Compostagem e horta orgânica em um hospital público da região

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COMPOSTAGEM E HORTA ORGÂNICA EM UM HOSPITAL PÚBLICO DA REGIÃO OESTE DO
PARÁ - BRASIL
Ádrea Maria Ferreira Moreira – Gerente de Hotelaria Hospitalar
e Vice-presidente do Programa de Gerenciamento de Resíduos
de Serviços de Saúde – PGRSS (93) [email protected]
Santarém – Pará
Agosto – 2016
1 INTRODUÇÃO
De acordo com as leis que regem a alimentação saudável, que são: Lei da Quantidade, Lei
da Qualidade, Lei da Harmonia e Lei da Adequação, todas devem ser praticadas para a constituição
de um bom cardápio e uma alimentação equilibrada. (Galisa, Esperança e Sá, 2008)
Para este trabalho, podem-se extrair as leis da Qualidade e Harmonia para serem
trabalhadas. A primeira para evitar a monotonia alimentar e a segunda para dar combinação exata de
cores, consistências e sabores. Pois, foi observada, por um período, a monotonia alimentar presente
no cardápio servido no refeitório do Hospital Regional do Baixo Amazonas Dr. Waldemar Penna
(HRBA), quanto ao preparo de saladas e pratos principais e que tal fato era ocasionado por
contenção de custos.
Também foi observado uma grande quantidade de resíduos orgânicos oriundos do Serviço
de Nutrição de Dietética (SND), que variava entre 4 t a 5 t, dependendo do período do ano, esses
dados foram obtidos por meio do gerenciamento de resíduos realizado pelo Programa de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde (PGRSS) do HRBA no ano de 2015.
A gestão dos resíduos orgânicos e a produção de alimentos com maior qualidade ambiental
é proporcionada quando reduz os impactos ambientais e isso pode ser alcançado com a aplicação
das técnicas de compostagem. Essa técnica é de baixo custo e de comprovada eficácia, além de
trazer benefícios ao meio ambiente como o prolongamento da vida útil de aterros sanitários e redução
das emissões de gás metano pela disposição de resíduos, além de outros impactos ambientais.
(Inácio e Miller, 2009).
A horticultura orgânica é um sistema de produção que adota técnicas específicas visando à
otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade
cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo à sustentabilidade econômica e ecológica, a
maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não renovável,
empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao
uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e
radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento,
distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente (Brasil, 2003).
2 OBJETIVO
- Produzir adubo orgânico a partir de compostagem de sobras de alimentos para aplicação
em horta orgânica e outros plantios na área externa do Hospital Regional do Baixo Amazonas Dr.
Waldemar Penna.
2.1 Objetivos Específicos
- Reduzir a quantidade de resíduos orgânicos desprezados no aterro sanitário de Santarém
(PA);
- Transformar os resíduos orgânicos em adubo para ser aproveitado dentro da área do
HRBA;
- Utilizar o adubo orgânico em projeto de Horta Orgânica e projetos secundários que
dependem do processo de compostagem;
- Cultivar hortaliças para consumo no HRBA pelos pacientes, acompanhantes e
colaboradores, com sustentabilidade;
- Colaborar com o estágio curricular dos estudantes do curso de agronomia e áreas afins
através de uma parceria com as instituições: Emater-PA, Ulbra, Ufopa e HRBA/Pró-Saúde;
- Promover interação entre os colaboradores dos setores do HRBA, pacientes e
acompanhantes com o meio ambiente através deste projeto.
3 DESENVOLVIMENTO
O Projeto de Compostagem e Horta Orgânica é desenvolvido no município de Santarém,
estado do Pará, no Hospital Regional do Baixo Amazonas Dr. Waldemar Penna – unidade pública e
gratuita de saúde, pertencente ao Governo do Pará e administrado, desde 2008, pela entidade
beneficente Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar sob contrato de
gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) – que atende pacientes do Sistema
Único de Saúde (SUS) em casos de média e alta complexidade.
A organização e fluxo do processo de implantação do Projeto de Compostagem e Horta
Orgânica surgiu de uma parceria criada entre a empresa gestora do HRBA – Pró-Saúde – e a
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-PA).
A proposta inicial partiu da gestão de Hotelaria Hospitalar do hospital para a Emater-PA,
solicitando apoio técnico, o apoio veio com a liberação de um engenheiro agrônomo para orientar o
projeto. A solicitação foi realizada em virtude de o HRBA possuir uma área externa ampla e ter sido
detectado uma quantidade elevada de resíduo orgânico (cerca de quatro toneladas) proveniente do
Serviço de Nutrição e Dietética (SND) que era desprezado no aterro sanitário do município de
Santarém e que poderia ser transformado em adubo para ser utilizado na própria área do HRBA,
além de uma monotonia alimentar no cardápio.
Após a realização da parceria entre as duas instituições, outros setores do HRBA foram
envolvidos no desenvolvimento do projeto, como a Diretoria de Ensino e Pesquisa (DEP), que
providenciou estagiários dos cursos de Agronomia e Engenharia Florestal de duas instituições de
ensino superior: Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e Universidade Federal do Oste do Pará
(Ufopa).
