Aceleração Radiativa devido as Linhas Espectrais A aceleração radiativa, grad , depende da opacidade da linha, da distância e do fluxo da radiação incidente, Fν . Levando em conta a aproximação de Sobolev, temos que os fótons emitidos pela estrela vão sofrer interação com o vento nas vizinhanças de rs . Portanto, o fluxo de radiação que produz a aceleração radiativa depende somente da intensidade emitida pela fotosfera e das condições locais em rs . A intensidade local pode ser descrita em termos de um grandeza chamada PROBABILIDADE DE PENETRAÇÃO, que descreve a fração da radiação incidente que alcança o ponto r na região de Sobolev. Analogamente, a radiação emitida ou espalhada nesse ponto, pode ser expressa em termos de uma PROBABILIDADE DE ESCAPE. A Probabilidade de Penetração A radiação incide com um ângulo θ em relação ao vetor radial no ponto r, onde µ = cosθ. Esse ângulo não pode ser maior do que um ângulo limite θ∗ , que descreve a extensão angular subentendida pelo disco fotosférico visto pelo ponto r: s cosθ∗ ≡ µ∗ = 1− R∗ r 2 então a intensidade que atinge r é zero se µ < µ∗ A Probabilidade de Penetração 1 βc (r ) ≡ 2 Z1 µ∗ 1 − e −τνo dµ τνo onde o subı́ndice c representa a radiação do ”cone fostosférico” e βc descreve a quantidade de radiação emitida pela estrela que consegue chegar até um ponto r. I se τνo em r for muito grande, então βc (r ) → 0 I se τνo em r for muito pequeno, então o integrado ∼ 1 e βc (r ) ∼ (1 − µ∗ )/2 sendo o próprio fator de diluição geométrica: W = 1 1− 2 s 1− R∗ r 2 A Probabilidade de Penetração onde para r R∗ W ∼ R∗ 2r 2 A Probabilidade de Penetração A probabilidade dos fótons escaparem da região de Sobolev é análoga a probabilidade de penetração: 1 β(r ) = 2 Z1 −1 Z1 β(r ) = 0 1 − e −τνo dµ τνo 1 − e −τνo dµ τνo Nesse caso a integração é feita em todas as direções, pois os fótons podem escapar em qualquer direção e nao somente na direção da estrela. A Aceleração Radiativa no Caso do Limite de uma Fonte Pontual Bem, a aceleração radiativa devido a uma linha em absorção é: grad 2π = c +∞ Z1 Z kνp (∆ν)Iνp (µ)d(∆ν)µdµ µ∗ −∞ Por simplicidade assumimos que toda a radiação da fotosfera que é absorvida em um mesmo ponto r no vento é liberada radialmente pela estrela. É o chamado LIMITE DE FONTE PONTUAL (Castor, Abbott & Klein, 1975), pois equivale a assumir a estrela como sendo uma fonte pontual. Aproximação é bastante razoável e facilita a resolução da equação de momento se o ponto estiver bem longe da estrela. Entretanto, ela falha se ele estiver próximo. A Aceleração Radiativa no Caso do Limite de uma Fonte Pontual No limite de fonte pontual e a re-escrevendo em termos da probabilidade de penetração temos: grad 2π ∗ kl Iνo ≡ c Z1 µ∗ grad = 1 − e −τνo dµ τνo 4π ∗ 4π kl Iνo βc (r ) = kl J̄(r ) c c como: Fνo (r ) = 4π J̄(r ) grad = Fνo kl c A Aceleração Radiativa no Caso do Limite de uma Fonte Pontual A aceleração radiativa devido a uma linha no limite de fonte pontual onde µ∗ → 1 e a integral de dµ entre µ∗ e 1 = 1 − µ∗ ∼ 0.5(R∗ /r ) e com isso: grad = πIν∗o kl c R∗ r 2 1 − e −τνo (µ=1) τνo (µ = 1) arrumando os termos da equação acima: grad = πIν∗o R∗ r 2 ! kl ρ τνo (µ = 1) 1 − e −τνo (µ=1) 1 cρ onde: I o primeiro termo da direita é o fluxo monocromático vindo da estrela I o segundo termo é igual a νo /c dv /dr , ou seja, a faixa de frequências que pode ser absorvida I o terceiro termo é a probabilidade que a absorção ocorra dentro de 1cm3 I o produto dos três primeiros termos resulta na quantidade de energia absorvida por cm3 do gás A Aceleração Radiativa no Caso do Limite de uma Fonte Pontual grad = πIν∗o R∗ r 2 ! kl ρ τνo (µ = 1) 1 − e −τνo (µ=1) 1 cρ Além disso: I o termo 1/c transforma energia em momento absorvido, o qual é força por cm3 I o termo 1/ρ transforma essa força em aceleração então podemos re-escrever: grad = dv 1 Fνo νo 1 − e −τνo (µ=1) c dr cρ A Aceleração Radiativa devido à uma linha opticamente fina Nesse caso: e −τνo ∼ 1 − τνo Assim: grad = πIν∗o kl c R∗ r 2 onde: I grad é proporcional a (R∗ /r )2 , o que mostra o descréscimo do fluxo com a distância da estrela I grad é proporcional ao número de ı́ons absorvedores por grama, kl ∼ nl . Então quanto maior o número de ı́ons absorvedores, maior será a aceleração radiativa I essa aceleração independe do gradiente de velocidade A Aceleração Radiativa devido à uma linha opticamente espessa Em uma grande profundiade óptica: τnuo 1 grad πI ∗ = νo c R∗ r 2 νo 1 dv c ρ dr I grad não depende do número de ı́ons absorvedores, mas sim do gradiente de velocidade no vento. I essa não dependência de kl vem do fato de que toda a radiação que entra em um cm−3 de gás é absorvida independe de nl , se os fótons possuem uma faixa de frequências que pode ser absorvida pela linha, que é proporcional ao gradiente