medidas de controle

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
LABORATÓRIO DE NEMATOLOGIA
PROFESSORA MARIA AMELIA DOS SANTOS
CONTROLE DE FITONEMATÓIDES
“Qualquer fitonematóide deve ser encarado como um inimigo em potencial e, se deve
fazer tudo para evitar a sua introdução e disseminação numa área”
Um dos principais obstáculos encontrados no controle de fitonematóides é, sem
dúvida alguma, a falta de conhecimento dos agricultores sobre a presença dos nematóides em
suas plantações e os danos econômicos que podem ocasionar. Outro obstáculo, é a dificuldade
de se encontrar uma única medida de controle que seja totalmente eficiente no controle de
diversas espécies dos nematóides nos diferentes cultivos comerciais.
O controle de fitonematóides é, de modo geral, tarefa de difícil realização, porque
cada situação requer cuidadosa análise antes da definição das medidas a serem recomendadas.
MEDIDAS PARA PREVENÇÃO DA INTRODUÇÃO E/OU DISSEMINAÇÃO DO
NEMATÓIDE:
• Tratamento do material para plantio: pode ser usado nematicidas e/ou realizar tratamento
•
•
•
•
térmico (termoterapia)
Uso de mudas e sementes certificadas: deve-se proceder a amostragem e análise do solo e
de partes vegetais (principalmente as raízes) das mudas. Não confiar em viveiristas que
dificilmente submetem-se à inspeção periódica.
Leis e quarentena: leis reguladoras e/ou proibitivas referentes à disseminação de
nematóides em solo e material vegetal. Exemplo: em São Paulo, caso encontre-se
Meloidogyne incognita nas amostras de mudas de cafeeiro, todo lote deve ser destruído. O
serviço quarentenário em portos, aeroportos e fronteiras é de difícil aplicabilidade. Demora
muito e bastante oneroso. Além disso, apresenta muitas falhas. O IMA – Instituto Mineiro
de Agropecuária vem desde 1996, realizando um trabalho de fiscalização de viveiristas de
mudas de café, disciplinando o comércio de mudas de café, no Estado de Minas Gerais.
Desinfestação de veículos, máquinas e implementos agrícolas, sacos, caixas. Há um
grande potencial para transportar nematóides em solo em equipamentos de fazenda,
ferramentas de trabalho e implementos agrícolas alugados.
Evitar o uso de água de irrigação contaminada por fitonematóides.
MEDIDAS PARA REDUÇÃO POPULACIONAL DOS FITONEMATÓIDES EM
ÁREAS CONTAMINADAS
Alqueive: prática que consiste em deixar a área sem cultivá-la por algum tempo sem os
hospedeiros dos nematóides (culturas ou plantas daninhas) e com revolvimentos constantes do
solo. Para tanto, utiliza-se de capina manual, aradura, gradagem ou herbicidas. Os
nematóides podem morrer tanto por inanição, dada a ausência de plantas hospedeiras, como
pela ação do calor e luz solar. A luz solar tem efeito nematicida, principalmente devido à
fração ultravioleta do espectro.
É um bom tratamento, dando bons resultados de controle. Entretanto, caro. A área
fica improdutiva não tendo retorno econômico para o agricultor. Tem sido usada para
pequenas áreas, como canteiros em olericultura e, áreas de reboleiras em propriedades com
grande extensão de cultivo.
A eficiência dessa prática será proporcional ao tempo que o solo ficar em alqueive.
Portanto, o local a ser controlado deve apresentar uma época quente e seca do ano bem
definida e prolongada. A ocorrência de chuvas pode comprometer o controle. A nossa região
por possuir um período seco bem definido e prolongado, no período de entressafra de cultivos
anuais, apresenta bons resultados quando na aplicação dessa técnica.
As arações devem ocorrer nos dois sentidos:
COLHEITA ⇒ 1a aração jogando a leiva para um lado ⇒ 30 dias ⇒ 2a aração jogando a
leiva para o outro lado ⇒ 30 dias ⇒ 3a aração jogando a leiva para o outro lado
O alqueive pode proporcionar alterações químicas e físicas do solo, provocando
problemas de erosão. Os fitonematóides que apresentam mecanismos especiais de
sobrevivência (como por exemplo, formam cistos ou apresentam dormência, como
anidrobiose) não são controlados com eficiência.
