ALIMENTAÇÃO para DIABÉTICOS 13 porções de hidratos de carbono ao dia 3 colheres de sopa de cereais integrais 1 batata 2 colheres de sopa de arroz ou massa amidos 3 colheres de sopa de grão ou feijão 2 colheres de sopa de flocos de aveia 2 tostas integrais ou 2 bolachas de água e sal Uma alimentação equilibrada e planeada ao longo do dia pode prevenir as diabetes de tipo 2 e gestacional. Regra de ouro: não permanecer mais de três horas sem comer 6 colheres de sopa de fava ou ervilha 30 g de pão integral ou 25 g de mistura 1 laranja 2 tangerinas pequenas 1 pêssego Frutas teste saúde 104 agosto/setembro 2013 1 copo de leite + 30 g de pão de mistura (2 porções) 18 1 maçã média 1 chá sem açúcar + + 2 tostas integrais (1 porção) 1 laranja + 2 bolachas cream cracker (2 porções) Merendas 1 chá sem açúcar + + 25 g de pão de mistura (1 porção) 30 g de pão integral com queijo magro + + 2 tangerinas (2 porções) 1 pera + 25 g de pão de mistura (2 porções) 1 pera média 1/2 banana ou 14 morangos Indicamos as equivalências em hidratos de carbono para os alimentos mais comuns. Entre amidos e frutas, todas as quantidades equivalem a uma porção. Nas merendas, podem corresponder a uma ou duas. Consuma, pelo menos, 13 porções, repartidas por seis a sete refeições diárias. As refeições principais devem incluir um mínimo de duas e as merendas uma a duas. Raízes do problema ■ Além do excesso de peso, a predisposição genética pode ser responsável pela diabetes. O risco sobe também em indivíduos com hipertensão ou colesterol elevado ou mulheres que tiveram diabetes gestacional. Hábitos de vida saudáveis são meio caminho andado para evitar ou retardar a doença. ■ A hiperglicemia pode ocorrer por várias razões, entre as quais excessos alimentares e sedentarismo. Quanto mais intensa a atividade física, maior será o consumo de glicose pelo organismo e mais controlados ficarão os açúcares. ■ Stresse, infeções e, nos doentes que tomam insulina, doses insuficientes também podem aumentar a glicemia. Mas estes doentes podem ainda experimentar o inverso: a hipoglicemia, que surge quando os níveis de açúcar se fixam abaixo dos 70 miligramas por decilitro de sangue. Pode ser causada por fal- s Alimentação correta e exercício físico ajudam a prevenir a diabetes de tipo 2 ta ou insuficiência de alimentos e exercício físico em excesso. Planear é o segredo ■ O diabético não é diferente de quem não sofre da doença: deve seguir uma dieta saudável. A diferença está na distribuição dos alimentos por um maior número de > TESTE SAÚDE entrevista Ana Raimundo, dietista "Todas as frutas têm açúcar" Qual a importância de uma primeira consulta? Tal como a medicação e a atividade física, a alimentação faz parte do tratamento da diabetes e tem como objetivo estabilizar os níveis de glicemia e gordura no sangue e controlar o peso. Uma primeira consulta com um dietista ou nutricionista permite recolher informações acerca da ingestão alimentar (hábitos, horários ou preferências), estilo de vida, obstáculos e crenças, de forma a eestabelecer o tratamento. Como define as necessidades energéticas e a repartição das refeições? As necessidades energéticas são calculadas através de fórmulas que têm em conta o peso, a altura, o género, a situação clínica e o nível de atividade física. Se o objetivo for perder peso, é recomendado um corte de 500 quilocalorias, conjugado com atividade física regular. A distribuição dos alimentos depende dos aspetos referidos, do tipo de diabetes e do tratamento. Nas diabetes do tipo 2 e gestacional, as refeições são definidas de igual forma? O planeamento das refeições é individual e independente do tipo de diabetes. Mas, na gestacional, como os objetivos de glicemia são mais rigorosos, é necessário distribuir mais os alimentos, com intervalos inferiores a três horas. De que forma a fruta e os laticínios devem ser incluídos na alimentação? Se não houver contraindicações, recomenda-se duas a três doses de fruta e outras tantas de laticínios por dia. O leite deve ser meio-gordo ou magro e os iogurtes naturais ou de aromas ou pedaços, magros e sem adição de açúcar. Não há frutas proibidas: todas têm frutose. Por isso, há que ter em conta as equivalências da fruta em hidratos de carbono para variar a qualidade mantendo a quantidade. Os diabéticos devem recorrer a "produtos especiais" ou uma alimentação normal é suficiente? Se estivermos a falar de uma alimentação equilibrada e variada, é suficiente. Os diabéticos não devem recorrer frequentemente a "produtos especiais": além de poderem conter ingredientes que favorecem o aumento de peso, no geral, conduzem a um comportamento de “consumo livre”. teste saúde 104 agosto/setembro 2013 Doença crónica que resulta da produção insuficiente de