Christiann Barnard - Hospital do Coração de Natal

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Por Dr. Lauro Arruda – Cardiologista
CHRISTIANN NEETHLING BARNARD – O pioneiro no
transplante cardíaco
Nascido em 8 de novembro de 1922 em Beaufort West, na África do Sul, o Dr.
Christiann Barnard formou-se pela Escola de Medicina da Universidade da Cidade do Cabo em
1948 , onde também fez mestrado e doutorado (em 1953), com o trabalho “O tratamento da
meningite tuberculosa”.
Em 1956, conseguiu uma bolsa de estudos para treinamento em cirurgia cardiotorácica
na Universidade de Minnesota, em Minneapolis –EUA. Lá, obteve o título de Mestre da Ciência
em Cirurgia com a tese “A Valva Aórtica- problemas na fabricação da prótese valvar” e o PhD
com a dissertação “ A etiologia da atresia intestinal congênita”.
Ao retornar à África do Sul, em 1958, foi contratado como cirurgião cardiotorácico do
Hospital Groote Schuur, sendo o fundador da primeira unidade cardiológica do hospital. Muito
dedicado ao trabalho e às pesquisas, se tornou um brilhante cirurgião, com contribuições para
o tratamento várias doenças cardíacas, como a Doença de Ebstein e a Tetralogia de Fallot.
Realizou o primeiro transplante renal com sucesso na África do Sul, em 1959.
Após intensas pesquisas e dezenas de transplantes cardíacos realizados em cães, o Dr.
Barnard entrou para a história da Medicina ao fazer o primeiro transplante de coração em
humanos. Esta cirurgia pioneira aconteceu no dia 3 de dezembro de 1967, teve duração de
nove horas, e uma equipe composta por trinta membros.
O paciente, Louis Washkansky, de 54 anos, sofria de diabetes e grave coronariopatia,
havia sofrido três infartos e era portador de aneurisma do ventrículo esquerdo. A doadora,
Denise Darvall, de 24 anos, teve morte cerebral após um grave acidente automobilístico, em
que sua mãe também faleceu(teve morte instantânea). O pai de Denise, que era branca,
também autorizou a retirada de seus rins, tendo beneficiado o garoto negro Jonathan Van
Wyk, de 10 anos de idade.
Na época, esta atitude gerou muita polêmica, já que a àfrica do Sul era dominada pela
política racista do apartheid. Washkansky sobreviveu ao transplante, porém faleceu 18 dias
após a cirurgia, acometido por pneumonia.
Dr. Barnard e sua equipe continuaram realizando transplantes de coração. Um mês
após a cirurgia pioneira, em 2 de janeiro de 1968, Philip Blaiberg recebeu um novo coração e
sobreviveu um ano e sete meses. Em 1969, foi a vez de Dorothy Fisher, a primeira receptora de
cor negra a receber um coração novo. Ela sobreviveu 12 anos e 6 meses após o transplante.
Dirk Van Zyl, operado em 1971, foi seu paciente que mais tempo viveu com o coração de outra
pessoa: 23 anos.
Christiaan Barnard foi ainda pioneiro em diversas técnicas cirúrgicas, como os
transplantes duplos-heterotópicos (o novo coração auxilia o coração doente, que permanece
no paciente); as válvulas artificiais e, ainda, o emprego de corações de animais para
tratamentos de emergência.
Dr Barnard tonou-se uma celebridade internacional, tendo na imprensa destaque
semelhante aos artistas do cinema. Era conhecido pelo seu charme pessoal e também por seus
casos amorosos. Mas não usava sua fama só para amenidades: aproveitava suas entrevistas
para criticar o regime racista da África do Sul. Ele encerrou sua carreira de cirurgião em 1983,
como Chefe do Departamento de Cirurgia Cardiotorácica na Cidade do Cabo, após desenvolver
Artrite Reumatóide nas mãos.
Depois, interessou-se por estudos do envelhecimento, porém sem obter o sucesso que
teve na cirurgia cardíaca. Seus últimos anos foram divididos entre a Áustria -onde mantinha a
Fundação Christiaan Barnard ,dedicada a ajudar crianças carentes no mundo- e a sua fazenda
em Beaufort West, na África do Sul.
Ele faleceu em 2 de Setembro de 2001, aos 79 anos, na cidade de Paphos, no Chipre,
vítima de um ataque agudo de asma.
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