Da Galileia à Judéia Edivaldo M. Boaventura Os objetivos para conhecer Israel são bem diversos.O debate acerca da sua situação, no Oriente Próximo, não elimina a vontade de visitar o Santo Sepulcro e as estações da via dolorosa. Os Santos Lugares e a modernidade de Israel são os polos de maior atração. Compreenda-se, assim, porque 93% do turismo para Israel é impulsionado pelos cristãos. Acrescente-se a curiosidade arqueológica e histórica e o conhecimento das inovações que impactam bastante o visitante. É notório o interesse pelo gotejamento como técnica de irrigação. Desde a chegada ao aeroporto Ben Gurion que senti a inovação: a identificação pelas digitais e pelas pupilas. Digitalização aplicada à identificação. Todavia, uma vez instalado no hotel em Tel Aviv, surgiu um probleminha tecnológico o que não é peculiar somente a Israel. É o adaptador de tomadas (plug) para quem usa notebook.. A tomada brasileira é diferente da israelense, da portuguesa e da chinesa. Há, pelo menos, seis tipos de adaptadores ! A tecnologia tem os seus caprichos nacionais . O primeiro contacto com a cidade foi no jantar à beira-mar, em um tablado de restaurantes.Como centro comercial, financeiro e cultural, Tel Aviv lidera a vida do país. Daí saímos em direção ao norte para conhecermos as ruínas e o parque de Cesarea. Cesarea foi uma magnífica cidade, construída pelo rei Herodes para recepcionar os romanos, composta de porto, teatro, palácio, hipódromo, aqueduto e banhos. Em direção à Galileia, que é bem verde, em evidente contraste com o sul, onde se encontram os desertos da Judeia e de Negrev, chegamos à cidade de Haifa,. É o principal porto do país e de grande calado que movimenta o comércio internacional. Em Haifa, a comunidade Baha´i tem o seu centro mundial com magníficos jardins que convidam à completa meditação, com paz e segurança. Para o almoço, fizemos uma pausa em uma aldeia drusa, Deliat El Carmel. Os drusos, minoria árabe, separada do ponto de vista cultural e religioso, mantêm seus costumes e tradições. Encontram-se ao norte de Israel, no sul do Líbano e da Síria. Nas refeições, os drusos cultivam o colorido da mesa com a sua deliciosa culinária. Há uma aspecto conhecido de sua filosofia de vida: pregação da completa lealdade ao governo do país onde vive e trabalha É o conceito de taquiia. Aos poucos íamos nos aproximando da evangélica cidade de Nazaré, centro do maior interesse religioso com a basílica da Anunciação. É a maior cidade árabe de Israel com intensa presença de turistas e com cerca de 30% de árabes cristãos. A cidade está associada à infância e aos primeiros anos do ministério de Jesus. Além da enorme basílica, há outros monumentos, como a igreja grega do Arcanjo Gabriel,construída em cima de “ O poço de Maria”, a sinagoga onde Cristo recebeu ensinamentos e depois pregou e a igreja franciscana de São José, construída em uma caverna, onde teria sido a sua oficina.Há ainda muito a ser conhecido no norte. A exemplo de Gamla, que lembra a revolta dos judeus contra os romanos, e as montanhas de Golan com a produção moderna de vinhos. Indo de Tel Aviv em direção ao sul, encontra-se a antiga cidade de Yafo (Jaffa), que Napoleão visitou e não gostou. Deixando Jerusalém à esquerda, seguimos a rota do bom samaritano para Jericó, que fica na West Bank, considerada a cidade mais antiga do mundo. Começa, então, a aparecer o deserto rochoso, com manchas verdes de tamareiras onde avistamos alguns beduínos. O ambiente lembra por demais os cenários bíblicos do jovem e ungido David, escondendo-se nas cavernas de Ein Gedi, perseguido pelo rei Saul, e recorda ainda o nosso pai Abrahão com os seus rebanhos e tribos. Rumamos para Massada, fortaleza que os romanos cercaram e finalmente tomaram com o sacrifício pelo suicídio coletivo dos judeus. Salvaram-se duas mulheres com crianças, que depois testemunharam o fato, conforme nos conta o historiador Flávio Josefo. Bem perto, o Mar Morto - Mar Salgado ou Mar de Asfalto para os judeus antigos – nos aguardava para o banho medicinal de lama em águas densamente salgadas. Era chegado o momento de subir à Jerusalém.