Inundação do solo: prática que consiste em manter uma lâmina de água na área infestada
com nematóides. Os princípios do controle são baseados em que: as plantas hospedeiras que
haviam no solo tendem a desaparecer pela presença da água (o nematóide morre por
inanição); ocorre a redução da tensão de oxigênio dificultando trocas gasosas do nematóide,
matando-os por asfixia; ocorre aparecimento de predadores e parasitas; ocorre decomposição
da matéria orgânica a partir de microrganismos anaeróbicos produzindo substâncias tóxicas
como ácidos orgânicos; dificuldade de movimentação do nematóide pois esse não encontra
suporte, afetando até a reprodução das espécies de fitonematóides anfimíticas.
A inundação do solo não é muita aceita porque: é uma operação cara (manutenção e
drenagem da água); exige condições especiais de topografia (área deve estar plana); afeta as
características químicas e físicas do solo; causa aparecimento de novas pragas, doenças e
plantas daninhas; alguns fitonematóides sobrevivem em solos encharcados. O tempo de
duração é um aspecto bastante importante. Para o controle de espécies de Meloidogyne,
necessita-se inundar a área por 12 a 22 meses. Trata-se de uma técnica muito dispendiosa,
devido ao custo de manter a área saturada de água e sem cultura, exceto no caso de cultivo de
plantas econômicas, como o arroz e o junco, que crescem em solo inundado. Por outro lado,
foi demonstrado que para o fitonematóide Aphelenchoides besseyi, a área deve permanecer
inundada por apenas 4 a 6 semanas.
Plantas antagonistas: entre as mais conhecidas temos o cravo de defunto (Tagetes spp.), as
crotalarias (Crotalaria spp.) e as mucunas (Mucuna spp.). O cravo de defunto libera
exsudatos radiculares tóxicos (o composto tertienil apresenta ação nematicida) para
Meloidogyne e Pratylenchus. As crotalarias permitem a penetração de juvenis e/ou adultos
dos fitonematóides como Meloidogyne spp., Heterodera glycines e Rotylenchulus reniformis.
Entretanto, prejudicam o desenvolvimento do nematóide no interior do hospedeiro não
permitindo que os nematóides completem o seu ciclo de vida e formem descendentes. As
mucunas, normalmente, são más hospedeiras do nematóide e o seu efeito maior na redução
populacional está relacionado aos produtos tóxicos presentes na parte aérea que são liberados
quando esta é incorporada ao solo (sistema de plantio convencional) ou apenas cobre o solo
(sistema de plantio direto).
As crotalarias e as mucunas além de serem plantas antagonistas são adubos verdes.
Portanto, os benefícios da adubação verde (proteção do solo contra os agentes da erosão;
maior retenção de água; suprimento de matéria orgânica; mobilização e liberação de
nutrientes; controle de plantas daninhas e outros) podem ser associados ao controle de
fitonematóides. Torna-se importante, ressaltar, que há adubos verdes como tremoços e lablab, que permitem altas taxas de multiplicação de nematóides. Portanto, nem todo adubo
verde será útil para controle de fitonematóides. A Empresa Piraí Sementes comercializa
sementes de adubos verdes e entre os adubos verdes estão algumas plantas antagonistas aos
nematóides (Crotalaria breviflora, Crotalaria juncea, Crotalaria spectabilis, Mucuna preta e
Mucuna anã) e está situada na Avenida Cássio Paschoal Padovani, 333 – Piracicaba/SP –
CEP 13.420-015; fone
[email protected]
(0XX19)
424-2922;
fax
(0XX19)
424-1565;
e-mail:
Cultivares resistentes: é uma medida eficiente e econômica para o agricultor. O
desenvolvimento de materiais resistentes é uma busca constante de pesquisadores que
deparam com problemas de ordem de produção e qualidade do produto. Outras vezes, os
materiais obtidos ficam restritos ao cultivo em determinadas regiões, por força de inadaptação
edáfica e/ou climática.
A utilização cuidadosa de materiais com resistência aos fitonematóides deve ser feita
com muito rigor, principalmente para populações anfimíticas de fitonematóides. Isto deve-se
ao fato de que o uso contínuo de cultivares resistentes possibilita a ocorrência de pressão de
seleção na população do nematóide e, quando temos a anfimixia, a variabilidade genética é
maior. Normalmente, materiais resistentes estão inseridos em um programa de rotação de
culturas para minimizar essa pressão de seleção. A seguir mostraremos dois esquemas
adequados de rotação com materiais resistentes, principalmente pensando em populações
anfimíticas de nematóides:
1° ano da rotação 2° ano da rotação 3° ano da rotação 4° ano da rotação
de culturas
de culturas
de culturas
de culturas
Não hospedeira
Não hospedeira Cultivar resistente
Cultivar
suscetível
Não hospedeira Cultivar resistente
Cultivar
Não hospedeira
suscetível
Pressão de
seleção
Nenhuma
Leve
Exemplos de materiais resistentes: tomateiro (série IPA, ‘Nemadoro’ e diversos
híbridos com resistência múltipla – interação entre nematóides e fungos) para Meloidogyne.
