30/08/2015 MITOS E VERDADES SOBRE ALERGIA ALIMENTAR E OUTRAS DOENÇAS: URTICÁRIA CRÔNICA LUIS FELIPE CHIAVERINI ENSINA Professor Adjunto da Disciplina de Alergia e Imunologia do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro Pós-graduando e colaborador da Disciplina de Alergia, Imunologia e Reumatologia do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo [email protected] DECLARAÇÃO SOBRE POTENCIAIS CONFLITOS DE INTERESSE De acordo com a Resolução 1931/2009 do Conselho Federal de Medicina e com a RDC 96/2008 da ANVISA, declaro que: • Pesquisa Clínica - como médico investigador, participo de estudos patrocinados por: – Novartis, Astra Zeneca, EMS • Apresentações - como palestrante convidado, participo de eventos de: – Takeda, Sanofi, Novartis • Consultoria - como membro de advisory boards, participo de reuniões com: – Novartis, Genzyme, Mylan Não possuo ações de quaisquer destas companhias farmacêuticas. Os meus pré-requisitos para participar destas atividades são a autonomia do pensamento científico, a independência de opiniões e a liberdade de expressão. 1 30/08/2015 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS PÁPULAS/VERGÕES 1. Edema central de tamanho variável, quase invariavelmente circundado por eritema reflexo 2. Associação a coceira (prurido) ou, algumas vezes, sensação de queimação 3. Natureza fugaz, com a pele voltando a sua aparência normal em 1-24h, algumas vezes as pápulas desaparecem mais rapidamente Fonte: Arquivo pessoal Zuberbier T, Asero R… Ensina LF… et al. Allergy. 2014;69:868-87. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ANGIOEDEMA 1. Inchaço súbito, pronunciado, eritematoso ou não, da derme inferior e subcutâneo 2. Mais frequente sensação de dor do que coceira. Envolvimento frequentemente de mucosas com resolução mais lenta que as pápulas, podendo durar até 72h Fonte: Arquivo pessoal Zuberbier T, Asero R… Ensina LF… et al. Allergy. 2014;69:868-87. 2 30/08/2015 CLASSIFICAÇÃO URTICÁRIA AGUDA < 6 SEMANAS URTICÁRIA CRÔNICA > 6 SEMANAS Zuberbier T, Asero R… Ensina LF… et al. Allergy. 2014;69:868-87. CLASSIFICAÇÃO SUBTIPOS DE URTICÁRIA CRÔNICA Urticária Crônica Espontânea Urticária espontânea por causas conhecidas (ex. medicamento, auto-imune...) Urticária espontânea por causas desconhecidas Urticária Crônica Induzida Urticárias físicas Dermografismo sintomático Urticária ao frio Urticária de pressão tardia Urticária solar Urticária ao calor Angioedema vibratório Urticária colinérgica Urticária de contato Urticária aquagênica Zuberbier T, Asero R… Ensina LF… et al. Allergy. 2014;69:868-87. 3 30/08/2015 EPIDEMIOLOGIA • Na população – Urticária em geral: 10-20% da população irão manifestar em algum momento da vida1 – Crônica: 3%2 • Em crianças – Urticária em geral: 3-5%2 – Crônica: 0,1-0,3% (UK)/13% (Tailândia)2 • Urticárias físicas: 6%3 1. Sanchez-Borges et al. WAO Journal 2012; 5:125–147 2. Church et al. Pediatr Allergy Immunol 2011: 22: 1–8 3. Ferrante et al. WAO Journal 2015; 8:5 URTICÁRIA CRÔNICA 1. Identificação do fator causal 2. Tratamento eficaz Dr. o que está causando isso? 4 30/08/2015 EAACI/GA2LEN/EDF/WAO guidelines1: a urticária é uma doença mediada por mastócitos Sintomas da UCE Pápulas Prurido Eritema Reflexo Histamina Angioedema QUE ESTÍMULO LEVA O MASTÓCITO A DESGRANULAR NA URTICÁRIA? 