu no Messias Yeshua não
deve anular seu status como crente em D-us, descendente de Abraão em Isaque e herdeiro de
Eretz Israel (os pilares que a circuncisão confirma ao judeu).
Kissê shel Eliáhu (cadeira de Elias) – segundo a tradição, o profeta Elias “visita” cada Brit
Milá do povo judeu para testemunhar este importante mandamento.
Mas o apóstolo Paulo enfrenta dois grandes problemas em relação a circuncisão em meio às
comunidades fora de Israel. O primeiro problema foi a imposição da prática da circuncisão
para os discípulos não-judeus. Alguns (judeus e também judeus crentes) começaram a exigir a
circuncisão de crentes gentios como requisito para a entrada no Reino, se podemos colocar
dessa forma. Os apóstolos em Jerusalém condenam ferozmente tal doutrina, proibindo a
circuncisão com esse fim para o gentio crente e estabelecendo os mandamentos Noéticos
como o mínimo de guarda gentílica até que seja “restaurado o Tabernáculo caído de Davi e
todas as nações busquem e conheçam a D‟us”. (Am 9:11, At 15:16). A decisão desses líderes
69
judeus em Jerusalém foi conforme o propósito profético e escatológico que o conhecimento
de D-us e Sua Torá por parte dos povos da Terra será através da obra do Seu Ungido Yeshua.
Notemos que não é a circuncisão que introduz o não-judeu na aliança de fé, mas sim, a obra
de Yeshua com as Boas Novas do Reino.
“…porque, por ele (Yeshua), ambos (circuncisos e incircuncisos) temos acesso ao Pai em um
Espírito. Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da
família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo,
Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário
dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação
de Deus no Espírito. ” (Ef 2:18-22)
“…podeis compreender o meu discernimento do Mistério Mashiach, o qual, em outras
gerações, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como, agora, foi revelado aos seus
santos apóstolos e profetas, no Espírito, a saber, que os gentios (incircuncisos) são coherdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa do Mashiach por
Yeshua, através do evangelho;” (Ef 3:4-6)
“Porque o SENHOR se compadecerá de Jacó, e ainda elegerá a Israel, e os porá na sua
própria terra; e unir-se-ão a eles os estrangeiros, e estes se ACHEGARÃO à casa de Jacó.”.
(Is 14:1)
“Depois que eles terminaram, falou Yaakov, dizendo: Irmãos, atentai nas minhas palavras:
expôs Shimon como D‟us, primeiramente, visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles
um povo para o seu nome. Conferem com isto as palavras dos profetas, como está escrito:
„Cumpridas estas coisas, voltarei e reedificarei o tabernáculo caído de Davi; e, levantando-o
de suas ruínas, restaurá-lo-ei. Para que os demais homens busquem o Senhor, e também
todos os gentios sobre os quais tem sido invocado o meu nome, diz o Senhor, que faz estas
coisas conhecidas desde séculos.‟ Pelo que, julgo eu, não devemos perturbar aqueles que,
dentre os gentios, se convertem a D‟us, mas escrever-lhes que se abstenham das
contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas, da carne de animais
sufocados e do sangue. Porque Moisés (a Torá) tem, em cada cidade, desde tempos antigos,
os que o pregam nas sinagogas, onde é lido todos os sábados”. (At 15:13-21).
Por compreenderem os ditos dos profetas de Israel, os Apóstolos legislaram em NÃO IMPOR
a circuncisão como requisito à entrada no Reino de D-us. Eles não só “não impõem” mas
proíbem a mesma com esses fins. Neste aspecto, eles estão em consonância com os princípios
rabínicos em relação a difusão da fé em um só D-us, o D-us de Israel. Difunde-se não a
circuncisão para conversão à D-us, mas sim a fé e o abandono das práticas e crenças
abominadas por este D-us:
“Ande cada um segundo o Senhor lhe tem distribuído, cada um conforme Deus o tem
chamado. É assim que ordeno em todas as igrejas. Foi alguém chamado, estando circunciso?
Não desfaça a circuncisão. Foi alguém chamado, estando incircunciso? Não se faça
circuncidar. A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que
vale é guardar as ordenanças de Deus. Cada um permaneça na vocação em que foi
chamado.” (1Co 7:17-20)
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Os rabinos possuem vários escritos sobre o que gentios devem fazer para serem herdeiros do
Olam Habá (Mundo Vindouro). Entre tais requisitos, estão as sete leis noéticas.
Evidentemente, a circuncisão não é listada em NENHUM escrito rabínico como necessário ao
gentio que deseja ser “justo” diante do Eterno. Isso pois há princípios muito mais importantes
e que realmente fazem a diferença na crença e na prática do indivíduo. Além do mais, a
circuncisão estabelece o vínculo do judeu com a Terra de ISRAEL (herança perpétua), e
portanto não poderia ser aplicada a todo aquele que decide crer e obedecer a D-us. Para fins
didáticos, as Leis Noéticas são:
1. Adorar somente a D-us (abandonar qualquer forma de idolatria)
2. Não blasfemar a D-us
3. Não assassinar
4. Não se envolver em promiscuidade sexual (adultério, fornicação, incesto, bestialidade,
homossexualidade, etc.)
5. Não furtar
6. Não ingerir Sangue
7. Estabelecer tribunais de Justiça
(qualquer semelhança com At 15 não é mera coincidência!)
Sabemos que as principais fontes doutrinárias rabínicas da antiguidade e da atualidade NÃO
EXIGEM A CIRCUNCISÃO como pré-requisito para um gentio ser considerado JUSTO e
HERDEIRO do Reino de D-us. Dentre tais fontes, podemos citar: Tosefta, Mishna, Talmude,
e até mesmo Maimonides,em sua Mishnei Torá:
“Qualquer um que aceite sobre si e cuidadosamente observe os sete mandamentos faz parte
dos Justos entre as Nações do Mundo e possui uma porção no Mundo Vindouro.” (Mishnei
torá – Shoftim, Leis dos Reis e Suas guerras, 8:14).
Apesar de todas essas provas e assim como nos dias dos apóstolos, temos nos dias de hoje
também gentios que, fascinados pelo judaísmo, teimam em apregoar que a circuncisão é
necessária para todos os que queiram entrar no reino e na aliança de D-us. Eles citam alguns
textos da Torá, tais como as palavras de D-us a Avram em Gn 17:12-13 ou as instruções sobre
o Pêssach (Páscoa) em Ex 12:44-49. Cito os dois logo abaixo:
“O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações, tanto o
escravo nascido em casa como o comprado a qualquer estrangeiro, que não for da tua
estirpe. Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro;
a minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua.” (Gn 17:12-13)
“Porém todo escravo comprado por dinheiro, depois de o teres circuncidado, comerá dela. O
estrangeiro e o assalariado não comerão dela. O cordeiro há de ser comido numa só casa;
da sua carne não levareis fora da casa, nem lhe quebrareis osso nenhum. Toda a
congregação de Israel o fará. Porém, se algum estrangeiro se hospedar contigo e quiser
71
celebrar a Páscoa do SENHOR, seja-lhe circuncidado todo macho; e, então, se chegará, e a
observará, e será como o natural da terra; mas nenhum incircunciso comerá dela. A mesma
lei haja para o natural e para o forasteiro que peregrinar entre vós.” (Ex 12:44-49)
Bem, primeiramente os textos são citados fora do contexto, pois não foram dados na mesma
situação do tema em questão (circuncisão obrigatória ou não para gentios que queiram entrar
no Reino de Deus). “Texto fora de contexto é pretexto”, já diziam os sábios. Um diz respeito
ao estabelecimento da circuncisão para os escravos de Abraão. O outro diz respeito a
celebração da Festa de Pêssach em Israel por parte de estranhos à fé de Israel. Ou seja, se
você fosse um estrangeiro, crente ou não em D-us, e fosse comprado pelo patriarca Abraão
em seus dias como escravo, você não teria outra escolha. Ou se você habitasse ou estivesse
passando entre o povo judeu nos dias do Êxodo, ou durante o estabelecimento das tribos de
Israel em Canaã, ou ainda nos dias da reforma de Esdras e Neeminas em Israel, e quisesse
celebrar o Pêssach com eles, teria mesmo que ser circuncidado, pois a mesma Torá
CONCERNENTE ao Pêssach era e ainda é efetiva para ESTRANHOS à D-us e a Abraão.
Felizmente, se você não é judeu mas nasceu nos últimos 2000 anos, ou se não é judeu mas foi
feito filho de Abraão e aproximado à D-us mediante a Fé em Yeshua, estes dois casos não se
aplicam a você. Você não é mais estrangeiro nem estranho à fé, mas foi feito “concidadão
com os santos” e parte da “família de D-us” (Ef 2:19). Bem vindo ao Reino sem ter que se
circuncidar!
O rabino Shaul (Paulo) também admoesta Judeus crentes em Roma que a circuncisão, apesar
de ser um mandamento, não representa a garantia para o judeu de entrada na aliança
abraâmica. O que confirma a aliança é a OBEDIÊNCIA à Lei e “andar nas mesmas pegadas
de Abraão” (Rm 4:12), e não apenas o ato em si: “Porque a circuncisão tem valor se
praticardes a lei; se és, porém, transgressor da Lei, a tua circuncisão já se tornou
incircuncisão” (Rm 2:25). Note-se que Paulo não está se posicionando CONTRA a
circuncisão, mas sim tentando convencer judeus crentes que ela deve ser acompanhada de
boas obras e de um testemunho condizente com a fé. A obra não pode ser feita em lugar da fé,
mas como consequência dela. O judeu discípulo de Yeshua não guarda a Lei para ser salvo,
mas sim, porque é salvo. A intenção do coração e a motivação são completamente diferentes.