‘Nemadoro’ é tomate para indústria, e foi desenvolvido do cruzamento entre a cultivar Rio
Grande (suscetível a Meloidogyne) e a cultivar IPA-3 (resistente a M. incognita, M. javanica e
M. arenaria). As cultivares de cenoura ‘Brasília’, ‘Tropical’, ‘Nacional’ e ‘Carandaí’ são
consideradas moderadamente resistentes com até 15% de infecção por Meloidogyne. Para
Heterodera glycines, temos algumas cultivares de soja: MG/BR-54 ‘Renascença’ (resistente à
raça 3); BRSMG ‘ Liderança’ (resistente à raça 3); MT/BRS-163 ‘Pintado’ (resistente às
raças 1 e 3); BRSMT ‘ Matrinchã’; BRSMT ‘ Piraíba’; BRSMT ‘ Tucunaré’; M-SOY 7901;
M-SOY 8001; M-SOY 8200; M-SOY 8400; M-SOY 8757.
Tipos de resistência:
1 – Produção de substâncias tóxicas aos nematóides:
• Tagetes (cravo-de-defunto): suas raízes contêm α-tertienil e derivados de bithienyl. Estes
limitam as populações de Meloidogyne e Pratylenchus. Além dos compostos tóxicos, os
juvenis que penetram são cercados por células mortas em função da reação de
hipersensibilidade.
• Aspargo: contém em seu caule, folhas e raízes, um glucosídeo tóxico à Paratrichodorus
teres, denominado ácido asparagúsico. O ácido foi sintetizado em 1956. No entanto, não é
utilizado porque esse ácido é um inibidor de crescimento de planta. Ovos de Heterodera
glycines e Globodera rostochiensis em solução desse ácido apresentaram inibição total.
• Physostigma venenosum (feijão calabar): o produto é do grupo N-metil carbamato e deram
o nome de fisostigmina, testado para Ditylenchus dipsaci.
2 – A planta não apresenta ou apresenta em quantidade insuficiente, substâncias que
favorecem o desenvolvimento e a reprodução do nematóide:
• Para a reprodução de Aphelenchoides ritzemabosi, o ácido indolacético e seu precursor
(triptofano) são necessários. As plantas resistentes de moranguinho, não fornecem
quantidades necessárias de AIA e de triptofano.
3 – Falta de atração e/ou ressit6encia à penetração
4 – Sítios de alimentação (células gigantes, sincitos, células enfermeiras e outras
denominações) não são formados ou são inadequados
5 – Hipersensibilidade
Em programas de melhoramento, alguns itens devem ser observados: definir
claramente o nematóide (gênero, espécie, raça); fornecer condições ideiais para a planta reagir
ao nematóide (é comum a perda de resistência de plantas quando submetidas à temperaturas
nmaiores que 30oC, em condições de estufa. O gene Mi é dependente de temperatura.);
estabelecer e usar critérios válidos para a avaliação da resistência; estudar a herança da
resistência: cruzamentos e/ou retrocruzamentos visando não somente resistência, mas também
boas características agronômicas, testar o material resistente em condições de campo e em
diferentes locais.
Definições importantes quando o assunto é resistência:
• Imune: planta que não permite o nematóide atacar incluindo penetração inicial na raiz.
• Resistente ou não hospedeira: a planta pode ser invadida pelo nematóide e pode mostrar
dano mas inadequação física ou química da planta evitará aumentos populacionais do
nematóide.
• Suscetível: a planta permite a reprodução normal do nematóide e pode ou não tolerar o
ataque do nematóide: a) hospedeiro tolerante: a planta é capaz de superar o ataque do
nematóide; b) hospedeiro intolerante: a planta é danificada pelo ataque do nematóide.
Rotação de culturas: é uma prática conhecida há milênios, de aplicação mais generalizada
nos países de agricultura mais desenvolvida, como regra normal de cultivo. A prática consiste
no plantio de culturas diferentes, considerando a mesma época de desenvolvimento das
culturas. Portanto, podemos ter rotação de culturas de verão e/ou rotação de culturas de
inverno. Não confundir sucessão de culturas com rotação de culturas. A rotação de culturas é
mais utilizada para áreas com cultivo de plantas anuais. Para culturas perenes, realiza-se a
rotação de culturas na época de renovação da área (reforma da área), ou seja, logo após a
retirada da antiga cultura e antes de sua nova implantação.
