a FilosoFia Na GrÉCia ClássiCa, Na Verdade e No amor

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Sumário
Filosofia
do
Volume
A filosofia na Grécia clássica, na verdade e no amor
1. O mito perde o seu lugar para a razão
1.1 A imparcialidade e a busca de respostas para os dilemas da vida
1.2 A s impatia e o pensamento filosófico
1.3 A perspicácia e a razão da própria natureza
1.4 O discernimento e o ciclo eterno das transformações
1.5 O otimismo e o ser humano como princípio
1.6 A amizade na visão dos clássicos da filosofia
1.7 A liderança na corrida pela vida
1.8 A caridade e a força do amor na filosofia
5
6
10
15
20
23
26
29
32
35
Sumário Completo
Volume 1
A Filosofia na Grécia Clássica, na verdade e no amor
1. O mito perde o seu lugar para a razão
     
Volume 2
A Filosofia na Grécia Clássica e sua relação com as ações corretas
2. O surgimento da filosofia
Volume 3
A Filosofia Grega e o ser humano na construção da paz
3. Uma abordagem das leis na Grécia Antiga
Filosofia
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Filosofia
A filosofia na Grécia clássica, na verdade e no amor
a
FilosoFia Na
GrÉCia
ClássiCa, Na Verdade e No amor
ADMIRÁVEL MUNDO NOVO
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/>. Acesso em: 08 maio 2013.
Uma nova era se abre para o mundo com o surgimento da filosofia na Grécia clássica quando alguns
dos seus brilhantes moradores, os filósofos, decidem buscar uma resposta racional para os fatos e os
fenômenos. A principal característica desses filósofos era a imparcialidade para obter o reconhecimento
dos seus esforços de racionalização da verdade. Muitos filósofos foram, ao longo do tempo, ganhando a
simpatia da população grega e as suas ideias foram sendo disseminadas e, assim, ganharam o mundo. É
por isso que estamos aqui estudando essa filosofia.
Com todas as mudanças que o ser humano foi promovendo ao longo da sua existência, a própria
filosofia viu o seu papel se tornando cada vez maior. A importância da filosofia nesse admirável mundo
novo está relacionada ao desenvolvimento humano, isto é, ao nosso progresso moral e ético como pessoas
que detêm o poder sobre o que nos rodeia. A filosofia chama a atenção para a necessidade de conhecermos
e estudarmos os valores humanos, que tratam das práticas das virtudes por parte de todos nós.
Já imaginou o ser humano sem virtudes? Agindo somente baseado em seus vícios e em seus defeitos?
Como seria a realidade humana se assim fosse? Esses questionamentos servem para começarmos a refletir
sobre a importância de tudo o que faremos aqui em torno da Filosofia dos Valores.
Escola de Atenas - rafael sanzio.
Filosofia
6
O mito perde o seu lugar para a razão
1. o
mito perde o seu luGar para a raZÃo
EI, TURMA
VOCÊS SE LEMBRAM
DO QUE SÃO
MITOS?
OS MITOS
SÃO UMA FORMA
FANTASIOSA DE NARRATIVA
QUE TENTAVA EXPLICAR OS
FATOS E OS FENÔMENOS
DA NATUREZA.
SIM,
CLARO!
EU ME LEMBRO!
TEM ATÉ UM MITO
GREGO DIZENDO QUE,
NO INÍCIO, ERA
O CAOS...
É ISSO MESMO!
DEPOIS, VEIO O AMOR PARA
COLOCAR UM POUCO DE
ORDEM NAS COISAS...
AGORA EU ME
LEMBREI. NASCERAM
OS TITÃS, DEPOIS VIERAM
OS DEUSES GREGOS...
ISSO É LEGAL!
EU ME LEMBRO
DE ZEUS. O DEUS DOS
DEUSES. EU BEM PODIA
SER ZEUS...O QUE
VOCÊS ACHAM?
NÃO ACHO
UMA BOA
IDEIA!
O MEU
RACIOCÍNIO ME
DIZ QUE NÓS SOMOS SERES
MORTAIS E QUE ESTAMOS AQUI
PARA APRENDER A SERMOS
PESSOAS CADA VEZ
MELHORES.
BOM. PARA ISSO É QUE
ESTUDAMOS A FILOSOFIA DOS
VALORES E DAS VIRTUDES. ASSIM,
PODEREMOS COLABORAR PARA
QUE ESSE ADMIRÁVEL
MUNDONOVO SEJA CADA VEZ
MELHOR.