Por isso, o próprio Paulo declara a Judeus que se vangloriavam na simples descendência
judaica mas se esqueciam de ter um coração judaico: “Porque não é judeu quem o é apenas
exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é
interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo
louvor não procede dos homens, mas de D‟us”. (Rm 2:28-29) (apenas um breve comentário
sobre essa passagem: é decepcionante ver gentios crentes citando esse texto para provar que
agora „são judeus‟ porque „o são de coração‟. Mais uma vez, essas palavras não foram
direcionadas a gentios, mas sim, a judeus – basta ler o capítulo 2 desde o início).
Portanto, a Brit Milá deve ser para o judeu, seja ele messiânico ou não, uma honra e também
uma responsabilidade. Ela deve ser cumprida, tal como todos os outros mandamentos do
Eterno, com a intenção correta do coração (kavaná), sendo um símbolo externo de algo que
deve existir também internamente. A Brit Milá expressa o amor de D‟us para com Israel
através da aliança estabelecida entre D‟us e o Seu povo. Ela é o sinal do vínculo do judeu com
a fé dos patriarcas, com a linhagem dos patriarcas e com a herança da Terra dos Patriarcas. A
circuncisão é um mandamento dado à Casa de Israel e deve ser mantida como cumprimento
dos estatutos perpétuos dados pelo Eterno ao povo hebreu, não devendo ser imposta nem
exigida para os que dentre as nações se convertem a D-us através do Seu Ungido.
72
Israel e seus inimigos em três tempos:
Havia acabado de chegar em Israel em julho passado (2014), quando iniciou-se uma “chuva”
de foguetes do Hamás, de Gaza, sobre Israel. Foram dias inusitados para mim e minha esposa,
filho e netos. Uma experiência vivida em pleno clima de guerra, sirenes tocando, povo se
escondendo apressadamente nos “shelters” (abrigos anti-bombas), noticiário local e
internacional cobrindo fatos, entrevistas, cenas sangrentas de civis palestinos, soldados
israelenses, destroços e mais destroços. Por outro lado, pessoas trabalhando, comprando e
passeando nas ruas. Os artistas de rua expondo suas habilidades, turistas passando e jogando
moedas nas caixinhas dos talentosos desempregados. Parecia tudo normal, mas ouvia-se dos
comerciantes judeus e árabes das ruas velhas de Jerusalém sobre a queda no comércio e o
malefício da guerra, onde todos perdem. Lembrei-me da primeira vez que lá estive, quando
conheci um sobrevivente do holocausto que gentilmente me recebeu como visitante na
pequena Sinagoga Roe Israel, de Joseph Shulam, no centro de Jerusalém. Este piedoso e
temente homem, Joseph Vactor, dizia: “A guerra nunca é bênção, mesmo se você ganha. A
paz é bênção.” [1]. Enfim, o que mais a gente fazia, andando, comprando, passeando,
visitando amigos, dormindo, etc. era sempre o mesmo: – orar, orar e orar, perguntando ao
Eterno, o porquê da constante perseguição de Israel por seus vizinhos. Por que as passeatas
contra Israel ao redor do mundo? Qual é a razão de tudo isso, se o que Israel mais deseja é
viver em paz? Por que Israel precisa viver se defendendo, vivendo a paranoia de uma guerra
constante e sem fim? Por que a mídia e as autoridades do mundo são incapazes de entender a
razão desses quatro milênios de conflito? Será que o próprio Israel entende o porquê disso
tudo? Quando e por que este conflito milenar começou e quando vai acabar?
Tudo começou na época de Abraão, quando ele e Sara tiveram seu filho Isaque, o filho da
promessa, que deu origem ao povo judeu pp.dito. Porém, antes Abraão havia tido um filho
com sua escrava Hagar, Ismael, que casando-se com uma egípcia deu origem a doze príncipes
que povoaram aquela região. Descendentes de Abraão, Ló e o filho rebelde de Isaque, Esaú,
se misturam com os ismaelitas, dando origem aos povos vizinhos (adonitas, amonitas,
amalequitas, moabitas, hagarenos, ismaelitas) que juntaram-se aos filisteus, cananeus e outros
povos com um único objetivo: – destruir a linhagem da promessa, Israel. Depois vieram os
babilônios, os persas, os gregos, os romanos, os turcos, os árabes, e mesmo vários segmentos
do cristianismo, como ocorrido na época dos cruzados, a inquisição, os pogroms, o
holocausto, as intifadas e agora os terroristas do Hamás, Hisbolah, Isis, e outras facções do
Islam, sempre com o mesmo objetivo, a aniquilação de Israel.
Se o judeu é o povo da Bíblia, então o maior legado de Israel para a humanidade é seu livro
divino e inspirado por D´us. O que diz então este livro sobre esta hereditária perseguição e
desejo de aniquilar Israel, varrendo-o do mapa?
Foi então que me concentrei nas passagens bíblicas que pudessem trazer luz ou pelo menos
uma explicação razoável no sentido de entender a importância de Israel para as nações através
do tempo e do plano divino. Portanto, não há como entender a inimizade dos países vizinhos e
mesmo a maioria das nações que se posiciona contra Israel sem levarmos em consideração os
aspectos espirituais deste conflito milenar.
73
Apresentaremos, a seguir, um contexto bíblico-espiritual na tentativa de explicar o porquê
deste conflito. Evidentemente, mesmo os que não crêem na Bíblia poderão conhecer um
pouco da história.
Antes de começar, eu gostaria de apresentar neste momento a minha conclusão final: A razão
de toda guerra e conflito com Israel está relacionado ao Tikkun Olam (A redenção universal)
que virá em breve sobre o planeta Terra e sobre todo o universo. Israel foi comissionado
divinamente como nação coorporativa para esta nobre missão. Entretanto, esta missão não o
coloca melhor do que nenhuma outra nação, mas faz recair sobre ele uma grande
responsabilidade pela qual Israel tem pago um altíssimo preço ao longo de sua existência. A
grande verdade é que as forças opositoras do mal ou das trevas, que tanto a Bíblia menciona,
sabem que pouco tempo lhes resta para agir (Ap 12:12).
Israel como povo muitas vezes tem se esquecido, ao longo de sua própria história, dessa nobre
missão, desse chamado divino e irrevogável. Mas, se recorrermos ao Tanhuma Kdoshim, 10
(um antigo Midrash), escrito antes do Tamuld da Babilônia, veremos que os rabinos da época
já entendiam a importância de Israel no contexto universal. Ou seja, Israel é o centro da terra
na perspectiva messiânica. Assim, o centro do mundo seria Israel, do mesmo modo que o
centro de Israel seria Jerusalém. O centro de Jerusalém seria o Templo; o centro do Templo
seria o Aron Hakodesh (a Arca) e o Centro da Arca seria a Torá.
Representação do Midrash Tanhuna Kdoshim: A Palavra do Eterno como centro do universo
Mas, o que é a Torá? No profundo sentido espiritual seria a Palavra de D´us, Sua “davar”ou
“logos”. Para mim, a Torá é o Verbo que se fez carne e habitou entre nós, segundo João
(1:14), apóstolo e seguidor de Yeshua, o Messias, em sua primeira vinda. Na sua primeira
vinda, Yeshua veio para trazer as Boas Novas de redenção para a humanidade; veio como
profeta, como Filho do homem (Ben Adam), como gostava de ser chamado. Mas, em sua
segunda vinda, virá como Rei (Ben David) e Sacerdote para implantar o Seu Reino
Messiânico de Justiça, Paz e Alegria (Rm 14:17), reinando sobre as nações de Jerusalém,
exatamente do Templo de Salomão que será reconstruído no Monte Moriá, segundo o profeta
Ezequiel.
74
O profeta Ezequiel, em exílio na Babilônia no ano 598, A.C, entendeu claramente o porquê de
Israel estar em exílio por 70 anos. Israel vivia como as demais nações na tríade da idolatria,
adultério e apostasia. Ezequiel vê Israel saindo dos propósitos divinos e em luta constante
com seus vizinhos. Depois, num outro tempo, Ezequiel vê as nações da terra marchando
contra Israel. Sobre isto, gostaria, para efeitos didáticos, fazer uma “midrash” de vários textos
bíblicos, resumindo no seguinte:
Os três tipos de inimigos de Israel em três tempos:
I. Primeiro Tempo – Os vizinhos inimigos de Israel.
Os capítulos 25 a 32 de Ezequiel mencionam os vizinhos de Israel como seus inimigos. Todos
tem em comum um único propósito: destruir Israel! Quem são eles?
Amon, Moabe, Edom, Filístia, Tiro, Sidon e Egito. Asafe, salmista contemporâneo do Rei
David, escreveu no Salmo 83 que os vizinhos inimigos de Israel são: Edom (descendentes de
Esaú), Ismaelitas (descendentes de Ismael), Moabe (descendentes de Ló com sua filha mais
velha), Hagarenos descendentes de Hagar), Gebal (fenícios e parte do Líbano), Amom (filhos
de Ló com a filha mais nova), Amaleque (descendentes de Esaú), Filisteus (habitavam em
Jope e Gaza), Tiro e Assíria (parte da Síria e Iraque). No Salmo 83, é dito que esses povos
formaram uma liga, um conselho (federação) com um único objetivo: Riscar Israel do Mapa!
(Vinde, e apaguemo-los para que não sejam nação, nem seja lembrado mais o nome de Israel
– verso 4). Ou seja, podemos fazer uma correlação entre os textos de Ezequiel (25-32) com o
Salmo 83 e chegar à conclusão que todos esses povos foram inimigos ferrenhos de Israel e
tentaram destruí-lo, impedindo que o povo hebreu conquistasse e tomasse posse da Terra
prometida a Abraão, a terra de Canaã. Interessante notar que nenhum desses povos prevaleceu
na terra. Todos esses povos possuem vestígios no atual povo árabe, hoje os vizinhos de Israel.
E o mais interessante é que o mesmo espírito e desejo de destruir Israel continua vivo.
Portanto, Israel deverá estar atento sempre aos seus novos “antigos” vizinhos.