Para o controle de fitonematóides, a rotação de culturas baseia-se na programação, ao
longo do tempo, de plantios alternados de plantas hospedeiras e não hospedeiras, de forma a
permitir sua ocupação racional e econômica. Como plantas não hospedeiras podem ser
utilizadas além de plantas de espécies vegetais diferentes (inclusive as plantas antagonistas),
cultivares resistentes da planta hospedeira do fitonematóide. Essa programação necessita de
um acompanhamento técnico do esquema de rotação, com amostragens periódicas, para saber
o que está acontecendo com a população dos fitonematóides (taxa de declínio da população
do nematóide).
A rotação de culturas é mais facilmente aplicada para o controle de fitonematóides
que apresentam pequena gama de hospedeiros, pois facilita a escolha de opções de plantas
não hospedeiras. A rotação de culturas também deve considerar os seguintes pontos:
ocorrência na mesma área de duas ou mais espécies de fitonematóides (alvos primários e
secundários); restrições climáticas para o cultivo de plantas não hospedeiras em determinadas
áreas; mercado; restrições por parte do agricultor seja pela falta de conhecimento tecnológico
da nova cultura, seja pela falta de maquinário e/ou mão de obra necessários para a nova
cultura.
Quando se inicia um programa de rotação de culturas, vários aspectos devem ser
observados como informação básica: os nematóides presentes no campo; a faixa de plantas
hospedeiras para as espécies presentes; as culturas possíveis de serem cultivadas na
área; disponibilidade de cultivares resistentes; o período da safra (datas do plantio e da
colheita); nível de dano do nematóide e importância das plantas daninhas.
Remoção ou destruição de plantas atacadas por nematóides:
Culturas anuais cujas raízes continuam em atividade após a colheita permitem a
reprodução de fitonematóides e, por conseguinte a manutenção de suas populações em níveis
altos. São os casos do algodoeiro, fumo, arroz e diversas hortaliças. Recomenda-se que tais
plantas sejam efetivamente destruídas ao término da colheita, arrancando-se os sistemas
radiculares e expondo-os ao sol, ou amontoá-los e queimá-los.
Em alguns cultivos perenes, a destruição de plantas infestadas, que atuam como focos
de nematóides, é medida de controle necessária e eficaz. Na doença anel vermelho do
coqueiro, causada pelo fitonematóide Bursaphelenchus (Rhadinaphelenchus) cocophilus, os
coqueiros doentes devem ser destruídos pois senão continuarão atraindo o besouro
(Rhynchophorus palmarum), o principal agente de disseminação do nematóide.
Plantas voluntárias, hospedeiros alternativos e plantas daninhas devem ser destruídos
também.
Nutrição de plantas e cuidados gerais: a nutrição adequada e cuidados gerais como capina,
irrigação e tratos fitossanitários corretos não podem ser considerados como estratégia de
controle. A planta bem cuidada e adubada, normalmente, não apresenta sintomas agudos do
ataque dos nematóides, resultando em uma boa produção, num primeiro momento. Na
verdade, esta prática não estaria impedindo o aumento da população do nematóide. Muito
pelo contrário, a população irá aumentar, podendo agravar enormemente o problema nos
próximos cultivos. Entretanto, podem auxiliar quando na associação com medidas de
controle. Uma planta estressada quimicamente sofre muito mais o efeito do parasitismo do
nematóide do que aquela conduzida bem cuidada e adubada.
Em área com pH e saturação por bases elevados, resultado de calagem superestimada
ou de aplicação sem incorporação adequada, a população de cistos de Heterodera glycines
persistiu alta, mesmo após o cultivo de 1 ou 2 anos de milho. Possivelmente, o pH alto do
solo condiciona dois fatores desfavoráveis à soja cultivada nestas condições: redução
populacional de fungos antagonistas ao nematóide de cisto, reduzindo a taxa de controle
biológico natural e a imobilização de alguns micronutrientes no ssolo, diminuindo a tolerância
das plantas.