Nesse momento, também foi envolvida toda a diretoria do HRBA: Diretoria Geral, Financeira
e Administrativa, Apoio e SADT e Ensino e Pesquisa, além do Serviço de Controle de Infecção
Hospitalar (SCIH), Assessoria de Comunicação (Ascom) e Núcleo de Qualidade e Segurança do
Paciente (NQSP).
Antes de iniciar as atividades, foram consultados os setores de Vigilância Sanitária do
município e do estado e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma).
As atividades do engenheiro agrônomo da Emater-PA e dos estagiários iniciaram no dia 13
de outubro de 2015. Um dos primeiros desafios foi eliminar pragas do terreno que impediriam o
desenvolvimento do projeto, como formigas cortadeiras e cupins de solo. Outro desafio foi a falta de
estagiários no período de férias para acompanhamento do desenvolvimento da horticultura.
Com a conclusão do processo de limpeza e preparo do terreno, no final de novembro de 2015
iniciou-se o processo de compostagem. Em dezembro, aconteceu o plantio das primeiras mudas de
batata doce e macaxeira. De janeiro até meados de fevereiro, foi o período de férias dos estagiários.
Após esse período, retomou-se a compostagem e iniciou-se o plantio de cará e careru. Em março,
foram plantadas mudas de ervas medicinais e plantas ornamentais. Em abril, milho, jambu, abóbora,
maxixe e quiabo.
4 RESULTADOS OBTIDOS
Os resultados mostram um aumento de mais de 40% dos resíduos recicláveis coletados,
comparando um período semestral, sendo que de junho á dezembro de 2015, foram coletados um
total de 13.340 kg de RSS recicláveis, com a implantação da compostagem em outubro de 2015,
houve um aumento para 19.401 kg, no período de janeiro á junho de 2016, minimizando assim
impactos negativos ao meio ambiente com a diminuição desses resíduos para o aterro controlado.
Quanto a utilização dos resíduos orgânicos variaram entre 10 e 25% dependendo do
período do ano, por esse motivo serão realizadas ações internas no SND para redução da produção
de resíduos orgânicos, os dados estão sendo levantados para planejamento e implementação de
ação corretiva.
O adubo orgânico produzido tem apresentado excelente qualidade, pois do plantio
realizado com ele tudo se desenvolveu bem, desde ervas medicinais, árvores frutíferas, batatas,
legumes e verduras.
Do plantio realizado foram colhidas para uso a partir de junho/2016 as primeiras produções
de batata doce. Em julho/2016 foi o período com maior colheita de abóbora, careru, jambu, maxixe,
quiabo, batata doce e milho. Esses alimentos foram servidos tanto na dieta do paciente como na
alimentação dos colaboradores.
O projeto continua com novos desafios de diminuir a quantidade de resíduo orgânico
gerados, aumentar a quantidade e a variedade produzida de horticultura e fazer concurso
gastronômico com os produtos produzidos pelo próprio hospital para melhorar a qualidade da
alimentação.
5 ANEXOS
Registros fotográficos:
Início do projeto, com avaliação da área disponível e problemas do terreno:
Fases da compostagem:
Fases do plantio de mudas de batata doce e macaxeira:
Viveiro e plantio de outros produtos:
Produtos colhidos em Julho de 2016:
PRODUTO
QUANTIDADE - KG
Manjericão
1,050
Careru
1,700
Rúcula
5,300
Quiabo
5,450
Jambu
5,500
Abóbora
7,200
Milho verde
13,000
Maxixe
28,380
Batata doce
35,285
BATATA DOCE BRANCA E ROXA
MANJERICÃO
CARERU
ABÓBORA
MILHO VERDE
RÚCULA
JAMBU
MAXIXE - CEBOLHINHA - QUIABO
Alimentos produzidos com os produtos colhidos em julho de 2016:
SALADA MISTA: pepino, repolho, tomate
e rúcula
COZIDÃO: com legumes da horta HRBA
milho, maxixe, quiabo, abóbora e careru
servido no almoço do refeitório
Cozidão
Mingau de milho
Dieta normal
Servido no lanche do
Marmita do paciente
paciente
Batata doce chips:
Servido no refeitório para
acompanhantes e
colaboradores
Arroz com jambu:
Dobradinha: com maxixe e quiabo
servido no refeitório
servido no refeitório
Obs.: o manjericão foi utilizado como tempero do frango.
Agradecimentos
Agradeço a Deus pela ideia obtida diante das circunstâncias encontradas, as empresas
parceiras, a todos os representantes dos setores do Hospital Regional do Baixo Amazonas Dr.
Waldemar Penna que apoiaram e contribuíram para a realização deste projeto e a todas as pessoas
que doaram mudas e sementes para o início de nossa horta orgânica, e ainda a todos os estagiários
que participaram conosco desse mesmo objetivo, sem esquecer o “nosso” engenheiro agrônomo,
Pedro Aparício Torres Queiroz de Souza, que me apoia em todas as fases desse maravilhoso
trabalho.
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