Resumindo:
a) Esses antigos vizinhos foram e serão ainda derrotados no futuro segundo o salmista. Isto
nos mostra que existirão países vizinhos de Israel que tentarão alcançar seus antigos objetivos:
Apagar Israel do Mapa. Podemos então dizer que esses vizinhos tentarão impedir a existência
de Israel, isto é, do povo e da terra de Israel ainda nos dias de hoje.
b) Motivo espiritual: impedir que as profecias messiânicas se cumpram quanto à terra de
Israel e seu povo para a chegada do Messias e de seu Reino universal (Tikkun Olam).
II) Segundo Tempo – A coligação das nações, inimigos de Israel.
Representada em Apocalipse como a Grande Babilônia (Ap 17 a 20) constituída por dez reis
ou nações ou coligações das nações, onde aparecem figuras como o Dragão (satanás), a Besta
e o Falso Profeta (Ap19). A tríade do espírito da Babilônia é a idolatria, a prostituição e a
apostasia. Podemos dizer que idolatria é tudo aquilo que afasta o homem do verdadeiro D´us;
a prostituição é tudo aquilo que corrompe relacionamentos e valores morais, e apostasia é a
conseqüência natural de afastar o homem do Seu Criador, da fé, das bênçãos e promessas.
Hoje, vemos claramente que as nações estão se alinhando para a formação desta liga
babilônica, onde Israel é o centro dessa oposição. É interessante notar que a Europa tem sido
75
invadida por mulçumanos oriundos dos países árabes e da África, principalmente. Nota-se
também que os países europeus tornam-se cada vez mais antagonistas ao Estado judeu.
Facções da ideologia nazista tem crescido no mundo todo, bem como o antissemitismo. O
espírito do mal que nos tempos bíblicos tentava impedir Israel de se estabelecer e existir,
aparece ao longo da história na destruição do primeiro Templo por Nabucodonosor, do
segundo Templo por Tito de Roma, seguido depois pelos Cruzados, Inquisição, Pogroms,
Holocausto, intifadas, e no momento, a coligação de terroristas islâmicos.
Objetivo final: Tentar impedir a vinda (retorno) do Messias e de Seu Reino Milenar, o
Tikkun Olam. Pois segundo as profecias, o Messias Yeshua volta para Israel, não para outro
país. Porém, essa “babilônia” será destruída na batalha no Vale do Armagedon, ou Megido,
ou Vale de Jesreel, o vale do juízo, onde o Messias adentrará com seus eleitos e vitoriosos,
destruindo a besta e o falso profeta, lançando-os no abismo, no lago de fogo e enxofre. O
Dragão, satanás, será preso por mil anos (Ap19:20 e 20:2). Quase todos os profetas bíblicos
desde Isaías até Malaquias fizeram menção quanto ao “Iom há Din” o grande e temível dia do
Senhor, o dia do juízo das nações.
III) Terceiro Tempo – Coligação das nações com Gogue e Magogue contra Israel no
final da era milenar
Mesmo após o Reino de D´us ser implantado nesta terra pelo Messias Yeshua (para aqueles
que Nele crêem), aparecerão no final da era milenar povos e nações que se rebelarão contra
todo o propósito deste Reino messiânico. Inacreditável, mas isto acontecerá segundo as
profecias. O profeta Zacarias (Zc 14:16) menciona que neste período de 1000 anos de paz na
terra, as nações subirão de ano a ano a Jerusalém para adorarem o grande Rei Messias e para
celebrarem a festa de Sucot (Tabernáculos), mostrando a paz no mundo e a alegria por termos
um Rei soberano sobre todas as nações. Nesta época haverá três tipos de pessoas vivendo na
terra. O primeiro será constituído por aqueles crentes em Yeshua que morreram no Messias,
mas que ressuscitaram por ocasião que antecedeu a Sua vinda, no arrebatamento da Igreja,
judeus e gentios juntos no Messias (I Te 4:13:16). O segundo tipo foram aqueles crentes que
não passaram pela morte, mas também tiveram seus corpos glorificados na vinda de Yeshua
(ITe13:15) e o terceiro tipo serão pessoas que nascerão durante a era milenar. Eles levarão
uma vida normal no período milenar, mas no final do milênio satanás será solto e levará
grande parte desses a uma rebelião contra D´us e o Messias. Porém, serão destruídos pelo
fogo que cairá dos céus (Ap20:7-10). Quem serão esses povos que se rebelarão contra D´us
no Reino milenar de Yeshua? Ezequiel, nos capítulos 38 e 39, e também Ap 20:8, mencionam
Gogue, chefe de Meseque e Tubal, Pérsia, Cuche, Pute, Gomer e Togarma. Quem são esses
povos?
Gogue representa uma entidade de satanás. Meseque (filho de Jafé, deu origem aos europeus);
Tubal (assírios); Persa (Irã); Cuxe (descendentes de Cão, os Líbios, p. ex.); Gomer
(descendentes do filho mais velho de Jafé, os Cimérios, arianos que vieram da Ucrânia e
Rússia) e finalmente Togarma (povo de Carmequis, Turquia). Muito interessante analisar que
esses povos serão os arqui-inimigos de Israel e do reino messiânico.
Objetivo final: no final do milênio, segundo a Bíblia, haverá o juízo final e a ressurreição de
todos aqueles que não passaram pela primeira ressurreição (dos salvos em Yeshua). Portanto,
o objetivo de Gogue e Magogue com suas nações coligadas será impedir o Juízo final, por
isso, tentarão pela última vez destruir a sede do Reino Milenar, Jerusalém – Israel. Em outras
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palavras, satanás tentará anular o juízo final e a condenação que virá para seus seguidores (Ap
20:7-15).
Indicação das nações da coligação “Gogue” e “Magogue”
PORÉM, HÁ UM GRANDE MISTÉRIO QUE NÃO PODEMOS ENTENDER, não nos
sendo revelado: – Como sendo o D´us de Abraão, Isaque e Jacó, o D´us de Israel, um Deus
definido pela Bíblia como AMOR , pode ser chamado pela própria Bíblia de D´us dos
Exércitos de Israel (ICr 11:9;ICr17:24; I Sm17:45) ou o D´us das batalhas (Sl24:8; ISm25:28)
ou o D´us que adestra as mãos de Israel para a guerra (Sl144:1)?
Lembremo-nos que D´us não muda (Ml 3:6). Ele é o mesmo D´us de ontem, de hoje e de
sempre. Portanto, concluímos que Ele continua sendo o D´us dos Exércitos de Israel nos dias
de hoje.
Eu não posso entender como um D´us definido como amor, paz, justiça, alegria e tantos
outros atributos, pode se posicionar ainda hoje como o D´us dos Exércitos de Israel! Isto
é difícil de entender, mas é verdade.
Poucos conseguem ver que D´us trabalha em tempos e propósitos consecutivos: Adão perde
pelo livre arbítrio o Reino terreno sob o comando celestial e toda a humanidade tem sofrido
grandemente as consequências deste pecado da separação: guerras, fome, miséria, corrupção,
perda dos valores morais, deterioração da família, etc. Portanto, D´us dá inicio ao processo de
Redenção, escolhendo primeiro um povo e uma terra para se manifestar, mostrando seu
propósito, dando a este povo a Sua Torá. Este povo precisaria de aprendizado, de disciplina e
de temor a D‟us. Assim, D´us o coloca por 430 anos para ser escravo no Egito. Depois, D´us
através de Moisés o leva para a terra de Canaã, a terra prometida para que jamais deixassem
aquele local. Logo a seguir, D´us levanta seus profetas que preconizam e ensinam sobre a era
messiânica e o papel de Israel, em específico, da Tribo de Judá, da qual sairia o Messias em
sua primeira vinda. Um grande feito divino que marcou o mundo antes e depois dele foi a
redenção individual do Messias há dois mil anos, permitindo às nações, através do Mashiach,
usufruir das alianças, das promessas e das bênçãos de Israel. O muro de separação foi
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quebrado entre Israel e as nações. D´us queria que Seu Reino começasse em cada coração,
ainda no interior, na alma, tanto para os judeus como para os gentios que crêem em Seu Filho,
o Mashiach!(Ef 2:11-22).
Dois mil anos se passaram. D´us permite que Israel subsistisse entre os povos, ajuntando-os
dos cantos da terra e levando-os para a terra de seus pais. Israel floresce como povo e nação,
preparando-se para o grande dia em que seus olhos serão abertos e receberão o messias
Yeshua como Seu Rei (Rm11:26). Este tempo se aproxima e aqui faremos um parêntese, uma
pausa, para que as profecias messiânicas continuem a se cumprir em Israel e no mundo.
Se realmente cremos que Ele é amor, então, só entenderemos no final e no tempo messiânico
o porquê de todo este conflito com Israel através da história humana. Lá saberemos e
comprovaremos que realmente a humanidade receberá o melhor Dele, o Seu amor! Ele só ama
Israel porque ama todas as nações. Ele quer o melhor para as nações e, por isso, escolheu
Israel e seu povo para ser a luz para as nações (Isaias 42:6) através Daquele (O Mashiach) que
vêm Dele para reinar sobre toda a terra, estabelecendo o Seu shalom, a Paz!
