~ I ..•. N<? 47 INDEXAÇAO E REALIMENTAÇAO INFLACION~RIA FERNANDO DE HOLANDA BARBOSA J984 INDEYAÇÃO E REALI~ENTAÇÃO INFLACIONÂRIA Fernando de Holanda Barbosa Agosto 1984 . INDEXAt-:ÃO E REALn~.ENTACÃO INFLACIONARIA Fe~nando de Holanda Ba~bo~a 1. Introdução Uma das principais criticas ao sistema de indexação adotado no Bra3~_: ,~ de que ele se constitui num fator importan te no processo de realimentação àa inflação, processo este pelo qual a inflação do passado se transmite ao Dresente e se propaga para o futuro. O objetivo deste trabalho consiste em examinar a de pendência do coeficiente de realimentação da inflação dos para metros que refletem a correçao monetária dos juros, a politica salarial e a politica cambial, dentro de um arcabouço teórico onde as oriqens da inflação estão localizadas: a) na própria . história recente da inflacão; b) na evolucão das noliticas mo" netária e fiscal, e c) ~CS c~~:ues de oferta. Este trabalho está orqanizado do sequinte modo. segunda seçao procura identificar a partir dos parâMetros indexação existentes propagação, isto ~. A de na economia brasileira os coeficientes de oS coeficientes pelos quais a inflação pa! sada se incorpora nos salários, no câmbio e na taxa de juros . A terceira seção procura investigar a relação entre esses di- - e o coeficiente de realimenversos coeficientes de propaaaçao tação inflacionária. A quarta seçao contém um sumário das con-· clusões do trabalho. .2. 2. Os Coeficientes de Propagação Entre os principais canais pelos quais a inflação do passado se prcpan~ ao presente, cabe mencionar tr~s: os salá- rios, a taxa de juros e a taxa de câmbio. A secruir procuraremos ~ 1/ d escrever as caracterlsticas mais imoortantes desses mecanismos. 2.1. A Polltica Salarial indexação dos salários na economia brasileira tem duas fases distintas. Na primeira que vai de 1965 até 1979 os A , _ _ _ 2/ sa1arios sao reajustados atraves da seguinte formula: ~ (-:-:-~-~-:-:-:-_-~-l-) (1) o objetivo de tal polltica seria a preservaçao do sa- lário real médio do trabalhador entre reajustes consecutivos. To davia, uma a:ná~i3R 0esta fórmula mostra 0ue mesmo na hipótese de que o lndice de ~reços no final do per iodo fosse previsto acuradamente, ela não assegur~rja um salário real médio constante,mas sim que haveria igualdade entre dois salários reais avaliados p~ ra a média dos indices de preços entre dois ~eriodos de reajuste. Do ponto de vista analltico é interessante fazer uma pequena modificação na fórmula precedente, calculando-se o salário real para indices geométricos de preços, isto é: (2) St = 1/2 Pt - l 1/2 Pt - 2 (p p e ) 1/2 t 1/2 - t-l St-l . . J ...) Designando-se por letras minúsculas os logarítmos das respectivas variáveis, esta expressa0 pode ser escrita como: (3) Segue-se,então, que a variação percentual dos salários nominais é igual a média aritmética da inflação passada e inflação prevista, no início do período, para o período de gência do novO da vi- salário. A política salarial sofreu mudança substancial em 1979 quando foi adotada nova fórmula de reajuste, que pode ser expressa por: (4 ) onde Pt-l é a taxa semestral de inflação entre as datas de reajustes, e representa o número de salários mínimos/vigente mes de reajuste, contidos no salário St-l' e a e tros que variam em função de f. dois no sao parame- e . A Tabela 1 indica os valores desses parárnteros par.a os divprsos instrumentos leaais que vigoraram desde 1979. Uma aproximação desta nova fórmula numa versão~ili- zada , para fins analíticos, pode ser escrita corno: (5 ) o coeficien~e ne .