Carne vermelha e carne processada aumentam o risco de câncer José de Felippe Junior Câncer não são células malignas e sim células doentes necessitando cuidados, não extermínio JFJ Carne vermelha refere-se a todos os tipos de carne de músculo de mamíferos, como bovina, vitela, porco, cordeiro, carneiro, cavalo, cachorro e cabrito. Carne processada refere-se a carne que tenha sido transformada através de salga, secagem, fermentação, fumo ou outros processos para realçar o sabor ou melhorar a preservação. Exemplos de carne processada incluem bacon, salsicha, presunto, carne enlatada, carne seca ou charque, bem como preparações à base de carne e molhos. Em outubro de 2015, 22 cientistas de dez países se reuniram na Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC), em Lyon, na França, para avaliar a carcinogenicidade da carne vermelha e carne processada. Depois de uma profunda revisão da literatura científica, este grupo de especialistas classificou o consumo de carne processada como provavelmente cancerígeno para os seres humanos, Grupo 2A, isto é, evidências limitadas. Entretanto, para o câncer colo-retal a evidência é de Grupo 1, evidências suficientes. Os peritos concluíram que cada porção de 50 gramas de carne processada ingerida diariamente aumenta o risco de câncer colo-retal em 18%. O estudo considerou mais de 800 estudos que investigaram a associação de mais de uma dúzia de tipos de câncer com o consumo de carne vermelha ou de carne processada, em diversos países e populações com diferentes dietas. A evidência mais influente veio de grandes estudos prospectivos de coorte realizados nos últimos 20 anos. Allisson-Silva em 2016 afirma que uma das mais consistentes associações epidemiológicas entre dieta e o risco de adoecer é o impacto do consumo da carne vermelha, particularmente as processadas. O aumento do consumo de carnes processadas aumenta a mortalidade por todas as causas, aumenta a prevalência de câncer colo-retal e outros carcinomas, de doença aterosclerótica cardiovascular, de diabetes tipo II e de outros processos inflamatórios. As diversas explicações da carne como risco de doença consistem em: alto conteúdo de gordura saturada e de sal, geração de TMAO (Trimethylamine-N-oxide) pela microbiota intestinal, carcinógenos aromáticos a surgir do cozimento a altas temperaturas e agentes infecciosos presentes na carne. Peixe e frango grelhados acarretam os mesmos riscos. As explicações tradicionais invocam o impacto dos compostos N-nitrosos e do ferro heme, este a catalisar nitrosação endógena. Uma explicação peculiar foi dada por Alisson-Silva em 2016: incorporação metabólica de ácido siálico não humano, Neu5Gc (N-glycolylneuraminic acid) nos tecidos dos consumidores de carne vermelha com a subsequente inflamação provocada por anticorpos contra este poderoso “xenoautoantígeno”. No entanto, devemos lembrar que a carne vermelha, não processada e malpassada (“rare” ou “medium rare”) possui valor nutricional importante, entretanto, as bem-passadas (“done” ou “well done”) são repletas de aminas heterocíclicas e, portanto, carcinogênicas. Pessoas que comem carne regularmente não devem ultrapassar os 500g/semana e nenhuma ou somente pequena quantidade de carne processada. Estas são ricas em nitritos que se transformam em nitrosaminas carcinogênicas quando cozidas. Durante a fase de tratamento as carnes estão proibidas O consumo de carne vermelha orgânica, o chamado boi verde criado com capim sem pesticidas, provocam o mesmo grau de risco que as carnes de vaca comuns. O problema não são os cantaminantes e sim os constituintes da carne convencional. Entretanto, estudo na Espanha mostrou que tanto a carne orgânica como a convencional possuem a mesma quantidade dos 33 contaminantes carcinogênicos dosados. A carne de carneiro mostrou mais contaminantes do que a carne de vaca ou frango (Hernandez2015). Esqueça que existe carne de porco: contém mais de 70 tipos de toxinas. Referências no site www.medicinabiomolecular.com.br