Yeshua, em sua primeira vinda, falou muito deste Reino de D´us que começa primeiro em
nosso coração. Mas em breve ele será real! A terra viverá em paz, Israel florescerá e dará
frutos ao mundo. As nações da terra subirão a Jerusalém para adorar o grande Rei. O próprio
Yeshua, quando se despediu de seus discípulos num Seder de Pesach (Ceia de Páscoa), disse
que desde aquele momento não beberia mais do fruto da videira (vinho, kidush de Pesach) até
aquele dia em que conosco beberá de novo, no Reino do Pai (Mt 26:29). Ele mesmo declarou
à Jerusalém: “Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não me vereis, até que venhais a dizer:
“Baruch há Ba BeShem Adonai” – Bendito o que vem em nome do Senhor! (Mt 23:39)
Esperando pelo nosso Messias judeu:
Está na moda hoje redescobrir os símbolos bíblicos, que na maioria deles são atualmente
usados pelo povo judeu e pelo Estado de Israel, como por exemplo, a Menorá, a mezuzá, o
shofar, talit, o kipá, a estrela de Davi e tantos outros. Não estou aqui querendo defender o uso
indiscriminado destes símbolos fora da tradição ou do contexto bíblico. Nota-se que a igreja
está querendo de uma forma ou de outra se aproximar de Israel. Indubitavelmente, Israel
continua sendo o “Relógio” de Deus. Muitos questionam se o Israel físico é ainda o Israel de
Deus. Eu respondo, sim, ele ainda o é, por mais longe que ele esteja de Deus. A aliança que
Deus celebrou com Israel e seu povo foi um contrato perpétuo e durará para sempre até a
consumação dos séculos. Tanto em Jeremias 31:35-37 como em Romanos 11:1-2, vemos
claramente o eterno e divino propósito para com os da casa de Israel. Quando houver a
plenitude dos gentios, Israel será salvo pela crença no Messias Yeshua HaMashiach
(Rm11:25-26 e Zc 12:10). Segundo meu entendimento, plenitude aqui se refere muito mais a
maturidade e qualidade da fé do que simplesmente quantidade, ou seja, número determinado
de pessoas que se converterão a Yeshua (Jesus). Nosso noivo, o Messias, está formando para
si uma “noiva” madura, limpa, pura e nova, pois é sem mácula e sem ruga ( Ef 5:27). Ele,
sendo um judeu, deseja que sua “noiva” coloque-se no mesmo jugo Dele, ou seja, mesmo não
sendo judia de sangue, ela o é na circuncisão do coração (Rm2:29). Por isso, é mais do que
natural que a igreja descubra este noivo judeu. Se Ele fosse francês, por exemplo, seria muito
natural que a igreja procurasse saber tudo sobre os costumes franceses, as tradições, a língua
francesa, as comidas típicas, etc. não é mesmo? Mas, por que ser contra quando a igreja
procura se identificar com um noivo judeu? Não seria um resto do antigo anti-semitismo
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cristão ainda existente nos dias de hoje? Não seria ainda um resquício da memória da
inquisição ou mesmo do escrupuloso holocausto? Por que existem pastores vão à TV pregar
contra aqueles cristãos que querem se aproximar e se identificar com suas raízes? Será que o
cristianismo nasceu na Coréa ou no Canadá ou nos Estados Unidos ou mesmo na Colômbia?
A fé cristã genuína é ainda uma fé judaica baseada nos livros judaicos denominados de
Escrituras Sagradas, ou seja, no Antigo e Novo Testamento. E por um acaso Jesus na Nova
Aliança anulou a Lei judaica do Antigo Testamento? De maneira nenhuma, responde o
próprio Jesus ( Mt 5:17). Se Yeshua na sua vinda gloriosa volta desposado com Sua Igreja (
judeus e gentios crentes) para Jerusalém-Israel para de lá reinar por mil anos, por que tanta
aversão as coisas de Israel? Por que ser contrário a uma simples bandeira de Israel afixada
juntamente com a do Brasil existentes nos púlpitos de muitas igrejas? Por acaso, segundo a
Bíblia, não devemos orar por Jerusalém e por Israel para que eles sejam salvos? Por que
ignorar se a Bíblia confirma a salvação de Israel e do povo judeu? Por acaso este não seria um
dos importantes papéis da Igreja? Seria muito mais proveitoso e justo que todos colaboremos
e trabalhemos a favor da conversão dos judeus do que simplesmente ficar pagando caros
programas na TV para desviar a Igreja de seus próprios e divinos propósitos (Rm 11:30-32).
Por acaso, a Bíblia prediz a salvação de todo o Brasil, ou da Inglaterra ou da Alemanha? Não,
especificamente, não, embora que Deus deseja que todas as nações e povos sejam alcançados
e salvos. Ridículos argumentos são usados por alguns líderes cristãos para afastar a Igreja de
Israel. Os árabes e palestinos crentes em nossas congregações judaico-messiânicas em Israel
amam os judeus e oram pela salvação do Estado judeu também. E, nós, também oramos todos
os dias pela salvação do povo árabe, sobretudo, a favor do povo palestino, pois, quanto à
salvação não há distinção entre judeus e gentios ( Rm10:12). Uma igreja vestida de suas
“túnicas” greco-romanas, pensando e agindo, sobretudo, fora do contexto judaico da palavra,
não poderá causar emulação a Israel e nem tão pouco aos judeus espalhados pelo mundo que
precisam ser alcançados para que o Messias volte.
(Rm 11:14-15). Oremos para que sejamos mais tolerantes e que haja mais amor fraternal entre
aqueles que se dizem membros do Corpo de Cristo!
Mas, o que afinal, judaizar?
A igreja gentílica de Jesus, chamada na generalidade de cristã, ainda defende uma atitude
muitas vezes cega e injusta quanto à sua própria origem judaica. O conceito de judaizar e
rotular tudo quanto se refere a Israel ainda deixa muito a desejar. Segundo as Escrituras (Atos
15:1, Gal 2:14, etc), judaizar é forçar um gentio a circuncidar-se, por exemplo, e aceitar a Lei
de Moisés visando salvação, quando esta é só por fé em Yeshua. Neste ponto, nós judeusmessiânicos, somos muito zelosos (At 21:20), pois sabemos, como já mencionado acima, que
não há diferenças entre judeus e gentios quanto à salvação, pois todos, indistintamente,
através de Yeshua, somos membros do mesmo corpo e da família de Deus (Rm10:12; Ef
2:14-19 e 1 Co 12:27). O que os cristãos, normalmente não entendem, é que ao mesmo tempo
em que não há diferenças entre judeus e gentios quanto à salvação, há diferenças quanto ao
indivíduo ser judeu e pertencer à nação de Israel. Pois, inúmeras profecias são específicas
para o povo judeu e a nação de Israel. Profeticamente, só eles poderão cumprir tais profecias
até que Yeshua volte e reine aqui nesta terra com Seus santos eleitos. Por isso, a Igreja deve
entender que Deus não rejeitou o Seu povo escolhido (Rm 11:1; Jr 31:35). Além do mais,
Deus tem um chamado irrevogável para este povo e para esta nação (Rm 11:28-29). Por
exemplo, na Bíblia há mandamentos, estatutos e ordenanças dados por Deus para a
humanidade como um todo, e há também leis aplicadas somente para a casa de Israel, os
judeus, quer sejam messiânicos ou não.
Um bom exemplo, são as leis do decálogo, que se aplicam à humanidade. Um indivíduo
debaixo da graça de Yeshua, não deve jamais pensar em furtar, matar, adulterar, desonrar pai
e mãe, profanar o dia sagrado determinado para o descanso, etc. Por outro lado, Deus quer
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preservar Seu povo escolhido e, por isso, Ele próprio o caracteriza, separando-o dos demais
povos através de mandamentos, estatutos e ordenanças, específicas e perpétuas. Como já
enfatizamos, um judeu-messiânico justificado pelo sangue de Yeshua, deve continuar levando
sua vida como um judeu zeloso a estas leis. Ou seja, seu estilo de vida precisa ser judaico e
não de um gentio crente (At 21:20; 24:14; 25:8; 28:17, etc.). Não quero dizer em hipótese
nenhuma que um judeu crente é mais importante do que um gentio crente. De maneira
nenhuma! Deus não faz acepção de pessoas. O que os crentes gentios não entendem é que um
judeu quando aceita Yeshua como seu Senhor e Salvador, ele não precisa deixar de ser judeu.
O judeu secular também não entende isto, pois ele pensa ser impossível ser judeu e se
“converter” a Yeshua (isto, por culpa dos cristãos que sempre obrigaram os judeus a renunciar
sua fé judaica para se tornar um “cristão”, seguidor de Cristo). Devemos ter em mente que há
uma tremenda diferença entre um judeu e um muçulmano, um budista, um confucionista, etc.
Pois o judeu, já crê no Deus Único Verdadeiro, crê na Torá e nos outros livros do AT,
procuram seguir a santa Palavra de Deus. O que precisa, então, acontecer é que este judeu
praticante reconheça Yeshua como seu Messias de Israel e viva segundo esta fé. Mas, ele, em
hipótese nenhuma, deixa de ser judeu por crer em Yeshua, assim como, um gentio crente não
deixa de ser gentio após sua conversão.
Exemplo disto se vê claramente numa congregação judaico-messiânica. Lá vamos encontrar
judeus crentes vivendo como judeus e gentios, também crentes, vivendo como gentios. O que
precisa ficar claro para alguns pastores e líderes, principalmente, é que as Escrituras exigem
que um judeu aceite Yeshua e viva como judeu zeloso para com as leis do AT que não foram
revogadas por Yeshua. Se um judeu viver como gentio ele acabará perdendo sua própria
identidade, não cumprindo o chamado irrevogável de Deus que o quer como judeu. De outra
forma, quem cumpririam as profecias que ainda faltam a se cumprir para que Yeshua retorne?
Por isso, Israel continua sendo o “relógio” de Deus quanto ao cumprimento profético para o
retorno do Messias a este mundo.
O gentio crente deve entender que ele não tem a obrigação de guardar a lei, tendo-a como um
manual de doutrina. Não! Mas, o gentio crente precisa tomar consciência que ele em Cristo
foi enxertado na Oliveira que é o Israel de Deus e, portanto, ele pode e deve participar da
mesma seiva (bênçãos e promessas da Casa de Israel). Por isso, um gentio crente pode
praticar e se beneficiar da lei judaica do dízimo, das festas bíblicas, de estudar a Torá aos
sábados, observar as leis alimentares, além de aprender na Torá como melhor trabalhar,
preservar seu patrimônio e ser próspero, manter sua família em harmonia, gozar de boa sua
saúde, etc. Será que Yeshua anulou tudo isto na cruz? Claro que não! A graça e a lei se
completam. Será que um gentio se beneficiando das promessas da lei estaria judaizando?