- p~oryaqaçao ~e~ende, então, da faixa larial em que o trabalhador se encontra no momento do do seu salário. sa- reajuste .4 • 'fABELA 1 PA~~ETROS DA POL!TICA e I SAIA~IAL: 1979- 8 (J lLej. n9 6708 I3 r-: . 10 < (30/10/1979) \3 ~ 3 1,1 8 ~ 10 1,0 °0,3 0,8 2,3 A Lei n9 6886 G ~ [j -, (10/12/1980) 1,1 O <10 1,0 0,3 G <;15 0,8 2,3 < 8 ~20 0,5 6,8 20 <' e 3 < ~ 10 15 "- ", ) Decreto-Lei n9 2012 3 :/ 7 15 20 , ~ e .:--.::;::: 8 ~ '- A o 1,0 o 7 0,95 0,15 ~;;15 0,8 1,20 ~20 0,5 1,65 o 2,65 8 I I 1 7 15 20 , / ", / , e e e (25/1/1983) 3 Decreto-Lei n9 202':: / 16,8 ° (25/5/19R3) < 7 1,0 O <15 O,R 1,4 0,5 5,9 ! <20 I 8 15,9 O I -"" Decreto-Lei n? 2045 --- O / , O i I 0,8 ! I I e Decreto-Lei n9 2065 , I -<; 3 1,0 fi ~ , El -,- ~15 f) ,/ 3 " 7 15 ,/ 7 (13/7/1983) i I 0,3 0,6 0,5 ! I_., ° (27/10/1983) If i I I o 0,6 2,0 3,5 I I .5. A ~r( __ ,"d da indexação tem analisado o efeito de va- rios esquemas de indexação dos salários sobre o nível de 3 vidade e a taxa de inflação. /Entre as várias fórmulas atiexami- nadas nesses modelos teóricos podemos enumerar as seguintes: (6) St = St + <!l (Pt (7, St = St + (8) (9 ) q> (p + "Y u t t = St + <!lI {p t - e p ) t e m+-) - ,';' St == St + ,.. (m t St e Pt' - <- - e (y p ) + <P 2 t t - e Yt ) onde todas as variáveis estão em logaritmos, St nominal accra~do com as informaç~es contrato de trdoalho, Pt' mt e Y t e o salário disponíveis no inIcio do indicam, respectivamente, o Indice de preços, estoque de moeda e o nível de produção, Indice e adicionado ao símbolo de uma variável valor esperado da mesma. de indexação, e "y A letra grega ~ o representa o indica o coeficiente e o parâmetro de expurgo incidente sobre o choque de oferta u . t Na fórmula de indexação (6) o salário é corrigido em função da variação não antecipada de taxa de inflação. ~ for igual a 1 a indexação é total. Quando Na fórmula (7) o salário é corrigido por urna fração da inflação não antecipada, ao mesmo tempo que o Indice de preço é expurgado dos choques de oferta que porventura venham a ocorrer durante o período do contrato de trabalho. Na fórmula (8) a indexação dos salários usa como fator de correção a taxa de crescimento da oferta mone~ria não anteci~ada. Na fórmula (9) a indexação leva em conta . . () a inflação não antecipada e no nível de produção. tambér:~ as variações não previstas Não cabe aqui discutir as vantagens desvantagens de cada uma dessas fórmulas, mas apenas e lembrar -" que algumas sao mais adequadas em economias sujeitas a choque~ de oferta. Uma simples comparação das fórmulas (6)-(9) com brasileira, quelas que têm sido usadas na política salarial expressoes (3) e (5), revela que as fórmulas oficiais dos nB- justes salariais no Brasil estão bem distantes de se tuirem em ,:'q:;:::':,: Lmações _~ais ção. a- consti- de mecanismos de indexação que prote- das variações não antecipadas da infla- Poderia se argumentar que na prática é impossível se ter um mecanismo que, ex-post, fizesse um ajustamento no para levar em conta