Adubação orgânica: é o uso de materiais orgânicos para adubação. A adição de material
orgânico ao solo concorre para o bom desenvolvimento das plantas e pode ainda causar, com
maior ou menor intensidade, redução nas populações de certos grupos de fitonematóides. O
material orgânico pode ser adicinado ao solo sob múltiplas formas (restos culturais, adubos
verdes, tortas vegetais, farelos, bagaços, vinhaça, manipueira, excrementos animais, serragem,
e outros), além da aplicação como cobertura morta comum em culturas perenes.
Ao lado benéfico da matéria orgânica sobre as plantas, proporcionando-lhes rápido
crescimento e maior tolerância a parasitos em geral, ela pode atuar diretamente sobre os
fitonematóides de diferentes maneiras. De sua decomposição no solo, ocorrem a produção e
liberação de substâncias com efeito nematicida, como o ácido butírico ou ácidosgraxos
voláteis. Também, dela podem ser criadas condições propícias ao desenvolvimento de
populações de inimigos naturais dos nematóides, como fungos, bactérias, nematóides
predadores e protozoários.
Plantas armadilhas: para o controle de certos fitonematóides sedentários, como espécies do
gênero Meloidogyne, pode-se realizar, em área infestada, o plantio de cultura bastante
suscetível. Os nematóides penetram nos tecidos da planta hospedeira e, antes que eles
completam o ciclo de vida e formem novos descendentes, as plantas são destruídas ou
arrancadas. Entretanto, se não for bem conduzido, o emprego de tal medida é potencialmente
perigoso, podendo proporcionar aumento acentuado ao invés de redução. O homem é peça
chave na manipulação do processo de controle.
Calor: por muitos anos, foi quase a única opção que o agricultor tinha para tratar o solo. O
calor pode afetar os nematóides de várias maneiras, queimando-os e secando-os com
temperaturas altas ou causando coagulação do citoplasma em temperaturas baixas. Há duas
formas de aplicação do calor: via seca e via úmida.
• Calor úmido: água quente e vapor. A água quente pela técnica da termoterapia. Nesse
caso, temos uma combinação de temperatura e tempo de exposição. A temperatura varia
entre 43oC a 53oC com o tempo de poucos minutos a 30 min até 4 horas. A termoterapia
pode ser combinada com o uso de produtos químicos. O uso de água quente esbarra,
principalmente em dois aspectos que muitas vezes, inviabilizam a sua aplicação prática. O
primeiro seria a necessidade de grandes tanques e o segundo seria o controle da
temperatura. O agricultor pode querer agilizar o tratamento, colocando uma maior
quantidade do material a ser tratado num volume de água, fazendo com que a temperatura
abaixe. Se ele aumentar a temperatura para colocar essa maior quantidade do material,
pode comprometer a qualidade (germinação, vigor) do material tratado. O vapor é usado
para solos de sementeiras, viveiros e estufas (flores e hortaliças). Não é fácil de aplicar em
grandes áreas e pode resultar no aparecimento de fitotoxidez, principalmente toxidez por
amônia e manganês.
• Calor seco: a solarização do solo e o coletor solar. A solarização do solo é uma técnica
originária de Israel na década dos anos 70. A técnica baseia-se em provocar um aumento
de temperatura no solo com a cobertura do mesmo com plástico fino e transparente que
permite maior penetração do calor no solo, propiciando a formação de condensação e
auxiliando na menor perda de calor no solo. O aumento alcançado é da ordem de 10oC em
relação ao solo não solarizado. O tratamento é feito por um período de 30 a 60 dias. Após
esse período, o plástico é retirado e pode ser feito o plantio da cultura. O coletor solar para
desinfestação de substratos para produção de mudas foi desenvolvido pelos pesquisadores
da EMBRAPA-CNPMA em Jaguariúna/SP.
Controle biológico: embora exista uma literatura bastante extensa sobre o assunto em
Nematologia pouco tem sido empregado na prática. Atualmente, no mercado temos os
seguintes produtos: NEMOUT (produzido por uma indústria americana na formulação de pó
molhável trata-se da mistura de fungos predadores); PAECIL (produzido por uma empresa
particular na formulação de pó trata-se do fungo parasito de ovos Paecilomyces lilacinus,
bastante empregado nas Filipinas) e NEMATUS (empregado na Europa, esse produto
substituiu os produtos ROYAL 300 e ROYAL 350 que eram a base de fungos predadores
Arthrobotrys robusta e Arthrobotrys superba, respectivamente).
Informações sobre o produto PAECIL, também conhecido por BIOACT:
• agente de biocontrole: Paecilomyces lilacinus
• patógeno alvo/doença: várias espécies de fitonematóides
• culturas: banana, tomate, cana-de-açúcar, abacaxi, citros, trigo, batata e outras.
