1 QUÍMICA ORGÂNICA Química Orgânica Estudo dos compostos orgânicos. Inorgânicos – Obtinham-se de minerais Compostos Orgânicos – Obtinham-se de produtos animais ou vegetais (organismos vivos) Até o século XIX Força vital (organismos vivos). 1828 Síntese da uréia – Friedrich Wöhler. O NH4+ NCO - Aquecimento H2N Não encontrado em seres vivos NH2 "Uréia" Cianato de amônio ("Inorgânico") C Produto de excreção presente na urina Atualmente os compostos orgânicos são principalmente obtidos através de sínteses. Podem ser obtidos a partir de substâncias inorgânicas (Carbonatos e cianetos) ou de outros compostos orgânicos. 2 Química orgânica Definida como o estudo das estruturas, propriedades e reações de compostos de carbono. Compostos orgânicos Compostos de carbono Exemplos: DNA (Gigantescas moléculas que contêm todas as informações genéticas para uma dada espécie) Proteínas da nossa pele e músculos e as enzimas que catalisam as reações em nosso corpo. Os compostos de carbono presentes em nossos alimentos, juntamente com o oxigênio do ar que respiramos, fornecem a energia necessária à vida. Poluentes, tais como inseticidas organoclorados e organofosforados, dioxinas, bifenilas policloradas (PCB), CFC, hidrocarbonetos e etc. A maior parte dos átomos de carbono dos quais são constituídas essas moléculas está presente no planeta desde que ele se formou. Em bilhões de anos fizeram parte de bilhões de moléculas e de bilhões de organismos diferentes. Os seres vivos não são estáticos em relação à sua vizinhança, trocam átomos e moléculas com o meio ambiente. Alguns dos átomos de carbono que fazem parte de nosso corpo formavam outros organismos (ovo, galinha, grãos etc). 3 As primeiras moléculas orgânicas (bilhões de anos atrás) Gás metano (CH4) + Atmosfera H2O Primordial + NH3 e Hidrogênio Faíscas elétricas e radiações de alta energia atravessaram a atmosfera. Moléculas simples se fragmentaram em espécies altamente reativas Fragmentos recombinaram-se – Formando estruturas mais complexas Assim formaram-se os compostos chamados aminoácidos, formaldeído, purinas e pirimidinas. Estes e outros compostos foram levados pela chuva até o mar, que se tornou reservatório, e continha todos os compostos necessários ao aparecimento da vida. Aminoácidos Proteínas Formaldeído Açúcares Açúcares + Moléculas de DNA simples Purinas e pirimidinas Essas moléculas se reuniram formando as primeiras células primitivas Processo seleção natural Seres vivos 4 TEORIA ESTRUTURAL (Kekulé, Couper e Butlerov) Como os átomos podem se agrupar para formar moléculas. 1. Os átomos podem estabelecer um número fixo de ligações (valência) H H C H H O H H Cl H Carbono: tetravalente oxigênio: bivalente hidrogênio e halogênios:monovalentes 2. O carbono pode estabelecer ligações mútiplas. H H H C C H H H Ligação simples C C ligação dupla H C C H ligação tripla LIGAÇÕES QUÍMICAS Forças que mantêm os átomos unidos uns aos outros nas moléculas. Explicação inicial da natureza das ligações químicas W. Kössel e G.N. Lewis (1916) Dois tipos principais de ligações químicas (Concepção do átomo: Núcleo carregado positivamente rodeado de elétrons.) 5 LIGAÇÃO IÔNICA OU ELETROVALENTE Transferência de elétrons entre átomos. Atração eletrostática entre íons de cargas opostas. Ex: Átomos de eletronegatividade muito diferente interagem. (Lítio e flúor) LiF 3Li – Metal típico de eletronegatividade muito baixa 9F – Não-metal (o elemento mais eletronegativo na escala de Pauling) LiF (Fluoreto de lítio) Perda de e- Li + Li Ganho de F + e- + e- e- F - 6 Adquirem estrutura eletrônica de gás nobre Hélio Neônio LIGAÇÃO COVALENTE Quando átomos de eletronegatividades iguais ou semelhantes interagem, não ocorre transferência completa de elétrons. Os átomos adquirem a estrutura de um gás nobre compartilhando elétrons. Ocorre compartilhamento de elétrons. Ex: H. + .H H :H .. . .... . .F. ..F + .. .. . .... . F. ..F . .. .. . . . 