a inflação não-antecipada. salário Este argumen- to se constitui mais num desafio à imaginação criadora do que em um teorema da impossibilidade que colocaria por terra qua~ quer tentativa de indexação dos salários. política Cambial A política cambial brasileira no período de agosto de 1968 até dezembro 1979 se caracterizou por dois fatos: as minidesvalorizações e a regra de desvalorização no diferencial e~tre nalíticamcnb:' l. , baseada as taxas de inflações interna e externa. Apode ser representada pela seguinte fórmula: (lO) onde e t e a taxa de câmbiO, Pt o índice de preços doméstico e •7 • Pt o índice de preços internacionais, e todas as variáveis sao expressas pelos seus respectivos logarItmos. Em dezembro de 1979 o cruzeiro sofreu uma 'maxides- valorização de 30%, em 1980 a taxa de desvalorização foi prefixada, em fevereiro de 1983 houve urna nova maxidesvaloriza- ção de 30%, e 3tualmente a taxa de desvalorização mensal e igual a taxa de inflação, taxa esta medida pela variaçao índice geral de preços. do Esta política equivale a suprimir-se na fórmula (10) o termo que mede a taxa de inflação externa. A A Correção Monetária existência de ativos financeiros indexados na e- conomia brasileira, as Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN's), os Certificados de Depósito Bancário (CIE's) e os Depósitos nas Cadernetas de Poupança, cujos rendimentos ~ minais dependem da correção monetária, fazem com que a taxa de juros nominais seja formada por duas componentes, a taxa de juros prefixada e a correção monetária. Analiticamente ~ ríamos: onde it é a taxa de juros nominal, rt é a componente da de juros que é prefixada, ~ é o coeficiente de indexação Pt-Pt-l' é a taxa de inflação. taxa e Estamos supondo que existe UM certa defasagem na fixação da correção monetária em relação a inflação, hipótese esta que não é consistente com a atual, mas que reflete a experiência brasileira anos. nos política últimos .8. Cabe ainda assinalar que no caso dos dep6sitos cadernetas de poupança e dos certificados de depósito cio a taxa rt é fixada a priori. Quanto as ORTN's geral são negociadas com ágio ou deságio, de acordo das bancáelas em com as condições de mercado, fato este que implica que a taxa rt varia com o tempo. 3. O Coeficiente de Realimentacão . O coeficiente de realimentação, pelo qual a 9ao do passado se transmite infla- a taxa de inflação atual, depen- de não ·.spmente dos coef icientes de ~ropagação mas também da estrutura da economia. A seguir apresent~rp.mos um modelo bastante simples com o intuito de explicitar tais relações.· Admita-se que a quantidade demandada de moeda depen da do nlvel de Lenna Y e da taxa de juros nominal it deacor t do com: A taxa de juros nominal é função do coeficiente correçao monetária ~ m de , da taxa de inflação, e da proporção do déficit do governo em relação ao produto nominal. Isto é: CO\"lbinando-se estas duas equaçoes obtém-se a seguin te expressão para o lndice de ~reços: .9. Ct 1 (13) mt - ex + l + Ct. 2 cp <5 y 1-('12 (q; - 6 ) m t - rn 1-0: (q, -6) 2 m 8 2 que pode ser interpretada corno urna equaçao de demanda agregada. Se o coeficiente de correção monetária for tal que ele satisfaça a restrição, qJ m <. 6+ l/'.),?