• formulação: pó seco concentrado
• aplicação: plântulas ou pulverização de solo
• fabricante/distribuidor: Technological Innovation Corporation Pty. Ltd., Innovation House,
124 Gymnasium Dr., Macquarie University, Sydney NSW, 2109 Australia; phone 61 2
98508216; fax 61 2 9884 7290; internet www.ticorp.com.au
Controle químico: a primeira vantagem do uso de nematicidas, sobre outras medidas de
controle, é a rápida redução da população dos nematóides depois que o produto é aplicado,
possibilitando ao produtor cultivar uma cultura economicamente viável e suscetível aos
nematóides. Para tanto, a cultura deve ter suficiente valor econômico para justificar os gastos
com nematicidas. O grande número de nematóides e a sua grande capacidade de reproduzir
são razões que levam muitas vezes o não sucesso de um nematicida. Além disso, há
necessidade de repetir periodicamente a aplicação pois sempre fica uma população residual.
Os produtos disponíveis no mercado são destinados, principalmente, ao controle de
nematóides no solo, mas alguns são usados também em mudas e sementes.
Os nematicidas existentes no mercado podem ser:
• fumigantes: são realmente nematicidas. Ex.: brometo de metila (BROMEX) que é muito
usado em viveiros e pequenas áreas. O brometo de metila será proibido mundialmente a
partir do ano 2010.
• não fumigantes: nematicidas de contato e sistêmico. Na verdade, são nematostáticos.
Agem principalmente na acetilcolinesterase (afetando a coordenação motora), com isso o
nematóide não se alimenta, não é capaz de alimentar e nem de ir à procura da fêmea para
cópula. Os nematicidas não fumigantes podem ser agrupados em organofosforados e
organocarbamatos. Entre os organofosforados temos: Ethoprop (MOCAP); Phenamiphos
(NEMACUR) e Terbufos (COUNTER). Entre os organocarbamatos temos: Carbofuran
(FURADAN); Aldicarb (TEMIK) e Oxamil (VYDATE). Destes citados, apenas o
Ethoprop (MOCAP) é nematicida de contato.
A formulação granulada é a mais comum. É mais fácil e segura de ser aplicada, sendo
compatível com a maioria das culturas e não necessita de tempo de espera entre aplicação e o
plantio. Além disso, o uso desta formulação determina a liberação lenta do princípio ativo dos
grânulos e oferece um período mais prolongado de controle. Em alguns casos, os grânulos não
necessitam de incorporação. Há formulação líquida também.
Com relação ao modo de ação dos nematicidas, os autores sugerem dois mecanismos
de ação para o dibrometo de etila (EDB): oxidação dos centros de Fe2+ ou uma reação de
alquilação nos sítios ativos de esterases ou proteases. Para os organocarbamatos e
organofosforados, a ação ocorre primariamente pela inibição da acetilcolinesterase na sinapse
colinérgica do sistema nervoso do nematóide, paralisando o seu sistema sensorial, o que
resulta na incapacidade do mesmo em encontrar alimento ou do macho realizar a cópula.
Portanto, estes últimos compostos possuem mais efeito nematostático do que nematotóxico.
• a condução do estímulo apresenta: transmissão axônica (ao longo do neurônio) que é
elétrica e a transmissão sináptica (entre neurônios) que é química.
Na extremidade do axônio encontra-se um mediador químico, constituído por vesículas
(acetil colina envolvida por membrana). O potencial de ação age sobre as vesículas do
mediador químico, fazendo com que a acetil colina seja liberada da vesícula e passe para o
neurônio pós-sináptico, unindo-se a um complemento (proteína) e essa união vai alterar a
permeabilidade da membrana deste outro neurônio criando um novo potencial de ação, É
ativada a enzima acetilcolinesterase, após ter criado o novo potencial de ação, para
hidrolisar e inativar o fator estimulante (acetil colina + proteína). Dessa lise formará:
colina + ácido acético + proteína. A proteína ficará do mesmo lado (pós-sináptico) para ser
reutilizada: o ácido acético é eliminado de alguma maneira por ser tóxico; e a colina volta
para o lado pré-sináptico, sofre acetilação (ganho do radical acetil).
Colina + acetil-coenzima A + catalisador (colina-acetilase) = ACETILCOLINA que será
envolvida por membrana formando vesículas do mediador químico.
O nematicida bloqueia a transmissão de estímulos, agindo nos pontos de recepção da
colina (sinapse) competindo com a acetil colina.
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