Judaizar, meu prezado leitor, não é aquilo que alguns pastores dizem que é judaizar, pois a
maioria deles se encontra fora de suas raízes judaicas da fé, desconectado do Israel de Deus e,
às vezes, alheios ao papel da Igreja que lideram quanto ao povo judeu e o Israel profético.
Os luteranos quando criaram suas normas internas estavam querendo “luteranizar” a igreja?
Ou os anglicanos também quando estabeleceram suas diretrizes estariam querendo
“anglicanizar” também a Igreja? Idem, os americanos de “yankizar” a Igreja, pois destes
saíram várias boas e más doutrinas, não é mesmo? O que tenho visto, salvo raras exceções, é
muito modismo evangélico estranho à sã palavra de Deus. Será que isto que temos visto por aí
tem contribuído a favor da qualidade e maturidade espiritual de seus membros? Agora,
quando os judeus-messiânicos desejam voltar às suas raízes, desinfetando-se dos conceitos,
tradições e influências de um mundo pagão, ou quando querem voltar ao contexto judaico das
Escrituras ou explorar as riquezas da língua bíblica hebraica, ou do pensamento e cultura do
povo judeu preservados ao longo da história, estaríamos eles judaizando a Igreja? São cegos e
injustos aqueles que assim agem, julgam, escrevem e dizem. A igreja de Jesus deveria voltar
para trás e se arrepender pelo que tem feito contra o povo judeu e a nação de Israel e não
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continuar seguindo em frente no erro, enfatizando conceitos não bíblicos que somente trarão
ainda mais danos para seus fiéis. Por que não voltarmos todos juntos aos princípios bíblicos e
judaicos promulgados e vividos pelos apóstolos no primeiro século? Por que há entre pastores
tanta resistência em conhecer estes princípios vitais para a Igreja antes da influência e
domínio de Roma? Como vivia a Igreja de Jesus antes dela ter sua sede em Roma? O que ela
fazia, o que ela pregava ?
A etapa de se reformar a Igreja já passou, na minha opinião. Agora é hora de restaurar, ou
seja, voltar às origens, ao modelo original criado pelos profetas, por Yeshua e pelos apóstolos.
Oremos para que haja membros sérios e autênticos na busca pela verdade, qualidade e
maturidade da fé. Que Deus levante pessoas que possam investir tempo, jejum e muita oração
nesta obra de Restauração da Igreja, trazendo-a de volta aos princípios bíblicos e judaicos do
primeiro século, com certeza este movimento será um “divisor de águas” e ao mesmo tempo
um elo para a unidade do Corpo, auxiliando na preparação, edificação, preservação daqueles
que são efetivamente membros individualmente do Corpo do Messias e que constituem a
“Noiva” que está sendo lavada e ataviada para o seu único noivo: seu Messias judeu, Yeshua
Há Mashiach!
Muitos brasileiros são descendentes de judeus:
Um povo para ser destacado dentre as nações precisa conhecer sua identidade, buscando
profundamente suas raízes. Os povos formadores do tronco racial do Brasil são perfeitamente
conhecidos, como: o índio, o negro e o branco, destacando o elemento português, nosso
colonizador. Mas, quem foram estes brancos portugueses? Pôr que eles vieram colonizar o
Brasil ? Viriam eles atraídos só pelas riquezas e Maravilhas da terra Pau-Brasil ? A grande
verdade é que muitos historiadores do Brasil colonial ocultaram uma casta étnica que havia
em Portugal denominada por cristãos-novos, ou seja, os Judeus ! Pôr que ? (responder esta
pergunta poderia ser objeto de um outro estudo).
Em 1499, já quase não havia mais judeus em Portugal, pois estes agora tinham uma outra
denominação: eram os cristãos-novos. Eles eram proibidos de deixar o país, a fim de não
desmantelar a situação financeira e comercial daquela época, pois os judeus eram prósperos.
Os judeus sefarditas, então, eram obrigados a viver numa situação penosa, pois, por um lado,
eram obrigados a confessar a fé cristã e por outro, seus bens eram espoliados, viviam
humilhados e confinados naquela país. Voltar para Espanha, de onde foram expulsos, era
impossível, bem como seguir em frente, tendo à vista o imenso oceano Atlântico. O milagre
do Mar Vermelho se abrindo, registrado no Livro de Exôdo, precisava acontecer novamente.
Naquele momento de crise, perseguição e desespero, uma porta se abriu: providência divina
ou não, um corajoso português rasga o grande oceano com sua esquadra e, em abril de 1500, o
Brasil foi descoberto.
N a própria expedição de Pedro Álvares Cabral já aparecem alguns judeus, dentre eles,
Gaspar Lemos, Capitão-mor, que gozava de grande prestígio com o Rei D. Manuel. Podemos
imaginar que tamanha alegria regressou Gaspar Lemos a Portugal, levando consigo esta boa
nova: – descobria-se um paraíso, uma terra cheia de rios e montanha, fauna e flora jamais
vistos. Teria pensado consigo: não seria ela uma “terra escolhida” para meus irmãos hebreus ?
Esta imaginação começou a tornar-se realidade quando o judeu Fernando de Noronha,
primeiro arrendatário do Brasil, demanda trazer um grande número de mão de obra para
explorar seiscentas milhas da costa, construindo e guarnecendo fortalezas na obrigação de
pagar uma taxa de arrendamento à coroa portuguesa a partir do terceiro ano. Assim, milhares
e milhares de judeus fugindo da chamada “Santa Inquisição” e das perseguições do “Santo
Ofício” de Roma, começaram a colonizar este país.
81
Afinal, os judeus ibéricos, como qualquer outro judeu da diáspora, procurava um lugar
tranqüilo e seguro para ali se estabelecer, trabalhar, e criar sua família dignamente.
O tema é muito vasto e de grande riqueza bibliográfica e histórica. Assim, queremos com esta
matéria abordar ligeiramente o referido tema, despertando, principalmente, o leitor
interessado que vive fora da comunidade judaica.
Neste pequeno estudo, queremos mencionar a influência judaica na formação da raça
brasileira, apresentando apenas alguns fatos históricos importantes ocorridos no Brasil
colonial, destacando uma lista de nomes de judeus-portugueses e brasileiros que enfrentaram
os julgamentos do “Santo Ofício” no período da Inquisição. Os fatos históricos são muitos e
podem ser encontrados em vários livros que tratam com detalhes desse assunto, como já
mencionado.
Comecemos, então, apresentando um pequeno resumo da história dos judeus estendendo até
ao período do Brasil Colonial.
Desde a época em que o Rei Nabucodonosor conquistou Israel, os hebreus começaram a
imigrar-se para a península ibérica. A comunidade judaica na península cresceu ainda mais
durante os séculos II e I A.C., no período dos judeus Macabeus. Mais tarde, depois de Cristo,
no ano 70, o imperador Tito ordenou destruir Jerusalém, determinando a expulsão de todo
judeu de sua própria terra. A derrota final ocorreu com Bar Kochba no ano 135 d.C, já na
diáspora propriamente dita. A história confirma a presença dos judeus ibéricos, também
denominados “sefaradim”, nessa península, no período dos godos, como comprovam as leis
góticas que já os discriminavam dos cristãos. As relações judaico-cristãs começaram a
agravar-se rapidamente após a chegada a Portugal de 120.000 judeus fugitivos e expulsos pela
Inquisição Espanhola por meio do decreto dos Reis Fernando e Isabel em 31.03.1492. Não
demorou muito, a situação também se agravava em Portugal com o casamento entre D.
Manoel I e Isabel, princesa espanhola filha dos reis católicos. Várias leis foram publicadas
nessa época, destacando-se o édito de expulsão de D. Manoel I. Mais de 190.000 judeus
foram forçados a confessar a fé católica, e após o batismo eram denominados “cristãosnovos”, quando mudavam também os seus nomes. Várias atrocidades foram cometidas contra
os judeus, que tinham seus bens confiscados, saqueados, sendo suas mulheres prostituídas e
atiradas às chamas das fogueiras e as crianças tinham seus crânios esmagados dentro das
próprias casas.
O descobrimento do Brasil em 1500 veio a ensejar uma nova oportunidade para esse povo
sofrido. Já em 1503 milhares de “cristãos-novos” vieram para o Brasil auxiliar na
colonização. Em 1531, Portugal obteve de Roma a indicação de um Inquisidor Oficial para o
Reino, e em 1540, Lisboa promulgou seu primeiro Auto-de-fé. Daí em diante o Brasil passou
a ser terra de exílio, para onde eram transportados todos os réus de crimes comuns, bem como
judaizantes, ou seja, aqueles que se diziam aparentemente cristãos-novos, porém,
continuavam em secreto a professar a fé judaica. E é nesses judaizantes portugueses que
vieram para o Brasil nessa época que queremos concentrar nossa atenção.
De uma simples terra de exílio a situação evoluiu e o Brasil passou a ser visto como colônia.
Em 1591 um oficial da Inquisição era designado para a Bahia, então capital do Brasil. Não
demorou muito, já em 1624, a Santa Inquisição de Lisboa processava pela primeira vez contra
25 judaizantes brasileiros (os nomes abaixo foram extraídos dos arquivos da Inquisição da
Torre do Tombo, em Lisboa).