1. Zuberbier T, et al. Allergy 2014; DOI: 10.1111/all.12313. DIAGNÓSTICO CAUSAS DE UCE • Fatores psicossomáticos • Alergia alimentar/Intolerância alimentar • Infecções crônicas • Auto-reatividade/imunidade 5 30/08/2015 DIAGNÓSTICO CAUSAS DE UCE • Fatores psicossomáticos • Alergia alimentar/Intolerância alimentar • Infecções crônicas • Auto-reatividade/imunidade DIAGNÓSTICO CAUSAS DE UCE • Fatores psicossomáticos • Alergia alimentar/Intolerância alimentar • Infecções crônicas • Auto-reatividade/imunidade 6 30/08/2015 ALERGIA ALIMENTAR URTICÁRIA IgE-MEDIADA = URTICÁRIA AGUDA Role of nonallergic hypersensitivity in children with chronic urticaria Ehlers et al. Allergy 1998; 53:1074-77 • População estudada: – n=16 – 12 a 17 anos • Método: – Dieta livre de pseudo-alérgenos por 3 semanas – Reintrodução maciça dos pseudoalérgenos na dieta – Subgrupo dos respondedores submetido a provocação duplocego com os aditivos • Resultados: – 12 (75%) com diagnóstico de urticária induzida por pseudoalérgenos – Corantes, preservativos, glutamato e sacarina/ciclamato 7 30/08/2015 DIAGNÓSTICO ALERGIA ALIMENTAR - DIETAS RESTRITIVAS Aditivos, liberadores de histamina e outras substâncias naturais em frutas, verduras e temperos Alimentos estritamente proibidos: Balas, chicletes e similares Ervas e tempêros Corantes artificiais, preservativos, gelatinas, espessantes, humectantes, emulsificantes, flavorizantes, anti-oxidantes, adoçantes, estabilizadores Pães com grãos, hervas ou outros ingredientes Pão “empacotado” deve ser preferido em relação ao pão de padaria, porque os ingredientes estão na embalagem Álcool Gergelim Massas com ovos, bolos, biscoitos, batatas chips Margarina e maionese Ovos Carnes defumadas Frutos do mar e peixes Tomates, alcachofras, ervilhas, cogumelos, espinafre, azeitonas Pimentas doces Frutas, frutas secas e suco de frutas Chás de ervas Usar apenas alimentos frescos e alimentos congelados sem aditivos Categoria Geral n(%) Beneficiados 48(34) Neutros 70(50) Deteriorados 22(16) 1/3 dos pacientes é beneficiado com dietas restritivas Magerl M et al. Allergy. 2010; 65:78-83. DIAGNÓSTICO ALERGIA ALIMENTAR - DIETAS RESTRITIVAS ESTUDO DEMONSTRA QUE ADITIVOS EM DROGAS E ALIMENTOS PARECEM SER UMA CAUSA RARA DE EXACERBAÇÃO DE URTICÁRIA CRÔNICA EVITAR ADITIVOS EM DROGAS E ALIMENTOS COM URTICÁRIA CRÔNICA NÃO É RECOMENDADO Rajan JP et al. J Allergy Clin Immunol Pract. 2014;2:168-71. 8 30/08/2015 Should patients with a sensitization (positive specific IgE/ skin prick test) avoid these food items? Summary: We recommend that patients with a known sensitization based on specific IgE to food should only avoid these items if there are relevant data e.g. double blind oral provocation test or a clear history, to prove that the sensitization has a clinical relevance for urticaria (strong recommendation/ high level of evidence) Voting result: 100% of audience and the panel members agreed. Zuberbier T, Asero R… Ensina LF… et al. Allergy. 2014;69:868-87. Are pseudo-allergen-free diets useful in the extended diagnostic program of chronic spontaneous urticaria? Summary: a) We recommend to use pseudoallergen (non-allergic-hypersensitivity reaction agents) free diets in the extended diagnostic program of chronic spontaneous urticaria in patients with daily or almost daily symptoms only. (strong recommendation / high-quality evidence) b) We suggest to use it in the management program only for those patients responding to the diet. (weak recommendation / high-quality evidence) Voting result: 94% of audience and the panel members agreed. Zuberbier T, Asero R… Ensina LF… et al. Allergy. 