FORMULAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE MICROCÁPSULAS MAGNÉTICAS REVESTIDAS PELO COMPLEXO ALGINATOQUITOSANA PARA O USO VETERINÁRIO Mayara F. Castro1*(IC), Melina V. Leite1 e Rubén J. S. Rodríguez1 1- Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – UENF, Campos dos Goytacazes – RJ, [email protected] Resumo: As microcápsulas de alginato/quitosana/magnetita com progesterona foram formuladas com o auxílio da técnica de emulsificação/gelificação interna em um reator com temperatura e agitação controladas; e foram caracterizadas com o uso das técnicas de Microscopia Eletrônica de Varredura e Microscopia eletrônica de Transmissão. Além disso, foi realizado um estudo de liberação da progesterona. As microcápsulas produzidas apresentaram um formato esférico com diâmetro entre 10-90µm. O estudo do perfil de liberação mostrou a influência do campo magnético externo, aumentando em 14% a liberação da progesterona. Palavras-chave: Microcápsulas Magnéticas, Alginato, Quitosana, progesterona. FORMULATION AND CHARACTERIZATION OF MAGNETIC MICROCAPSULES COATED BY ALGINATE-CHITOSAN COMPLEX FOR VETERINARY USE. Abstract: The microcapsules of alginate/chitosan/magnetite with progesterone have been produced by emulsification/internal gelation in a reactor with controlled agitation and temperature. The microcapsules were later characterized by Scanning Electron Microscopy (SEM) and Transmission Electron Microscopy (TEM). An evaluation about the release of progesterone was also carried out as part of this work. The microcapsules had a spherical shape with diameter of 10-90μm. The release of progesterone profile showed an influence of the external magnetic field which caused an increase of 14% to the release rate. Keywords: Magnetic Microcapsules, Alginate, Chitosan, Progesterone Introdução O avanço nos estudos das nanopartículas magnéticas, principalmente associadas a um revestimento polimérico, vem atraindo a atenção de muitos pesquisadores, devido à viabilização de seu uso em vários campos da ciência, como a medicina e biologia [1]. Dentre as nonopartículas magnéticas, a magnetita (Fe3O4) recebe grande destaque devido as suas propriedades e vantagens únicas como: comportamento magnético (podendo apresentar superparamagnétismo), biocompatibilidade, maior estabilidade, baixa toxidade e baixo custo. Sendo estas características fortemente ligadas ao tamanho, formato e dispersão da magnetita [2]. O alginato é um polissacarídeo natural formado por unidades do ácido poliurônico, o ácido β-D-manurônico (M) e ácido α-L-gulurônico (G) unidos por ligação (1→4)-glicosídicas, as quais variam em composição e distribuição, podendo ser extraído de algas marinhas pardas e algumas bactérias [3]. A quitosana é um copolímero formado por unidades de 2-desoxi-N-acetil-D- glucosamina e 2-desoxi-D-glucosamina unidas por ligações glicosídicas β (1-4), sendo obtida pela desacetilação da quitina, presente no exoesqueleto de crustáceos, em um meio alcalino [4]. Esses dois polímeros possuem importantes características como biocompatibilidade, são biodegradáveis e atóxicos. O complexo alginato/quitosana, que é formado pela interação eletrostática dos grupos amina, presente na quitosana, com os grupos carboxílicos do alginato, proporciona a associação das propriedades desses dois polímeros favorecendo o sistema [5]. O alginato em geral é utilizado como polímero matriz, pois possui uma gelificação rápida na presença de íons de cálcio; porém, o alginato possui a tendência de formar poros em sua estrutura o que implicaria na liberação celerada do agente ativo encapsulado. A quitosana por sua vez é utilizada para formar uma membrana sobre a estrutura porosa do alginato, diminuindo a taxa liberação, além disso, a quitosana reforça a estrutura das microcápsulas, inibi cargas superficiais, aumenta estabilidade e favorecer a encapsulação do agente ativo [5-7]. O uso de nanopartículas magnéticas revestidas com biopolímeros para a liberação controlada de hormônios e outras cargas ativas são alvos de pesquisas para o uso veterinário [8] e humano [3]. O estudo do processo de liberação controlada de fármacos vem se destacando, principalmente devido às limitações encontradas nos sistemas tradicionais de liberação. Nos sistemas convencionais de liberação ocorrem mudanças cíclicas na concentração do fármaco, podendo essa concentração alcançar níveis tóxicos ou ineficientes, o que pode requerer o uso de várias doses ao dia. Já na liberação controlada, o fármaco é liberado em uma velocidade constante, podendo ser ajustado ao nível apropriado. Neste último caso a frequência da dosagem pode ser menor, pois ocorre um maior