○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ DENGUE - ESQUISTOSSOMOSE - LEISHMANIOSE VISCERAL - LEISHMANIOSE TEGUMENTAR - DOENÇA DE CHAGAS - ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS DENGUE ....................................................................................................................... 91 LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA ..................................................... 102 DOENÇA DE CHAGAS .............................................................................................. 106 ACIDENTES POR ANIMAIS PAÇONHENTOS ....................................................... 110 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 114 Manual das ações programáticas 89 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ ○ ○ PROTOCOLO DAS ANTROPOZOONOSES ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Secretaria Municipal de Saúde PROGRAMA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DE AGRAVOS TRANSMISSÍVEIS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Febre Hemorrágica da Dengue É um Arbovírus do gênero Flavivírus. São conhecidos quatro sorotipos: 1, 2, 3, 4. Reservatório A fonte de infecção e reservatório vertebrado é o ser humano. Vetores ° Grau I - febre acompanhada de sintomas inespecíficos. A única manifestação hemorrágica é a prova do laço positiva. São mosquitos do gênero Aedes, sendo a espécie Aedes aegypti a mais importante na transmissão da doença. ° Grau II - além dos sintomas do Grau I, somam-se homorragias espontâneas leves (sangramentos de pele, epistaxe, gengivorragia e outros). Período de Incubação Varia de 3 a 15 dias, sendo em média de 5 a 6 dias. ° Grau III - colapso circulatório, com pulso fraco e rápido, e pressão arterial ou hipotensão, pele pegajosa e fria e inquietação. Modo de Transmissão A transmissão se faz através da picada de mosquito Aedes aegypti. Após um repasto de sangue com presença de vírus (período de viremia - que vai do dia anterior ao aparecimento da febre até o sexto dia da doença), o Manual das ações programáticas ○ ○ . Agente Etiológico ° Grau IV - choque profundo, com ausência da pressão arterial e pressão de pulso imperceptível (Síndrome do Choque da Dengue) 91 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Dengue Clássico - os sintomas mais comuns são febre (39 a 40 °c) de início súbito seguidas de cefaléia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia, dor retroorbital, náuseas, vômitos, exantema, prurido cutâneo, podendo ocorrer também Hepatomegalia dolorosa. Em alguns casos, geralmente em adultos pode ocorrer manifestações Hemorrágicas como: petéquias, epistaxe, gengivorragia e metrorragia, e em crianças pode acontecer dor abdominal. A doença tem duração de 5 a 7 dias, podendo persistir debilidade física por várias semanas. ○ . ○ ○ ○ Manifestações clínicas ○ ○ ○ ○ Doença febril aguda, que pode ser de curso benigno ou grave, dependendo da forma como se apresente: infecção inaparente, Dengue clássico, Febre Hemorrágica da Dengue, ou síndrome do choque da dengue. Atualmente é a principal arbovirose que afeta a ser humano, onstituindo-se num sério problema de saúde pública. Secretaria Municipal de Saúde mosquito está apto a transmitir o vírus, depois de 8 a 12 dias de incubação nas glândulas salivares do mosquito. DENGUE ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Exames Específicos ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Prefeitura Municipal de Aracaju Exames Inespecíficos - hematócrito e plaquetometria são os mais importantes para o diagnóstico e acompanhamento das formas homerrágicas. Diagnóstico Laboratorial ° Diagnóstico Sorológico - método de diagnóstico que demosntra a presença de anticorpos de classe IgM, ou o aumento do título de anticorpos IgG. A coleta da amostra de sangue deve ser feita após 5° dia do aparecimento dos sintomas, podendo ser realizada até o 30° dia. Tratamento . Dengue Clássico - o tratamento é sintomático (analgésicos e antipiréticos), e pode ser feito no domicílio, com retorno a Unidade de Saúde após 48 a 72 horas do início dos sintomas. Indica-se hidratação oral e repouso. Não devem ser usados medicamentos com ou derivados do ácido acetil salicílico, por aumentar o risco de hemorragias. . Dengue Clássico com manifestações hemorrágicas sem sinais de choque ou hipotensão - além das medidas do quadro anterior: ° Isolamento Viral - determina o tipo de vírus (1, 2, 3 ou 4). A amostra deve ser coletada entre o 1° e o 5° dia do aparecimento dos sintomas. * Amostra de Sangue: - Quantidade - adultos 5 a 10 ml / crianças 2 a 5 ml - Realizar exame de sangue e prova do laço. - Acondicionamento - tubos hermeticamente fechados com tampa rosca, ou tubos a vácuo. - Manter hidratação oral, com maior volume de líquido possível. - Separação do soro antes de enviar a amostra ao laboratório, para evitar risco de hemólise: - Monitoramento plaquetas. de hematócrito e > Sorologia: repouso na temperatura ambiente por 2 ou24 horas. - Manter o paciente em observação por 12 a 24 horas. > Virologia: refrigerador a 4°c (fora do congelador) por no máximo 6 horas - Havendo necessidade, transferir o paciente para outra unidade de Saúde com melhores condições operacionais, de preferência com soro fisiológico instalado. - Identificação com etiqueta contendo nome do paciente sem abreviaturas, data da coleta, Unidade de Saúde e Município. . - Deve ser enviada ao LACEN (I.P.H.) acompanhada de uma ficha para diagnóstico laboratorial de dengue, devidamente preenchida. Manual das ações programáticas Dengue Clássico com minifestações hemorrágicas com sinais de hipotensão ou choque - Iniciar imediatamente reidratação parenteral, e coleta de sangue para exames. 