2H + O .. .. . . H .O .. . H .. . . 4 H + C. H .. . . H.C .. . H H 7 As estruturas covalentes podem ser representadas por fórmulas de pontos, porém é mais conveniente representá-las por fórmulas com traços, onde cada traço representa um par de elétrons. Ex: .. . .. . ..Cl .. .Cl .. . .. .. . .Cl ou . .. Cl .. . H .. . . H .C ...H ou H ...N ..N.. ..N ou H H C H H . N. Ligações Covalentes Polares Ocorre quando átomos de eletronegatividades diferentes estabelecem ligação covalente, os elétrons não são compartilhados igualmente entre eles. O átomo de maior eletronegatividade atrai o par de elétrons resultando uma ligação covalente polar. Eletronegatividade Indica a capacidade de um átomo de atrair os elétrons de uma ligação covalente. Ex: HC (cloreto de hidrogênio) + - H Cl Maior eletronegatividade Fica eletrodeficiente (Atrai os e - da ligação para perto de si) Uma extremidade parcialmente positiva e outra parcialmente negativa, forma-se um dipolo elétrico. + - Dipolo Pares de cargas iguais mas opostas, separadas por uma pequena distância. 8 Um dipolo é representado traçando-se uma seta direcionada do terminal positivo para o negativo. Cl H Cl Cl C Cl Ligações covalentes polares que se cancelam Molécula polar Cl ORBITAL ATÔMICO Orbital é a região do espaço onde a probabilidade de se encontrar o elétron é maior. Existem diferentes tipos de orbitais com diferentes tamanhos e formas dispostas em torno do núcleo. 5p 4d E n e r g i a - O orbital correspondente ao nível de energia mais baixo denominase 1s (esfera). 5s 4p 3d 4s 3p 3s 2p 2s 1s Níveis de energia de alguns orbitais atômicos - Nível de energia imediatamente superior, orbital 2s (esfera). Maior em tamanho e energia que o orbital 1s. Menor estabilidade devido à distância maior entre o núcleo e o elétron. - Seguidamente existem 3 orbitais de igual energia denominados orbitais P (halteres) (2Px Py Pz). 9 CONFIGURAÇÃO ELETRÔNICA Distribuição dos elétrons no átomo nos diferentes níveis de energia. Seguem várias regras: Uma delas: Princípio de exclusão de pauli (“Em um orbital não podem existir dois elétrons de spins iguais”). ORBITAIS MOLECULARES Para a Química Orgânica a maior utilidade dos orbitais atômicos é chegar à compreensão de como os átomos se combinam formando moléculas. Para se formar uma ligação entre átomos, cada um de seus orbitais deve sobrepor-se um ao outro, ou seja, fundem-se para formar um único orbital. 10 Ex: Formação de H2 H H H H H H Núcleo do átomo 1 + - + Núcleo do átomo 2 Núcleos atômicos diferentes atraem os mesmos elétrons. - Os átomos de hidrogênio não permanecem no estado atômico por muito tempo, quando existem outros átomos de H na vizinhança. - Colisão entre átomos de hidrogênio. Atingem um estado de mais baixa energia formando uma molécula de hidrogênio. 11 E n e r g i a Orbital atômico (1s) Orbital atômico (1s) Orbital molecular Mais baixa energia Cada tipo de ligação covalente possui comprimento e intensidade característicos. HIBRIDAÇÃO Rearranjo de elétrons para que existam elétrons desemparelhados, tornando possível a formação de ligações (estabelecidas através do compartilhamento de orbitais semipreenchidos). Orbitais Híbridos sp Ex: Cloreto de Berílio (BeC2) O berílio não apresenta orbitais semipreenchidos, como forma ligação com o cloro? 4Be – 1s2 2s2 2px02py02pz0 12 4Be 4Be 2s .. .. 