2014;69:868-87. 9 30/08/2015 DIAGNÓSTICO CAUSAS DE UCE • Fatores psicossomáticos • Alergia alimentar/Intolerância alimentar • Infecções crônicas • Auto-reatividade/imunidade DIAGNÓSTICO CAUSAS DE UCE • Fatores psicossomáticos • Alergia alimentar/Intolerância alimentar • Infecções crônicas • Auto-reatividade/imunidade 10 30/08/2015 TEORIA DA AUTO-IMUNIDADE NA URTICÁRIA CRÔNICA 1983 História da auto-imunidade na UCE1 1986 1988 1991 1993 Anticorpos funcionais IgG anti-FcεRlα em indivíduos com UCE6 Atividade de liberação de histamina no soro com propriedades anti-IgE na UCE5 IgG anti-IgE na UCE por ELISA4 TSA + em 7/12 pacientes com UCE3 Associação de UCE com tireoidite auto-imune2 1. Brodell LA, et al. Ann Allergy Asthma Immunol. 2008;100:291-297. 2. Leznoff A, et al. Arch Dermatol. 1983;119:636-640. 3. Grattan CE, et al. Br J Dermatol. 1986;114:583-590. 4. Gruber BL, et al. J Invest Dermatol. 1988;90:213-217. Slide de Michael S. Blaiss 5. Grattan CE, et al. Clin Exp Allergy. 1991;21:695-704. 6. Hide M, et al. N Engl J Med. 1993;328:1599-1604. DIAGNÓSTICO AUTO-REATIVIDADE E AUTO-IMUNIDADE IgG anti-IgE IgE IgG anti-FcεRI Autoantígeno IgG Liberação de Histamine release histamina Histamine 1. Greaves M. J Allergy Clin Immunol 2000;105:664−72; 2. Kaplan AP, Greaves M. Clin Exp Allergy 2009;39:777–87; 3. Metz M, Maurer M. Curr Opin Allergy Clin Immunol 2012;12:406–11. 11 30/08/2015 High prevalence of autoimmune urticaria in children with chronic urticaria 15 11 12 31 Auto-imune Idiopática 29 Alérgica Multifatorial Infecciosa 1 Física Teste de liberação de histamina e teste do soro autólogo Brunetti et al. JACI 2004; 114:922-7. PADRÃO OURO PARA O DIAGNÓSTICO DE UC AUTO-IMUNE A. Bioensaio positivo (teste de liberação de histamina por basófilos ou expressão de marcador de ativação de basófilo positivo) para demonstrar funcionalidade in vitro E B. Auto-reatividade positiva (teste do soro autólogo +) para demonstrar relevância in vivo para desgranulação de mastócito e permeabilidade vascular E C. Imunoensaio positivo para autoanticorpos IgG específicos contra FcεRI e/ou IgE (WB ou ELISA) para demonstrar especificidade de anticorpo 12 30/08/2015 DIAGNÓSTICO - UCE • Recomenda-se investigação limitada de rotina na UCE (recomendação forte/ consenso clínico, aceita por 100%) – Excluir doenças graves – Hemograma – VHS/PCR Zuberbier T, Asero R… Ensina LF… et al. Allergy. 2014;69:868-87. • Kozel e cols. J Am Acad Dermatol 2003; 48: 409-16 – Meta-análise: 29 estudos, 6462 pacientes – Exames de laboratório mostraram que em apenas 1,6% dos pacientes havia doença sistêmica não conhecida relacionada com a urticária DIAGNÓSTICO - UCE • A investigação na urticária crônica pode ser extendida de acordo com a história clínica (recomendação forte/ consenso clínico, aceita por 100%) – – – – – – – – Doenças infecciosas Alergia tipo I – IgE mediada Auto-anticorpos funcionais Hormônios da tireóide e auto-anticorpos Testes físicos Teste do soro autólogo Biópsia D-dímero Zuberbier T, Asero R… Ensina LF… et al. Allergy. 2014;69:868-87. 