_, o lndice de preços aumenta com a quantidade de moeda e o déficit fiscal, e diminui com o aumento da renda real e do nlvel de preços do periodo anterior. A economia que estamos descrevendo tem dois setores: indfistria e acricultura. O Indice geral de preços dessa econo- mia é aproximaáu por urna média geométrica dos lndices de preços da agricultura e da indústria. Isto é: (14) = (l-w) onde a letra a indGstria, e w p, 1, t+ J; p . a,l: = p.1, t + CIJ (p a, t indica agricultura e a letra ~ - p.1, t) l corresponde a particiuac~o do setor agrlcola no . a disp~ndio total. A relação de trocas entre a agricultura e a indústria depende da relação entre o produto agrlcola atual e aquele se obtém em condições normais de produção do setor, de qus acordo com: ( 15) p a, +-_ o - p.1, t = T - O SEcor industrial tem uma estrutura oligopollstica e os preços neste setor são determinados por um mark-uD sobre os -~- --- ----~ .10. custos unitários de produção, que envolve dois fatores: mão-deobra e matéria-prima importada. Su~ondo-se uma função de custo unitária do tipo Cobb-Douglas, o nlvel de preços do setor in- dustrial é dado por: onde y é a participação da mão-de-obra e l-y a participaçãoda matéria prima importada no custo unitário de produção, qt a eficiência da mão-de-obra e IT * t é o preço da matéria mede prima importada em moeda nacional, que por sua vez depende do compor-tamento da taxa d~ câmbio e dos preços internacionais do insurn n importado. Isto e: A indexação da taxa de câmbio se dá de acordo com a seguinte fórmula: onde $c é o coeficiente de indexação cambial. A taxa de crescimento dos salários é o resultado duas componentes. Uma delas capta o efeito da indexação de sala- rial e a outra leva em conta o fato de aue as condições de mercado de trabalhe fazem com que os salários não aumentem de ocordo com o previs~J pela legislação salarial. EM slmbolos: .11. onde ht é o nlvel de capacidade ociosa da economia e St reflete qualquer fator autônomo que possa existir no mercado de traba- lho e que afete a determinação do salário. Combinando-se as seis últimas equaçoes obtém-se a sequinte equação de oferta agregada: '"'{ (20 ) t (-', ' I 6p= s l-(l-y)~ (6p* m,t 1- (l-y) <p B l-(l-,)(jl c l-y + y - llPt-l - ~c IIp*) t c - Y ht + (St - II Clt) 1-(1-Y)$c c w e 1- (l-y) ~ At c onde o simbolo II representa a primeira diferença da variável, e. g. 6Pt=Pt-Pt-l' At é igual a diferença entre a taxa de cresci- mento do produto agricola e a taxa de crescimento normal do setor: At =6y a,t -lly a,to Quando os coeficientes de indexação salarial e cambia __ forem ambos iguais à unidade, ~s=~c=l a equação anterior reduzse a: 6 Pt= 6P - - 5h + (St t 1 t Os t-xê::.' :'lq,) t: + l-y (t\P,* -6p"') Y m,t t ~ A y t últimos termos desta expressa0 refletem dife- rentes tipos de choques de oferta que podem ocorrer na economia: choques de salários, de preços de insumos importados e de oferta agrlcola. As equaçoes (13) e (20) juntamente com a identidade que liga o nivel de capacidade ociosa com as taxas de crescimento do produto e do produto potencial, < fornecem a seguinte função de transferência para a taxa de in~ fIação: 4/ onde os valores dos Tabela 2. par~metros a. , b. e c. sao explicitados na J J J Esta equação mostra que a taxa de inflação depende: i} da própria inflação passada através dos coeficientes