Características anatômicas e químico

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
Características anatômicas e químico-bromatológicas das forrageiras x
alternativas para otimizar consumo e digestão
Trabalho apresentado como parte
das exigências da disciplina
ZOO749 – Nutrição de bovinos em pastejo
Magno José Duarte Cândido
Matrícula 38204/98
[email protected]
VIÇOSA – MINAS GERAIS
Junho/2001
Caract. anatômicas e químico-bromatológicas das forrageiras x alternativas para maximizar a digestão
SUMÁRIO
Pág.
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................................... 2
2. CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS DAS PLANTAS FORRAGEIRAS .......................................... 3
2.1. TIPOS DE TECIDOS....................................................................................................................................... 3
2.2. DIGESTÃO DOS TECIDOS ............................................................................................................................. 7
2.3. PROPORÇÃO E ARRANJO DOS TECIDOS NOS ÓRGÃOS .................................................................................. 9
3. CARACTERÍSTICAS QUÍMICO-BROMATOLÓGICAS DAS PLANTAS FORRAGEIRAS........ 10
3.1. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DAS PLANTAS FORRAGEIRAS............................................................................... 10
3.2. FORMAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E LIGNIFICAÇÃO DA PAREDE CELULAR ............................................... 13
3.3. COMPOS. QUÍMICA E ESTRUTURAL DAS CÉLULAS X FRAGMENTAÇÃO DOS TECIDOS E DIGESTÃO DA PC 15
4. FATORES QUE AFETAM A COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA E A
PROPORÇÃO DOS TECIDOS ...................................................................................................................... 22
4.1. ESPÉCIE FORRAGEIRA ............................................................................................................................... 22
4.2. PARTES DA PLANTA E NÍVEL DE INSERÇÃO .............................................................................................. 23
4.3. IDADE DA PLANTA .................................................................................................................................... 24
4.4. FATORES CLIMÁTICOS .............................................................................................................................. 26
5. ALTERNATIVAS PARA AUMENTAR A DIGESTÃO DOS TECIDOS ............................................ 27
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................... 32
Magno José Duarte Cândido
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1. INTRODUÇÃO
Na região tropical, as pastagens constituem-se na mais abundante e econômica fonte
de nutrientes para os bovinos, em virtude da habilidade destes em ingerir e digerir
alimentos fibrosos. Todavia, a vantagem de perenidade da maioria das pastagens tropicais
traz consigo um desafio: a persistência a longo do prazo com manutenção de um valor
nutritivo adequado para garantir o bom desempenho das gerações sucessivas de animais
que a pastejem.
As duas principais estratégias empregadas pelas plantas para sobreviver têm
influência no seu valor nutritivo: armazenamento de nutrientes e defesa contra ameaças
externas. No primeiro caso, a planta armazena substâncias durante seu crescimento
vegetativo para serem utilizadas em períodos de frio ou de seca e para rebrotar após um
corte, pastejo etc. São substâncias altamente digestíveis. No segundo caso, a planta
sintetiza compostos como lignina, cutina, fenóis, terpenóides e alcalóides para conferir-lhe
resistência ao vento, doenças e desfolhação. Essas substâncias de forma geral fazem parte
da estrutura da planta e são de baixo valor nutritivo.
Nos ambientes climáticos a que estão submetidas as pastagens, os fatores que
promovem o crescimento, também aceleram a maturidade da planta, comprometendo assim
o seu valor nutritivo, pela participação de componentes estruturais com o avanço da idade
da planta (Figura 1).
A grande biodiversidade de espécies que evoluíram na região tropical acarretou
grande variabilidade em termos de morfologia, anatomia e composição química das
espécies forrageiras. Estas são compostas por diversas frações (lâmina, bainha, colmo,
pecíolo, inflorescência), que por sua vez são formadas por variados tipos de tecidos, os
quais apresentam heterogênea população de tipos de células. A utilização pelos
ruminantes, do conteúdo celular e de alguns componentes da parede celular difere
conforme as várias frações e os estádios de desenvolvimento, bem como os diferentes tipos
de tecidos. A organização estrutural, ou anatomia dos órgãos da planta, e seus tecidos
constituintes, além de influenciar o consumo pelo efeito que produzem sobre a facilidade
de fragmentação das partículas da forrageira, a natureza das partículas produzida e sua taxa
de passagem pelo rúmen, influenciam também na digestibilidade da parede celular,
proporcionando
maior
microrganismos do rúmen.
ou
menor
acessibilidade
de
seus
polissacarídeos
aos
Caract. anatômicas e químico-bromatológ. das forrageiras x alternativas para maximizar a digestão
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Figura 1 – Relação entre os fatores ambientais e os componentes metabólicos da planta
(VAN SOEST, 1994).
Essa revisão tem por objetivo discorrer sobre as características anatômicas e
químico-bromatológicas das plantas forrageiras, com ênfase nas gramíneas tropicais,
relacionando-as com alternativas de manipulação genética e de manejo para otimizar o
consumo e digestão pelos ruminantes.
2. CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS DAS PLANTAS
FORRAGEIRAS
2.1. Tipos de tecidos
As espécies forrageiras constituem-se de diversos tipos de tecidos, cujas
composições química e física estão diretamente relacionadas às suas funções na planta.
Tecidos de sustentação apresentam células densamente agrupadas, com paredes espessas e
lignificadas. Tecidos de assimilação são ricos em cloroplastos e apresentam células com
parede delgada e não-lignificada. (PACCIULLO, 2000). A visualização dos principais
tecidos doravante descritos pode ser efetuada em seções transversais de colmos jovem e
maduro de gramíneas e leguminosas tropicais (Figura 2).
Magno José Duarte Cândido
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Figura 2 – Seção transversal do colmo jovem (a e c) e maduro (b e d) de uma gramínea
(sorgo) (a e b) e uma leguminosa (Stylosanthes scabra) (c e d) tropicais.
Paredes celulares sólidas e escuras indicam lignificação intensa (WILSON,
1993).
EPIDERME (EPI): as células da epiderme formam uma camada contínua que reveste
a superfície do corpo vegetal em estádio primário. Elas apresentam várias características
relacionadas com sua posição superficial. A característica distintiva mais importante das
células epidérmicas das partes aéreas da planta é a presença da cutina na parte celular
externa e a cutinização desta e de algumas ou todas as outras paredes. O tecido fornece
proteção mecânica e está relacionado com a restrição da transpiração e com a aeração. Em
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