insulina pelo pâncreas ou da incapacidade de o organismo usar eficazmente aquela hormona, a diabetes afeta mais de um milhão de portugueses. Como a insulina regula a glicose no sangue, os diabéticos estão sujeitos a um fenómeno de hiperglicemia, ou seja, a um aumento dos níveis de açúcar. A diabetes mais frequente é a do tipo 2, associada a idades mais avançadas, a uma alimentação incorreta e ao sedentarismo. Neste caso, o pâncreas produz insulina, mas o organismo resiste à sua ação. Já o tipo 1, que surge sobretudo em jovens, caracteriza-se pela falta ou insuficência de produção de insulina. Daí os doentes terem de administrá-la todos os dias. Outro tipo de diabetes, dita gestacional, pode aparecer na gravidez e, no geral, desaparece após o parto. Para quem sofre da doença, a alimentação é importante, mas não traz a cura. Porém, como a obesidade é um fator de risco, o controlo do peso, com uma alimentação equilibrada e exercício físico, é fundamental para prevenir as diabetes de tipo 2 e gestacional. Neste artigo, damos dicas para vigiar os níveis de açúcar no sangue e compor um menu diário equilibrado e variado. 19 ALIMENTAÇÃO para DIABÉTICOS > refeições, para evitar subidas ou descidas acentuadas da glicemia, e nas quantidades. O ideal é fazer seis a sete refeições por dia e não estar sem comer por mais de três horas. À noite, deve evitar mais de oito a nove horas em jejum. ■ Comece as refeições principais com uma sopa rica em legumes. Se incluir um segundo prato, prepare-a, de preferência, sem batata. No caso de comer apenas uma sopa ao jantar, já é importante incluir batata ou um equivalente. ■ Se juntar leguminosas, como o feijão, o grão e as lentilhas, as necessidades em proteína (por exemplo, provenientes da carne) diminuem. Os legumes cozidos são ótimas fontes de fibra. Também as encontra no pão escuro, nos cereais integrais, no feijão, nas ervilhas e na fruta. ■ Devido ao elevado teor em açúcar e gordura, há que evitar bolos, doces e salgados. Mas pode comer um doce de vez em quando. Prefira o final da refeição, tendo o cuidado de reduzir a quantidade de hidratos de carbono no prato. ■ Fruta, leite ou iogurtes sem açúcar podem preencher as refeições ligeiras a meio da manhã, à tarde ou à ceia. O chá sem açúcar acompanhado de bolachas integrais é outra alternativa. Cortar nos açúcares ■ Antes de iniciar a dieta, é útil consultar um nutricionista ou dietista para ajudá-lo a calcular as suas necessidades energéticas Verifique os açúcares na embalagem Alegações nutricionais “Sem açúcar adicionado” não significa que este se encontre ausente: podem existir açúcares naturais. Se aparecer "light", deve ser indicado o ingrediente que torna o alimento "light". Compare rótulos e veja se o valor calórico é mesmo menor. Edulcorantes teste saúde 104 agosto/setembro 2013 Aparecem como aditivos, pelo nome ou pela letra E seguida de um número. Os polióis têm valor energético. Os edulcorantes intensos, como o não têm, estão ausentes da informação nutricional. Se o alimento contiver mais de 10% de polióis, deve exibir a menção “o consumo excessivo pode ter efeitos laxativos”. 20 Lista de ingredientes Os ingredientes são indicados por ordem decrescente. Mel, xarope de glucose e cevada maltada são outras formas de açúcar adicionado. A fruta e o leite também contêm açúcares. Rotulagem nutricional Incluída na maioria dos rótulos, surge por 100 g ou 100 ml e, às vezes, também por dose. Vigie o valor energético e o teor em hidratos de carbono, açúcar, gordura e sal, sobretudo por porção. Para controlar os níveis de açúcares no sangue, deve conhecer e dosear os alimentos fornecedores de hidratos de carbono diárias e distribuir os hidratos de carbono pelas refeições. Aquelas variam consoante a idade, o peso e a atividade física. Também é importante manter estável a quantidade de hidratos de carbono ao longo do dia, para evitar grandes flutuações dos níveis de glicemia. ■ A glicose no sangue provém sobretudo da digestão dos hidratos de carbono dos alimentos. O diabético tem de contabilizá-los, pois influenciam os níveis de glicemia. Para isso, deve conhecer os alimentos que os contêm. Pão, massa, arroz, batatas, leguminosas, fruta e laticínios são os principais. Ao ingerir fruta, leite ou iogurte, acompanhe com um alimento rico em hidratos de carbono de absorção lenta, como bolachas integrais ou pão de mistura. ■ Outro método para escolher os alimentos baseia-se no chamado índice glicémico. Este classifica os alimentos de acordo com a sua capacidade de elevar a glicemia e pode ser considerado baixo, médio ou alto. Quanto mais baixo, mais lenta será a digestão e a absorção dos hidratos de carbono e, assim, a subida da glicemia após a ingestão de um dado alimento. Entre