Os nomes dos judaizantes e os números dos seus respectivos dossiês foram extraídos do
Livro: “Os Judeus no Brasil Colonial” de Arnold Wiznitzer – página 35 – Pioneira Editora da
Universidade de São Paulo:
Alcoforada, Ana 11618
Antunes, Heitor 4309
Antunes, Beatriz 1276
82
Costa, Ana da 11116
Dias, Manoel Espinosa 3508
Duarte, Paula 3299
Gonçalves, Diogo Laso 1273
Favella, Catarina 2304
Fernandes, Beatriz 4580
Lopes, Diogo 4503
Franco, Lopes Matheus 3504
Lopes, Guiomar 1273
Maia, Salvador da 3216
Mendes, Henrique 4305
Miranda, Antônio de 5002
Nunes, João 12464
Rois, Ana 12142
Souza, João Pereira de 16902
Teixeira, Bento 5206
Teixeira, Diogo 5724
Souza, Beatriz de 4273
Souza, João Pereira de 16902
Souza, Jorge de 2552
Ulhoa, André Lopes 5391
Continuando nossa pesquisa, podemos citar outras dezenas e dezenas de nomes e sobrenomes,
devidamente documentados, cujas pessoas foram também processadas a partir da data em que
a Inquisição foi instalada aqui no Brasil. È importante ressaltar que nesses processos os
sobrenomes abaixo receberam a qualificação de “judeus convictos” ou “judeus relapsos” em
alguns casos. Por questão de espaço citaremos apenas nesta primeira parte os sobrenomes,
dispensando os pré-nomes:
Abreu Álvares Azeredo Ayres
Affonseca Azevedo Affonso Aguiar
Almeida Amaral Andrade Antunes
Araújo Ávila Azeda Barboza
Barros Bastos Borges Bulhão
Bicudo Cardozo Campos Cazado
Chaves Costa Carvalho Castanheda
Castro Coelho Cordeiro Carneiro
Carnide Castanho Corrêa Cunha
Diniz Duarte Delgado Dias
Esteves Évora Febos Fernandes
Flores Franco Ferreira Figueira
Fonseca Freire Froes Furtado
Freitas Galvão Garcia Gonçalves
Guedes Gomes Gusmão Henriques
Izidro Jorge Laguna Lassa
Leão Lemos Lopes Lucena
Luzaete Liz Lourenço Macedo
Machado Maldonado Mascarenhas
Martins Medina Mendes Mendonça Mesquita
Miranda Martins Moniz Monteiro
Moraes Morão Moreno Motta
Munhoz Moura Nagera Navarro
83
Nogueira Neves Nunes Oliveira
Oróbio Oliva Paes Paiva
Paredes Paz Pereira Perez
Pestana Pina Pinheiro Pinto
Pires Porto Quaresma Quental
Ramos Rebello Rego Reis
Ribeiro Rios Rodrigues Rosa
Sá Sequeira Serqueira Serra
Sylva Silveira Simões Siqueira
Soares Souza Tavares Telles
Torrones Tovar Trigueiros Trindade
Valle Valença Vargas Vasques
Vaz Veiga Vellez Vergueiro
Vieira Villela
(A lista dos sobrenomes citados acima não exclui a possibilidade da existência de outros
sobrenomes portugueses de origem judaica. – Fonte: Extraído do livro: “Raízes judaicas no
Brasil” – Flávio Mendes de Carvalho – Ed. Nova Arcádia – 1992).
Todos esses judeus brasileiros, cujos sobrenomes estão citados acima, foram julgados e
condenados pela Inquisição de Lisboa, sendo que alguns foram deportados para Portugal e
queimados, como por exemplo o judeu Antônio Felix de Miranda, que foi o primeiro judeu a
ser deportado do Brasil Colônia. Outros foram condenados a cárcere e hábito perpétuo.
Quando os judeus aqui chegavam, desembarcavam na maioria das vezes na Bahia, por ser
naquela época o principal porto. Acompanhando a história dessas famílias, nota-se que grande
parte delas se dirigia em direção ao sul, muitas vezes fixando residência nos Estados do Rio
de Janeiro e Minas Gerais. Outros subiam em direção ao norte do país, destacando a
preferência pelos Estados de Pernambuco e Pará. Esses estados foram bastante influenciados
por uma série de costumes judaicos, que numa outra oportunidade gostaríamos de abordar.
É importante ressaltar que não podemos afirmar que todo brasileiro, cujo sobrenome
constante desta lista acima seja necessariamente descendente direto de judeus portugueses.
Para saber-se ao certo necessitaria uma pesquisa mais ampla, estudando a árvore genealógica
das famílias, o que pode ser feito com base nos registros disponíveis nos cartórios. Mas, com
certeza, o Brasil tem no seu sangue e nas suas raízes os traços marcantes deste povo muito
mais do que se imagina, quer na sua espiritualidade, religiosidade ou mesmo em muitos
costumes.
Constatamos que o Brasil já se destaca dentre outras nações como uma nação que cresce
rapidamente na direção de uma grande potência mundial. A influência histórica judaicasefardita é inegável. Os traços físicos de nosso povo, os costumes, hábitos e algumas tradições
são marcas indubitáveis desta herança. Mas, há uma outra grande herança de nosso povo, a fé.
O brasileiro na sua maioria pode ser caracterizado como um povo de fé, principalmente,
quando esta fé está fundamentada no conhecimento do Deus de Abraão, Isaque e Jacó, ou
seja, no único e soberano Deus de Israel.
Isto sim, tem sido o maior, o melhor e o mais nobre legado do povo judeu ao povo brasileiro e
à humanidade.
Fontes Bibliográficas
Os Judeus no Brasil Colonial – Arnold Wiznitzer
Editora Pioneira – SP – 1996
Raízes judaicas no Brasil – Flávio Mendes Carvalho
Editora Nova Arcádia – SP – 1992
Estudos sobre a comunidade judaica no Brasil
Nachman Falbel Fisesp – SP.
84
Judaizantes e judeus no Brasil – Egon e Frieda Wolff – RJ.
As comemorações natalinas acontecem e julgo oportuno compartilhar deste tema com todos
do Corpo do Messias.
Inicialmente gostaria de afirmar bem claro que não tenho a menor intenção em agredir suas
tradições e seus costumes quanto à comemoração do natal, quer pelos católicos, protestantes,
evangélicos, espíritas e por qualquer outra forma mesmo que ela não esteja filiada a uma
religião denominada cristã. Mesmo nos países orientais de religião predominantemente
budista muitos celebram a festa de natal.
Portanto, o objetivo de minha mensagem é esclarecer os fatos históricos, confrontar tradições
e costumes com os ensinamentos bíblicos e deixar que cada leitor tire suas próprias
conclusões, sem com isto, querer impor à ninguém aceitar meu ponto de vista.
Se você ler esta mensagem com este espírito com certeza tirará bom proveito.
Pensando bem, o que é o Natal?
Nesta época é comum enfeites nas portas das casas e no seu interior grandes ou pequenas
árvores de Natal. Decorações nas ruas da cidade com bolas coloridas variadas, perus, leitões
recheados, patos, gansos, muitas nozes, castanhas, passas de uvas, whiskys, champanhe, etc.,
não faltam para um família de classe média-alta. Enfim, todos dão um jeitinho, nem que seja
comer um franguinho com farofa.
Às vezes acontece que muitas pessoas gastam muito dinheiro e herdam uma grande dívida
para ser paga em suaves prestações no ano que vem, pois afinal, quem recebe um presente de
natal se vê quase na obrigação de retribuir, tudo bem! Mas, quando não se pode, a coisa se
complica e constrange até mesmo numa humilhação.
Para as pobres crianças de rua é tempo de tentação, pois vêem presentes e guloseimas
expostas nas vitrines das lojas e fica por isso mesmo. Mas com certeza, as esmolas neste
tempo se dobram também, pois é Natal. Afinal vamos dar uma trégua às dificuldades e
problemas; vamos esquecer um pouquinho das coisas ruins, nos alegrando com a família,
desejando a todos um “feliz natal” cheio de saúde, muita paz, e porque não dizer “boas
festas”.
Mas afinal, o que se comemora no Natal? Muitos dirão: “Comemora-se o nascimento de Jesus
Cristo”. Mesmo para a maioria dos cristãos o que isto significa não é muito fácil de se
entender. Mas atualmente, até o Japão que é um país budista, comemora também o Natal.
Então se pergunta: “Que espírito é este do Natal”?
Com toda consideração ao leitor, gostaria de compartilhar um pouco sobre as origens da festa
natalina, pois não temos a intenção de criticá-lo ou tão pouco condená-lo porque você ainda
comemora o Natal. Mas a verdadeira intenção é que você entenda o verdadeiro sentido do
Natal, suas tradições e costumes, a fim de que você como salvo no Messias, esteja livre de
todo paganismo do mundo hodierno.
Se pesquisarmos um pouco, veremos que o Natal atual tem todas as características de uma
festa pagã. Vejamos alguns exemplos:
Pinheiros
Os escandinavos adoravam árvores e sacrifícios eram feitos debaixo das árvores ao deus Thor.
A Enciclopédia Barsa descreve que a árvore de Natal tem origem germânica, datando do
tempo de São Bonifácio (800 d.C.). Os pagãos germânicos faziam sacrifícios ao carvalho
sagrado de Odim (demônio das tempestades) e ao seu filho Thor.
O ato de cortar as árvores para enfeitá-las é bem antigo. Vejamos o que diz o profeta Jeremias
(10:3 e 4): “… porque os costumes dos povos são vaidades, pois cortam do bosque um
madeiro, obra das mãos do artífice, com machado. Com prata e com ouro o enfeitam, com
pregos e com martelos o firmam para que não se movam…”. Quando os pagãos se tornaram
cristãos, normalmente sem uma profunda experiência com Yeshua ( Jesus), levaram consigo
todos os costumes pagãos.
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Presépio Foi instituído no século XIII por São Francisco de Assis, que quis representar o
cenário no qual Yeshua nasceu.
Papai Noel Noel, em francês, significa Natal. Porém, esta palavra não consta na Bíblia e sua
origem, conforme minha pesquisa, é incerta. Há contudo, aqueles que ligam o mito Papai
Noel com a lenda de São Nicolau, Bispo de Mira, na Ásia Menor, no século IV. A Holanda o
escolheu como patrono das crianças e neste dia era costume dar presentes. Este costume,
então, se espalhou pela Europa. Os noruegueses criam que a deusa Hertha aparecia na lareira
e trazia consigo sorte para o lar. A lenda conta que as crianças colocavam seus sapatinhos na
janela e São Nicolau passava de noite colocando chocolates e caramelos dentro dos sapatos.