de velocidades dentro de um 1cm3 . ∆ν = νo dv c dr A Aceleração Radiativa devido à um conjunto de linhas Na verdade a aceleração radiativa em um vento é provocada por um grande conjunto de linhas com uma grande faixa de profundidades ópticas. A aceleração total, gL , é o resultado de todas elas com suas frequências: 1 Z 1 − e −τνl 2π X kl Iνl µdµ gL (r ) = c τνl l µ∗ onde Iνl é a intensidade de uma linha com frequência νl vinda da fotosfera que alcança o ponto r com um ângulo de arccosµ. Entretanto, se a fotosfera emite como um disco homogêneo, sem o escurecimento do limbo, então Iνl (µ) = Iν∗l para µ∗ ≤ µ ≤ 1. Assim: 1 Z 1 − e −τνl 2π X ∗ kl Iνl µdµ gL (r ) = c τνl l µ∗ A Aceleração Radiativa devido à um conjunto de linhas A distribuição de linhas sobre as frequências não é homogênea. Existem faixas de frequências com um pequeno número de linhas que contribuem para a aceleração radiativa (e.g. λ ≥ 1200Å em estrelas quentes) e faixas com muitas linhas (e.g. 300Å ≤ λ ≤ 600Å em estrelas quentes; 1000Å ≤ λ ≤ 3000Å em estrelas B e A), as vezes se sobrepondo. A Aceleração Radiativa devido à um conjunto de linhas A aceleração radiativa devido à um conjunto de linhas depende da profundidade óptica de Sobolev das mesmas. Sendo assim , é conveninete definirmos uma escala de pronfundidade óptica, que depende apenas da estrutura do vento, ou seja, é proporcional a ρ(dv /dr ). Castor, Abbott & Klein (1975 - CAK) introduziram um parâmetro adimensional de profundidade óptica: t ≡ σeref vth ρ dv dr onde: I σ ref ∼ 0.325cm2 g −1 é o valor usado por CAK como referência para e a opacidade do espalhamento eletrônico; I vth é a velocidade térmica média dos prótons em um vento com uma temperatura igual a Teff da estrela. r vth = 2kB Teff mH onde kB é o constante do Boltzmann. A Aceleração Radiativa devido à um conjunto de linhas A aceleração radiativa total, gL , devido à todas as linhas espectrais pode ser expressa em termos da aceleração radiativa devido ao espalhamento eletrônico para o valor de referência σeref vezes um fator multiplicativo M(t), chamado de ”Multiplicador de Força”: gL ≡ geref M(t) com: geref ≡ σ ref L∗ σeref F = e 2 c 4πr c A Aceleração Radiativa devido à um conjunto de linhas A aceleração radiativa, e consequentemente M(t), depende da composição quı́mica, da ionização e da excitação no vento, que por sua vez, dependem do fluxo estelar na distância r, do fator de diluição geométrica e da densidade eletrônica. Então: M(t) = kt −α (10−11 ne /W )δ onde α ∼ 0.45 − 0.65 indicando temos uma mistura de linhas opticamente finas e espessas acelerando o vento, e δ ≤ 0.1. Assim: gL = σeref L∗ −α −11 ne δ kt 10 4πc r 2 W A Aceleração Radiativa devido à um conjunto de linhas onde temos a variação da aceleração devido às linhas em função da distância em um vento com uma lei de velocidade com β = 0.7, com α = 0.6 e δ = 0. Vemos que gL aumenta muito logo após a fotosfera e atinge um máximo em r ∼ 1.1R∗ , decrescendo depois com ∼ r −2 . A Aceleração Radiativa devido à um conjunto de linhas Isso acontece porque: gL ∼ r −2 dr ρ dv −α ∼r 2(α−1) vdv dr α A Aceleração Radiativa devido à um conjunto de linhas Cálculos para outras abundâncias sugerem que M(t) depende da metalicidade Z : M(t) = M(t) (Z /Z ) Sendo assim, a pressão de radiação para as estrelas na SMC, que têm uma metalicidade 10 vezes menor do que a solar, é também 10 vezes menor do que para as estrelas da Galáxia de mesma massa, raio e temperatura. As linhas que conduzem os ventos Quantidade de fluxo estelar usado pelas linhas no vento para a aceleração radiativa: I Nas estrelas mais quentes grande parte das linhas está no contı́nuo de Lyman; As linhas que conduzem os ventos Quantidade de fluxo estelar usado pelas linhas no vento para a aceleração radiativa: I Nas estrelas com 20000K ≤ Teff ≤ 30000K a maioria das linhas está no contı́nuo de Balmer (metais duplamente ionizados); As linhas que conduzem os ventos Quantidade de fluxo estelar usado pelas linhas no vento para a aceleração radiativa: I Nas estrelas com Teff ≤ 10000K , a maioria das linhas está no contı́nuo de Balmer (metais uma vez ionizados). As linhas que conduzem os ventos I Com Teff diminuindo a estrela passa a emitir o máximo da sua radiação em lambdas maiores; I Com Teff decrescendo o grau de ionização também decresce e os das linhas forte de ressonância se movem para valores maiores. Linhas de diferentes ı́ons que contribuem para a aceleração radiativa: I Teff ∼ 50000K → Ne, Si, S, P, Ca I 25000K ≤ Teff ≤ 40000K → C, N, O (NIV e OIV) e elementos do grupo do ferro I 6000K ≤ Teff ≤ 25000K → grupo do ferro e metais pouco ionizados I o H e He contribuem muito pouco para gL , exceto nos ventos de estrelas com Teff ≤ 6000K , onde as linhas da série de Balmer do H são importantes