Acervo CNEC.
MAS COMO SOMOS
SERES HUMANOS
DOTADOS DA CAPACIDADE
DE RACIOCINAR,
SABEMOS QUE OS
MITOS NÃO SÃO
COERENTES
COM A REALIDADE
77
Filosofia
O mito perde o seu lugar para a razão
Quando nasceu a filosofia? Estudiosos e pesquisadores apontam para o período de 800 a.C. a 500 a.C.
como aquele em que se deu o florescimento e a consolidação dessa prática reflexiva. A filosofia favoreceu o
desenvolvimento da atitude científica e do pensamento abstrato dedicado à busca do princípio e da essência
das coisas. A partir dela, os homens não mais explicariam os fatos e os fenômenos pela sua mera aparência,
nem precisariam se guiar pelos mitos, preconceitos e superstições. Há unanimidade em atribuir aos gregos
o privilégio da originalidade dessa revolução no campo das ideias. Mas por que coube aos gregos esse
feito? É sabido que civilizações orientais, como a egípcia, a chinesa e a indiana, não menos importantes e
influentes culturalmente, fizeram incursões no campo da especulação filosófica, capacitando-se, portanto, à
criação dessa nova mentalidade. Contudo, a argumentação corrente é a de que teriam desenvolvido noções
filosóficas a partir de questões como a natureza da divindade, a alma humana e a vida pós-morte, por exemplo,
conferindo-lhes um caráter religioso.
[...] os historiadores concordam em afirmar que a civilização grega foi a primeira a elaborar uma forma
de pensamento que se desvincula das explicações míticas e religiosas e parte para a investigação científica
e racional do princípio e da natureza das coisas, constituindo uma disciplina independente da religião.
[...]
CHALITA, Gabriel, Vivendo a Filosofia. São Paulo: atual, 2004, p. 10-11.
Disponível em: <http://breakingfreefromlimits.com>. Acesso em: 10 maio 2013.
A filosofia tem como objetivo refletir sobre a realidade do ser humano. No entanto, isso não é possível
sem analisarmos, também, as relações que ele mantém com o mundo ao seu redor. Não é possível a
nenhuma área do conhecimento analisar o mundo sem a presença humana, pois o homem é um importante
agente transformador da realidade. Se existe um mundo novo a ser admirado, isso se deve também à ação
dele. A pergunta é: qual é o instrumento que o ser humano dispõe que faz dele uma espécie tão poderosa?
A resposta cabe numa única palavra: razão.
Sobre a razão, existem definições de todos os tipos, gerais ou específicas, elaboradas por filósofos
antigos, modernos, contemporâneos e por aí vai...
A razão pode ser definida como a capacidade de: calcular, analisar e elaborar; julgar, distinguir o bem
do mal e o verdadeiro do falso; raciocinar, isto é, de formar conceitos abstratos e organizá-los logicamente
de maneira discursiva. A razão é o conhecimento que o espírito humano pode atingir naturalmente, por
suas próprias forças.
Filosofia
8
O mito perde o seu lugar para a razão
Todas as vezes que procuramos definir o ser humano, surge a referência à sua capacidade de raciocinar,
que é a utilização da razão. É isso que distingue o ser humano dos outros seres vivos do nosso planeta. Por
isso é importante perceber que ‘a razão pode ser entendida também como a capacidade que tem o homem
de concatenar, de forma teoricamente correta, ideias abstratas, isto é, de uma forma lógica. O que chamamos
também de inteligência seria essa capacidade racional aplicada na busca de soluções dos problemas reais
que encontramos em nossa existência. A inteligência nos permite desenvolver uma aprendizagem e, portanto,
um conhecimento de nosso meio que nenhum outro animal possui.
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Se antes a realidade era explicada a partir dos mitos, agora, com a constatação da racionalidade
humana, isso não é mais possível. A mitologia abre espaço, então, para a tentativa de se explicarem os
fatos e os fenômenos naturais e humanos a partir de uma perspectiva
científica. Nesse contexto, surgiram os primeiros filósofos, que
passaram a nos apresentar um admirável mundo novo baseado
na razão que o ser humano carrega em si. Esses primeiros
filósofos ficaram conhecidos como pré-socráticos, pois
vieram antes de Sócrates, considerado o pai da filosofia.
