A cultura do milho e os nematóides causadores de

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A cultura do milho e os nematóides causadores de galhas
O milho durante muito tempo foi considerado uma planta resistente ao parasitismo
provocado por nematóides causadores de galhas, tanto que ainda é largamente utilizado
na rotação de cultura para controlar infestações em áreas de produção de outras culturas
mais susceptíveis. A rotação de cultura é um dos melhores e mais utilizados métodos de
controle dos fitonematóides, uma vez que é de baixo custo e não oferece risco de
toxidez ao homem e ao ambiente, além de melhorar as condições físicas, químicas e
biológicas do solo, tornando-o mais produtivo (SILVA et al., 2004).
O retorno econômico, a redução da população de fitonematóides e o aporte de material
orgânico são as principais características que levam a escolha desta gramínea na rotação
de cultura. Lordello (1984) apontou como principais nematóides causadores de danos ao
milho os migradores (Pratylenchus brachyurus e Pratylenchus zeae), os anelados
(Criconemoides spp.) e os espiralados (Helicotylenchus spp.), não fazendo menção aos
fitonematóides formadores de galhas, que até o ano de 1984 praticamente não existiam
informações sobre as perdas de produtividade devido o seu parasitismo em plantas de
milho.
Segundo Asmus e Andrade (1997), a partir do ano de 1985 estudos realizados no Brasil
(TEIXEIRA; MOURA, 1985; LORDELLO et al., 1986) demonstraram que o milho
apresenta grau de susceptibilidade distinto, que difere em função da variedade da planta
e principalmente do tipo de nematóide presente no campo. A condução de trabalhos
visando observar as reações de diferentes cultivares de milho ao ataque de nematóides,
especialmente Meloidogyne incognita e M. javanica, revelaram que as reações de
diferentes genótipos de milho apresentam grande variabilidade de resposta, que vão
desde altamente resistentes a suscetíveis (ASMUS; ANDRADE et al., 1997).
Campos e Rocha (1999) realizaram experimento para verificar a reação de diferentes
genótipos de milho ao ataque de nematóides das galhas. Os autores observaram que dos
8 genótipos estudados (DINA-657, DINA-766, DINA-170, HATÃ-1045, HATÃ-1001,
FT-5140, CO-9560 e CO-32) todos foram considerados suscetíveis ao M. incognitas e 4
genótipos comportaram-se como resistente ao M. javanica (DINA-657, HATÃ-1045,
HATÃ-1001 e FT – 5140). Nos estudos de Moritz et al. (2003) sobre a reação de 30
genótipos de milho as raças 1 e 3 de M. incognita e M. paranaensis, os resultados
obtidos mostraram que, para o M. paranaensis, 43,3% dos genótipos de milho foram
imunes, 53,3% foram resistentes e apenas um (3,4%) foi suscetível. No entanto, para as
raças 1 e 3 de M. incognita os resultados mostraram que os 30 genótipos de milho foram
suscetíveis. Tanto esses trabalhos quanto de outros autores (FELLI; MONTEIRO, 1987;
LEVY et al., 2009) indicam que o M. incognita é o principal fitoparasita causador de
galhas na cultura do milho e que praticamente todas as cultivares são suscetíveis ao seu
ataque.
A presença de galhas no sistema radicular das plantas parasitadas é o principal sintoma
em qualquer cultura atacada por Meloidogyne spp.. Entretanto, esse sintoma não é
obrigatório na interação planta-nematóide (LEVY et al., 2009). De acordo com Lordello
et al. (1986), no milho as galhas são pouco visíveis a olho nu, mas os nematóides podem
causar danos às plantas e perdas na produção. Segundo Embrapa (2012) as injúrias
causadas por nematóides variam com o gênero e a população do nematóide envolvido,
condições do solo e a idade da planta de milho.
Os sistemas radiculares parasitados por nematóides são menos eficientes na absorção de
água e nutrientes da solução do solo e, por esse motivo, podemos perceber outros
sintomas que podem indicar a presença do nematóide nas raízes das plantas tais como
crescimento reduzido, sintomas de deficiências minerais, murcha durante os dias
quentes com recuperação à noite, espigas pequenas e mal granadas. Esses sintomas dão
à cultura do milho uma aparência de irregularidade, podendo aparecer concentrada em
pequenas áreas ou em grandes extensões (EMBRAPA, 2012).
Emanuel Dias Freitas
Engenheiro Agrônomo
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