92 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Diminuição da diurese . Agitação ou letargia . Pulso rápido e fraco . Extremidades frias e cianose . Diminuição brusca da temperatura do corpo, associada a sudorese . Taquicardia intensa e lipotímia ○ . ○ Hipotensão postural ○ Síndrome do Choque do Dengue - Hospitalização imediata em Unidade de Terapia Intensiva. OBS: A Unidade de Referência para casos graves de Dengue em Aracaju é o Hospital João Alves Filho. Objetivo da Vigilância Epidemiológica Sinais de Alerta de Dengue Hemorrágico . Evitar propagação da doença . Dor abdominal intensa . Detectar precocemente epidemias . Vômitos persistentes . . Prova do laço positiva Reduzir o risco de transmissão da dengue, através de ação conjunta da V.E, CCZ e Atenção Básica. . Hepatomegalia dolorosa . . Derrames cavitários (pleural e/ou abdominal) Reduzir a letalidade de FH.D, através de diagnóstico precoce e tratamento adequado. . Gengivorragia, epistaxe ou metrorragias Definição de caso . Sangramentos importantes . . Hipotensão arterial Manual das ações programáticas ○ ○ * Prova do laço - colocar o tensiômetro no braço do paciente e isuflar o manguito, mantendo-o entre a Tensão Arterial Média por 3 minutos. Verificar se aparecem petéquias abaixo do manguito. A prova é positiva se aparecerem 20 ou mais petéquias no braço, em área correspondente a uma polpa digital. 93 Caso Suspeito - todo indivíduo que apresente febre alta com duração máxima de 7 dias acompanhada de pelo menos Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ Dengue Homorrágico - Hospitalização para reidratação parenteral e monitoramento cuidadoso. . ○ ○ - Avaliar as condições hemodinâmicas do paciente a cada hora, para adequação da dose de soro (10 a 20 ml de soro fisiológico ou Ringer por Kg/hora). . ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ . Secretaria Municipal de Saúde - Se a Unidade de Saúde não tiver condições de realizar a reposição hidroeletrolítica, encaminhar o paciente para outra unidade já com infusão venosa de soro. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Prefeitura Municipal de Aracaju . Em casos de dengue clássico, solicitar retorno do paciente para avaliação após 2 ou 3 dias. . Se houver sinais de alerta de dengue homorrágico, solicitar remoção do paciente através do SAMU. . Notificação compulsória. . Investigação epidemiológica. . Coleta de material para realização de sorologia e/ou virologia de acordo com o período da doença. . Acompanhar evolução clínica do paciente. . Contato com o CCZ para que sejam tomadas medidas de controle ao vetor. . Intensificar ações de educação em saúde e mobilização da comunidade. . Avaliar ações de prevenção e controle desenvolvidas. . ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ dois dos seguintes sintomas: cefaléia, dor retroorbital, mialgia, artralgia, protração, exantema; e que tenha estado nos últimos 15 dias em áreas de transmissão de dengue. . Caso Confirmado - todo caso suspeito confirmado através de exame laboratorial (sorologia). Em caso de epidemia a confirmação se dá através do critério clínico epidemiológico. Caso descartado - caso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo ou caso suspeito, sem confirmação laboratorial, cuja investigação clínica e epidemiológica forem compatíveis com outras patologias. Conduta frente ao caso suspeito . Acolhimento . Atendimento médico imediato, com orientação ao paciente. Manual das ações programáticas 94 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Os ovos de Schistosoma mansoni são eliminados pelas fezes do hospedeiro infectado (homem). Na água os ovos eclodem e liberam larvas ciliadas denominadas miracídios, que infectam o caramujo, e depois de algumas semanas saem na forma de cercarias, ficando livres na água. O contato do individuo com água que contenham cercarias é a maneira de se adquirir a doença. Estas penetram no organismo humano através da pele, indo se alojar nos vasos sanguíneos, principalmente no fígado e intestino, onde proliferam. √ Diagnóstico – exame parasitológico de fezes (Método Kato-Katz) √ Tratamento – existem duas drogas disponíveis: . Praziquantel – apresentado em comprimidos de 600 mg, com dosagem recomendada de 60 mg de peso para crianças com até 15 anos, e 50 mg / Kg de peso para adultos, em dose única. . Oxamniquine – apresentado em cápsulas de 250 mg e suspensão contendo 50 mg por cada ml. È recomendado na dosagem de 20 mg/kg de peso para crianças até 15 anos, e 15 mg/kg de peso para adultos, em dose única. Período de Incubação – duas a seis semanas após a infecção SINAIS E SINTOMAS É uma doença de evolução crônica, de gravidade variável. A maioria das pessoas infectadas pode permanecer assintomática, dependendo da intensidade da infecção, a sintomatologia clinica corresponde ao estágio de desenvolvimento do parasita no hospedeiro. Clinicamente é classificada em aguda e crônica. Na fase aguda ocorre a dermatite cercariana devido a penetração da cercaria no Manual das ações programáticas Efeitos Colaterais: tonturas, náuseas, vômitos, cefaléia, sonolência são comuns aos dois medicamentos, sendo a tontura mais freqüente com Oxamniquine e náuseas e vômitos com Praziquantel. 95 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ MODO DE TRANSMISSÃO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Endemia importante no Brasil, por sua magnitude e transcendência. Causada por parasita (Schistosoma mansoni) que requer caramujos, de água doce para completar o seu ciclo de desenvolvimento. Em Sergipe está presente de forma endêmica. Em Aracaju é uma das doenças transmissíveis mais prevalentes. Secretaria Municipal de Saúde indivíduo, ocorrendo erupção popular, eritema, edema e prurido. Após três a sete semanas de exposição pode acontecer febre, anorexia, dor abdominal e cefaléia, podendo também ocorrer diarréia, náuseas, vômitos e tosse seca; pode ser encontrado hepatoesplenomegalia. A fase crônica inicia-se a partir dos seis meses após a infecção, os sinais e sintomas são progressivos, podendo atingir graus de severidade extremos, como hipertensão pulmonar e portal, epigastralgia, hepatomegalia, esplenomegalia, ascite, varizes de esôfago, sendo classificada em: Tipo I ou Fase Intestinal, Tipo II ou Fase Hepatointestinal, Tipo III ou Forma Hepatoesplênica Compensada, e Tipo IV ou Forma Hepatoesplênica Descompensada. ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ DEFINIÇÃO DE CASO - gestação . Suspeito - fase de amamentação (se o risco beneficio compensar o tratamento da mulher nutriz, esta só deve amamentar a criança 24 horas após a administração do medicamento. Todo indivíduo residente ou procedente de área endêmica para esquistossomose, com quadro clínico sugestivo de forma aguda ou crônica, com história de contato com coleções de águas onde existam caramujos. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Prefeitura Municipal de Aracaju CONTRA-INDICAÇÕES: - Criança menor de 2 anos; . Caso confirmado - Desnutrição ou anemia acentuada; Critério clínico laboratorial; todo o indivíduo residente em área endêmica para esquistossomose, com quadro clínico compatível, com história de exposição a água onde existe o caramujo eliminando cercarias, que apresente ovos viáveis de Schistosoma mansoni nas fezes. - Infecções agudas ou crônicas intercorrentes; - Insuficiência renal ou cardíaca descompensada; - Insuficiência hepática grave; - História de epilepsia ou doença mental; - Qualquer doença associada que seja grave ou incapacitante do que a própria esquistossomose; Conduta frente a caso suspeito - Estados de hipersensibilidade e doenças do colágeno; . Assistência médica ao paciente . Acolhimento . Notificação compulsória; - Adulto com mais de 70 anos (somente se na avaliação médica o risco/beneficio compensar o tratamento). . Coleta de fezes para realização de coproscopia pelo método Kato Katz . OBJETIVOS DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA: . Evitar ocorrência de formas graves; Tratamento de todas as pessoas infectadas ou reinfestadas positivas para Schistosoma mansoni no exame laboratorial. . Reduzir a prevalência; . Acompanhar evolução clinica do paciente . Impedir a expansão da endemia. . Busca ativa de novos casos Manual das ações programáticas 96 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ . Avaliar as ações de prevenção e controle desenvolvidas. ○ . Contato com setor responsável por obras de saneamento ambiental no intuito de ○ . Ações educativas a população quanto à maneira de prevenção, transmissão, formas graves da doença e importância do tratamento dos casos confirmados. Manual das ações programáticas 97 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ . Contato com o Centro de Controle de Zoonose solicitando intensificação das medidas de controle. ○ ○ ○ ○ ○ ○ Secretaria Municipal de Saúde eliminar focos de transmissão da doença. . Definir o local ou locais de risco onde ocorreu a transmissão, visando o direcionamento das ações e controle. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ No Brasil, é aceito que, a principal forma de transmissão é através da picada dos flebótomos. Estes se contaminam ao sugar o sangue de um animal contaminado. No tubo digestivo do inseto as leishmanias se desenvolvem, e após 8 a 20 dias estarão aptos a infectar outros indivíduos. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Prefeitura Municipal de Aracaju MODO DE TRANSMISSÃO LEISHMANIOSE VISCERAL (CALAZAR) É uma antropozoonose que é um crescente problema de saúde pública no Brasil, dado o aumento de sua incidência e a alta letalidade, principalmente em indivíduos não tratados e crianças desnutridas. Sua transmissão, inicialmente silvestre ou concentrada em pequenas localidades rurais, já ocorre na periferia dos centros urbanos de médios e grande porte, em área domiciliar ou peri-domiciliar. PERÍODO DE INCUBAÇÃO . Homem – 10 dias a 24 meses, com média de 2 a 6 meses AGENTE ETIOLÓGICO . Cão – 3 meses a vários anos, com média de 3 a 7 meses No Brasil é causada por um protozoário da espécie Leishmania chagasi. Seu ciclo evolutivo se caracteriza por apresentar duas formas: amastigota (parasita intracelular no vertebrados), e promastigota (tubo digestivo dos vetores invertebrados). SINAIS E SINTOMAS As manifestações clínicas refletem o deseqüilíbrio entre a multiplicação dos parasitos nas células do sistema fagocitico mononuclear, a resposta imunitária do indivíduo e o processo inflamatório presente. Observa-se que o número de casos graves ou sintomáticos, é relativamente pequeno em relação aos infectados, o que reforça a teoria de imunidade de alguns indivíduos à doença. RESERVATÓRIO . Área urbana – o cão é a principal fonte de infecção . Ambiente Silvestre – raposas e marsupiais. Segundo os sintomas pode ser classificada em: VETOR . Inaparente – paciente com sorologia positiva, ou exame de intradermoreação positivo, ou quando encontrado o parasita nos tecidos, sem sintomatologia clínica manifesta. Os vetores da leishmaniose visceral no Brasil são insetos flebótomos da espécie Lutzomyia longipalpis (principal) e Lutzomyia cvruzi, conhecidos popularmente como mosquito palha, tatuquiras, birigui, entre outros. Manual das ações programáticas 98 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ . Hemograma ○ . Aguda – febre alta e contínua ou intermitente, hepatoesplenomegaliua, adinamia, perda de peso, hemorragias, anemia com hiperglobulinemia. ○ ○ TRATAMENTO Por ser uma doença crônica, sistêmica, de características graves, quando não tratada, pode evoluir para óbito, em 1 ou 2 anos, após o aparecimento dos sintomas. Portanto o diagnóstico e tratamento precisam ser implementados o mais rápido possível. . Refratária – forma evolutiva do tipo clássica, que não respondeu ou respondeu parcialmente ao tratamento. É clinicamente mais grave. . Antimônio Pentavalente (Antimoniato N – metil-glucamina) – droga de primeira escolha. Apresenta-se em frascos de 5 ml, que contém 405 mg de antimônio pentavalente. A dose recomendada é de 20mg/kg/dia, IM ou IV, com limite máximo de 3 ampolas/dia, por no mínimo 20 e no máximo 40 dias consecutivos. Contra-indicações: gestantes, insuficiência renal ou hepática, arritmias cardíacas e doença de Chagas. Ao pacientes com leishmaniose visceral, em geral, têm como causa de óbito as hemorragias e as infecções associadas, em virtude da debilidade física e imunológica. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Efeitos colaterais: artralgias, mialgias, prurido, adinamia, náuseas, vômitos, plenitude gástrica, pirose, dor abdominal, febre, fraqueza, cefaléia, tontura, palpitação, insônia, nervosismo, choque pirogênico, edema, insuficiência renal aguda e arritmias. . Exames Sorológicos (Específicos): . Imunofluorecência Indireta . Elisa 99 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ OBS: Os resultados variáveis dos exames sorológicos podem persistir positivos por longo período, mesmo após tratamento. Portanto, o resultado positivo de um exame, na ausência de manifestações clínicas, não autoriza a instituição do tratamento. ○ . Dosagem de Proteínas – inversão da relação albumina/globulina . Clássica – quadro de evolução mais prolongada que determina o comprometimento do estado nutricional, com queda de cabelos, crescimento e brilho dos cílios e edema dos membros inferiores. Febre, astenia, adinamia, anorexia, perda de peso e caquexia. Hepatoesplenomegalia acentuada, micropoliadenopatia, intensa palidez de pele e mucosas como conseqüência da severa anemia. Fenômenos hemorrágicos: gengivorragias, epistaxe, equimose e petéquias. As mulheres normalmente apresentam amenorréia. Nos adolescente a puberdade fica retardada, e o crescimento sofre grande atraso nas crianças e jovens. Manual das ações programáticas ○ ○ ○ . Inespecíficos ○ ○ ○ . Exame Parasitológico – material coletado da medula óssea, linfonodo ou baço. Secretaria Municipal de Saúde . Oligossintomática – quadro intermitente, febre baixa ou ausente, hepatomegalia, adinamia, esplenomegalia discreta quando presente. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Prefeitura Municipal de Aracaju Confirmado . Anfotericina B – droga de segunda escolha quando houver resistência ao antimonial. A dose diária é de 1 mg/kg de peso/ dia (limite máximo de 50 mg/dia), entretanto deve ser iniciada com 0,5 mg/kg/ dia até atingir 1 a 1,5 mg. Deve ser reconstituída em água destilada e depois em soro glicosado. È administrada por via endovenosa em infusão lenta (4 a 6 horas), por 14 dias consecutivos, sob orientação e acompanhamento médico, em hospitais de referência, em virtude de sua toxicidade. . Critério clínico-laboratorial – paciente com manifestações clínicas compatíveis com leishmaniose visceral e que apresente teste sorológico ou exame parasitológico positivo. . Critério clínico-epidemiológico – todo indivíduo procedente de área endêmica, com quadro clínico compatível, e que respondeu favoravelmente ao teste terapêutico. OBJETIVOS DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DESCARTADO . Reduzir taxas de letalidade . Casos suspeitos com exames sorológicos e/ou parasitológico negativo, sem manifestações clínicas. . Casos suspeitos que após investigação clínico-laboratorial se confirma outro diagnóstico. . Reduzir grau de morbidade . Reduzir riscos de transmissão AÇÕES CONDUTA FRENTE A CASO SUSPEITO . Controle da população de reservatórios . Acolhimento . Controle da população do agente transmissor . Assistência médica ao paciente . Diagnóstico e tratamento precoce dos casos humanos . Notificação compulsória DEFINIÇÃO DE CASO INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA . Suspeito – todo individuo proveniente de área endêmica ou onde esteja ocorrendo surto, com febre há mais de duas semanas, ou outras manifestações clínicas da doença. Manual das ações programáticas . Identificar área de transmissão . Confirmação laboratorial . Tratamento supervisionado 100 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ . Contato com o centro de Controle de Zoonoses para a realização das ações Manual das ações programáticas ○ Avaliar as ações de prevenção e controle desenvolvidas. ○ . . Nos casos de resultado quantitativo do exame parasitológico acima de 100 ovos, realizar nos exames no 2º, 4º, 6º e 12º mês após o tratamento. ○ Educação em saúde e mobilização da comunidade quanto aos métodos de prevenção, transmissão, manifestações clínicas graves e importância do tratamento. ○ . ○ ○ ○ Acompanhamento da evolução clínica do paciente ○ . Secretaria Municipal de Saúde de controle necessárias, tanto com relação ao reservatório como ao vetor. . Busca ativa de casos 101 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ São insetos flebotomínios de várias espécies e diferentes gêneros (Psychodopigus, Lutzomia), que variam de acordo com a região, conhecidos popularmente como palha, cangalhinha, tatuquira, mulambinho, catuqui, etc. Doença infecciosa, causada por protozoário do gênero Leishmania, que acomete pele e mucosas. É primariamente uma zoonose, atingindo o homem secundariamente. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Prefeitura Municipal de Aracaju VETORES LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA MODO DE TRANSMISSÃO AGENTE ETIOLÓGICO Picada de insetos transmissores infectados. Não há transmissão de pessoa a pessoa. O agente etiológico é um protozoário do gênero Leishmania . Existem vários subgêneros e espécies. No Brasil as mais importantes são: . PERÍODO DE INCUBAÇÃO Leishmania amazonensis – distribuída pela floresta amazônica (áreas de igapó e várzea), ampliando-se para os Estados da Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Goiás. No homem pode ser de duas semanas a dois anos, sendo em média de dois meses, após a picada do flebótomo infectado. CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA . . Leishmania guyanensis – norte da Bacia Amazônica . Leishmaniose Cutânea Leishmania braziliensis – Região Nordeste, Amazônia ocidental e centro sul do país. . Forma Cutânea Única . Forma Cutânea Múltipla . Forma Cutânea Disseminada RESERVATÓRIO . Forma Recidiva Cutis Os animais que servem como hospedeiro intermediário varia de acordo com a espécie do parasita: . Forma Cutânea Difusa . Leishmaniose Mucosa . . Leishmania amazonensis – animais silvestres (marsupiais) . Forma Mucosa Tardia Leishmania guyanensis – vários mamíferos selvagens . Forma Mucosa