Eles foram muito importantes por terem se afastado
das explicações mitológicas para se aproximarem de
explicações mais racionais e direcionadas para explicar a
natureza e a realidade. Os pré-socráticos estabeleceram,
por exemplo, a definição dos quatro elementos da
natureza: fogo, água, terra e ar, que nem com todo o avanço
das ciências conseguiu mudar.
Que instrumentos os primeiros filósofos utilizaram
para construir conhecimento? Não existiam livros para
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pesquisa e muito menos a Internet. Então, como eles
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conseguiram? Simples. Utilizando a capacidade de raciocínio (uso
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Disponív
el em: <www
da razão) e os próprios sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato.)
Se todos nós, seres humanos, somos dotados desses “instrumentos”, o que nos impede de sermos todos
filósofos?
3.
Leguizamon, 2008, p.46.
Disponível em: <www.studyblue.com>. Acesso em: 11 maio 2013.
Saiba mais
Filosofia
O mito perde o seu lugar para a razão
[...] logos, rátio ou razão significa pensar e falar ordenadamente, com medida e proporção, com clareza
e de modo compreensível para outros. Assim, na origem, razão é a capacidade intelectual para pensar e
exprimir-se correta e claramente, para pensar e dizer as coisas tais como são. A razão é uma maneira de
organizar a realidade (medir, reunir, juntar, separar, contar, calcular) pela qual esta se torna compreensível.
É, também, a confiança de que podemos ordenar e organizar as coisas porque são organizáveis, ordenáveis,
compreensíveis nelas mesmas e por elas mesmas, isto é, as próprias coisas são racionais ou estão ordenadas
e organizadas, estão articuladas e conectadas, são semelhantes ou diferentes, possuem identidade etc.,
podendo, por isso, ser reunidas ou separadas, medidas e calculadas.
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2003, p. 62.
Exercícios de sala
1
Ao observar este admirável mundo novo à nossa volta, podemos afirmar que em tudo há a partipação do
ser humano. Tente explicar como isso acontece.
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2
Como funcionou, na Grécia antiga, o processo de deixar para trás a explicação mitológica da realidade e
passar a utilizar uma explicação mais racional?
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3
De acordo com os conceitos de razão apresentados nos textos anteriores, qual você utilizaria se fosse
conceituá-la?
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4
Com o surgimento da filosofia, quais foram as conquistas do ser humano?
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5
Como nós, seres humanos, utilizamos, na prática, a razão?
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99
Filosofia
10
O mito perde o seu lugar para a razão
1.1 A imparcialidade e a busca de respostas para os dilemas da vida
FELIPINHO E SUA TURMA ESTÃO NO PÁTIO DA ESCOLA,
QUANDO PERCEBEM UMA BRIGA POR PERTO...
CHEGA UM AMIGO QUE ESTAVA
ATRASADO E PERGUNTA...
TODOS FICAM OLHANDO, ATÉ
QUE UM ADULTO APARECE
PARA SEPARAR OS MENINOS.
MAS
NÓS NEM
SABEMOS O
MOTIVO QUE DEU
INÍCIO À
BRIGA.
MAIS ISSO
NÃO INTERESSA.
ELE É NOSSO AMIGO
E NÓS VAMOS
PROTEGÊ-LO.
O
QUE ESTÁ
ACONTECENDO?
ELE É NOSSO
AMIGO, MAS, SE ELE
ESTIVER ERRADO, TERÁ
QUE ARCAR COM AS
CONSEQUÊNCIAS.
E TAMBÉM
É UMA FORMA DE
EXERCITAR A
IMPARCIALIDADE.
NÓS NÃO
SABEMOS,
QUANDO VIMOS,
A BRIGA JÁ TINHA
COMEÇADO...
É ISSO
MESMO. É
UMA
QUESTÃO
DE JUSTIÇA
MAS O
JORGE ESTÁ
ENVOLVIDO. E
NÓS TEMOS QUE
DEFENDÊ-LO
TEMOS QUE SER
IMPARCIAIS E FALAR
SEMPRE A VERDADE, POIS
O OBJETIVO DA
IMPARCIALIDADE É
PROMOVER A JUSTIÇA.
Acervo CNEC.
A BRIGA FICA CADA
VEZ MAIS SÉRIA...
