PALESTRA 20 RAIB 85 a PANORAMA DAS DOENÇAS E PRAGAS EM HORTICULTURA DOENÇAS CAUSADAS POR NEMATÓIDES Cláudio Marcelo G. Oliveira Instituto Biológico, Centro Experimental Central do Instituto Biológico Campinas, SP, Brasil. E-mail: [email protected] Os danos causados pelos fitonematóides são conseqüências do seu parasitismo na planta. Esses organismos microscópicos parasitam os órgãos subterrâneos (raízes, rizomas, tubérculos e bulbos) das hortaliças ao perfurar a parede celular com seu estilete, penetrar no hospedeiro e movimentar-se nos tecidos, rompendo células. Alimentando-se dos conteúdos celulares, os nematóides desviam para sua nutrição os elementos destinados à nutrição da planta. Os danos podem ainda advir da ação tóxica de substâncias introduzidas pelos nematóides. Essas substâncias tóxicas podem destruir células, induzir a formação de galhas ou transformar células normais em células nutridoras. A ação nociva dos fitonematóides pode ser agravada quando em associação a fungos, bactérias ou vírus. Nestas associações, os nematóides podem favorecer a entrada do patógeno principal, modificar a fisiologia do hospedeiro, tornando-o favorável a outro agente, ou ainda alterando o mecanismo de resistência a um determinado patógeno. Os danos podem ser expressos pela redução de produção ou então pela depreciação da qualidade do produto a ser comercializado, por exemplo, em cenouras com sintomas de digitamento ou tubérculos de batata exibindo lesões (Figs. 1 e 2). A partir das informações disponíveis na literatura nacional, elaborou-se a Quadro 1, sumariando os hábitos de parasitismo, sintomatologia e plantas hospedeiras dos principais nematóides parasitos de plantas hortícolas no Brasil. No entanto, devido à freqüência com que ocorrem e à intensidade dos danos causados, as espécies pertencentes aos gêneros Meloidogyne, Pratylenchus e Ditylenchus são consideradas as de maior importância econômica. Quadro 1 - Principais nematóides parasitos de plantas hortícolas no Brasil. Nome comum Gênero Espécie Hábito de parasitismo Sintomas diretos Principais hortaliças hospedeiras Nematóides das galhas radiculares Meloidogyne M. javanica, Endoparasito galhas radiM. incognita, sedentário culares (enM. mayaguensis, grossamentos M. arenaria e das raízes) M. hapla Nematóides das lesões radiculares Pratylenchus P. brachyurus, P. coffeae e P. penetrans Endoparasito lesões nas migrador raízes batata, inhame, jiló, mandioquinha, pimentão, quiabo, tomate Nematóide dos Ditylenchus bulbos D. dipsaci Endoparasito podridão migrador fétida do bulbo alho e cebola Nematóide cavernícola Radopholus R. similis Endoparasito lesões nas migrador raízes gengibre, melancia Nematóide reniforme Rotylenchulus R. reniformis semi-endoparasito sedentário Nematóide do inhame Scutellonema S. bradys Endoparasito podridão se- inhame, cará migrador ca nos tecidos superficiais das túberas abóbora, abobrinha, alcachofra, alface, batata, batata-doce, berinjela, beterraba, cenoura, chicória, chuchu, ervilha, gengibre, inhame, jiló, melancia, melão, pepino, pimenta, pimentão, quiabo, tomate ausência de abóbora, batata-doce, coentro, mesintoma dire- lão, quiabo, tomate to específico Biológico, São Paulo, v.69, n.2, p.85-86, jul./dez., 2007 86 20 a RAIB Alguns nematóides de importância quarentenária ainda não foram detectados no Brasil, por exemplo: Globodera rostochiensis e Globodera pallida. Essas espécies parasitam principalmente batata, mas tomate e berinjela também são plantas hospedeiras. O centro de origem das duas espécies é a região dos Andes na América do Sul. Atualmente, encontram-s e disseminadas em vários paises da Europa, na América do Norte, e na maioria dos nossos países vizinhos (Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela). Portanto, medidas preventivas devem ser adotadas para não introdução desses nematóides no Brasil. Fig. 1 – Sintoma de digitamento em cenora parasitada por Meloidogyne incognita. Fig. 2 – A: lesões em tubérculos de batata infectados por Pratylenchus coffeae; B: aspecto “empipocado” dos tubérculos causado por Meloidogyne incognita. Biológico, São Paulo, v.69, n.2, p.85-86, jul./dez., 2007