Concomitante . Forma Mucosa Contígua . Leishmania braziliensis – animais domésticos como cão e eqüinos. Roedores domésticos ou sinantrópicos também já foram identificados como portadores. Manual das ações programáticas . Forma Mucosa Primária . Forma Mucosa Indetermina 102 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ DIAGNÓSTICO O diagnóstico laboratorial, na rede básica de saúde, baseia-se principalmente em Exames Parasitológicos (Esfregaço de Lesão) e Imunológicos (Intradermorreação de Montenegro – IRM, Sorologia), podendo-se proceder em laboratórios de referencia outros de maior complexidade. LEISHMANIOSE MUCOSA Mucosa Mucosa Mucosa Mucosa Mucosa Tardia Concomitante Contígua Primária Indetermina Diagnóstico Diferencial Sinais e Sintomas - Lesões Cutâneas – úlceras traumáticas, úlceras de estase, úlcera tropical, úlceras de membros inferiores por anemia falciforme, piodermites, paracoccidioidomicose, esporotricose, cromomicose, neoplasias cutâneas, sífilis e tuberculose cutânea, hanseníase virchowiana (cutânea difusa). - Leishmaniose Cutânea – das formas cutâneas, a mais comum é a que se apresenta como uma lesão ulcerada única. A lesão se caracteriza por úlcera com bordas elevadas, em moldura, fundo granuloso, com ou sem exsudato, e em geral são indolores. Observam-se também outros tipos de lesão como ulcero-crostosa, impetigóide, ectimatóide, ulcerovegetante, verrucosa crostosa, tuberosa, linquenóide e outras. - Lesões Mucosas – paracoccidioidomicose, hanseníase virchowiana, rinoscleroma, sarcoidose, bouba, sífilis terciária, granuloma médio facial e neoplasias. - Leishmaniose Cutânea Disseminada – caracteriza-se por lesões eritematosas, Manual das ações programáticas ○ ○ - Leishmaniose Mucosa – na maioria das vezes é secundária às lesões cutâneas, surgindo geralmente meses ou anos após a resolução das lesões da pele. São mais freqüentemente acometidas as cavidades nasais, seguidas da faringe, laringe e cavidade oral. . Leishmaniose Cutânea Disseminada – caracteriza-se por lesões eritematosas, sob forma de papulas, tubérculos, nódulos e infiltrações difusas, e menos freqüente sob forma tumoral. Pode envolver extensas áreas do corpo, e quando acomete a face confere ao paciente aspecto leonino. É rara, e seu prognóstico é ruim, por não responder bem à terapêutica. Forma Forma Forma Forma Forma ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ . Leishmaniose Cutânea – das formas cutâneas, a mais comum é a que se apresenta como uma lesão ulcerada única. A lesão se caracteriza por úlcera com bordas elevadas, em moldura, fundo granuloso, com ou sem exsudato, e em geral são indolores. Observam-se também outros tipos de lesão como ulcero-crostosa, impetigóide, ectimatóide, ulcero-vegetante, verrucosa crostosa, tuberosa, liquenóide e outras. ○ sob forma de pápulas, tubérculos, nódulos e infiltrações difusas, e menos freqüente sob forma tumoral. Pode envolver extensas áreas do corpo, e quando acomete a face confere ao paciente aspecto leonino. É rara, e seu prognóstico é ruim, por não responder bem à terapêutica. ○ SINTOMAS ○ E Secretaria Municipal de Saúde SINAIS 103 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Obs.: Nas doses de 20 mg / kg pode atingir o limiar de toxicidade, podendo levar a alterações cardíacas ou renais, que obriguem a suspensão do tratamento. Por isso deve-se proceder acompanhamento em paciente acima de 50 anos. Cuidados Locais – as lesões ulceradas podem sofrer contaminação secundária, por isso devem ser indicados cuidados locais como limpeza com água e sabão, e se possível compressa de permanganato de potássio em diluição de 1/500 ml de água morna. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Prefeitura Municipal de Aracaju TRATAMENTO Recomendações – abstinência de bebidas alcoólicas e repouso físico durante o tratamento. AntimoniatoN-metil glucamina – droga de primeira escolha. Apresente-se em frascos de 5 ml, sendo que cada ml contém 81 mg de antimoniato. Afrotericina B – droga de segunda escolha, empregada quando não se obtém resposta ao tratamento com antimonial, ou na impossibilidade de seu uso. Deve ser administrada sob vigilância, em serviços especializados, com o paciente hospitalizado. A dose recomendada pela OMS e MS varia segundo a forma clínica, mas não deve ultrapassar 3 amp./dia: Leishmaniose Cutânea – 10 a 20 mg / kg / dia – por 20 dias. Leishmaniose Difusa – 20 mg /kg / dia – por 20 dias. Isoniato de Pentamidina – usada como medicamento alternativo. Tem-se obtido bons resultados, com baixas doses, na leishmaniose causada por Leishmania V. Guyanensis. Leishmaniose Mucosa – 20 mg / kg /dia – por 30 dias. CRITÉRIOS DE CURA Modo de Aplicação – intramuscular ou endovenosa. O critério de cura é clínico, e recomendase que seja feito acompanhamento mensal do paciente por um período de 12 meses após o término do tratamento. Contra-indicação – gestantes, idosos, cardiopatias, nefropatias, hepatopatias, doenças de Chagas. OBJETIVOS DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Efeitos colaterais – artralgia, mialgia, inapetência, náuseas, vômitos, plenitude gástrica, epigastralgia, pirose, dor abdominal, prurido, febre, fraqueza, cefaléia, tontura, palpitação, insônia, nervosismo, choque pirogênico, edema e insuficiência renal aguda. Manual das ações programáticas - Diagnóstico e tratamento precoce; - Reduzir a incidência da doença; - Orientar a adoção de medidas de controle pertinentes. 