de realimentação aI e a2i ii) das pollticas monetária e fiscal de cordo com os par~metros a- e b , e iii) dos diferentes choques 2 l de oferta que podem ocorrer na economia. Os coeficientes c 2 e c 3 b medem o impacto desses choques sobre a taxa de inflação. Vale a pena analisar com certo detalhe as propriedades dos pa- râmetros desta equação para se compreender a influência da in- dexação na din~ica da inflação. Em primeiro lugar verifiquemos a questão da estabilidade do processo inflacionário. Uma equação de diferentes fi- nitas de segunda ordem é estável quando os coeficientes aI e a 2 sejam tais que satisfaçam as seguintes condições: l'-a -a > O, l 2 1+a -a >0 e 1+d >O. Um pouco de álgebra leva-nos a concluir 2 2 l que estas desi0ualdades são equivalentes as seguintes: Ç2 e > (aI + CX" _ 8)y<p s -~---------------------------------------, .13. Tl\i3ELA 2 As Oriqens da Inflação Origens Coeficientes a 1 == (0. +0.2. 6 ) (1- (l-y) 1 0. a 2= lirnt b ~ft b * CPc +ycps) ]-0.2 Y<P rJ --1.L l = n o. ôyf; 2 = 2 n (C1. - c == St-liQt l 1 +C1. o) y (l-L) 2 0. (a. +a. 0) (l-y) (l-L) lip* -cp ~p* m,t c t c O sirnbolo - 2 n (a. +0. 0 }w8 (l-L) 1 2 ar,arece oos coe f icientes c ' c? e c 1 1 L X == Xt - I . L t]\ te defasagens: l = c 3= At * 2 t n é o cnerar'l.or de ., . ~ ~ . Isto significa dizer que D deve ser maior do que o máximo entre os dois números expressos no lado direito de cada desiqualdades. Se os coeficientes de indexação do salário e da taxa de juros forem iguais à unidade, uma dessas câmbio ~ =~ s do =~ m c = 1, segue-se que as seguintes restrições entre os parâmetros do modelo estrutural devem ser obedecidas para que a taxa de infla- ção siga um processo estável: 1 a + 8 > 1 e: + 8 > 2 A sorna dos coeficientes a l , a , b e b e igual a 1: 2 l 2 Isto significa dizer que, no longo prazo, quando a taxa de pansão monetária for constante e quando a proporçao ex- do déficit do governo em relação ao produto nominal se mantiver inalterada, a taxa de inflação será igual à taxa de crescimento da oferta de moeda. No curto prazo a realimentação inflacionãria e os cho-' ques de oferta desempenham papel importante no processo infla- cionário, pois as pollticas monetária e fiscal afetam apenas ~­ cialmente a taxa de inflação. das A Tabela 2 mostra que a açao pollticas monetária e fiscal sobre a taxa de inflação entre outras variáveis, da proporção do salário no custo depende, unitá- rio de produção e da magnitude do efeito da capacidade ociosa na .15. economia sobre o comportamento dos salários. Se o coeficiente B for igual a zero a tratet6ria da inflaçâo independe das po- liticas monetária e fiscal, e nestas circunstâncias se os coeficientes de unidade, ~ in~exaçâo dos salários e do câmbio forem iguais a s =~ c =1, a taxa de inflacão segue um ~rocesso ~- estocás- tico do tipo caminho aleatório (random-walk), desde que o termo estocástico que for adicionado à equação seja um ruido br~ co (white-noise), o que equivale a supor que os choques de f erta nao apresentem correlaçao serial. Os ef (,i sos 0- 5/ de variações dos coeficientes de indexaçâo dos salários, do câmbio e da taxa de juros sobre os parâmetros da funçâo de transferência da taxa de inflação, equaçâo (21), estão indicados na Tabela 3. Um aumento do coeficiente de