controle da absorção do agente ativo; além disso, alguns efeitos adversos podem ser diminuidos [9]. O presente trabalho tem como objetivo formular nanopartículas magnéticas revestidas com alginato/quitosana contendo progesterona para uso veterinário e estudar o perfil de liberação em presença de um campo magnético. Experimental Formulação das microcápsulas de alginato-quitosana/magnetita contendo progesterona Para a formulação das microcápsulas foi utilizado o método de emulsificação/gelificação interna. Uma solução de alginato de sódio (3% m/v) contendo carbonato de cálcio (3% m/m de Ca2+/alginato), progesterona e magnetita (5% v/v) foi gotejada em uma solução de óleo mineral e clorofórmio (9:1 v/v), contida e um reator com agitação e temperatura controladas. Posteriormente se adicionou o ácido acético para proporcionar a liberação de Ca2+ e assim possibilitar a gelificação do alginato. Após esse gotejamento adicionou uma solução de CaCl2 (0,05M), para promover a separação das fases, juntamente com 1% de Tween, usado para evitar aglomerações. Após a formação das microcápsulas, uma solução de quitosana (1%) foi adicionada. Caracterização das Microcápsulas Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) A Análise de MEV foi feita com o auxilio de um Microscópio Eletrônico de Varredura ZEISS, modelo EVO 40 XVP, operando em uma voltagem de 30kV. Para a execução dessa análise, as amostras foram colocadas em um porta amostra com fita adesiva dupla-face e recobertas com um filme de 20nm de ouro. Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET) A análise de MET foi feita com o auxilio de um Microscópio Eletrônico de Transmissão ZEISS, modelo EM 900. As microcápsulas foram imersas em uma resina EPON e depois da cura foi realizado um corte ultrafino usando um ultramicrótomo. A análise foi realizada num voltagem de 50kv. Estudo do perfil de liberação O perfil de liberação foi obtido utilizando 40mg de microcápsula suspensas numa solução de etanol/água 60% v/v a 37ºC. As amostras de solução coletadas em tempos pré-determinados foram medidas utilizando um espectrofotômetro Shimadzu UV-1800 no comprimento de onda de 247nm. O campo magnético externo utilizado (NdFeB) foi de 0,2T. Resultados e Discussão Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET) As microesferas de alginato-quitosana contendo carga magnética, Fig 1, apresentaram um formato esférico regular. A distribuição de tamanho foi entre 10-90µm, com um máximo de distribuição entre 34-53µm. A superfície das micropartículas é densa e a distribuição da progesterona irregular, Fig 1(b). A B Figura 1 – Imagens de MEV (a) de uma micropartícula e do MET (b) do corte de uma micropartícula de Alginato/Quitosana/Fe3O4/ Progesterona. Perfil de liberação Observando o gráfico obtido, Fig 2, pode-se notar uma liberação imediata na primeira hora, devido a possível presença de progesterona na superfície das microcápsulas, portanto, neste estágio a liberação foi independente da presença ou não de um estímulo externo. Após as primeiras 5 horas, observou-se um aumento (14%) na liberação da progesterona em presença do campo magnético externo em relação ao liberado sem a influência do campo magnético externo, o que mostra que o campo magnético externo usado modifica o padrão de liberação da progesterona. Figura 2 – Perfil de liberação da progesterona em solução 60% etanol/água na ausência e na presença de um campo magnético externo. Conclusões Os resultados mostraram que as microcápsulas de alginato/quitosana/magnetita com progesterona apresentaram um tamanho de partícula e morfologia apropriados para a sua utilização em sistemas de liberação controlada de fármacos. Além disso, podemos verificar, como o esperado, um efeito favorável do campo magnético externo na taxa de liberação da progesterona. Agradecimentos Nossos agradecimentos ao CNPQ e a FAPERJ, pelo apoio financeiro. Referências Bibliográficas M. Srivastava; et al. Carbohydrate Polymers. 2012, 89, 821 –829. L. Shen; et al. Ceramics International. 2014, 40, 1519 –1524. P.V. Finotelli; et al. Materials Science and Engineering C. 2004, 24, 625-629. S.A. Agnihotri; et al. Journal of Controlled Release. 2004, 100, 5-28. C. Li; et al. Journal of Controlled Release. 2002, 84, 87-98. A. J. Ribeiro; et al. European Joumal of Pharmaceutical Science. 2005, 25, 31-40. R. S. Bhattarai; et al. Chronicles of Young Scientists. 2011, 2(4), 192. J. S. F. Silva; et al. RPCV. 2006, 101, 225-230. A. K. Dash; G. C. Cudworth. Journal of Pharmacological and Toxicological Methods. 1998, 40, 1-12. 10. R. S Rodriguez; et al , Anais TMS 2015, Floripa, 2015. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.