104 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ - Leishmaniose Cutânea – todo indivíduo com presença de úlcera cutânea, com fundo granulomatoso e bordas infiltradas em moldura. - Assistência médica ao paciente. ○ ○ - Acolhimento. ○ ○ ○ ○ - Leishmaniose Mucosa – todo indivíduo com presença de úlcera na mucosa nasal, com perfuração ou perda do septo nasal, podendo atingir lábios e boca. - Investigação do caso. - Identificar local de transmissão. - Busca ativa de novos casos. Confirmado - Tratamento supervisionado. - Critério Clínico Laboratorial – residência, procedência ou deslocamento em área com confirmação de transmissão mais resultado positivo de exame laboratorial (parasitológico, IRM, ou outros métodos diagnósticos). - Acompanhamento mensal do paciente por um ano após o término do tratamento, para confirmação da cura. - Busca ativa de casos. - Critérios Clínico Epidemiológico – todo caso com suspeita clínica, sem acesso a método de diagnóstico laboratorial, e com residência, procedência ou deslocamento em área com confirmação de transmissão. - Contato com o Centro de Controle de Zoonoses para que sejam realizadas ações de controle necessárias, tanto com relação ao vetor como aos hospedeiros intermediários. - Educação em saúde e mobilização da comunidade quanto aos métodos de prevenção, transmissão, sinais e sintomas, manifestações clínicas graves e importância do tratamento. - Descartado – caso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo, ou caso suspeito com diagnóstico confirmado de outra doença. - Avaliação das medidas de prevenção e controle desenvolvidas. 105 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ - Confirmação laboratorial. - Notificação. Manual das ações programáticas ○ ○ ○ SUSPEITO ○ ○ ○ CONDUTA FRENTE A CASO SUSPEITO Secretaria Municipal de Saúde DEFINIÇÃO DE CASO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Doença Infecciosa causada por um protozoário (Trypanosoma cruzy), que se caracteriza por fase inicial aguda, com sinais e sintomas quase sempre inespecíficos, quando presentes, e que pode evoluir pra fase crônica, com comprometimento cardíaco. . Transmissão natural ou primária – se faz pela contaminação da pele ou mucosas, pelas fezes dos vetores com formas infectantes de Tripanossoma cruzi. Estes, ao picar os vertebrados, em geral defecam após o repasto, eliminando formas infectantes do parasita presentes em suas fezes, e que penetram pelo orifício da picada, ou por solução de continuidade deixada pelo ato de coçar. . Transmissão transfusional – ganhou grande importância epidemiológica, nas duas últimas décadas, em função da migração de indivíduos infectados para os grandes centros urbanos, e da ineficiência no controle das transfusões, nos bancos de sangue, problema que estimase já ter sido superado nos dias atuais. . Transmissão congênita – ocorre, mas muitos dos conceptos tem morte prematura, não se sabendo, com, precisão, qual a influência dessa forma de transmissão na manutenção da endemia . Transmissão acidental em laboratório e a transmissão pelo leite materno – tem pouca significância epidemiológica. Sugere-se a hipótese de transmissão por via oral em alguns surtos episódicos. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Prefeitura Municipal de Aracaju MODO DE TRANSMISSÃO DOENÇA DE CHAGAS A distribuição espacial da doença se limita ao continente Americano, por isso é também chamada Tripanossomíase Americana. Sua ocorrência está diretamente ligada à distribuição dos vetores e as condições sócioeconômicas da população, que determinam o convívio do homem com o vetor, no ambiente domiciliar. AGENTE ETIOLÓGICO Protozoário flagelado da ordem Kinetoplastida, chamado Trypanosoma cruzy RESERVATÓRIO Além do homem, mamíferos domésticos e silvestres tem sido naturalmente encontrados infectados. Os mais importantes são aqueles que coabitam, ou estão próximos do homem, como o cão, gato, rato, gambá, tatu, porco, macaco, entre outros. PERÍODO DE INCUBAÇÃO VETORES Quando existe sintomatologia, na fase aguda, costuma aparecer 5 a 14 dias após a picada do inseto vetor. Quando adquirida por transfusão sanguinea, o período de incubação varia de 30 a 40 dias. Insetos hematófagos da família Triatominae, conhecidos genericamente por triatomineos e, vulgarmente, por barbeiro, chupão, fincão, procotó. Manual das ações programáticas 106 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Forma Aguda Inaparente . Forma Crônica Indeterminada – passada a fase aguda, o indivíduo alberga uma infecção assintomática, que pode nunca se manifestar, ou se expressar clinicamente anos ou décadas mais tarde, em uma das formas crônicas. . DIAGNÓSTICO Fase Aguda Forma Cardíaca – é a mais importante forma de limitação do doente chagásico, e a principal causa da morte. Pode apresentar-se sem sintomatologia, mas com alterações eletrocardiograficas como síndrome de insuficiência cardíaca progressiva, insuficiência cardíaca fulminante, arritmias graves, morte súbita. Seus sintomas são: palpitações, dispnéia, edema, dor precordial, tosse, tonturas, desmaios, acidentes embólicos, extrassistolias, desdobramento de segunda bulha, sopro sistólico. O raio x de tórax revela cardiomagalia global discreta. Manual das ações programáticas ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Forma Aguda Aparente, estima-se que se manifestem em 3% dos casos. Caracteriza-se por miocardite, febre, mal estar geral, cefaléia, astenia, hiporexia, edema, hipertrofia dos linfonodos. Freqüentemente ocorre hepatoesplenomegalia. Nos primeiros meses ou anos de vida pode agravar-se para uma forma meningoencefálica. . ○ Forma Congênita – hepatomegalia, esplenomegalia, ictericia, equimoses, convulsões decorrentes da hipoglicemia. ○ . ○ Forma Nervosa e de outros mega – apesar de aventadas, não parecem ser manifestações importantes. ○ . ○ ○ . ○ Forma Mista – o paciente pode ter associação da forma cardíaca com a digestiva, e também apresentar mais de um mega. A doença de Chagas apresenta distintas formas clínicas: ○ . SINTOMAS ○ E Forma Digestiva – Caracteriza-se por alterações, ao longo do trato digestivo, ocasionadas por lesões dos plexos nervosos, com conseqüentes alterações da mobilidade e de morfologia, ao nível do trato digestivo, sendo o megaesôfago e o megacolon as manifestações mais comuns. . Métodos parasitológicos – exame a fresco , gota espessa, esfregaço corado, creme leucocitário, xenodiagnostico. . Sorologia que detectam IgM – Imunofluorecência e Hemaglutinação Fase Crônica . Métodos de detecção de anticorpos circulantes(IgG): - ELISA - Imunofluorecência - Hemaglutinação indireta 107 Modelo Saúde Todo Dia ○ SINAIS . Secretaria Municipal de Saúde As formas crônicas se manifestam mais de 10 anos após a infecção inicial. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ OBJETIVOS DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA . Específico – objetiva suprimir a parasitemia e seus efeitos patogênicos no organismo. . Manter erradicado o Triatoma infestans, e sob controle as outras espécies importantes na transmissão humana. . Indicações: na fase aguda, em casos congênitos, na reativação da parasitemia por imunossupressão, transplantado que recebeu órgão de doador infectado. . Investigação epidemiológica de casos agudos, de transmissão vetorial ou transfusional, visando adoção de medidas de controle adequadas. . . Contra-indicações: casos crônicos e gestantes Monitoramento da presença do vetor nos domicílios. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Prefeitura Municipal de Aracaju TRATAMENTO DEFINIÇÃO DE CASO . Esquema Terapêutico: . Benzonidazol – 8mg/kg/dia, em duas doses diárias, por 60 dias. . Efeitos colaterais: cefaléias, tonturas, anorexia, perda de peso, dermatites, lassidão das células da série vermelha. Suspeito . Todo paciente, residente em área de transmissão ativa da doença que: apresente sinal de Romana ou Chagoma de Inoculação, febre com mais de uma semana de duração. . Todo paciente com febre, que tenha sido submetido à transfusão de sangue ou hemoderivados, sem o devido controle de qualidade. . Sintomático . . Formas Cardíacas – as drogas utilizadas são as mesmas que se usam em outra cardiopatias: cardiotônicos, diuréticos, antiarritmicos, vasodilatadores, etc. Em alguns casos indicase a implantação de marcapasso. Confirmado Formas digestivas – dependendo do estágio em que a doença é diagnosticada, indicam-se medidas mais conservadoras, como uso de dietas, laxativos ou lavagens. Em estágios mais avançados, impõe-se a dilatação ou correção cirúrgica do órgão afetado. Manual das ações programáticas 108 . Todo caso suspeito, em que se encontre o T. cruzi em sangue periférico . Paciente que apresente sintomas das formas crônicas, e confirmado em exame laboratorial. Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ . Investigação; . Identificar origem e mecanismo de transmissão; CONDUTA FRENTE A CASO SUSPEITO . Tratamento específico ou sintomático; . Medidas de prevenção e controle; . Educação e mobilização da comunidade; ○ Todo caso agudo da doença deve ser notificado e investigado imediatamente. Os casos crônicos não são de notificação compulsória. ○ Notificação; . . . Acolhimento; Assistência médica ao paciente; Confirmação diagnóstica; Manual das ações programáticas 109 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ . Secretaria Municipal de Saúde NOTIFICAÇÃO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Dentre os acidentes por animais peçonhentos, o ofidísmo é o principal, pela sua freqüência e gravidade. Ocorre em todas as regiões e estados do Brasil e é um importante problema de saúde, quando não se institui a soroterapia de forma precoce e adequada. Animais Peçonhentos são todos aqueles que secretam veneno e que possuem órgãos (dentes ocos, ferrões, guilhões), para sua inoculação no corpo de suas vítimas. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Prefeitura Municipal de Aracaju OFIDISMO ACIDENTES POR ANIMAIS PAÇONHENTOS Na natureza existem vários animais com esta característica: serpentes, aranhas, escorpiões, lacraias, abelhas, vespas, maribondos, formigas, arraias. Os que têm maior importância para o homem, por causar maiores prejuízos para sua saúde são as serpentes, os escorpiões e as aranhas. AGENTES CAUSAIS São quatro os gêneros de serpentes brasileiras de importância médica: Bothrops (Grupo Botrópito - Jararaca), Crotalus (Grupo Crotálico - Cascavel), Lachesis (Grupo Laquético - Surucucu) e Micrurus (Grupo Elapídico - Coral), compreendendo cerca de 60 espécies. NOTIFICAÇÃO Todo acidente por animal peçonhento de importância epidemiológica, atendido em Unidade de Saúde, deve ser notificado, independente de ter sido ou não submetido à soroterapia. ASPECTOS CLÍNICOS As manifestações clínicas dependem do grupo ao qual o agente causal do acidente pertence. Os sinais e sintomas mais comumente observados na fase aguda dos diversos tipos de envenenamento possibilitam o diagnóstico clínico, com boa margem de acerto. OBJETIVOS DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA - Diminuir a letalidade dos acidentes através de tratamento precoce e adequado. Acidente Botrópico - as manifestações locais mais frequentes são edema, dor, equimose e sangramento. Incoagulabilidade pode ser acompanhada de fenômenos hemorágicos com gengivorragia, hematúria, sangramentos por ferimentos recentes. Oligoanúria e/ou alterações hemodinâmicas, como hipotensão arterial persistente e choque, nos casos mais graves. - Diminuir o número de casos através de educação em saúde. DEFINIÇÃO DE CASO Suspeito - paciente com queixa de acidente por animal peçonhento, podendo apresentar sinais e sintomas de envenenamento, tendo trazido ou não o agente agressor. Acidente Laquético - semelhante ao botrópico. Além das manifestações do grupo anterior, tem sido descritos fenômenos de excitação vagal, clinicamente traduzidos por bradicardia, hipotensão arterial, diarréia e vômitos. Confirmado - paciente com evidências clínicas de envenenamento, tendo trazido ou não o animal causador do acidente. Manual das ações programáticas 110 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Acidente Moderado - 10 ampolas ○ ○ ○ Grupo Laquétlco - Soro Antilaquético e Soro Antibotrópico-laquético. ○ ○ ○ Acidente Grave -20 ampolas Acidente Grave -20 ampolas Acidente Elapídico - Quadro neuroparalítico se manifesta por ptose palpebral, diplopia, mialgia e dispnéia, podendo evoluir para insuficiência respiratória aguda e óbito. Grupo Elapídico - Soro Antielapídico. Acidente Grave - 10 ampola DIAGNÓSTICO LABORATORIAL CONDUTA FRENTE A CASO A determinação do Tempo de Coagulação (TC) constitui-se em medida