indexa~âo salarial com que o coeficiente de inflação defasada de um oeriodo faz taM- bém aumente e o coeficiente de inflação defasada de dois dos diminua. Entretanto, a soma dos coeficientes de realimentaçao nâo se altera. Os demais parâmetros da equação da taxa de inflação nâo se modificam quando o coeficiente de indexação xr larial se altera. Quanto aos coeficientes de indexação do câmbio e do juros nada se pode afirmar a priori sobre a acão deles no coeficiente da inflação defasada de um periodo, eft1bora o efeito global sobre o co~{iciente de realimentação seja no sentido ne diminui-lo quando os coeficientes de indexaqão aumentem. Nos demais parâmetros da equação da taxa de inflação o aumento do grau de indexação cambial e de juros da economia um provoca impacto maior das respectivas variáveis sobre a inflação. .16. TABELA 3 Indexação x Taxa de Inflação r Coeficientes de Indexação II I -t-- Salarial ( cp ) s aI a2 + - ; a l + a2 b I * Parâmetr r"., i l I b 2 I c I N !N N ,N - + + + + I I c 2 rc;I N N + + + + I+ + I I i Cambial ( <Pc) ? - I i I I Monetária ( q, ) m ? - i I I 1 I - I I J ." Os sl.nt:olos r:ue aparecEm nesta tabela :I..micam os sinais das derivadas parcias dos parârretros a:rn relação aos coeficientes de indexação. sInix:>lo N irrlica c:rue a cterivada narcial é iemal a zero e o 'X>nto O de interrogaç,ão cyue o sinal de cterivada rarcial é a pri?ri irrletenninado. ! I, I .17. Ati aqui admitiu-se que a indexação nao afeta os parâmetros estruturais da economia. Cabe agora relaxar esta hi- pótese e verificar até que ponto as conclusões que acabamos de enunciar se mantém. Na medida em que o trade-off de curto zo, da Curva de Phillips, entre inflação e capacidade ~a­ ociosa, depender do grau de indexação da economia o coeficiente de realimentação se altera. Com efeito, se a indexação dos salários fizer com que o parâmetro B da Curva de Phillips coeficientes b 1 e b 2 diminua, os que dele dependem decrescerão, Dois: > 0< Como consequência deste fato a potência das cas monetária e fiscal será reduzida. Seg~e~se, pollti- portanto, que o coeficiente de realimentação aumenta, em virtude de: o combate à inflaçdo através de pollticas monetária e fiscal se torna mais penoso, pois o custo social do processo de desinflação será mais elevado. 4. Conclusões A função de transferência da taxa de inflação derivada a partir de um modelo estrutural bastante simples da economi a, desenvolvido na seção ~recedente, mostra de maneira clara co mo a indexação pode afetar o coeficiente de realimentação potência das pollticas monetária e fiscal. e a .18. A desindexação da economia corno instrumento de combate à inflação poderia se justificar na hipótese de que os pró- prios parâmetros estruturais da economia estejam relacionadosoam o grau de indexação da mesma. Esta é uma hipótese que ser devidamente testada e para a qual não se dispõe deve ainda de evidência empIrica. g importante salientar o fato de que a simples desindexação da economia não iria eliminar a realimentação ria. A realimentação existe em economias com inf1acion~ diferentes graus de indexação e com os mais variados esquemas de intervenção do governo no sistema de indexação. Um programa de combate à inflaçao que pretenda traçar uma nova história oara o ritmo de aumento