Filosofia
O mito perde o seu lugar para a razão
importância da imparcialidade
O chefe ou gestor deve utilizar as informações e dados que lhe são passados ou sugeridos para tomar a
melhor decisão para a equipe ou empresa.
BlOG vidA eXecutivA
Bernt Entschev
Bernt Entschev é presidente da De Bernt Entschev Hurnan Capital.
Headhunter trabalha na área de Executive Search há mais de 20 anos.
Autor do livro Executivos, Alfaces & Morangos Bernt, também atua como conselheiro
de diversas instituições.
Você consegue desligar suas emoções antes de decidir algo? Analisar os fatos e dados, a verdade nua
e crua, saber qual o melhor caminho antes de dizer “é por aqui que vamos”? Acredito que a imparcialidade
está no limite entre a razão e a emoção e, por isso mesmo, é tão difícil tomar decisões sábias, sem se deixar
influenciar pelo ambiente.
Para ilustrar esse tema, posso citar a imprensa. Quando um jornal noticia um debate político, o programa
não pode dizer que é a favor de um ou outro. Essa decisão deve ser tomada pelo público, baseado nos fatos
e dados que foram coletados para exibição no jornal. No meio empresarial ocorre o mesmo, mas no caminho
inverso.
O chefe ou gestor deve utilizar as informações e dados que lhe são passados ou sugeridos para tomar
a melhor decisão para a equipe ou empresa. Por mais que a melhor ideia tenha vindo daquele subordinado
com o qual o gestor teve uma discussão na semana passada, há que se ter juízo e racionalidade para
decidir. Afinal de contas, escolhas erradas podem ruir
empresas inteiras e levá-las à falência.
Um exemplo ainda mais prático de uma situação
dessas é uma promoção. Suponha uma equipe de cinco
gerentes e que um só deve virar diretor. Se somente
os méritos pessoais fossem levados em consideração
na decisão, e fosse escolhido aquele pelo qual o
presidente tem a maior empatia, ele pode ter cometido
um grande erro. Ao escolher aquele que não é o mais
capacitado, mas é somente o mais amigável dentre
os outros, pode ter dado início ao declínio de sua
empresa, ou então limitado o crescimento dela
até tal proporção, sendo que o colega dele,
mais linha dura, pudesse fazer os rendimentos
duplicarem.
É por isso que um gestor deve conhecer profundamente todos os setores e
processos de uma empresa. Dessa maneira, ele evita ter que pedir opiniões
a todo momento, e pode tomar mais decisões sem influências de terceiros.
Ou, então, quando uma decisão envolva mais pessoas, como em uma
reunião ou assembleia, o melhor a se fazer é que todos falem. Por
mais que nenhuma das ideias seja a ideal, a união de características
de cada uma delas pode ter a resposta final para um problema.
É bom ressaltar também a conduta e o tratamento individual.
Empatias grandes ou até mesmo negativas não podem ser determinantes de maneira alguma na inclusão ou
exclusão de uma pessoa em um processo, reunião ou em um direito de opinar. Não é porque ela não conhece
direito um determinado processo que seja incompetente – ela pode ser especialista em outros assuntos.
Embora a reputação não seja a melhor, ser aquele frio e calculista, muitas vezes, é tudo o que uma empresa
precisa. Isso se aplica em decisões, contratações, promoções, reuniões e, claro, na vida pessoal.
Disponível em: <http://www.amanha.com.br>. Acesso em: 12 mai. 2013.
11
11
Filosofia
12
O mito perde o seu lugar para a razão
Em nossa sociedade, é muito difícil despertar nas pessoas o desejo de buscar a verdade. Pode parecer
paradoxal que assim seja, pois parecemos viver numa sociedade que acredita nas ciências, que luta por
escolas, que recebe diariamente informações vindas de jornais, rádios, televisões e redes eletrônicas, que
possui editoras, livrarias, bibliotecas, museus, salas de cinemas e de teatro, vídeos, fotografias e computadores.
Ora, é justamente essa enorme quantidade de veículos e formas de informação que acaba tornando tão difícil
a busca da verdade, pois todo mundo acredita que está recebendo, de modos variados e diferentes, informações
científicas, filosóficas, políticas, artísticas e que essas informações são verdadeiras sobretudo porque tal quantidade
de informação ultrapassa a experiência vivida pelas pessoas, que, por isso, não têm meios para avaliar o que recebem.