Tudo isto foi descaracterizando o verdadeiro espírito do Natal.
NASCIMENTO DE YESHUA (JESUS)
Até o ano 300 d.C. o nascimento de Yeshua era comemorado pelos cristãos em diferentes
datas.
No ano 354 d.C. o papa Libério, sendo imperador romano Justiniano, ordenou que os cristãos
celebrassem o nascimento de Yeshua no dia 25 de dezembro. Provavelmente, ele escolheu
esta data porque em Roma já se comemorava neste dia o dia de Saturno, ou seja, a festa
chamada Saturnália. A religião mitraica dos persas (inimiga dos cristãos) comemorava neste
dia o NATALIS INVICTI SOLIS, ou seja, “O Nascimento do Sol Vitorioso”.
Na tentativa de “cristianizar” cultos pagãos, o clero da era das trevas (de Constantino até a
Idade Média) tentou de todas as formas conciliar o paganismo com o cristianismo. Um bom
exemplo disto foi a criação dos santos católicos, substituindo as festas e padroeiros pagãos.
Vênus, deusa do amor; Ceres, deusa da colheita; Netuno deus do Mar; assim como São
Cristovão é o padroeiro dos viajantes; Santa Bárbara, protetora dos trovões e o famoso Santo
Antônio é o padroeiro do casamento.
No Brasil ainda foi muito pior quando os santos se misturaram com os demônios e guias do
candomblé, umbanda, vodu, etc.
Paulo, na carta aos romanos (1.25) diz que mudaram a verdade de D‟us em mentira.
AFINAL, QUANDO NASCEU YESHUA? (Creio eu, ser uma verdade revelada – Hb 1.1)
Lucas foi o evangelista mais minucioso. Vejamos algumas passagens:
Lucas 2.8 – diz que haviam pastores guardando seus rebanhos durante as vigílias da noite. O
inverno em Israel é rigoroso e isto é pouco provável que tenha acontecido no inverno.
Lucas 2.1 – diz que César Augusto convocou um recenseamento para o povo judeu. É pouco
provável que realizariam um recenseamento no inverno, onde povo deveria percorrer a pé ou
no máximo em lombo de animal, grandes distâncias durante o inverno. Além do mais, Yosef
(José) não iria expor uma mulher grávida a andar a céu aberto nestas condições.
Lucas 1.5 – diz que naquele exato momento Zacarias servia no templo como sacerdote no
turno de ABIAS. Isto é, os sacerdotes se revezavam no templo em turnos, (cada turno tinha
um nome; ABIAS era o 8º turno, sendo portanto, um dos 24 turnos de revezamento dos
sacerdotes).
Lucas 1.8,9 e 13 – diz que neste exato momento Zacarias recebe a anunciação do nascimento
de Yohanam Ben Zechariah (João Batista – filho de Zacarias).
Lucas 1.23 e 24 – diz que Isabel estava grávida de João Batista.
Vejamos, portanto, quando realmente Yeshua(Jesus) nasceu. Analisando atentamente alguns
versículos bíblicos, podemos concluir que Yeshua não nasceu em dezembro e sim nos
prováveis meses de setembro ou quando muito outubro, meses em que os judeus
comemoravam a Festa dos Tabernáculos, como diz João 1.14: “… e a Palavra se fez carne e
habitou entre nós…”, “habitou” no original grego é „skenesei‟ que se traduz como
„TABERNACULOU‟.
Êxodo 12.1 e 2 e Deuteronômio 16.1 – mencionam que a Páscoa é a principal festa do ano e
acontece no primeiro mês.
86
Êxodo 23.15 – diz que Aviv é o primeiro mês do calendário religioso judeu (bíblico).
I Crônicas 24.7-10 – diz que os sacerdotes se revezavam em turnos de dois turnos/mês e que
ABIAS era o oitavo turno.
Qual é, portanto, a dedução lógica para descobrir o mês do nascimento de Yeshua (Jesus)?
Nosso D‟us, é um D‟us lógico e para Ele não há coincidências. É bem provável que o
primeiro turno dos sacerdotes deveria começar no primeiro mês religioso do calendário
judaico, por quê? Imaginem, se os sacerdotes faziam rodízio para servir no templo, eles
deveriam ter um mês de referência para que, antecipadamente, pudessem conhecer seus
respectivos turnos e meses nos quais eles (os 24 sacerdotes) fariam o revezamento. E é bem
lógico que eles escolheriam o mais importante dos meses judaicos, que era o primeiro mês,
Aviv, no qual se comemora Páscoa. Então, se isto é lógico e aceitável, não restam dúvidas que
o turno de ABIAS de Zacarias que era o oitavo da escala e coincidiu com o mês chamado
TAMUZ. Ora, a Bíblia diz que poucos dias após Zacarias ter recebido a anunciação do anjo
sobre o nascimento de João Batista (Yohanam Ben Zechariah), Isabel, sua mulher ficou
grávida.
Lucas 1.25 e 36 – diz que estando Isabel no 6º mês de gravidez (mês de Tevet), foi ela
visitada por Miriam (Maria mãe de Yeshua) que acabara de ficar grávida. Ora, se contarmos 6
meses no calendário judaico vamos concluir que Maria ficou grávida de Yeshua no mês de
TEVET e, se contarmos nove meses a partir de TEVET chegaremos à conclusão que Yeshua
HaMashiach (Jesus o Messias) nasceu nos meses de setembro ou no mais tardar em outubro,
meses estes que coincidem sempre com o mês do calendário judaico de Tishrei (7º mês do
calendário), no qual os judeus comemoram a Festa dos Tabernáculos.
O Calendário judaico é lunar e por isso há diferença entre os meses do calendário gregoriano,
que é baseado no sistema solar.
À propósito, no jornal “Estado de Minas” do dia 16 de dezembro de 1990, foi publicada uma
matéria pelo Prof. Nelson Travnik, do observatório Municipal de Campinas – SP, que os
computadores já calcularam com base em dados astronômicos, que a data provável do
nascimento de “cristo” foi em 15 de Setembro do ano 7 E.C.
Não tenho ferramentas ou argumentos científicos para endossar essa data e nem tão pouco
informação Bíblica para contradizê-la. Mas, uma coisa eu sei, esta publicação veio
exatamente confirmar essa mensagem, na qual eu já cria pela fé e por meio dos fatos bíblicos
e históricos aqui mencionados.
CONCLUSÃO:
Fique, portanto, no coração de cada um esta mensagem. Ore a D‟us, peça para entendê-la
bem. Julgue também a palavra. Mas, tenho certeza que grande libertação virá na sua vida e
com certeza você se sentirá mais livre das tradições mundanas, não sendo cúmplice e nem
comungando com outros “espíritos” os quais não testemunham da verdade, que é o próprio
YESHUA !
Seja sábio! Não saia agora por aí condenando tudo e todos. Você nasceu para ser luz onde há
trevas.
Creio, também, não ser essencialmente importante saber ou não que Yeshua nasceu em
dezembro.
No Verdadeiro Shalom do Messias, Yeshua HaMashiach. Amém.
87
Conclusão:
Um dos desafios que impedem a melhoria das relações entre cristãos e judeus é que ambos
têm idéias equivocadas um a respeito do outro.
Por exemplo, um dos maiores equívocos é que a maioria dos judeus e dos cristãos pensa que
Jesus abandonou o Judaísmo, a religião de Seu nascimento, a fim de iniciar o cristianismo.
Ambos estão incorretos.
Os judeus têm sido fortemente afetados pela teologia da substituição, ao qual a maioria dos
cristãos adere. Além disso, os judeus muitas vezes sentem que os cristãos os vêem
principalmente como alvos de uma „conversão‟, e que precisam deixar de ser judeus e abraçar
o cristianismo.
No entanto, há um crescente número de cristãos que vêem as coisas de uma perspectiva
diferente.
Estes “cristãos sionistas”, como são geralmente conhecidos, têm um verdadeiro amor pelo
povo judeu. Eles reconhecem que Deus escolheu a Israel com o intuito de estabelecer uma
relação com a humanidade.
O livro de Deuteronômio nos diz que Ele escolheu os judeus “de todos os povos na terra para
seu próprio e único tesouro”. A Bíblia nos diz várias vezes que Deus estabeleceu uma
“aliança eterna” com os judeus. No entanto, a maioria dos cristãos acredita que Deus rejeitou
aos judeus quando Jesus não foi aceito por eles como Messias, substituindo-os pela “Igreja”.
Eu ainda não encontrei um cristão que pudesse mostrar um versículo na Bíblia onde diz que
Deus rejeitou os judeus. Na verdade, a Bíblia indica exatamente o contrário. Romanos 11:1
diz: “Terá Deus, porventura, rejeitado o Seu povo? De modo algum!”
Então, onde é que originou a rejeição dos judeus como titulares da promessa da aliança de
Deus?
Devemos sempre buscar a verdade, mesmo que acabe por ser contrário ao que temos sido
ensinados. Se os cristãos fizessem isso, a percepção de que os judeus não foram substituídos
pela “Igreja” seria apenas uma das várias coisas que podem surpreendê-los.
1900 anos de discriminação
Por exemplo, quantos cristãos sabem que o verdadeiro nome de Jesus é Yeshua ben Yosef?
(Yeshua, filho de José). Quantos sabem que Ele nunca falou contra o judaísmo? Ele teve
problemas com algumas “tradições” feitas por homens (dogmas), e alguns indivíduos em
posições de autoridade. No entanto, ao contrário do que o cristianismo ensina, Ele
permaneceu um judeu por toda a sua vida, e sempre ensinou a observância da Torá.
Seus ensinamentos nunca aconteceram em igrejas cristãs, aos domingos. Eles aconteciam em
sinagogas judaicas no Shabbat. O fato é que não havia igrejas cristãs quando Ele vivia aqui.
Os primeiros “cristãos” eram na verdade os judeus que O receberam como seu Messias. Eles
adoravam nas sinagogas judaicas, juntamente com outros judeus.
