palestra panorama das doenças e pragas em

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PALESTRA
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a
PANORAMA DAS DOENÇAS E PRAGAS EM HORTICULTURA
DOENÇAS CAUSADAS POR NEMATÓIDES
Cláudio Marcelo G. Oliveira
Instituto Biológico, Centro Experimental Central do Instituto Biológico
Campinas, SP, Brasil.
E-mail: [email protected]
Os danos causados pelos fitonematóides são conseqüências do seu parasitismo na planta. Esses organismos microscópicos parasitam os órgãos subterrâneos (raízes, rizomas, tubérculos e bulbos) das hortaliças ao perfurar a parede celular com seu estilete,
penetrar no hospedeiro e movimentar-se nos tecidos,
rompendo células. Alimentando-se dos conteúdos
celulares, os nematóides desviam para sua nutrição
os elementos destinados à nutrição da planta. Os
danos podem ainda advir da ação tóxica de substâncias introduzidas pelos nematóides. Essas substâncias tóxicas podem destruir células, induzir a formação
de galhas ou transformar células normais em células
nutridoras.
A ação nociva dos fitonematóides pode ser agravada quando em associação a fungos, bactérias ou
vírus. Nestas associações, os nematóides podem favorecer a entrada do patógeno principal, modificar a
fisiologia do hospedeiro, tornando-o favorável a outro agente, ou ainda alterando o mecanismo de resistência a um determinado patógeno.
Os danos podem ser expressos pela redução de
produção ou então pela depreciação da qualidade do
produto a ser comercializado, por exemplo, em cenouras com sintomas de digitamento ou tubérculos de
batata exibindo lesões (Figs. 1 e 2).
A partir das informações disponíveis na literatura nacional, elaborou-se a Quadro 1, sumariando os hábitos de parasitismo, sintomatologia e
plantas hospedeiras dos principais nematóides
parasitos de plantas hortícolas no Brasil. No entanto, devido à freqüência com que ocorrem e à
intensidade dos danos causados, as espécies pertencentes aos gêneros Meloidogyne, Pratylenchus e
Ditylenchus são consideradas as de maior importância econômica.
Quadro 1 - Principais nematóides parasitos de plantas hortícolas no Brasil.
Nome comum
Gênero
Espécie
Hábito de
parasitismo
Sintomas
diretos
Principais hortaliças hospedeiras
Nematóides
das galhas
radiculares
Meloidogyne
M. javanica,
Endoparasito galhas radiM. incognita,
sedentário
culares (enM. mayaguensis,
grossamentos
M. arenaria e
das raízes)
M. hapla
Nematóides
das lesões
radiculares
Pratylenchus
P. brachyurus,
P. coffeae e
P. penetrans
Endoparasito lesões nas
migrador
raízes
batata, inhame, jiló, mandioquinha, pimentão, quiabo, tomate
Nematóide dos Ditylenchus
bulbos
D. dipsaci
Endoparasito podridão
migrador
fétida do
bulbo
alho e cebola
Nematóide
cavernícola
Radopholus
R. similis
Endoparasito lesões nas
migrador
raízes
gengibre, melancia
Nematóide
reniforme
Rotylenchulus
R. reniformis
semi-endoparasito
sedentário
Nematóide do
inhame
Scutellonema
S. bradys
Endoparasito podridão se- inhame, cará
migrador
ca nos tecidos
superficiais
das túberas
abóbora, abobrinha, alcachofra,
alface, batata, batata-doce, berinjela, beterraba, cenoura, chicória,
chuchu, ervilha, gengibre, inhame, jiló, melancia, melão, pepino,
pimenta, pimentão, quiabo, tomate
ausência de
abóbora, batata-doce, coentro, mesintoma dire- lão, quiabo, tomate
to específico
Biológico, São Paulo, v.69, n.2, p.85-86, jul./dez., 2007
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Alguns nematóides de importância quarentenária
ainda não foram detectados no Brasil, por exemplo:
Globodera rostochiensis e Globodera pallida. Essas espécies parasitam principalmente batata, mas tomate e berinjela também são plantas hospedeiras. O centro de
origem das duas espécies é a região dos Andes na
América do Sul. Atualmente, encontram-s e disseminadas em vários paises da Europa, na América do Norte,
e na maioria dos nossos países vizinhos (Argentina,
Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela).
Portanto, medidas preventivas devem ser adotadas
para não introdução desses nematóides no Brasil.
Fig. 1 – Sintoma de digitamento em cenora parasitada por
Meloidogyne incognita.
Fig. 2 – A: lesões em tubérculos de batata infectados por
Pratylenchus coffeae; B: aspecto “empipocado” dos tubérculos causado por Meloidogyne incognita.
Biológico, São Paulo, v.69, n.2, p.85-86, jul./dez., 2007
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