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2003, p.90.
O que isso tudo tem a ver com imparcialidade? Se imparcialidade é o ato de não ser parcial, de não
tomar partido, ou, na verdade, tomar partido do lado da verdade e da justiça, então, sem a verdade não
nos é possível praticar a imparcialidade.
O egoísmo confunde a visão da verdade. As paixões e as emoções desordenadas provocam mudanças de
humor que impedem o ser humano de raciocinar e, até mesmo, de enxergar a verdade. Os fatos precisam
ser compreendidos como eles são e não como as pessoas os veem. Para ser imparcial, é
preciso que o ser humano esteja perto o suficiente para enxergar a situação tal qual ela se
coloca e distante o suficiente para não se deixar envolver emocionalmente. Ser imparcial
é estar acima de gostos, de vontades, de predileções e, também, de aversões, de mágoas,
etc.
As emoções estão diretamente ligadas ao que acontece com o corpo. Se ocorre
um problema de saúde, as emoções serão afetadas nem que seja na forma
de mau humor, que altera o comportamento das pessoas. A vivência
de emoções não segue padrões definidos, ou seja, cada pessoa
sente e reage de maneira diferente às emoções provocadas pelas
experiências do dia a dia, as quais permitirão o amadurecimento e
o conhecimento melhor de si mesmos.
Quando as emoções estão equilibradas, o ser humano tende
a raciocinar mais claramente, sem interferência dos sentimentos e
das emoções, o que possibilita adotar uma postura mais imparcial.
Disponível em: <w3.ifrc.org/what/values/
A imparcialidade ajuda na solução dos conflitos que ocorrem em
creative/crc.cartoon.asp>. Acesso em: 08
maio 2013.
casa e na vida social, especialmente na escola.
Quanto menos parcial for a nossa percepção da realidade, mais chances temos de nos aproximar do todo
e de melhor entender a realidade à nossa volta.
Disponível em: <http://fauufpa.wordpress.com>. Aecsso em:
08 maio 2013.
MOTA, Evandro. Algumas maneiras de fazer alguém feliz. 2. ed. Curitiba: Luz Ltda,
normalmente atribuída ao filósofo grego sócrates (479-399 a.c.), a frase “conhece-te
a ti mesmo” é, na verdade, a inscrição que se via na entrada do Oráculo de delfos.
neste local, dedicado a Apolo (na mitologia grega, o deus da luz e do sol, da verdade
e da profecia), buscava-se o conhecimento do presente e do futuro por intermédio de
sacerdotisas.
Desde que o filósofo grego
Sócrates, 300 a.C., propôs
o famoso “Conhece-te a ti
mesmo” como o princípio
da sabedoria humana, todos
os ensinamentos seculares
passaram a indicar o
autoconhecimento como o
ponto de partida no caminho
da libertação do ser humano.
Entretanto, acredito que
devemos ir além deste ponto.
Podemos, e até devemos,
completar o ensinamento:
Conhece-te a ti mesmo e
Filosofia
O mito perde o seu lugar para a razão
melhora-te. A partir da constatação de que o mundo exterior é o reflexo do nosso mundo interior, passa a
ser constante o desejo de crescer, de evoluir e de sermos mais do que somos nesse momento. O curioso é
que, ao tomarmos a sábia decisão de crescer, todo o Universo conspira a nosso favor, criando as condições
para que possamos conseguir esse objetivo e, assim, contribuir para um mundo melhor.
Não podemos nos esquecer de que a imparcialidade também depende do alcance do nosso ponto
de vista. Para isso, analise o texto a seguir e tire as conclusões que você acha mais adequadas para a sua
realidade, levando sempre em conta “o que” e “quem” você é.
Saiba mais
pArA Que FilOsOFiA?
Ora, muitos fazem uma outra pergunta: afinal, para que filosofia? É uma pergunta interessante. Não vemos
nem ouvimos ninguém perguntar, por exemplo, para que matemática ou física? Para que geografia ou geologia?
Para que história ou sociologia? Para que biologia ou psicologia? Para que astronomia ou química? Para que
pintura, literatura, música ou dança? Mas todo mundo acha muito natural perguntar: Para que filosofia?
Em geral, essa pergunta costuma receber uma resposta irônica, conhecida dos estudantes de filosofia: “A
filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual”.