13 30/08/2015 TRATAMENTO TEM COMO OBJETIVO O CONTROLE COMPLETO DOS SINTOMAS Should treatment aim at complete symptom control in urticaria? Summary: We recommend to aim at complete symptom control in urticaria. (strong recommendation/clinical consensus following the WHO constitution in conformity with the Charter of the United Nations) Voting result: 97% of audience and the panel members agreed. Health is a state of complete physical, mental and social well-being and not merely the absence of disease or infirmity. The enjoyment of the highest attainable standard of health is one of the fundamental rights of every human being without distinction of race, religion, political belief, economic or social condition. Zuberbier T, Asero R… Ensina LF… et al. Allergy. 2014;69:868-87. 14 30/08/2015 TRATAMENTO Primeira linha: Anti-histamínicos de 2a geração se sintomas persistirem após 2 semanas Segunda linha: Aumentar a dose para até 4X do anti-histamínico de 2a geração se sintomas persistirem após mais 1-4 semanas Terceira linha: Adicionar: Montelucaste OU Ciclosporina A OU Omalizumabe, Curso curto (máx. 10 dias) de corticosteróide (também pode ser usado nas exacerbações) Zuberbier T, Asero R… Ensina LF… et al. Allergy. 2014;69:868-87. TRATAMENTO Primeira linha: Anti-histamínicos de 2a geração Clássicos (1ª geração) Não-clássicos (2ª geração) Ciproheptadina Bilastina Dexclorfeniramina Cetirizina Hidroxizina Prometazina Difenidramina 17 REFERÊNCIA 69 SIMILARES 12 GENÉRICOS Desloratadina Ebastina Fexofenadina Levo-cetirizina Loratadina Rupatadina Zuberbier T, Asero R… Ensina LF… et al. Allergy. 2014;69:868-87. 15 30/08/2015 TRATAMENTO POR QUE NÃO OS DE 1ª GERAÇÃO? Alterações no sono REM Diminuição nas funções cognitivas Church MK et al. Allergy. 2010;65(4):459-66. TRATAMENTO Fatores prognósticos para a duração da UCE • UCE tende a ser mais de • • difícil controle em pacientes com: • Doença mais grave1,2 Angioedema concomitante1,2 Urticária física concomitante1,3 Teste do soro autólogo positivo1,4 1. Maurer M, et al. Allergy 2011;66:317–30; 2. Toubi E, et al. Allergy 2004;59:869−73; 3. Kozel M, et al. J Am Acad Dermatol 2001;45:387−91; 4. Staubach P, et al. Dermatology 2006;212:150−59. 16 30/08/2015 TRATAMENTO Primeira linha: Anti-histamínicos de 2a geração se sintomas persistirem após 2 semanas Segunda linha: Aumentar a dose para até 4X do anti-histamínico de 2a geração se sintomas persistirem após mais 1-4 semanas Terceira linha: Adicionar: Montelucaste OU Ciclosporina A OU Omalizumabe, Curso curto (máx. 10 dias) de corticosteróide (também pode ser usado nas exacerbações) Zuberbier T, Asero R… Ensina LF… et al. Allergy. 2014;69:868-87. TRATAMENTO SEGUNDA LINHA: ANTI-HISTAMÍNICOS DE 2ª GERAÇÃO – ATÉ 4X COMO USAR O ANTI-H1 DE 2ª GERAÇÃO? • Contínuo ou intermitente? • Por quanto tempo? • Em que doses? • Monoterapia ou terapia combinada (vários anti-H1 diferentes ao mesmo tempo)? Zuberbier T, Asero R… Ensina LF… et al. Allergy. 2014;69:868-87. 17 30/08/2015 TRATAMENTO Primeira linha: Anti-histamínicos de 2a geração se sintomas persistirem após 2 semanas Segunda linha: Aumentar a dose para até 4X do anti-histamínico de 2a geração se sintomas persistirem após mais 1-4 semanas Terceira linha: Adicionar: Montelucaste OU Ciclosporina A OU Omalizumabe, Curso curto (máx. 10 dias) de corticosteróide (também pode ser usado nas exacerbações) Zuberbier T, Asero R… Ensina LF… et al. Allergy. 2014;69:868-87. 18