de preços tem de quebrar o elo da corrente que une o passado ao futuro. Este corte na história da inflação poderia ser feito de modo menos traumático através de uma po1Itica de rendas curto intervalo de tempo. De acordo com tal po1itica os num preços dos bens e serviços e as remunerações dos diversos fatores de produção não seriam mais baseados no passado, mas sim no futuro, para o qual se deseja escrever uma nova história. Esta polItica de rendas ter ia de ser consistente com as polI ticas rn::m.etária e cal pois, de outro modo, o programa de combate à inflação fi~ esta- ria fadado ao insucesso. Notas de Rodapé 1/ Urna descrição mais detalhada destes mecanismos para o per Iodo 1964/80 encontra-se em Barbosa (1983). 2/ Esta é uma fórmula que revela o núcleo central da fórmula da polItica salarial do gerIodo, mas que não inclui certos deta- .19. lhes técnicos. 31 Para uma análise de algum desses esquemas de indexação ver Barbosa (1984) 41 A função de transferência de uma variável endógena de um modelo estrutural é uma das diversas formas que o modelo pode ser resolvido. Para maiores detalhes, consulte-se, por exemplo, Zellner e Palro (1974). 51 A hipótese de caminho aleatório para a taxa de inflação brasileira foi sugerida por Cardoso (1983). Referências Bibliográficas Barbosa, F.de H. A Inflação Brasileira no Pós-Guerra: f10netaris mo x Estruturalismo. Rio de Janeiro: PNPE, 1983. Barbosa, F.de H. Ensaios Sobre Inflação e Indexação, EPGE,' Ensa'-' ios Econômicos, 1984. Cardoso, E.A. Indexação e Acomodação Monetária: Um Teste do Processo Inflacionário Brasileiro. Revista Brasileira de Econo mia, 37: 3-11, 1983. Zellner,A. e F. Palmo Time Series Analysis and Simultaneous Equ~ tion Econometric Models. Journal of Econometrics, 2: 17-54, 1974. ENSAIOS ECONOMICOS DA EPGE 1. ANALISE COM~ARATIVA DAS ALTERNATIVAS DE POLTTICA COMERCIAL DE UM PAIS EM PROCESSO DE INIijSTRIALIZAÇ~O - Edmar Bacha • 1970 (ESGOTADO) 2. ANALISE ECONOM~TRICA DO MERCADO INTERNACIONAL DO CAF~ E DAPOLrTICA BRASILEI- RA DE PREÇOS - Edmar Bacha - 1970 (ESGOTADO) 3. A ESTRUTURA ECONOMICA BRASILEIRA - Mario Henrique Slmonsen - 1971 (ESGOTADO) 4. O PAPEL DO INVESTIMENTO EM EDUCAÇ.O E TECNOLOGIA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMEN TO ECONOMICO - Carlol Geraldo Langonl - 1972 (ESGOTADO) - 5. A EVOLUÇ~O DO ENSINO DE ECONOMIA NO BRASIL - Luiz de Frelta. Bueno - 1972 6. POLrTICAANT'-INFLACIONARIA • ACONTRtBUIÇ~O BRASILEIRA - Mario Henrique SImon.en - 197' (ESGOTADO) 7. ANALISE DE S~RIES DE TEMPO E MODELO DE FORMAÇAO DE EXPECTATIVAS - José LuIz Carvalho - 197' (ESGOTADO) 8. DISTRleU,ç~O DA RENDA E DESENVOLVIMENTO ECONOMICO DO BRASIL: UMA REAFIRMAÇ~­ Carlo. Geraldo Langonl - 1973 (ESGOTADO) 9. UMA NOTA SOBRE A POPULAÇ~O OTIMA DO BRASIL - Edy Luiz Kogut - 1973 10~ ASPECTOS DO PROBLEMA DA ABSORÇAO DE MAO-DE-OBRA: SUGESTOES PARA PESQUISAS JOlé LuIz Carvalho - 1974 (ESGOTADO) 11. A FORÇA DO TRAB~LHO NO BRASIL - Mario Henrique SImonsen - 1974 (ESGOTADO) 12. O SISTEMA BRASILEIRO DE INCENTIVOS FISCAIS - Mario Henrique Slmonlen - 1974 (ESGOTADO) 13. MOEDA - Antonio Maria da Silveira - 1974 (ESGOTADO) 14. CRESCI~ENTO DO PRODUTO REAL BRASILEIRO - 1900/1914 • Claudio LuIz Haddad 197" (ESGOTADO) 15. UMA NOTA SOBRE NOMEROS rNDICES - José Luiz C.rvalho - 1974 (ESGOTADO) 16. ANALISE DE CUSTOS E BENEFrCIOS SOCIAIS I - Edy Luiz Kogut -.197' (ESIITADO) FUNDAÇÃO GETÚ~'O VA.RGAS Biblioteca Mário Hennque Slmonsen 32. MICROECONOMIA - Parte A - TEORIA DA DETERMINAÇAO DA RENDA E DO NrVEL DE PREÇOS José Julio Senna - 2 Volumes - 1980 33. ANALISE DE CUSTOS E BENEFrCIOS SOCIAIS I I I - Edy Luiz Kogut - 1980 34. MEDIDAS DE CONCENTRAÇAO - Fernando de Holanda Barbosa - 1981 35. CR~DITO RURAL: PROBLEMAS ECONOMICOS E SUGESTDES DE MUDANÇAS - Antonio SaJazar 36. DETERMINAÇAo NUM~RICA DA TAXA INTERNA DE RETORNO: CONFRONTO ENTRE ALGORrTIMOS DE BOULDING E DE WILD - Clovis de Faro - 1983 37" MODELO DE EQUAÇOES SIMULTANEAS - Fernando de Holanda Barbosa - 1983 38, A EFICI~NCIA MARGINAL DO CAPITAL COMO CRITtRIO DE AVALIAÇAo ECONOMICA DE PROJE TOS DE INVESTIMENTO - Clovis de Faro - 1983 (esgotado) 39. SALARIO REAL E INFLAÇAO (TEORIA E ILUSTRAÇAO EMPTRICA) - Raul José Ekerman - 1984 40. TAXAS DE JUROS EFETIVAMENTE PAGAS POR TOMADORES DE EMPREsTIMOS JUNTO A BANCOS COMERCIAIS - Clóvis de Faro - 1984 41. REGULAMENTAÇAo E DECISDES DE CAPITAL EM BANCOS COMERCIAIS: REVISAo DA LITERATURA E UM ENFOQUE PARA O BRASIL - Uriel de Magalhães - 1984 42. INDEXAÇAO E AMBlrNCIA GERAL DE NEGOCIOS - Antonio Maria da Silveira - 1984 43. ENSAIOS SOBRE INFL.:\çAO E INDEXAÇAO - Fernando de Holanda Barbosa - 1984 44. SOBRE O NOVO PLANO DO BNH: "SIMC II * - Clovis de Fáro - 1984 45. SUBSTDIOS CREDITrCIOS A EXPORTAÇAo - Gregório FoL. Stukart - 1984 46. PROCESSO DE DESINFlAÇAO - Antonio C. Porto Gonçalves - 1984 47. INDEXAÇAo E REALIMENTAÇAo INFLACIONARIA - Fernando de HolAndA Barbosa ~ 1984 000035887 1111111111111111111111111111111111111 17. DISTRI8UIÇ~0 DE RENDA: RESUMO DA EVIDENCIA - C.rlos Geraldo Langonl - 1974 (ESGOTADO) 18. O MODELO ECONOMtTRICO DE ST. LOUIS APLICADO NO BRASIL: RESULTADOS PRELIMINARES - Antonio Carlos Lemgruber - '975 19. OS MODELOS CLASSICOS E NEOCLAsSICOS DE DALE W. JORGENSON - Ellseu R. de de Alwl - '975 Andr~ . 20. DIVID: UMPROGAAMA FLEXrvEL PARA CONSTRUÇ~ DO ~UADRO DE EVOLUÇ~ DO ESTUDO DE UMA DrvlQA .. Clóvis de Faro - 197" 21. ESCOLHA ENTRE OS REGIMES DA TABELA PRICE E DO SISTEMA DE AMORTIZAÇDES CONSTANTES: PONTO-DE-VISTA DO MUTUARIO - Clovl. de Faro - 1975 22. ESCOLARIDADE. EXPERIENCIA NO TRABALHO E SALARIOS NO BRASil - JOlé Julio Senna - 1975 23. PES~UISA ~UANTITATIVA NA ECONOMIA - lulz de Freltal Bueno - 1978 2". UMA ANALISE EM CROSS-SECTION DOS GASTOS FAMiliARES EM CONEXXO COM NUTRIÇ~. SAODE. FECUNDIDADE E CAPACIDADE DE GERAR RENDA .. José lulz Carvalho - 1978 25. DETERMINAÇAo DA TAXA DE JUROS IMPLrCITA EM ESQUEMAS GEN~RICOS DE FINANCIAMENTO: COMPARAçab ENTRE OS AlGORtrlMOS DE WILD E DE NEWTON-RAPHSÓN - Clóvll de Faro 1978 26. A. UR8ANIZAÇ~O E O CrRCULOVICIOSO DA POBREZA: O CASO DA CRIANÇA URBANA NO BRA Sll - José LuIz Carvalho e Urlel de Magalhães - 1979 27. MICROECONOMIA - Parte' - FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS PREÇOS - Mario Henrique Slmonlen - 1979 28. ANALISE ·DE CUSTOS E BENEFrCIOS SOCIAIS II - Edy Luiz Kogut - 1979 29. CONTRAD.IÇM APARENTE - OctávIo Gouvêa de Bulhões - 1979 30. MICROECONOMIA .. Parte 2 - FUNDAMENTOS DA TEORIA 005 PREÇOS - Mario Henrique Slmonlen - 1980 (Em fase de Impressio) 31. A CORREÇ~D MONETARIA NA JURISPRUDENCIA BRASILEIRA" Arnold.Wald - 1980