os que têm índice baixo, incluem-se flocos de aveia, leguminosas, arroz integral e pão de mistura. Mas este conceito não é consensual entre a comunidade médica e científica. ■ Alguns produtos alimentares são adoçados com edulcorantes, para ajudar o diabético a reduzir o consumo de açúcares (ver ilustração ao lado). Sorbitol, xilitol, isomalte, manitol e maltitol são exemplos de polióis, os quais apresentam cerca de metade do valor energético da sacarose. ■ Mas o consumo de edulcorantes em excesso pode ter um efeito laxante. Os adultos devem evitar mais de 50 gramas por dia de alimentos com estas substâncias. As crianças, mais sensíveis, podem reagir mal com doses de 10 a 20 gramas. Alegações controladas ■ A União Europeia aprovou uma lista de alegações de saúde e nutricionais a que os alimentos podem recorrer. Entre estas, encontram-se "sem adição de açúcar" ou "sem açúcar", usadas em produtos para diabéticos. ■ Recentemente, foram introduzidas mais seis alegações de saúde na lista. Uma diz respeito à frutose e consiste no seguinte: "O consumo de alimentos contendo frutose produz um menor aumento de glicose no sangue do que os alimentos contendo glicose ou sacarose." Para ser utilizada, a substituição de açúcar normal por frutose deve corresponder, pelo menos, a 30 por cento. ■ Desde o ano passado que é proibido vender produtos com alegações não autorizadas. A lei previu, contudo, um período para escoar produtos com rótulos antigos, que terminou em finais do primeiro semestre de 2013. Estaremos atentos para ver se estes rótulos aparecem nas prateleiras dos supermercados depois da referida data. roteiro para diabéticos anote as respostas certas Um doce esporádico, até três peças de fruta por dia e refeições a cada três horas são boas práticas para diabéticos do tipo 2. Os diabéticos podem comer bolos ou doces de vez em quando. Verdadeiro Desde que o façam com planeamento e ingiram uma pequena porção. Mas devem diminuir a quantidade de outros hidratos de carbono nessa refeição. O açúcar amarelo e o mel substituem o açúcar branco. Falso Tal como o açúcar branco, são constituídos por sacarose. Os edulcorantes de mesa, sem sacarose, são uma opção para adoçar o chá ou café. Alguns edulcorantes perdem o poder adoçante quando submetidos a elevadas temperaturas. Desde que planeado, um doce de vez em quando não faz mal Saltar uma refeição não tem importância. Falso Os diabéticos do tipo 2 devem repartir as refeições de modo a não estarem mais de três horas sem comer. Falhar uma refeição ou ingerir alimentos em quantidade reduzida pode conduzir a hipoglicemia. Ingerir duas a três peças de fruta por dia traz benefícios. Verdadeiro A fruta é uma excelente fonte de vitaminas e fibra, mas também tem açúcares. Por isso, os diabéticos do tipo 2 não devem ingerir mais de três peças ao dia. Se o fizerem nas refeições ligeiras, devem juntar alimentos de absorção lenta, como bolachas de água e sal ou pão de mistura. Enquanto sobremesa, no final da refeição, não precisam deste cuidado. Não abuse dos edulcorantes, pois têm efeito laxativo teste saúde aconselha Faça seis a sete refeições por dia ´ Os diabéticos do tipo 2 e as grávidas devem consultar o rótulo dos alimentos pré-embalados. Prazo de validade, lista de ingredientes e rotulagem nutricional são os aspetos a ter em conta. ´ Uma alimentação diária variada e repartida por seis a sete refeições minimiza os picos glicémicos. Evite estar mais de três horas sem comer. À noite, não deverá permanecer mais de oito a nove horas em jejum. Inclua na dieta alimentos ricos em fibra. Prefira o pão e as massas integrais e não vá além de duas a três peças de fruta por dia. Não esqueça as leguminosas. Sopa com pouca ou nenhuma batata, mas rica em cenoura, espinafres, feijão-verde, couve, brócolos e abóbora, é indispensável. ´ Mantenha uma atividade física regular, que aumenta a eficácia da insulina e ajuda a eliminar o excesso de açúcar no sangue. teste saúde 104 agosto/setembro 2013 ■ Por sua vez, os edulcorantes ditos intensos, como o acessulfame K, não têm calorias nem afetam a glicose no sangue. Os edulcorantes podem substituir o açúcar, mas não devem ser consumidos sistematicamente. ■ A fibra ajuda a controlar a glicemia após as refeições, pois torna mais lenta a absorção do açúcar. Junte 25 a 30 gramas ao menu diário. O pão integral ou de mistura contém mais fibra do que o branco. A fruta pode ser ingerida, mas com moderação: inclua duas a três peças, de preferência, com casca e acompanhadas de uma fonte de amido. ■ Os produtos ditos light nem sempre são opção. É preciso confirmar se a redução se deve à substituição do açúcar por edulcorante ou à adição de gordura. Pode verificar estas informações na rotulagem dos alimentos. 21