auxiliar extremamente útil para confirmação de suspeita diagnóstica. Acolhimento. Assistência médica ao paciente. Tratamento adequado ao caso. TRATAMENTO Notificação. Os soros antiveneno para ofidismo são apresentados em ampolas definidas para cada um dos grupos de serpentes: Investigação (COVEPI). Identificar local do acidente. Gruoo Botrópico - Soro Antibotrópico, Soro Antibotrópico-crotálico, Soro Antibotrópicolequético.. Informar ao CCZ, para realização de medidas de controle de campo. Educação em saúde e mobilização da comunidade. Acidente leve - 2 a 4 ampolas Acidente Moderado - 4 a 8 ampolas ESCORPIONISMO Acidente Grave - 12 ampolas A ocorrência de acidentes com escorpiões vem aumentando nas áreas urbanas. As precárias condições de vida, habitação e saneamento ambiental, aliada à falta de informação sobre noções de higiene, favorecem para o de- Grupo Crotálico - Soro Anticrotálico e Soro Antibotrópico-crotálico. Acidente leve - 5 ampolas Manual das ações programáticas Secretaria Municipal de Saúde Acidente Moderado - 10 ampolas Acidente Crotálico - não há edema ou dor local, sendo eventualmente referida parestesia. Quadro neuroparalítico precoce caracterizando-se por ptose palpebral, diplopia e oftalmoplegia. Mialgia generalizada, acompanhada de mioglobinúria, se manifesta cerca de 6 a 12 horas após o acidente, podendo haver evolução para insuficiência renal aguda, causa maior de óbitos desse grupo. 111 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ O ESCORPIÃO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Prefeitura Municipal de Aracaju Moderado - sintomas locais com mais alguns sinais e sintomas sistêmicos, tais como sudorese, agitação, náuseas, sonolência, hipertensão arterial, vômitos, taquicardia e taquipnéia. senvolvimento de um ambiente propício ao escorpião na periferia das cidades. Grave - vômitos profusos e freqüentes, náusea, sialorréia, sudorese profusa, lacrimejamento, agitação, taquicardia, hipertensão arterial, taquipnéia, tremores, espasmos musculares, paralisias, convulsões, edema pulmonar agudo e coma. Os escorpiões pertencem à classe dos aracnídeos, filo artrópode. Todas as mais de 1000 espécies catalogadas são venenosas, sendo que um pequeno número é perigoso para os seres humanos. São seres carnívoros de hábitos noturnos. Alimentam-se principalmente de baratas, grilos, aranhas e outros escorpiões. Durante o dia ocultam-se em locais sombreados ou escuros e úmidos. TRATAMENTO Acidente Leve - combate a dor, observação do acidentado por 6 a 12 horas, principalmente se a vítima for criança menor de 7 anos ou idoso. TOXICIDADE Acidente Moderado - combate a dor. Observação da evolução clínica por período de 12 a 24 horas. Aplicar 2 a 3 ampolas por via endovenosa. O venero tem ação neurotóxica, produzindo normalmente reações locais, com dor intensa, às vezes irradiadas. As manifestações sistêmica, que caracterizam os acidentes moderados e graves, estão relacionadas aos fatores que determinam o nível de toxicidade: Acidente Grave - combate a dor. Observação da evolução clínica por período de 12 a 24 horas. Aplicar 4 a 6 ampolas por via endovenosa. Toxidez do veneno – varia de acordo com a espécie de escorpião. Quantidade de veneno injetada. MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO Tamanho do corpo da vítima. Limpeza periódica do peridomicílio. Condição de saúde da vítima. Evitar acúmulo de materiais como lenha, tijolos, pedras (entulho). Sensibilidade do paciente ao veneno. Manejo adequado do lixo. CLASSIFICAÇÃO DOS ACIDENTES Vedação das soleiras das portas e janelas. Leve - presente apenas sinais e sintomas locais. Dor intensa, as vezes irradiada. Manual das ações programáticas Usar luvas quando manusear entulho. 112 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Notificação. ○ Cuidados com a higiene das residências. Manter a casa livre de baratas, traças e aranhas (uso de inseticídas). CONDUTA FRENTE A ACIDENTE Informar ao CCZ, para realização de medidas de controle de campo. Acolhimento. Educação em saúde e mobilização da comunidade. Assistência médica ao paciente. Manual das ações programáticas 113 Modelo Saúde Todo Dia ○ ○ ○ ○ Identificar local do acidente. ○ ○ ○ Investigação (COVEPI). ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Tratamento adequado ao caso. Secretaria Municipal de Saúde Examinar calçados e roupas antes de usá-los. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Guia de Vigilância Epidemiológica. Ministério de Saúde: Fundação Nacional de Saúde. 5 ed. Brasília, 2002. Manual de Controle da Esquistossomose: Diretrizes Técnicas. 2. ED. Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde. Brasília, 1998. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Prefeitura Municipal de Aracaju Hepatites Virais: o Brasil está atento. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Programa Nacional de Hepatites Virais. Brasília, 2003. BIBLIOGRAFIA Doenças Infecciosas e Parasitárias. Guia de Bolso. 1º ed. Ministério da Saúde; Fundação Nacional de Saúde; Centro Nacional de Epidemiologia. Brasília, 1999. Guia para o Controle da Hanseníase. Cadernos de Atenção Básica -n 10. Ministério da Saúde. Brasília, 2002. Curso Básico de Vigilância Epidemiológica. Ministério da Saúde; Secretária Nacional de Ações Básicas de Saúde; Divisão Nacional de Epidemiologia; Escola Nacional de Saúde Pública. Brasília, 1988. Manual Técnico para o Controle da Tuberculose. Cadernos de Atenção Básica - n 6. Ministério da Saúde. Brasília, 2002. Hanseníase: Atividades de Controle e Manual de Procedimentos. Ministério da Saúde. Brasília, 2001. Manual de Procedimentos para Vacinação. Ministério da Saúde; Fundação Nacional de Saúde; Departamento de Operações; Coordenação de Imunizações e Auto-suficiência em Imunobiológicos; Programa Nacional de Imunizações. Brasília, 1993. Manual das ações programáticas Controle da Tuberculose: Uma Proposta de Integração Ensino-Serviço. 5ª Edição. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Rio de Janeiro, 2002. 114 Modelo Saúde Todo Dia