Ou seja, a filosofia não serve para nada. Por isso, se costuma chamar de “filósofo” alguém sempre distraído,
com a cabeça no mundo da lua, pensando e dizendo coisas que ninguém entende e que são perfeitamente inúteis.
Essa pergunta, “Para que filosofia?”, tem a sua razão de ser. Em nossa cultura e em nossa sociedade,
costumamos considerar que alguma coisa só tem o direito de existir se tiver alguma finalidade prática, muito
visível e de utilidade imediata. Por isso, ninguém pergunta para que as ciências, pois todo mundo imagina ver
a utilidade das ciências nos produtos da técnica, isto é, na aplicação cientifica à realidade.
Todo mundo também imagina ver a utilidade das artes, tanto por causa da compra e venda das obras de arte,
quanto porque nossa cultura vê os artistas como gênios que merecem ser valorizados para o elogio da humanidade.
Ninguém, todavia, consegue ver para que serviria a filosofia, donde dizer-se: não serve para coisa alguma.
Parece, porém, que o senso comum não enxerga algo que os cientistas sabem muito bem. As ciências
pretendem ser conhecimentos verdadeiros, obtidos graças a procedimentos rigorosos de pensamento;
pretendem agir sobre a realidade, através de instrumentos e objetos técnicos; pretendem fazer progressos
nos conhecimentos, corrigindo-os e aumentando-os.
Ora, todas essas pretensões das ciências pressupõem que elas acreditam na existência da verdade, de
procedimentos corretos para bem usar o pensamento, na tecnologia como aplicação prática de teorias, na
racionalidade dos conhecimentos, porque podem ser corrigidos e aperfeiçoados.
Verdade, pensamento, procedimentos especiais para conhecer fatos, relação entre teoria e prática,
correção e acúmulo de saberes: tudo isso não é ciência, são questões filosóficas. O cientista parte delas
como questões já respondidas, mas é a filosofia quem as formula e busca respostas para elas.
Assim, o trabalho das ciências pressupõe, como condição, o trabalho da filosofia, mesmo que o cientista
não seja filósofo. No entanto, como apenas os cientistas e filósofos sabem disso, o senso comum continua
afirmando que a filosofia não serve para nada. Para dar alguma utilidade à filosofia, muitos consideram
que, de fato, a filosofia não serviria para nada, se “servir” fosse entendido como a possibilidade de fazer
usos técnicos dos produtos filosóficos ou dar-lhes utilidade econômica, obtendo lucros com eles; consideram
também que a filosofia nada teria a ver com a ciência e a técnica.
Para quem pensa dessa forma, o principal para a filosofia não seriam os conhecimentos (que ficam por
conta da ciência), nem as aplicações de teorias (que ficam por conta da tecnologia), mas o ensinamento
moral ou ético. A filosofia seria a arte do bem viver. Estudando as paixões e os vícios humanos, a liberdade
e a vontade, analisando a capacidade de nossa razão para impor limites aos nossos desejos e paixões,
ensinando-nos a viver de modo honesto e justo na companhia dos outros seres humanos, a filosofia teria
como finalidade ensinar-nos a virtude, que é o princípio do bem-viver.
Essa definição da filosofia, porém, não nos ajuda muito. De fato, mesmo para ser uma arte moral ou ética,
ou uma arte do bem-viver, a filosofia continua fazendo suas perguntas desconcertantes e embaraçosas: O
que é o homem? O que é a vontade? O que é a paixão? O que é a razão? O que é o vício? O que é a virtude?
O que é a liberdade? Como nos tornamos livres, racionais e virtuosos? Por que a liberdade e a virtude são
valores para os seres humanos? O que é um valor? Por que avaliamos os sentimentos e as ações humanas?
Assim, mesmo se disséssemos que o objeto da filosofia não é o conhecimento da realidade, nem o
conhecimento da nossa capacidade para conhecer, mesmo se disséssemos que o objeto da filosofia é apenas
a vida moral ou ética, ainda assim, o estilo filosófico e a atitude filosófica permaneceriam os mesmos, pois
as perguntas filosóficas – o que, por que e como – permanecem.
CHAUI, M. Filosofia. Série Novo Ensino Médio. São Paulo: Ática, 2004, pp. 10-11.