Como mais gentios aceitaram Jesus como Messias, eles começaram a afastar-se da origem
judaica do que veio a se tornar o “cristianismo”.
Eventualmente, Roma fez do cristianismo a sua religião oficial, e o afastamento da
judaicidade de Jesus e de Seus primeiros seguidores criou raízes. Conforme o tempo passava,
o sentimento anti-judaico cresceu dentro da “Igreja”. A imagem de Jesus foi completamente
mudada do que, sem dúvida, era uma aparência do Oriente Médio, para um anglo pálido
esfolado com uma auréola sobre a cabeça e uma cruz em seu pescoço.
Em essência, o cristianismo sequestrou o que Jesus era, o que Ele ensinou, formando a sua
própria imagem e teologia “não judaica”. Esta mudança e sentimento anti-judaico permeou a
maioria do cristianismo e permanece até hoje.
88
Depois de suportar 1900 anos de discriminação, perseguições, conversão forçada, exílio e
assassinatos, pode alguém culpar os judeus por serem hesitantes sobre como entrar em
relações com os cristãos, ou confiar neles? Os evangélicos deveriam entender porque os
judeus resistem se converterem à religião que foi a mais responsável pelos seus maus tratos do
que qualquer outra.
No entanto, por mais difícil que possa ser para alguns judeus aceitarem, há cristãos que
expressam o amor sincero por Israel reconhecendo-o como “tesouro único” de Deus. Acredito
que os judeus deveriam empenhar-se ativamente em abraçar esses cristãos. Eles professaram
sua determinação de ficar com Israel e o povo judeu. Isto é especialmente importante durante
estes tempos turbulentos, quando o Egito e outros países árabes tornaram-se cada vez mais
hostis para com Israel e o Ocidente, seguindo a “primavera árabe”.
Se os cristãos desejam promover a confiança, eles poderiam pensar em fazer pelo menos duas
coisas. Em primeiro lugar, oferecer arrependimento genuíno pelo que o cristianismo fez ao
povo judeu ao longo da história. Isso ajudará a reduzir a tensão e aumentará a reconciliação.
A segunda sugestão é amar e apreciar o povo judeu por quem eles são. Reconhecer que
através deles temos a relação de Deus com a humanidade, a Torá, os 10 Mandamentos, as
festas, e assim por diante.
Se os cristãos expressarem um amor genuíno (sem pretenderem simplesmente e
unilateralmente a conversão de judeus), isto seria um excelente ponto de partida para os
judeus e os cristãos verem um ao outro sob uma luz mais conciliatória e de apoio mútuo. Sob
tais condições, os judeus e os cristãos podem desfazer séculos de equívocos, construindo uma
forte aliança contra inimigos comuns.
89
Bibliografia:
As citações do Novo Testamento foram retiradas da Bíblia Judaica Completa (São Paulo:
Editora Vida, 2010).
Sobre a participação de Yeshua na Pessach (“Páscoa”), veja Yochanan [João] 2:13-35; 6:471; 11:55-20:29. Para Sucot (“Tabernáculos”), 7:2-8:20. Em 5:1-47, há referência a um
festival de peregrinação religiosa, mas ele não é identificado. Em 10:22-42, é feita referência
a eventos que ocorreram durante Hanucá, a festa que celebra a “Dedicação” do Templo na
época de Judas Macabeu, em 165 A.E.C.
O rabino Shimon, o Ancião, era neto do famoso Hillel e pai do grande Gamaliel II. Em Pirkei
Avot 1:17-18, é relatado sobre ele: “Shimon, seu filho, disse: „Todos os dias da minha vida fui
criado entre os sábios e não encontrei nada que fosse melhor para a pessoa que o silêncio. Não
é o estudo que é o principal, e sim a prática; e todo aquele que fala demais traz [favorece] o
pecado‟. Rabban Shimon ben Gamliel disse: „O mundo perdura em virtude de três coisas –
justiça, verdade e paz, como foi dito: Verdade e julgamento de paz você deve administrar em
seus portais (Zecharyá 8:16)‟”.
Para saber mais sobre o tema desse artigo, veja Jacques B. Doukhan, Israel and the Church:
Two Voices for the Same God (Peabody, MA: Hendrickson, 2002), p. 1-32. Sobre a posterior
separação entre judeus e cristãos, veja idem, p. 33-72. Sobre o diálogo e a reaproximação
atual, veja idem, p. 73-99.
Dicionário Sefaradi de Sobrenomes – Inclusive Cristãos-Novos, Conversos, Marranos,
Italianos, Berberes e sua História na Espanha, Portugal e Itália – Guilherme Faiguemboim,
Paulo Valadares e Anna Rosa Campagnano – 2a Edição – Editora Fraiha – Rio de Janeiro,
Brasil (2003) – ISBN: 85-85989-20-3;
Nos Passos do Retorno – Descendentes dos Cristãos Novos – Descobrindo o Judaísmo de
seus Avós Portugueses – João Fernandes Dias Medeiros – Apresentação de Nathan Wachtel –
Nordeste Gráfica e Editora – Natal, Brasil (2005);
A Saga dos Cristãos Novos – Joseph Eskenazi Pernidji – Coleção Bereshit – Imago Editora
Ltda. – Rio de Janeiro, Brasil (2005) – ISBN: 85-312-0951-X;
Os Oito Capítulos – Rabbi Mosheh Ben Maimon – Tradução de Alice Frank – 1a Edição –
Editora Maayanot – São Paulo, Brasil (1992) – ISBN: 85-85512-02-4;
O Guia dos Perplexos – Parte 1 – Rabbi Mosheh Ben Maimon – Tradução de Uri Lam –
Landy Editora e Distribuidora Ltda. – São Paulo, Brasil (2004) – ISBN: 85-7629-032-4;
O Guia dos Perplexos – Parte 2 – Rabbi Mosheh Ben Maimon – Tradução de Uri Lam –
Landy Editora e Distribuidora Ltda. – São Paulo, Brasil (2003) – ISBN: 85-7629-004-9;
90
A Herança Messiânica – Michael Baigent, Richard Harris Leigh e Henry Lincoln (Henry
Soskin) – Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges – Editora Nova Fronteira S. A. – Rio de
Janeiro, Brasil (1994) – ISBN: 85-209-0568-4;
The Universal Jewish Encyclopedia – An Authoritative and Popular Presentation of Jews and
Judaism Since the Earliest Times – Edited by Isaac Landman and Compiled by Simon Cohen
– Ktav Publishing House, Incorporation – Jersey City, United States of America (1969) –
ISBN: 7-7210-8506-3;
Encyclopaedia Judaica – Thematic Outline and Index – Edited by Fred Skolnik and Michael
Berenbaum – Thomson Gale – Farmington Hills, United States of America (2006) – ISBN: 002-866097-8;
The Real Messiah? A Jewish Response to Missionaries – Rabbi Aryeh Moshe Eliyahu
Kaplan, Rabbi Berel Wein and Rabbi Pinchas A. Stolper – Mesorah Publications Ltda. – New
York, United States of America (1985) – ISBN: 1-879016-11-7;
Um Rabino Conversa com Jesus – Um Diálogo entre Milênios e Confissões – Jacob Neusner
– Tradução de Sérgio Alcides – Coleção Bereshit – Imago Editora Ltda. – Rio de Janeiro,
Brasil (1994) – ISBN: 85-312-0334-1;
As Contradições do Novo Testamento – Algumas Razões para Não Crer no Messias dos
Cristãos – Evilásio Yehoshua Orenstein de Araújo Cohen – Editoração de Manoel Augusto
Queiroz da Silva – 3a Edição – Sinagoga Beit Israel – Brasília, Brasil (2003);
Verdades & Mentiras sobre o Homem Chamado Jesus – Esclarecendo Dúvidas e
Desvendando Mistérios: Palavra por Palavra – Aderbal Pacheco – DPL Editora e
Distribuidora de Livros Ltda. – São Paulo, Brasil (2003) – ISBN: 85-7501-219-3;
Contra Celso – Origenes Aleksandria – Tradução de Orlando dos Reis – Coleção Patrística –
Paulus – São Paulo, Brasil (2004) – ISBN: 85-349-2218-7;
Torá – A Lei de Moisés – Comentários e tradução de Rabbi Meir Matzliah Melamed Z”L e de
Rabbi Menahem Mendel Diesendruck Z”L – Com comentários de Baal Haturim, Onkelos,
Rashi, Toldot Aharon e Icar Siftê Chachamim – Comentários compilados e editados por Jairo
Fridlin, David Gorodovits e Ruben Najmanovich – Editora e Livraria Sêfer Ltda. – São Paulo,
Brasil (2001) – ISBN: 85-85583-26-6;
A Torá Viva – O Pentateuco e as Haftarot – Uma nova tradução baseada em fontes judaicas
tradicionais, com comentários, introdução, mapas, tabelas, gravuras, bibliografia e índice
remissivo – Anotado por Rabbi Aryeh Moshe Eliyahu Kaplan – Tradução de Adolpho
Wasserman – 2a Edição – Editora Maayanot – São Paulo, Brasil (2003) – ISBN: 85-8551255-5;
91
Bíblia Hebraica – Baseada no Hebraico e à luz do Talmud e das Fontes Judaicas – David
Gorodovits e Jairo Fridlin – Editora e Livraria Sêfer Ltda. – São Paulo, Brasil (2006) – ISBN:
85-85583-73-8;
Bíblia Sagrada – Tradução dos originais mediante a versão dos monges de Maredsous
(Bélgica) pelo Centro Bíblico Católico – Edição Claretiana – Editora Ave Maria Ltda. – 119ª
Edição – São Paulo – Brasil (1997);
A Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Versão Corrigida e Fiel – Sociedade Bíblica
Trinitariana do Brasil – São Paulo, Brasil (1997) – ISBN: 85-7380-111-5;
Ahavat Ammi – http://www.ahavatammi.org
Beth HaDerech – http://bethaderech.com
Shear Yaakov – http://www.shearyaakov.org
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