2p 1s 2s 2p 1s .. Estado Fundamental . . Estado Excitado sp 4Be .. Hibridação sp (combinação de orbitais s e p) . . sp Orbital Híbrido sp Ângulo de ligação de 180° "Arranjo linear" Formaria duas ligações diferentes com 2s e 2p? NÃO! As ligações de BeC2 são equivalentes! Orbitais Híbridos sp2 Mistura de um orbital s com dois orbitais p. Ex: BF3 5B – 1s2 2s22px12py02pz0 13 2s 1s 5B 5B .. .. 1s 2s . Estado Fundamental 2p . . . .. 2p Estado Excitado sp2 5B . . . .. Orbital Híbrido sp2 Hibridação Ângulo de ligação de 120° y sp2 X sp2 sp2 y "Arranjo trigonal" 120° y Orbitais Híbridos sp3 Mistura de um orbital s com três orbitais p. sp3 Ângulo de ligação 109,5°. Geometria tetraédrica HIBRIDAÇÃO DO ÁTOMO DE CARBONO 6C – 1s2 2s2 2px1 2py1 2pz0 (Estabeleceria somente duas ligações covalentes). 14 Estados do Carbono Excitado Fundamental 2p 2s 1s .. .. . . 2p 2s 1s . .. . . . Hibridação 1s 2s 2p .. . . . . - O átomo de carbono pode formar orbitais híbridos sp3 (lig. simples); sp2 (lig. duplas); e sp (lig. triplas). (109,5°) 4 orbitais híbridos sp3 (120°) Um dos elétrons 2s2 passa ao orbital p ainda vazio 4 orbitais semipreenchidos 3 orbitais híbridos sp2 (180°) 2 orbitais híbridos sp 15 Pares de elétrons não-compartilhados: N, O e S. Podem afetar a estrutura molecular. 7N – 1s2 2s2 2px12py1 2pz1 Par de elétrons não-compartilhados .. .. . . . 7N Hibridação sp3 8O – 1s2 2s2 2px2 2py1 2pz1 2 Pares de elétrons não-compartilhados 8O .. .. .. . . Hibridação sp3 1s 16S 2s 2p – 1s2 2s2 2p6 3s2 3px2 3py1 3pz1 2 Pares de elétrons não-compartilhados 16S .. .. .. .. .. .. .. . . Hibridação sp3 1s 2s 2p 3s 3p 16 Ex: NH3 (Hibridação sp3) Par de elétrons não-compartilhados 2e- (Região de alta densidade eletrônica) N H Geometria piramidal H * O valor dos ângulos de ligação de 107° (inferior ao valor calculado de 109,5°) 107° H O par de elétrons ocupa maior espaço do que os átomos de hidrogênio, diminuindo os ângulos de ligação. Ex: H2O (Hibridação sp3) Geometria angular 2 Pares de elétrons não-compartilhados 2eO H 105° 2e- H - Ângulo menor que 109,5°, em função da força repulsiva entre os pares de elétrons livres, comprimindo os ângulos de ligação. (2 vértices usados pelos H, e os outros 2 vértices do tetraedro correspondem aos pares de elétrons não-compartilhados) 17 ENERGIA DE DISSOCIAÇÃO DAS LIGAÇÕES Homólise e heterólise Quando os átomos se combinam para formar uma molécula, liberam energia. Para separar os átomos da molécula, tem de se consumir uma quantidade equivalente de energia. A dissociação de uma molécula em átomos, ou num átomo e um grupo de átomos, envolve a quebra da ligação covalente. Homólise = Separação equitativa dos elétrons que constituem a ligação covalente. . A.B A. + B. (Radicais livres) Heterólise = Migração dos elétrons da ligação para o mesmo fragmento. . A.B + A + B (Espécies iônicas) A heterólise de uma ligação ao carbono, pode levar a um cátion de carbono ou a um ânion de carbono. 18 C+ C .. Z + Z Carbocátion Heterólise C..- + + Z Carbânion Os radicais livres e os carbocátions são ELETRÓFILOS, espécies deficientes em elétrons. Os carbânions são em geral, bases fortes e NUCLEÓFILOS fortes. Eles procuram um próton ou um centro de carga positiva para neutralizar a carga negativa. Os radicais livres, os carbocátions e os carbânions, são, geralmente, espécies altamente reativas (na maioria dos casos existem apenas como intermediários em uma reação orgânica) Sob certas condições Apresentam tempo de vida suficientemente longo para permitir seu estudo por técnicas especiais. Alguns desses intermediários são suficientemente estáveis e podem ser isolados.