13
13
Filosofia
14
verdAde e reAlidAde
Dizer que algo é verdadeiro é dizer que é um fato constatado,
que teve lugar realmente. Resta saber, porém, se temos de
receber a realidade como algo que se encontra exclusivamente
na experiência sensível. Platão considerava que a realidade
correspondia unicamente ao mundo das ideias que só a mente
pode alcançar, e se negava a outorgar algo de realidade às coisas
sensíveis, mutantes e condenadas a desaparecer. Temos então
dois tipos de verdade: as verdades da razão, que se referem às
ideias, e as verdades de fato que se referem à experiência sensível.
LEGUIZAMON, Hector. Filosofia: origens, conceitos, escolas e pensadores. São
Paulo: Escala Educacional, 2008, p.52.
Disponível em: <http://people.opposingviews.com>. Acesso em: 08 maio
2013.
O mito perde o seu lugar para a razão
Exercício proposto
6
Durante um período (de três a dez dias) observe o que está acontecendo à sua volta, dentro da escola.
Você deve ir anotando em seu caderno de filosofia todos os casos em que as pessoas deveriam agir com
imparcialidade, mas não o fizeram. Ao final desse período, vamos ouvir os relatos de todos.
Exercícios de sala
7
Qual é a diferença entre ser parcial e ser imparcial?
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___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
8
Como se pratica a imparcialidade em nosso dia a dia? Essa é uma tarefa fácil?
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9
Qual é o grande objetivo em sermos imparciais?
___________________________________________________________________________________
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___________________________________________________________________________________
10 Conte-nos uma situação real em que você teve oportunidade de presenciar uma atitude parcial, e
explique-nos qual foi o resultado.
___________________________________________________________________________________
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15
15
Filosofia
O mito perde o seu lugar para a razão
11 Se a mesma situação, do exercíco 10, tivesse sido tratada de forma imparcial, qual, provavelmente, teria
sido o resultado?
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
1.2 A simpatia e o pensamento filosófico
OI, MARINA
COMO ANDAM
AS COISAS?
TUDO BEM,
FELIPINHO, E
VOCÊ?
CLARO QUE SIM.
VOCÊ É SEMPRE TÃO
SIMPÁTICA E SOLIDÁRIA
COM TODOS NA ESCOLA.
SERÁ UMA HONRA
PODER AJUDÁ-LA !
ENTÃO, DEPOIS MARCAMOS
UM HORÁRIO PARA ESTUDAR.
ATÉ MAIS.
ESTÁ BEM.
ATÉ MAIS!
Acervo CNEC.
OBRIGADA PELA SUA PREOCUPAÇÃO. NA VERDADE, EU ESTOU
PRECISANDO DE AJUDA COM A
MATEMÁTICA. VOCÊ PODE ME
AJUDAR ?
TUDO ÓTIMO! EU SOUBE QUE
VOCÊ TEVE UNS
PROBLEMINHAS NA ESCOLA.
POSSO AJUDAR EM ALGUMA
COISA?
A simpatia é estabelecida através de um diálogo harmonioso entre os participantes.
um Breve elOGiO AO diálOGO
Certamente, o diálogo não é apenas o que aprendemos nas lições de Língua Portuguesa: uma conversa
entre duas personagens. É mais, muito mais.
É o desejo de cada um de conhecer-se a si mesmo. Como vimos anteriormente, Sócrates, um dos
filósofos da Antiguidade, seguia o lema: “Conhece-te a ti mesmo”. Para ele, essa deveria ser uma das primeiras
posturas do homem diante da vida. Conhecendo-se melhor, também se pode conhecer melhor os outros.
Dialogar é a conversa de mais de uma pessoa, é falar e ouvir a fala do outro. Nesse sentido, o diálogo
terá como resultado novos entendimentos. Ninguém será mais o mesmo após dialogar com os outros, ouvir
ideias diferentes, novos pontos de vista, outros argumentos.
O diálogo pressupõe o respeito à diversidade e à pluralidade de ideias e visões de mundo. Não há, pois,
verdades definitivas, e ninguém é, portanto, dono da verdade. Quem pensa e age assim está monologando,
falando sozinho, de modo autoritário. O diálogo é a ferramenta de comunicação, de convivência e de
entendimento do mundo e está presente na família, na escola, no trabalho, no grupo de amigos, na política.
É aprender a falar e a ouvir.
Prezado leitor,
Agradecemos o interesse em nosso
material. Entretanto, essa é somente
uma amostra gratuita.
Caso haja interesse, todos os materiais
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